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Esquisitona - Sarah Andersen

15 de março de 2024

Título: 
Esquisitona
Autora: Sarah Andersen
Editora: Seguinte
Gênero: Juvenil/Tirinhas
Ano: 2024
Páginas: 120
Nota:★★★★☆
Sinopse: No quarto volume da sua coletânea de tirinhas, Sarah Andersen explora ― com muito humor e fofura ― as esquisitices do início da vida adulta.
Você faz piadas ruins nas horas mais inconvenientes? Tem medo de se mostrar como realmente é ― e assustar as pessoas? Relaxa, todo mundo tem alguma esquisitice… Ou várias! Isso é o que demonstram as tirinhas de Sarah Andersen, cartunista que já conquistou mais de 4 milhões de seguidores na internet com um traço encantador e sacadas geniais.
Esta nova antologia fala sobre o sentimento de inadequação num mundo pra lá de convencional. Acima de tudo, nos traz a tranquilidade de que está tudo bem ser diferente, e que sempre vai ter alguém que compartilha das nossas esquisitices ― basta olhar para o lado, ou folhear as páginas.

Resenha: Depois de quase 4 anos de espera, a Seguinte traz o quarto volume da coletânea de tirinhas da autora e ilustradora Sarah Andersen, que dessa vez fala sobre o início da vida adulta e todas as esquisitices que as pessoas da geração millenial trazem consigo.

Cada página traz um conjunto de tirinhas com piadinhas ou situações individuais que não tem ligação com as das outras páginas, e a autora explora as "vantagens" de ser diferente em meio a multidão. Algumas tirinhas são engraçadas, outras são bem inteligentes, e outras são meio bobinhas, mas quem é mais tímido, sofre de ansiedade e depressão, tem dificuldade na socialização, se enxerga diferente da maioria das pessoas, ama gatos e não vive sem procrastinar, vai se identificar com a maioria delas.




As ilustrações são simples, mas bem expressivas, intensas e engraçadas, e já é marca registrada da autora. A edição em capa dura é uma gracinha, e em conjunto com os volumes anteriores fica uma fofura na estante. O trabalho gráfico e o cuidado da editora nessas edições é incrível.

Vou ser sincera e dizer que algumas das piadinhas com referências às gerações Y ou Z me fizeram sentir que ando por fora de muita coisa, talvez por não terem uma ligação direta com meu cotidiano, e acabei não me identificando, mas a maioria das outras é bem engraçadinha e fazem muito sentido.



Sarah também esboça sobre a vida de autores e as decisões que eles tomam ao escreverem suas histórias, e todo leitor vai conseguir pegar as referências hilárias desse "modus operandi" literário.

Acho que esse volume é mais específico e voltado para os dilemas de pessoas entre 30 e 40 anos (o que não é bem o início da vida adulta como a sinopse dá a entender) justamente por focar em questões, comportamento e modo de pensar que geralmente fazem parte dessa geração, então talvez não terá muito apelo ou não fará muito sentido para quem é mais jovem.

No mais, Esquisitona é uma leitura que traz reflexões bem interessantes e com muito bom humor. É aquele tipo de livro perfeito para relaxar, intercalar entre leituras mais densas e dar aquele sorrizinho de canto.

Mais Fortes Juntos - Alice Oseman

12 de dezembro de 2023

Título:
 Mais Fortes Juntos - Heartstopper #5
Autora: Alice Oseman
Editora: Seguinte
Gênero: HQ/Romance/Juvenil
Ano: 2023
Páginas: 336
Nota:★★★★★
Sinopse: Nick e Charlie estão mais apaixonados do que nunca. Eles já se declararam um para o outro, começaram a namorar, e Charlie está quase convencendo sua mãe a deixá-lo dormir na casa de Nick… Mas com a partida de Nick para a universidade no próximo ano, será que tudo está prestes a mudar?
Escrita e ilustrada por Alice Oseman, a série Heartstopper acompanha todos os pequenos momentos da vida de Nick e Charlie ― construindo uma história que ressoa em todos nós.

Resenha: Nick e Charlie estão de volta em mais um volume da série Heartstopper. Dessa vez, partindo de onde o livro anterior parou, os dois já assumiram o namoro e estão mais apaixonados do que nunca. A questão agora é que Charlie começa a pensar em dar um próximo passo nesse namoro, como dormirem juntos na casa de Nick pois a intimidade entre os dois está bem mais intensa, mas suas inseguranças começam a afetá-lo e é impossível controlar a ansiedade. Por outro lado, a ideia de Nick ir para a faculdade no próximo ano faz com que Charlie fique com medo do que o futuro reserva para os dois, sem saber se vai dar certo ou não, ao mesmo tempo que Nick tem medo de ficar longe de Charlie por não saber o que pode acontecer durante essa ausência ou como ele poderia reagir.


Através de uma narrativa encantadora e bastante sensível, a autora aborda temas delicados da adolescência, como as expectativas e as inseguranças da primeira vez, saúde mental, dependência emocional, os desafios e as decisões pessoais que envolvem a mudança do ensino médido para o universitário, assexualidade, prioridades na vida... Independente do "peso" do assunto em questão, tudo é tratado de forma leve sem desconsiderar suas consequências.

Charlie teve problemas sérios envolvendo sua saúde mental e está em processo de recuperação, mas ele ainda tem bastante dificuldade em lidar com algumas questões, principalmente as que envolvem seu corpo e a forma como ele se enxerga (ou acha que os outros o enxergam)
Nick também está num dilema sobre não saber o que quer fazer na vida com relação aos estudos e até mesmo sobre sua própria identidade, como se ele ainda tivesse dificuldade de se encontrar desde que se descobriu bissexual. Ele quer ir pra faculdade mas ao mesmo tempo não quer ficar longe de Charlie por sempre se preocupar muito com o namorado, por sempre colocar as necessidades e os sentimentos dos outros antes das suas, logo ele entra num enorme dilema pois a faculdade que ele tem interesse fica super longe de casa e seria impossível ir e voltar todos os dias.
Diante dessas inseguranças, fica bem explícito que as pessoas não devem ser definidas por uma condição mental pontual, e tendo ou não qualquer problema ou dificuldade, todo mundo precisa (ou vai precisar) de ajuda num determinado ponto da vida.


O contraste entre as mães dos meninos onde a mãe de Nick é mais mente aberta e liberal, enquanto a mãe de Charlie  é bem mais mal humorada e sempre fica de cima, como se quisesse impedir os dois de terem mais intimidade por achar isso "errado". E isso é uma situação que muitos de nós conhecemos de perto. Que mãe mais conservadora nunca interrompeu algum momento a dois pra avisar que a porta tem que ficar aberta? Tori, a irmã de Charlie, também ganha um pequeno espaço aqui por viver tentando fugir do namorado, até que ela se abre com Charlie pra contar o motivo dela não ter muito interesse em se prender a ninguém.

Às vezes fico com a impressão de que os adolescentes desse universo são maduros demais para a idade que têm, mas a autora trata dos eventos cotidianos com uma responsabilidade muito grande, tornando alguns assuntos difíceis um pouco mais fáceis de serem encarados ao mostrar como os personagens lidam com as situações que enfrentam.
Os personagens secundários não ganharam tanto espaço nesse volume, mas as dinâmicas sempre são interessantes de se acompanhar. Eles conseguem despertar a curiosidade do leitor pra saber um pouco mais sobre eles, principalmente porque eles não estão alí só de enfeite ou pra trazer conveniências para os protagonistas, eles realmente tem seus papeis definidos e importantes para representar algo maior.


Pra quem tem curiosidade em saber o que acontece depois do desfecho desse volume, Nick e Charlie: Uma novela Heartstopper já foi publicado pela Seguinte no meio desse ano e tem resenha aqui no blog. A novelinha extra mostra o que acontece quando Nick vai para a universidade e o namoro deles, que já dura dois anos, passa a ser a distância. Como disse na resenha, não é uma leitura obrigatória, mas se aprofunda nessa situação em específico pra quem ficou curioso pra saber um pouco do futuro dos dois.

Eu achei que esse volume iria encerrar a série, mas pelo visto vem mais um por aí e, levando em consideração o intervalo entre o volume 4 e este, a sofrência já começa a bater pela demora sem fim. Pra finalizar, Mais Fortes Juntos é um excelente acréscimo à série que mostra como um relacionamento adolescente entre dois garotos adoráveis, que aprendem com os erros e os acertos, e que amadurecem com o tempo pode ensinar várias coisas até mesmo aos mais experientes. Hearstopper é uma série que adoro e que deixa o coração quentinho.

Almanaque Heartstopper - Alice Oseman

17 de janeiro de 2023

Título:
 Almanaque Heartstopper
Autora: Alice Oseman
Editora: Seguinte
Gênero: HQ/Romance/Juvenil
Ano: 2022
Páginas: 160
Nota:★★★★☆
Sinopse: Você já parou para pensar se tem mais a ver com Nick ou com Charlie? E o que a Turma de Paris faz em cada estação do ano? Ou mesmo como nossos personagens favoritos eram nos primeiros rascunhos de Alice Oseman? Este livro contém todas as respostas – e muito mais!
Este almanaque é a leitura ideal para todo leitor apaixonado pelo universo de Heartstopper. Entre ilustrações divertidas – já imaginou o Nick com asas? –, textos inéditos e atividades interativas, Alice Oseman nos conduz pelo universo apaixonante desta história que já conquistou milhões de leitores ao redor do mundo.

Resenha: Almanaque Heartsopper é um copilado de informações sobre o processo criativo de Alice Oseman ao criar esse universo tão queridinho pelos leitores.

Ele funciona mais como um guia onde a autora conta quando começou a ilustrar os personagens lá em 2013 até 2021 (quando os quadrinhos viraram série na Netflix), assim como as mudanças e aperfeiçoamentos que fez ao longo do tempo pra deixá-los com essas carinhas fofas e carismáticas que conhecemos. Além disso, ela também deixa uma ficha de perfil pra cada um, mostrando curiosidades sobre as coisas que gostam e não gostam, incluindo uma ilustração de um player com o nome da música preferida deles, além de um resumo sobre o papel desse personagem na história e um pouquinho sobre sua personalidade e comportamento.
A autora fala sobre a importância de ter feito ilustrações e personagens que representem o orgulho LGBTQIAPN+, como ainda existe um caminho longo a ser percorrido em busca dos direitos trans e a necessidade de se fazer reformas nas leis para que haja o reconhecimento de gênero dessas pessoas para que sejam tratadas de forma igualitária na sociedade.
O almanaque não traz uma história como nos outros livros porque a ideia é realmente mostrar o processo criativo desse universo, mas traz dois mini contos bem curtinhos sobre os professores Farouk e Ajayi, de Tara e Darcy e, claro, de Nick e Charlie, que complementam um pouquinho aquilo que os fãs já conhecem e dão aquele quentinho no coração.
O livro é todo colorido e o uso de cores em tons pastel só deixa a coisa ainda mais fofa do que já é. Tem até um pequeno teste pra descobrirmos se somos mais parecidos com Nick ou Charlis de acordo com suas preferências. A autora capricha nas ilustrações temáticas das estações do ano ou de algum evento, como Natal e Halloween, e ainda mostra outros cenários de universos alternativos que já deixa o leitor imaginando um milhão de possibilidades onde a história poderia se passar. A criação dos cômodos das casas e suas inspirações que servem de cenário para a história também é super legal, a ideia de trazer mais sobre a composição familiar e a árvore genealógica dos meninos é muito interessante, e de bônus a autora ainda traz um pequeno tutorial de como desenhar os personagens.
No final a vontade de reler a série é inevitável, assim como conhecer os outros livros da autora que tem esses outros personagens como protagonistas.

Não digo que seja um livro essencial porque ele realmente funciona como uma apresentação dos livros de Heartstopper (ou pra matar a saudade de quem já leu tudo), tanto que pode ser lido em coisa de meia hora, mas pra quem tem curiosidade sobre os livros da autora e quer saber sobre os personagens e a criação deles de uma forma mais resumida antes de sair comprando tudo, talvez seja uma boa dar uma lida pra ter certeza de que é algo do seu estilo.
Agora, pra quem realmente é fã da autora e desse universo tão inclusivo e cheio de representatividade que ela criou, acho que a leitura não é só recomendada, como é um item pra se colecionar e guardar no coração.

O que Dizem as Estrelas - Luly Trigo

19 de setembro de 2022

Título:
 O que Dizem as Estrelas: Contos Astrológicos
Autora: Luly Trigo
Editora: Seguinte
Gênero: Contos/Juvenil/Astrologia
Ano: 2022
Páginas: 384
Nota:★★★★☆
Sinopse: Todo mundo já ouviu falar que as pessoas do signo de câncer são choronas; as de touro, comilonas; as de libra, indecisas… Mas será que é apenas isso que os signos representam?
Nesta antologia, você vai encontrar doze histórias, cada uma acompanhando um protagonista de um signo solar diferente ― todos eles moradores do mesmo prédio, o edifício Cosmos. Ali, os conflitos são vários: mudança de casa, problemas na escola, desentendimentos com os amigos, romances surgindo e chegando ao fim… Enquanto mergulha nos dramas de cada personagem, você vai perceber que os signos do zodíaco são repletos de nuances, luzes e sombras, que podem nos ajudar a entender quem realmente somos.
Ao final de cada astroconto, você ainda encontra um texto explicativo sobre como a energia daquele signo pode afetar determinada área da sua vida ― afinal, todos temos um pouco de cada signo no nosso mapa.

Resenha: Publicado pela Editora Seguinte, O que Dizem as Estrelas é um complilado de doze contos, um pra cada signo do zodíaco, escrito pela autora Luly Trigo.

Aqui os personagens são moradores do edifício Cosmos. Cada um deles vai enfrentar uma situação diferente e lidar com elas de acordo com sua personalidade, cujo signo tem a devida influência. O conto em si abordar questões referentes à astrologia propriamente dita, nem dará informações estereotipadas sobre o assuntro, mas vai narrar alguma situação específica onde o personagem vai mostrar quem ele é a partir de suas atitudes, com suas qualidades e defeitos, vai se encaixando nas características do signo em questão enquanto surge alguma lição que o faça enxergar e tentar aprender com os próprios erros. Somente ao final do conto a autora inclui um texto se aprofundando um pouco mais nas características do tal signo e, aí sim, o leitor pode tirar as próprias conclusões e perceber como o comportamento e a personalidade da personagem fazem mais sentido considerando o zodíaco.

Logo no início a autora já deixa a observação sobre o livro não ser um estudo aprofundado dos signos e suas características, pois a ideia é oferecer uma história leve e divertida aos leitores, mas vou ser sincera em dizer que a pegada adolescente dos contos não me envolveu muito, principalmente pela maioria dos personagens serem um tanto imaturos e com dilemas que, pra mim, são bem fúteis. Mas isso também se dá pelo fato de eu ter nascido lá em meados da década de 80 e não fazer parte do público alvo do livro. Talvez, se eu ainda estivesse naquela fase de ler as Todateens e as Caprichos da vida, eu teria gostado muito mais.

Mas fora isso, como boa taurina que sou, paciente, zen e jovem mística que acredita nesse rolê todo, eu gostei muito da forma como a autora combinou as características dos signos com seus personagens e suas personalidades sem forçar nada, e tudo ser o mais natural possível. Fiquei imaginando a quantidade de livros que já li na minha vida e nunca pensei que um personagem se comporta de tal forma ou toma determinadas decisões por ter alguma influência astrológica. Acho que vou começar a reparar nisso agora e tentar fazer esse tipo de identificação XD

A leitura é leve e tem uma linguagem super fácil, os contos são curtos e eles trazem todo tipo de representatividade. Logo no primeiro conto, Áries, conhecemos Vivi e sua namorada Irena, que estão se desentendendo por Vivi ser muito mandona, querer controlar tudo e ficar irritada e emburrada quando um trabalho de escola feito em grupo não sai como ela gostaria.
No conto de Touro, Eloá é uma garota de quinze anos que anda chateada por ter saído do aconchego da casa onde morava no interior e ter se mudado com a mãe pra um apartamento na loucura da cidade, e agora anda sofrendo horrores por ter saído de sua zona de conforto e ainda ter que se desfazer de parte de sua coleção de livros que ela é tão apegada por falta de espaço. Eu te entendo, Eloá... Essa também sou eu.
Não vou me aprofundar em todos os contos pra resenha não ficar enorme, mas, basicamente, cada conto traz uma historinha onde a personalidade e comportamento dos protagonistas se encaixam com as características do signo em questão.

Uma observação é que no edifício há um personagem em comum que aparece nos contos, seu Gabriel, o porteiro do prédio. Esse "seu" de início me fez imaginar um senhor de uns 60 ou 70 anos, mas fiquei em choque que ele tem míseros 30.

O que Dizem as Estrelas é um livro juvenil, mas que pode muito bem ser indicado pra sair daquela ressaca literária, ou quando procuramos por algo leve e descontraído pra ler sem muitas pretensões. Independente do leitor acreditar ou não em signos, os contos são simples e esses detalhes astrológicos só vão servir como um elemento a mais pra quem gosta do tema e identifica essas características.

De Mãos Dadas - Alice Oseman

20 de junho de 2022

Título:
 De Mãos Dadas - Heartstopper #4
Autora: Alice Oseman
Editora: Seguinte
Gênero: HQ/Romance/Juvenil
Ano: 2022
Páginas: 384
Nota:★★★★★
Sinopse: Charlie e Nick já não precisam esconder de ninguém no colégio que estão namorando, e agora, mais do que nunca, Charlie quer finalmente dizer "Eu te amo". O que parece um gesto simples se torna bem complicado quando sua ansiedade o faz questionar se Nick se sente da mesma forma…
Nick, por sua vez, está com a cabeça cheia. Afinal, ele ainda não teve a oportunidade de se assumir para o pai, e se preocupa constantemente com Charlie, que dá sinais claros de ter um transtorno alimentar.
Conforme o relacionamento dos dois amadurece, os desafios que vêm pela frente ficam cada vez mais difíceis — mas os garotos logo vão aprender que amar alguém nada mais é do que estar ao seu lado, juntos, de mãos dadas.

Resenha: Nick e Charlie continuam levando o namoro firme depois de assumirem o relacionamento durante a excursão da escola que fizeram pra Paris. Agora eles estão bem felizes por não precisarem mais se preocupar em manter segredo sobre o namoro e poderem, enfim, ser quem são na frente de todo mundo.
Charlie se encontra em mais um dilema, pois ele realmente ama Nick de todo o seu coração, mas tem medo de se declarar e isso assustar ou afastar o garoto mesmo que já esteja óbvio que o sentimento é recíproco. Ele ainda carrega muitas inseguranças e se pega imaginando situações que não existem, como pensar que se ele se declarar, Nick pode se sentir pressionado ou responder algo que não fosse verdade pra não magoá-lo, o que o deixa ainda mais inseguro e com crises de ansiedade com relação a expor seus sentimentos, sem contar com sua necessidade de se desculpar a todo momento por qualquer coisa mínima que fale ou faça. Do outro lado, Nick anda preocupado com duas questões que andam enchendo sua cabeça: o fato de ainda não ter assumido sua bissexualidade para o pai, e por ter percebido, ainda durante a viagem pra Paris, que Charlie tem um transtorno alimentar que parece ser bem grave, o que o levou a querer fazer de tudo pra tentar ajudá-lo.
Nesse quarto volume da série Hearstopper, a autora continua o desenvolvimento do namoro, assim como a cumplicidade e os dilemas entre Charlie e Nick, e dá um aprofundamento um pouco maior na relação dos meninos com seus pais. Diferente de Nick, que pode se abrir com Jane, sua mãe, sobre qualquer assunto, Charlie se retrái por não poder conversar sobre seus sentimentos com a própria mãe, e saber que ela supõe coisas sobre ele que não correspondem com a realidade, só pioram sua ansiedade, sua dependência emocional por Nick, e seu transtorno alimentar. Uma coisa é a mãe ter aceitado o filho se assumir homossexual, outra coisa é ela estar aberta ao diálogo pra entender o que se passa na cabeça de Charlie, então é mais fácil condenar o que ela julga ser mentira ou um comportamento inadequado do que compreender.
O problema é que Nick começa a se sentir responsável por Charlie, como se ele pudesse fazer algo para curar esse distúrbio, mas é algo que está fora de seu alcance. E aqui, Oseman aborda a questão da dificuldade de se estar num relacionamento onde uma das partes desenvolve algum tipo de transtorno psicológico que vai piorando com o passar do tempo, e deixa bem claro que é algo que deve ser tratado por um profissional, pois qualquer pessoa sem a devida formação, incluindo adolescentes de dezesseis anos (por mais preocupados e bem intencionados que possam estar diante da situação), precisam entender que não são capazes de resolver esse tipo de problema, e que a forma de ajudar é justamente aconselhar a procurar a ajuda adequada. Confesso que fiquei angustiada em ver Charlie tão mal por causa da anorexia e como ele descreve como se sentia, o que pensava ao ficar sem comer, e que foram vários traumas que desencadearam esse transtorno. O triste é que nem Nick, nem os amigos, e nem a família de Charlie não podiam fazer nada além de apoiá-lo no que pudessem e torcerem para que as coisas melhorassem.

Além do nível de complexidade e drama que o namoro dos meninos assumiu, os relacionamentos de outros personagens, como Tao e Ellie; Tara e Darcey; e até mesmo dos professores que levaram os alunos pra Paris, Sr. Youssef Farouk e Sr. Nathan Ajayi também ganham destaque e mais profundidade. O interessante nessa parte dos professores é que a autora mostra de uma forma bem direta o que eu já havia mencionado numa das resenhas anteriores, onde a questão da sexualidade é algo que a pessoa já nasce com ela, e é só questão de tempo pra se descobrir e assumir quem é. E por mais que Youssef seja um homem de quase trinta anos, ele se permitiu viver essa experiência pra começar a se libertar do que, até então, não assumia e o mantinha um tanto infeliz. Ao final do livro tem um conto curto sobre os dois que é bem bacana, pois mostra esse processo de aceitação.
No mais, sei que num relacionamento nem tudo são flores, e a autora, como sempre, consegue abordar temas sensíveis e obstáculos de uma forma bem delicada, eu só achei o tema desse volume bem mais pesado por seguir por um rumo muito diferente dos volumes anteriores (que focaram na descoberta, no autoconhecimento, na lealdade e no sentimento verdadeiro entre os meninos). O final fica em aberto quando as famílias dos dois se encontram pra um jantar, e fica no ar aquela expectativa de contar ou não a novidade sobre o namoro para Stéphane, o pai de Nick. Obviamente que a presença do irmão imbecil de Nick é um problema, e as coisas não saem exatamente conforme planejado, então só posso dizer que a ansiedade pelo próximo volume já começou desde já.

Um Passo Adiante - Alice Oseman

26 de abril de 2022

Título:
 Um Passo Adiante - Heartstopper #3
Autora: Alice Oseman
Editora: Seguinte
Gênero: HQ/Romance/Juvenil
Ano: 2022
Páginas: 384
Nota:★★★★★
Compre: Amazon
Sinopse: Depois de entenderem o que sentiam um pelo outro, Charlie e Nick se tornaram oficialmente namorados, e cada dia é uma nova oportunidade para se conhecerem um pouco mais. Mas nem tudo é fácil, principalmente quando se trata de se assumir enquanto casal para o mundo. Mesmo com medo da reação das pessoas, os garotos sabem que em breve terão de contar a verdade, pelo menos para os amigos mais próximos ― ainda mais quando a turma toda viaja a Paris.
Enquanto decidem como dar este próximo passo, os dois vão descobrir que, não importa qual seja o desafio, eles podem sempre contar um com o outro.

Resenha: Depois que Nick levou um tempo para entender sobre sua sexualidade e seus sentimentos em relação a Charlie, os dois finalmente engataram um namoro. Nick já havia contado pra sua mãe sobre seu lance com Charlie, e agora foi a vez de Charlie contar para seus pais sobre seu relacionamento com Nick, e todos aceitaram e apoiaram os meninos tratando tudo com a maior naturalidade. Mesmo que haja algumas suspeitas sobre os dois entre alguns alunos, nenhum deles assumiu nada em público ainda, pois Charlie estava esperando Nick entender os próprios conflitos e dúvidas sobre essa nova descoberta sobre si mesmo.

Eles sabem que os sentimentos estão mais intensos e o que há entre eles fica mais sério a cada dia que passa, então é só uma questão de tempo para assumirem que são um casal, mas o medo da reação das pessoas e do preconceito frente a essa "notícia bombástica" ainda é um problema. E tudo fica mais desafiador quando as escolas Truhan e Higgs promovem uma excursão a Paris e os alunos dividiriam quartos e passariam bastante tempo juntos. Agora, Charlie e Nick precisam decidir, com a ajuda dos amigos de confiança, como irão assumir o namoro, quem são e o que sentem um pelo outro. Tara e Darcy não se assumiram oficialmente, mas pararam de esconder o namoro e simplesmente deixaram rolar sem se importar com a opinião alheia, e isso acaba sendo um grande incentivo para os meninos, mas alguns fatores acabam tendo um peso enorme nessa decisão, fazendo com que Charlie se sinta culpado por achar que está pressionando o namorado, e com que Nick se sinta impedido de tomar alguma atitude, mostrando o quão difícil é darem esse grande passo.
Mais uma vez eu venho aqui com o coração quentinho e uma lagriminha no cantinho do olho pra exaltar essa história totalmente adorável. É incrível como a autora consegue dar continuidade à história de Nick e Charlie com tanta naturalidade e sutileza, despertando empatia e emocionando os leitores com as pequenas grandes atitudes que os personagens tomam e ainda ter o cuidado de dar alertas de gatilho pra algumas situaçoes delicadas que aparecem, coisa que fui conferir na edição em inglês, porque nos livros publicados no Brasil não aparecem, infelizmente.

Eles querem se assumir, querem mostrar pro mundo que se amam e estão radiantes de felicidade em companhia um do outro, mas a dificuldade e o medo do preconceito e da homofobia que podem vir a sofrer é real e preocupante pra eles. É inegável que a autora conseguiu mostrar o quanto é difícil pra casais LGBTQIA+ serem vistos como um casal comum, sem que haja piadinhas, comentários ridículos ou olhares atravessados vindos de gente intolerante, e isso acaba dificultando ainda mais a questão de Nick se assumir. Lidar com esse tipo de coisa sem que eles se sintam as piores pessoas do mundo, como se eles tivessem fazendo algo sujo ou errado, é super doloroso. E esses pequenos diálogos onde os meninos expõe esse tipo de sentimento são emocionantes e tocam lá no fundo da alma, a forma como Charlie tenta evitar que Nick sofra algum tipo de bullying como ele sofreu pra protegê-lo é incrível, e o mais legal é que as ilustrações, por mais simples que sejam, trazem expressões tão intensas que alguns quadrinhos sequer precisam de palavras para entendermos o que se passa, o olhar já entrega tudo.

Paris, com direito a Torre Eiffel, Louvre e Arco do Triunfo como pano de fundo foi uma escolha um tanto romântica nesse passo dos meninos, e de alguns outros personagens, e combinou super bem com a proposta. Eu fiquei muito emocionada com a cumplicidade dos meninos, do quanto eles se sentem confortáveis para falar um com o outro sobre seus maiores medos, de como eles funcionam muito bem juntos ou quando enxergam algum problema sem que falem nada, como é o caso de Nick perceber que há algo de errado com a alimentação de Charlie e isso acabar refletindo em algo sobre ele lá na frente.

A forma como o círculo de amigos dos meninos é livre de qualquer tipo de preconceito também é um ponto super bacana e positivo. Outra cena super sensível e marcante é quando a professora de Educação Física flagra os dois se beijando e Nick fica com medo de receber algum tipo de castigo, mas diferente do que esperava, ela oferece todo o apoio caso alguém implique, e ainda lembra da sua época na escola, quando conheceu sua então esposa por quem é totalmente apaixonada. Ou seja, há representatividade em diversos personagens, de qualquer idade ou posição, e os meninos, além de terem suporte, não estão sozinhos nessa.

A autora também dá espaço e cria arcos super interessantes entre os personagens secundários que também enfrentam seus próprios dilemas no que diz respeito aos seus sentimentos e sexualidade, como é o caso de Tao, que tem uma enorme dificuldade em assumir seus sentimentos por Ellie, a amiga trans que faz parte do grupinho, por medo de estragar a amizade dos dois. Enquanto isso, os meninos evitam qualquer coisa que possa denunciar esse relacionamento na frente do amigo pois sentem que ele ainda não está preparado pra saber já que fala alto e é um tanto desmiolado. Foi por causa de comentários que Tao fez no passado que os alunos souberam sobre Charlie ser gay e começaram a importuná-lo, mas Tao não se dá conta que possa ter algo a ver com isso já que não faz nada por mal. Charlie fica numa situação delicada, pois sente que não devia esconder seu namoro do amigo, mas quem garante que ele não vai dar nenhum vacilo caso fique sabendo?

Enfim, os dilemas continuam, mas os meninos se apoiam, têm ajuda dos amigos e da família, e conseguem superar e enfrentar muitas coisas juntos nessa decisão de darem esse passo tão grande. Não é fácil, é muita coisa pra dois adolescentes lidarem, mas a gente acaba percebendo que desde que o amor seja sincero e verdadeiro, no final as coisas vão caminhando pra um final feliz.

Continuo recomendando a série pra todo mundo que gosta de romances leves e sensíveis, que traz toques de parte da realidade do público LGBTQIA+ que está nessa jornada de lidar com conflitos da autodescoberta e da autoafirmação, e que.

A Falta que me Faz - Meg Cabot

10 de fevereiro de 2022

Título:
A Falta que me Faz - Desaparecidos #5
Autora: Meg Cabot
Editora: Galera Record
Gênero: Fantasia/Jovem adulto
Ano: 2018
Páginas: 272
Nota:★★★★★
Compre: Amazon
Sinopse: Meg Cabot traz ainda mais ação, personagens intrigantes e a conclusão eletrizante da série Desaparecidos. Jess Mastriani não é mais a Garota Relâmpago. Pelo menos é o que ela acha. Aos 19 anos, após um raio cair em sua cabeça, passar por muitas brigas e viver uma temporada no Afeganistão, a garota está até um pouco aliviada por seu poder extrassensorial ter parado de funcionar. Agora ela só quer aproveitar Nova York, frequentar suas aulas na Julliard, praticar flauta e ensinar música para crianças carentes. Mas tudo muda quando seu ex-namorado, Rob, bate em sua porta pedindo que ela o ajude a encontrar sua irmã desaparecida. Uma irmã que nenhum dos dois sabia que existia.

Resenha: A série Desaparecidos (1-800-Where-R-You), da autora Meg Cabot, originalmente, teve os cinco volumes publicados entre 2001 e 2006 no exterior. No Brasil, os livros começaram a ser publicados em 2011, mas a série "chegou ao fim" em 2014 após o lançamento do quarto volume, Santuário, e parou por aí. Só em 2018, até que enfim, a Galera Record retomou a publicação e lançou o último volume para finalizar a saga de Jessica Mastriani, nossa querida e badass Garota Relâmpago.

Resumindo a história, Jess é uma garota de dezesseis anos que, após ter sido atingida por um raio e escapar ilesa, recebeu o dom de saber o local exato de alguém desaparecido. Ela começou a ajudar a polícia em diversas buscas, mesmo que não quisesse ser "propriedade do governo", até chegar num ponto onde ela mentia sobre ter perdido os poderes pra poder levar uma vida normal. No meio de tantas confusões e perigos envolvendo gente desaparecida ou morta, ela ainda encontrava tempo pra lidar com os dilemas adolescentes de estar envolvida emocionalmente com um Rob, um motoqueiro em "liberdade condicional"; de lidar com os Mastriani, sua família maluca; com Ruth, sua melhor amiga; e outras coisas do tipo. Até que, em prol da humanidade, Jess foi pro Afeganistão trabalhar pro governo procurando terroristas perigosos, e por lá ficou até completar seus dezenove anos, que é quando ela volta - sem seus poderes - e uma nova aventura começa...

Dessa vez, Jess está aliviada por seu poder de encontrar pessoas ter parado de funcionar. Depois de uma longa temporada de trabalho árduo em outro continente, ela finalmente vai pra Nova York, onde vai dividir um apartamento com Ruth, vai poder ir pra faculdade de Julliard em paz, e ainda dar aulas de música pras crianças carentes. Mas isso só iria durar poucos minutos, até Rob, agora seu ex, bater em sua porta pedindo pra Jess ajudá-lo a encontrar Hanna, sua irmã de quinze anos que ele acabou de descobrir que existia em circunstâncias de desaparecimento. Assim, o jeito seria fazer um trabalho investigativo para descobrir o paradeiro dessa abençoada. E, mesmo super chateada por ela ter pego Rob beijando uma moça que ela chama de "Peitos-Tão-Grandes-Como-Minha-Cabeça" na oficina em que ele trabalha, ela decide ajudá-lo por simplesmente não conseguir deixar ninguém na mão.

Eu confesso que só fui descobrir no mês passado - e por um total acaso - que esse volume existia. Depois de anos sem notícias, pensei que a editora não iria finalizar a série (até mesmo porque o volume quatro já tem aquele ar de fim, talvez), e eu simplesmente acabei esquecendo e nunca mais pesquisei sobre. Mas antes tarde do que nunca, não é mesmo?

Mantendo o padrão dos livros anteriores, a narrativa é feita em primeira pessoa e vamos acompanhando uma Jess mais madura, mesmo que ainda continue nutrindo alguns ressentimentos bobos por causa da "traição" de Rob. Enquanto os dois estão investigando o sumiço da irmã dele, Jess começa a refletir sobre o fim do namoro; sobre sua estadia no Afeganistão; sobre tudo o que aprendeu durante esse tempo que ficou longe de Rob, de Ruth, e de sua família; sobre a pressão e as expectativas impostas sobre ela pela família; e sobre o futuro num geral, o que fez com que Jess, embora não tenha perdido seu sarcasmo e seu jeito de lidar com as coisas da forma mais despretensiosa e doida possível, tenha deixado de usar a violência pra resolver seus assuntos, e isso faz toda a diferença na hora dela resolver esse caso absurdo envolvendo Hanna e outras garotas menores de idade. Se antes Jess metia a porrada primeiro pra perguntar depois, agora ela pensa antes de agir, traça uma estratégia, considera todas as possibilidades e consequências, tem muito mais paciência, e isso mostra o quanto ela cresceu, evoluiu e está mais foda do que nunca. E mesmo que Jess esteja nessa fase "zen", ela não mudou tanto a ponto de deixar de se impor ou de sair ameaçando quem ousar sair da linha. A única observação que faço é a de achar que Jess deveria estar um pouco mais velha pra fazer jus a esse amadurecimento e a forma como ela resolve as questões da história. Eu lia e imaginava uma Jess já com seus vinte e cinco anos, pelo menos, mas entendo que por ser uma história mais juvenil é meio difícil ter uma protagonista mais adulta.

No livro anterior, Santuário, a autora já tinha inserido um tema pesado e bastante delicado de ser abordado, mas achei um tanto deslocado devido a irreverência e o bom humor da história. Nesse volume ela repetiu o feito, o de inserir um tema difícil no meio do bom humor adolescente, mas em vez de falar sobre racismo, ela abordou a pedofilia e a indústria amadora da pornografia. Obviamente é um tema pesado, mas pela história ter sofrido uma evolução, por Jess já ter seus dezenove anos e estar mais madura para lidar com questões mais difíceis, as coisas acabaram se encaixando muito melhor, principalmente porque tudo é abordado sem que haja exposição de maiores detalhes, mas de uma forma bem direta, onde cenas rápidas, diálogos inteligentes ou pequenas situações são criadas para que os leitores saibam exatamente o absurdo que está acontecendo, mostrando como as garotas em situação de carência e vulnerabilidade são enganadas e se tornam vítimas de um criminoso, e como Jess entra em cena para não só salvar as meninas, como também enfiar o criminoso na cadeia. Quem acompanha a série já conhece Jess e sabe do que ela é capaz, então a gente sabe e pode esperar que, além de ajudar a resolver o problema, ela vai fazer justiça e ser motivo de orgulho pra todo mundo.

Ok, é mais uma série que, por mais interessante, engraçada e empolgante que seja, tem um final previsível, logo falar que o lance com Rob, que está super mal resolvido, é só um detalhe. A gente começa a ler sabendo que no final as coisas se acertam, só resta saber como e o que acontece nesse meio tempo até lá. E Rob... O que falar desse rapaz? Se ele já era motivo de paixão nos livros anteriores, preparem os corações pra acompanhar os feitos do moço por aqui... A família de Jess também está ótima, principalmente seu pai, e até que enfim acompanhamos o desencalhamento de Ruth.

A Falta que me Faz encerra a série de uma forma super satisfatória, madura, fofa e suspirável. Com certeza é uma das melhores que a diva Meg Cabot já escreveu.

Minha Pessoa Favorita - Alice Oseman

28 de dezembro de 2021

Título: Minha Pessoa Favorita - Heartstopper #2
Autora: Alice Oseman
Editora: Seguinte
Gênero: HQ/Romance/Juvenil
Ano: 2021
Páginas: 320
Nota:★★★★★
Compre: Amazon
Sinopse: No segundo volume da série Heartstopper, Charlie e Nick precisam entender o que um beijo significa para a relação dos dois ― e, principalmente, para eles mesmos.
Charlie e Nick são melhores amigos, mas tudo muda depois que eles se beijam em uma festa. Charlie acredita que cometeu um grande erro e arruinou a amizade dos dois para sempre, e Nick está mais confuso do que nunca.
Mas aos poucos Nick começa a enxergar o mundo sob uma nova perspectiva e, com a ajuda de Charlie, descobre muitas coisas sobre o mundo que o cerca, sobre seus amigos ― e, principalmente, sobre ele mesmo.
Resenha: Depois de se beijarem na festa de aniversário de um dos colegas de escola, Charlie e Nick ficaram super confusos com seus sentimentos e com o que aconteceu. Enquanto Charlie acredita que o beijo destruiu essa amizade tão bonita e fica se martirizando, Nick só quer entender como lidar com seus sentimentos e o que fazer pra assumir que gosta de Charlie. Mas sabendo que os garotos da escola são uns imbecis, e sabendo que é algo novo, ele ainda não se sente confiante o bastante pra isso, ele precisa de tempo pra se situar em meio a essa fase totalmente diferente do que estava acostumado, começa a pesquisar sobre a bissexualidade e, inicialmente, acha que é onde ele se encaixa.
O aniversário de quinze anos de Charlie está chegando, e aí está mais um momento super especial que eles vão passar juntos.


O que acontece é que quando a pessoa é gay, é bi, ou como quer que ela se identifique, não é questão de escolha, pois ela já nasce assim, é questão de tempo até se descobrir. Pra uns levam menos tempo, pra outros levam mais tempo dependendo da família, do círculo de amigos, das crenças, enfim, mas uma hora vai acontecer. Pode ser como Charlie, que desde criança já sabia de sua orientação, mas pode ser que nem Nick, que gostava de garotas até se envolver com Charlie e descobrir que essa relação é o que o faz verdadeiramente feliz, onde ele se sente seguro pra poder ser quem é, sem filtros. E aqui temos um Nick que está descobrindo isso, sobre quem ele é e sobre como ele deseja se identificar, mas ainda tem medo de assumir uma nova orientação, e Charlie entende e respeita a necessidade desse tempo. E tudo isso enquanto os dois enfrentam o drama de um relacionamento adolescente e gay.

Mantendo o mesmo estilo de narrativa, nesse segundo volume podemos acompanhar os meninos passando mais tempo juntos, se entendendo cada vez mais, intensificando as demonstrações de afeto um pelo outro, mas ainda mantendo o lance deles em segredo até que Nick saiba o que realmente está acontecendo com ele. Conhecemos Tao, que ajudou Charlie na época em que ele sofria bullying no colégio, e Ellie, sua amiga trans que estuda num colégio para meninas, trazendo ainda mais representatividade para a história.

Claro que a autora não é hipócrita de contar uma história de dois garotos apaixonados que remete somente a contos de fadas onde tudo são flores. A realidade às vezes é muito dura e o público LGBTQIA+ ainda sofre muito com pessoas homofóbicas, preconceituosas e odiosas, e com Charlie e Nick as coisas não são muito diferentes, o que mostra que, embora o amor seja imenso e tente superar tudo, eles ainda precisam enfrentar muita gente intolerante e lidar com muito hate gratuito, e aqui o maior imbecil é Harry, um dos meninos que estuda no colégio junto com eles. As "piadinhas" ofensivas e sem a menor graça são terríveis e juro que fiquei super triste quando Charlie fala que "já está acostumado". Mas por que esse tipo de comportamento deveria ser aceitável a ponto dos outros se acostumarem? Não vejo a hora desse Harry ter seu castigo por ser esse grande idiota.

No mais, enquanto o primeiro volume traz os dois se conhecendo, em Minha Pessoa Favorita, Nick está se descobrindo enquanto Charlie o apoia com toda a paciência que só uma pessoa tão adorável e sensível como ele é capaz.
Já disse e repito: é um livro fofo, pra deixar o coração quentinho, um sorriso no cantinho da boca e uma vontade imensa de sair abraçando todo mundo que a gente ama. O único defeito desse livro é que ele acaba muito rápido e a gente só quer mais um pouquinho de Charlie e Nick. Voltem, meninos!

Dois Garotos, Um Encontro - Alice Oseman

27 de dezembro de 2021

Título: Dois garotos, Um Encontro - Heartstopper #1
Autora: Alice Oseman
Editora: Seguinte
Gênero: HQ/Romance/Juvenil
Ano: 2021
Páginas: 304
Nota:★★★★★
Compre: Amazon
Sinopse: Charlie Spring e Nick Nelson não têm quase nada em comum. Charlie é um aluno dedicado e bastante inseguro por conta do bullying que sofre no colégio desde que se assumiu gay. Já Nick é superpopular, especialmente querido por ser um ótimo jogador de rúgbi. Quando os dois passam a sentar um ao lado do outro toda manhã, uma amizade intensa se desenvolve, e eles ficam cada vez mais próximos.
Charlie logo começa a se sentir diferente a respeito do novo amigo, apesar de saber que se apaixonar por um garoto hétero só vai gerar frustrações. Mas o próprio Nick está em dúvida sobre o que sente – e talvez os garotos estejam prestes a descobrir que, quando menos se espera, o amor pode funcionar das formas mais incríveis e surpreendentes.

Resenha: Charlie Spring é um garoto de 14 anos que estuda no Colégio Truham para Rapazes. Ele é tímido e muito inseguro, pois desde que os garotos descobriram que ele é gay, passaram a importuná-lo em qualquer oportunidade. 
Quando Charlie recebe um comunicado da escola de que deveria comparecer aos grupos interséries para a chamada, ele acaba se sentando ao lado de Nick Nelson, um jogador de rúgbi do segundo ano e super popular. Como eles se sentavam juntos todos os dias, os dois acabaram desenvolvendo uma amizade, ficando cada vez mais próximos. Não demora pra Charlie começar a se sentir diferente com a presença do amigo. Nick é super legal, é um amigo leal, respeitoso e super protetor, mas Charlie sabe que gostar de um garoto hétero só vai machucar seu coração. Ainda assim eles passam o tempo juntos se divertindo e fortalecendo ainda mais essa amizade, até Nick começar a se sentir confuso com seus sentimentos em relação a Charlie...

Eu sou daquelas que ama de paixão histórias contadas em formato de HQ, principalmente essas que deixam o coração quentinho. Dois Garotos, Um Encontro é o primeiro volume de Heartstopper, que vai introduzir o leitor nesse mundinho de descobertas e paixão em sua forma mais pura entre Charlie e Nick.

Enquanto Charlie já sabia sobre sua sexualidade e estava convivendo com isso da melhor forma que podia (mesmo que seja super inseguro e viva pedindo desculpas por tudo), Nick foi pego de surpresa e começou a ter que lidar com esse turbilhão de sensações e sentimentos, além de ficar cheio de dúvidas sobre quem ele é de verdade, o que fazer ou o que dizer. É tão fofa a parte onde ele começa a pesquisar na internet como saber se ele é gay já que começou a se sentir diferente com a presença de Charlie, ou quando eles estão trocando mensagens, digitam toda a frase mas não tem coragem de enviar, que a vontade é de enfiar os dois num potinho, cuidar e proteger pra sempre.
A história é adorável e mostra como é a experiência de se ter um primeiro amor e como ele vai se desenvolvendo aos poucos, dos sentimentos que causam euforia e frio na barriga, da ansiedade de querer ver a pessoa e se sentir bem pertinho dela. A autora consegue tratar do romance com naturalidade e transporta as emoções pro papel de uma forma super delicada e verdadeira, sem romantizar as cenas envolvendo assédio, preconceitos depressão e dependência emocional, com ilustrações que captam a emoção e os conflitos dos personagens com simplicidade e muita perfeição. E é tudo tão fluído e envolvente que mesmo que tenha 300 páginas pode ser lido em questão de minutos.

Uma coisa que achei genial que se refere a diagramação dos quadrinhos é sobre as conversas em grupo e a forma como ela indica quem está falando. Em vez de fazer vários quadrinhos avulsos com vários personagens, ela coloca os balões de conversa alinhados com a cabecinha do personagem indicando que é ele quem está falando. Outro ponto bacana são os quadrinhos se "desfazendo" como folhas ao vento pra formar os próximos, ligando os quadros e os personagens uns nos outros, ou ainda indicando as passagens do tempo. A forma de criação dos quadrinhos foi super bem feita e inteligente.
Pelo que pude perceber a história é uma só e foi dividida em 4 volumes formando a série (por enquanto só os dois primeiros volumes foram traduzidos aqui no Brasil pela Seguinte), e é como se cada volume correspondesse a uma fase, a um passo além que Charlie e Nick dão nesse relacionamento. Essa primeira fase é a fase da aproximação, da amizade que vai sendo construída e fortalecida, dos sentimentos aflorando naturalmente, da curiosidade natural, da ansiedade de não saber o que fazer, e dos questinamentos sobre algo, até então, desconhecido.

Dois Garotos, Um Encontro é uma introdução muito fofa à história de Charlie e Nick, abordando a necessidade do autoconhecimento, as inseguranças relacionadas a sexualidade e a descoberta daquilo que não apenas te faz feliz, mas que te faz se encontrar e ser quem você é.

Amor, Mentiras e Rock & Roll - David Yoon

23 de dezembro de 2021

Título:
Amor, Mentiras e Rock & Roll
Autor: David Yoon
Editora: Seguinte
Gênero: Romance/Juvenil
Ano: 2021
Páginas: 368
Nota:★★★☆☆
Compre: Amazon
Sinopse: Sunny Dae é nerd ― e com orgulho. Essa é a fama que ele e seus dois melhores amigos conquistaram na escola, onde curtir RPG definitivamente não é visto com bons olhos. E estava tudo bem, até Sunny conhecer Cirrus Soh, a garota mais descolada e confiante que ele já viu. Quando Cirrus acha que o quarto do irmão de Sunny é na verdade o dele, o garoto não consegue corrigir o engano. Com os olhos dela brilhando ao ver as guitarras e os pôsteres de rock na parede, ele acaba dizendo que tem uma banda ― embora não saiba nem segurar uma guitarra, ops.
Agora sua única esperança para sustentar a história e conquistar Cirrus é fazer com que seus amigos nerds topem participar de seu plano maluco de tornar essa banda realidade, vestindo as roupas que o irmão mais velho deixou para trás quando se mudou para Hollywood e ensaiando na sala de música da escola. O problema é que logo Sunny descobre que a vida de um rockstar mentiroso não é só fama e glória…

Resenha: Seguindo o estilo de premissa de Frank e o Amor, o primeiro livro do autor, Amor, Mentiras e Rock & Roll também vai abordar as questões de um personagem que conta uma "mentira inocente" pra tentar resolver um problema, quando na verdade ele está criando vários outros.
Sunny Dae é um nerd de carteirinha e sente o maior orgulho disso. Ele e seus dois melhores amigos, Jamal e Milo, são apaixonados por RPG e têm até um canal onde compartilham dessa paixão. Por serem nerds level hard, eles acabam sobrendo bullying no colégio porque, como sempre, os atletas super populares acham os três grandes imbecis que não devem ser levados a sério.
O irmão mais velho de Sunny, Gray, é seu total oposto. Ele é um rockeiro nato, todo descolado, que foi embora pra Hollywood pra seguir seu sonho e está iniciando a carreira como vocalista de uma banda de sucesso. Ao ir embora, ele deixou seu quarto cheio de referências e todo decorado nesse estilo musical. Isso acabou causando uma grande confusão, pois quando Cirrus Soh, uma garota bonita, inteligente e super divertida, se muda pra casa ao lado e o conhece, ela acredita que o quarto de Gray é o de Sunny, e pensando que ela vai rejeitá-lo caso ele mencione sobre seu hobby de nerd, ele acha uma ótima ideia mentir pra impressionar a menina, incorporar a personalidade do irmão, e dizer que ele, junto com seus amigos, fazem parte de uma banda de rock, "Os Imortais".

Como Sunny está naquela fase onde se sente inseguro com várias questões, se sente um ninguém se comparado ao irmão, e acha que não tem nenhuma qualidade interessante pra chamar atenção de alguma garota, ele deixa essa mentira crescer cada vez mais na intenção de continuar mantendo Cirrus interessada nele, mas em vez de contar a verdade pra acabar logo com essa patifaria, ele resolve envolver os amigos no rolo pra formarem uma banda de verdade e tornar essa mentira algo real.

Sendo assim, o foco da história em si não é apenas o romance de Sunny e Cirrus, mas sim o desenvolvimento e o crescimento dele tentando ser o que ele criou, aprendendo a cantar e tocar, mesmo que esteja fingindo ser quem não é, tudo isso pra tornar a sua fic real. Ele e os amigos realmente chegam ao ponto de formarem a banda e pra poderem se apresentar. Esse foi um motivo pra eu não conseguir me apegar aos personagens, não senti nenhuma empatia por Sunny tentar construir um relacionamento que começou todo errado. Em alguns momentos ele se mostra tão egoísta e arrogante, que a vontade era de dar um soco. Cirrus também não fica muito atrás, pois por mais divertida que seja, em muitos momentos ela demonstrou ser alguém sonsa demais e muito superficial, e penso que por ela não ter sido muito bem desenvolvida, ela acabou não tendo atributos marcantes que fizessem alguma diferença. É aquela tipo de casal que, aparentemente, combina, mas a química é zero.

Mas apesar disso, o livro tem seus pontos positivos, sim. A escrita do autor é muito boa, fluída e envolvente, então não dá pra segurar a curiosidade de terminar a leitura e saber que fim essa confusão vai levar. Ele aborda questões sociais relevantes como o racismo e o preconceito, descontrói o valentão da escola mostrando que ele ataca como forma de se defender pra manter sua posição, mas que no fundo se parece muito mais com Sunny do que eles imaginaram. Outro ponto interessante é sobre a relação de Sunny com o irmão. Num determinado momento Gray retorna pra casa, se mostra um idiota, e o conflito que eles travam por causa do "novo Sunny" acaba sendo um estopim para que ambos se enxerguem de uma maneira diferente e amadureçam.

No fim das contas, Amor, Mentiras e Rock & Roll não foi uma leitura perfeita, mas fiquei satisfeita com a história por mostrar as questões das descobertas adolescentes, das confusões que eles se mentem por ainda não terem se encontrado, e da conclusão que se chega mostrando que ser famoso e ter glória pode trazer algumas coisas inesperadas, mas o importante é saber que somos quem somos, e é preciso respeitar e aceitar as qualidades que temos.