Título: O que Restou de Mim - As Cronicas Híbridas #1
Autora: Kat Zhang
Editora: Galera Record
Gênero: YA/Sci-Fi/Distopia(?)
Ano: 2014
Páginas: 320
Nota: ★★★★☆
Sinopse: Addie e Eva são híbridas duas almas no mesmo corpo. Em sua realidade, todos nascem assim mas, ainda na infância, uma das almas torna-se dominante. Mas isso nunca acontecia com as duas. Considerados instáveis e perigosos, os híbridos foram perseguidos e eliminados das Américas. E quando o segredo delas é ameaçado, Eva e Addie descobrirão da pior forma que há muito mais sobre os híbridos do que os noticiários de TV e os livros de história contam.
Resenha: O que Restou de Mim é o primeiro volume d'As Crônicas Híbridas, escrito pela autora Kat Zhang e publicado no Brasil pela Galera Record. A história se passa numa sociedade onde todos nascem com duas almas. Enquanto crianças, as almas ficam entrelaçadas até se definirem, ou seja, a alma dominante permanecia no corpo para que o indivíduo pudesse ter uma vida normal enquanto a alma recessiva deve partir. Tal evento ocorre ainda na infância, porém, com Addie e Eva as coisas foram diferentes. O tempo passou, mas por mais que Eva fosse declarada como a alma recessiva, ela nunca partiu, fazendo com que o corpo se transformasse numa prisão abrigando as duas almas juntas o que as caracterizou como híbridas. Híbridos são malvistos pela sociedade, considerados perigosos, instáveis, culpados por separar a Américas do resto do mundo e precisam ser extintos, e por esse motivo, Addie e Eva guardam segredo sobre a condição da qual se encontram, até que elas descobrem que não são as únicas que se escondem ao conhecerem os irmãos Hally (e Lissa) e Devon (e Ryan) e que, ao serem capturados, há muito mais sobre os híbridos do que elas poderiam imaginar...
O livro é narrado em primeira pessoa pelo ponto de vista de Eva, e por ela ser a alma recessiva, em seus pensamentos/diálogos com Addie, a fonte é diferente para que possa haver distinção entre elas e isso foi um ponto a favor da diagramação. A capa é deslumbrante, pois ao mesmo tempo que consegue ser simples, ilustra perfeitamente duas pessoas em uma só com a parte de um rosto dentro de uma silhueta. O título ainda tem aplicação em verniz pra ter um destaque mais bonito. Os personagens foram muito bem construídos e desenvolvidos, todos tem falhas e isso os tornam mais próximos de nós, os tornam mais críveis e, pra mim, a relação fraternal entre Addie e Eva foi o que mais aproveitei, pois são personagens diferentes, que pensam diferente, mas compartilham um único corpo, procurando se esforçarem para que suas necessidades sejam supridas e seus desejos atendidos enquanto precisam enfrentar todo o horror da sociedade que perseguem pessoas como elas e de um laboratório do governo, onde a frieza com que são tratadas é de arrepiar os cabelos, e até mesmo os demais híbridos que são abandonados pelas famílias por serem vistos como verdadeiras aberrações.
Chega a ser angustiante. A história é bem fluída e tem um ritmo bem rápido, sempre está acontecendo alguma coisa, mas fica o mistério no ar em que o leitor fica curioso pela questão dos híbridos e qual o motivo de serem tão "perigosos" assim, pois as pessoas devem denunciá-los caso os identifiquem mas não há explicação do motivo. Sabem que são perigosos, mas não sabem realmente o que fizeram de tão terrível na realidade pra serem considerados assim. Há algumas reviravoltas na história, alguns pontos não são explicados, o que acaba deixando o leitor no escuro, e algumas coisas se repetem muito tornando alguns pontos cansativos, mas o enredo é brilhante e achei bem original, principalmente se levarmos em conta de que tudo é contado pela alma recessiva, fazendo com que o narrador saia do padrão do qual estamos acostumados. Eva é o tipo de personagem que mexeu comigo pois por ser a alma recessiva ela não tem voz, não tem ação, está fisicamente incapaz de fazer qualquer coisa a menos que Addie queira, mas ainda assim consegue ser mais forte do que muitas protagonistas cheia de coragem que vemos por aí. o romance é algo tão sutil e pouco aprofundado que nem formei opinião sobre ele, talvez seja abordado no próximo volume.
No geral, apesar de algumas falhas que o livro apresenta, considerei que a autora soube conduzir a história com bastante habilidade e a busca pela identidade retratada aqui é algo que vale a pena ser lido.
PS.: Só eu senti que a história lembra vagamente o caso mirabolante das gêmeas June e Jennifer Gibbons?