Autora: Lara Avery
Editora: Seguinte
Gênero: YA/Sick-lit
Ano: 2016
Páginas: 352
Nota: ★★★★☆
Sinopse: Sammie sempre teve um plano: se formar no ensino médio como a melhor aluna da classe e sair da cidade pequena onde mora o mais rápido possível. E nada vai ficar em seu caminho - nem mesmo uma rara doença genética que aos poucos vai apagar sua memória e acabar com sua saúde física. Ela só precisa de um novo plano. É assim que Sammie começa a escrever o livro de memórias: anotações para ela mesma poder ler no futuro e jamais esquecer. Ali, a garota registra cada detalhe de seu primeiro encontro perfeito com Stuart, um jovem escritor por quem sempre foi apaixonada, e admite o quanto sente falta de Cooper, seu melhor amigo de infância de quem acabou se afastando. Porém, mesmo com esse registro diário, manter suas lembranças e conquistar seus sonhos pode ser mais difícil do que ela esperava.Resenha: O Livro de Memórias, escrito pela autora Lara Avery e publicado no Brasil pela Seguinte é um YA que conta a história de Samantha McCoy, uma adolescente muito inteligente, dedicada e ambiciosa. Seu maior sonho é se formar no ensino médio e sair da cidadezinha onde mora para ir fazer faculdade em Nova York. Sammie foi diagnosticada com uma doença genética rara mas nem isso seria o suficiente para fazer com que ela desistisse de seu maior objetivo, ela só precisaria de outros recursos. Logo ela tem a ideia de escrever um livro para a Sam do futuro, colocando anotações sobre seus feitos, sua rotina e tudo o que ela vem passando para que pudesse ler um dia e nunca se esquecer. São registros detalhados sobre seus sentimentos e experiências das quais nunca havia experimentado antes, mas a medida que a doença avança, manter tais lembranças pode ser uma tarefa muito mais difícil do que ela imaginou.
O livro é um sick-lit que traz uma protagonista acometida pela Niemann-Pick C (NP-C), uma doença degenerativa e fatal, que faz com que haja um acúmulo de colesterol ruim no fígado e no baço. Esse acúmulo causa obstruções no cérebro, o que interfere na cognição, na função motora, na memória, no metabolismo e no funcionamento do corpo humano de forma geral. É como se o corpo ficasse falhando e estivesse sendo desligado aos poucos, e os sintomas são terríveis e catastróficos, tanto pra quem sofre com a doença como para quem está ao redor dela...
O diferencial da história desse livro em comparação com outras do gênero é que Sam sabe as consequências da doença e pouco se importa com o que será de seu corpo, sua maior preocupação é não permitir que sua mente brilhante seja apagada. Logo o que fica bastante evidente não é o drama em si somente devido à doença, mas a força de vontade de Sam e sua forma racional de lidar com o inevitável. A doença é o que move a personagem, que faz com que ela recorra a alternativas para tentar não deixar que seus planos sejam destruídos, mas são suas escolhas e o seu modo de encarar as coisas que dão desenvolvimento à trama.
"Por que não posso definhar lentamente e andar por aí em uma cadeira de rodas automática, declamando meu brilhantismo por meio de uma caixa de voz computadorizada, como Stephen Hawking?"A história é narrada em primeira pessoa e tem um ritmo bastante agradável. No começo não me simpatizei muito com Sam por ainda não ter formado uma opinião sobre ela, mas com o desenrolar das coisas a leitura se tornou mais fluída e pude me apegar mais aos personagens.
- Pág. 17
É a própria Sam quem escreve cada página desse diário composto por memórias e muitas vezes ela se refere a si mesma como "você", pois seria ela lendo tudo aquilo num futuro. É possível ainda conferir intervensões de outros personagens em alguns capítulos, pois devido a doença, Sam, às vezes, está em um estado de completa confusão, e suas crises são muito realistas e comoventes.
Eu me identifiquei com Sammie em diversos pontos: sua nerdice, sua paixão por livros e seu senso de humor recheado de ironia. A presença da família de Sam também é algo que enriquece a trama, e está alí para dar apoio e fazer diferença em sua vida, mostrando que a dinâmica familiar é importante e pode fazer com que a história tenha um algo a mais que valha a pena acompanhar.
"A vida não é só uma série de conquistas.O único ponto do livro que não foi muito favorável pra mim, por questão de gosto pessoal, foi a construção de um "triângulo amoroso", que ao meu ver, foi desnecessário. Sammie se interessa por Stuart, um garoto fofo e que é escritor. Mas quando Cooper, um amigo de infância que havia se afastado, entra em cena as coisas soaram um pouco forçadas e até convenientes. Não vou me aprofundar nesse ponto para não dar spoilers, mas posso dizer que entre Stuart e Cooper, fico com Cooper, pois embora tenha sido apresentado como um maconheiro espertinho, ele é doce e realmente se importa com Sam tanto quanto a família dela.
Eu me pergunto quantas noites de filme perdi para estudar ou debater ou só reclamar. Não quero perder mais nenhuma."
- Pág. 234
Em suma, O Livro de Memórias é um livro incrível e realista, que aborda uma doença triste com uma sutileza ímpar, e nos deixa acompanhar uma Sam cheia de coragem rumo a um destino inevitável. É comovente e talvez vá arrancar algumas lágrimas ao fim, e pra quem gosta de histórias do tipo, é leitura mais do que recomendada.