Autora: Laura Conrado
Editora: Globo Livros
Gênero: Chick lit/Romance/Nacional
Ano: 2015
Páginas: 248
Nota: ★★★★☆
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Sinopse: Em seu novo romance, Laura Conrado conta a história de Déborah Zolini, uma jornalista sonhadora e fã de Pablo Neruda que trabalha como assessora de imprensa de um clube de futebol da segunda divisão e namora o médico Sérgio há quatro anos. Ela faz planos de construir uma vida a dois, arrumar um emprego melhor e correr atrás de desejos que ainda não realizou. Só que a vida, ou as estrelas, guardam surpresas para Déborah. Em uma viagem ao Chile, ela encontra uma mulher misteriosa que lhe fala sobre o retorno de Saturno. O planeta, que leva, em média, 29 anos para dar uma volta no sistema solar, voltará à posição em que se encontrava quando a jornalista nasceu. Para quem acredita em astrologia, esse é momento em que as pessoas passam por várias mudanças, que vão prepará-las para encarar o resto de sua vida. Déborah não leva a moça muito a sério, mas pede às estrelas que a ajudem a realizar seus desejos. No entanto, no voo de volta ao Brasil, um encontro inesperado começa a abalar a vida aparentemente certinha da protagonista. Aos poucos, Déborah começa a notar que seu namoro anda meio morno, a falta de reconhecimento no trabalho a incomoda. Ela começa a admitir que não está gostando do rumo que as coisas estão tomando. Será a hora de partir para novos desafios? Trocar aquele relacionamento confortável pelo frio na barriga? Sair de vez da zona de conforto e ver o que acontece?
Resenha: Quando Saturno Voltar é um chick lit escrito pela autora nacional Laura Conrado.
Explicando o título para nos situarmos, o que acontece é que Saturno demora pouco mais de 29 anos para completar sua translação (o movimento em torno do sol) e os astrólogos apontam que quando o planeta retorna para o mesmo ponto do nascimento de uma pessoa, ocorrem mudanças. O que a astrologia chama de "retorno de Saturno", o resto dos mortais chama de "crise dos 30".
E levando isso em consideração, somos apresentados a Déborah Zolini, uma mulher beirando os trinta que leva uma vida bem rotineira. Ela trabalha como assessora de imprensa de um time de futebol de segunda divisão de Minas Gerais, o Tricolor Associação Esportiva (ou Taes) e está num relacionamento confortável, mas bem desgastado, há quatro anos com Sérgio, um médico residente que vive para estudar. Até que um dia Déborah vai para o Chile a trabalho e se depara com Saphyra, uma cigana que lhe faz um alerta de que Saturno estaria voltando e isso traria mudanças bem significativas para ela.
Déborah não acreditou na cigana mas acabou se surpreendendo quando conheceu Henrique, um cara gato e com aquela pegada. Seria a primeira mudança? A aproximação faz com que eles descubram ter várias coisas em comum e Déborah começa a repensar sua vida que sempre foi totalmente estagnada com um namoro sem graça e falido, e um emprego cheio de cobranças onde ela nunca é reconhecida. Ela sempre optou pela segurança de sua vida, ainda que seja monótona e não lhe traga muita felicidade, por ter medo de mudanças, sem confiar que as coisas podem dar certo se ela arriscar, e por sempre considerar o lado negativo do "e se", ela se recusava a sair de sua zona de conforto. Mas até quando?
A narrativa é feita em primeira pessoa e é super leve, flúida e com várias frases de impacto que dizem muito em poucas palavras.
Déborah faz com que várias pessoas se identifiquem com ela. Dona de uma personalidade e um temperamento ótimos, ela é desbocada e tem percepções super inteligentes. Por mais que ela tenha planos e sonhos, Déborah é acomodada, insegura e tem medo de dar um passo que vá mudar o que não está "estragado". Mas por tudo o que a protagonista passa, é possível acompanhar seu amadurecimento, as mudanças de sua concepção sobre determinados assuntos, seus questionamentos sobre seu emprego e refletir que o que aconteceu na vida dela é algo que todas nós estamos sujeitas, e que pra mudar basta um impulso. Esses pontos tornam a protagonista alguém muito real e humana.
No caso de Déborah, seu impulso foi Henrique, ou melhor, o que ele despertou nela. Através disso, ela percebe que precisa mudar e aos poucos vai adquirindo confiança em si mesma, tomando as rédeas de sua vida e dando um novo rumo a ela, além de entender que o caminho mais curto nem sempre é o que trará os louros que ela tanto deseja. Se desejamos e sonhamos com alguma coisa, temos que gostar de nós mesmos e correr atrás do que queremos, sem medo.
Apesar de não gostar de futebol e não achar a menor graça nesse esporte, não achei de todo ruim que a autora tivesse aproveitado desse tema para construir a história porque foge um pouco da ambientação padrão. Déborah é jornalista, o que não é nenhuma novidade já que quase todas as personagens de chick lit são, mas ao trabalhar com um time de futebol e ser torcedora fanática, a história sai um pouco daquele ambiente de escritório num empresa multimilionária. Mas, a impressão que tive foi que pela autora gostar e entender de futebol, quis mostrar um pouco disso alí (talvez um pouco dela mesma?), e pra mim foi bem boring saber de alguns detalhes desse universo já que não é algo relevante pra mim.
Eu gostei muito das descrições dos cenários, do Chile e principalmente pela história ter um pé aqui em Belo Horizonte. Pra mim, quando outras cidades assim servem de cenário na literatura é um meio de fazer com que tenham destaque e mostre que o Brasil não é feito só de Rio e São Paulo.
A capa é uma graça e com detalhes em verniz que a deixam bem enfeitada. É simples mas ilustra bem a ideia de Saturno. A diagramação é simples, cada início de capítulo traz um trecho de Ode a uma Estrela, do poeta chinelo Pablo Neruda (de quem Déborah é fã). Os capítulos são bem compridos mas o livro é tão bem escrito e a leitura flui tão bem que foi algo que não me incomodou.
Quando Saturno Voltar é um livro que expõe as pessoas como elas são, em conflitos e situações cotidianas, mostrando hábitos e costumes rotineiros, mas acima de tudo, que deixa a reflexão de que mudanças, ainda que inesperadas, muitas vezes são inevitáveis, mas independente de qualquer coisa, o que importa é seguir em busca da felicidade.