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Entrevista com a autora - Leila Sales

6 de abril de 2015

Oi, gente!
O Clube do Livro da Liga trouxe com exclusividade uma entrevista com o autora Leila Sales sobre seu livro A Playlist da Minha Vida, lançado pela Editora Globo Livros.
Foi o segundo livro que lemos em grupo e tivemos muita coisa pra falar.
Bora conferir?

Como surgiu a ideia de incluir a discotecagem na trama?
Eu amo a vida noturna e sair para dançar. Isso tem feito parte da minha vida desde que eu tive idade suficiente para frequentar boates. Ao longo dos anos, estive próxima de uma série de DJs e eu procurei contar a história dessas pessoas fascinantes nesse mundo.

A paixão pela música na trama é algo pessoal?
Totalmente! A música desempenha um papel enorme em minha vida. Sempre desempenhou. Como Elise, eu tive a sorte de ter um pai que incutiu em mim o amor pela música desde que nasci.

O que acha da possibilidade de seu livro ajudar a salvar uma vida?
Às vezes recebo e-mails de leitores dizendo que meu livro deu-lhes uma nova perspectiva de vida, ou os fez se sentirem menos sozinhos. Significa muito para mim poder escutar isso. Não posso pensar em um melhor elogio ao livro.

Você se inspirou em algum local verídico para criar a atmosfera da Start?
A Start é vagamente baseada em um número de diferentes boates e festas que eu já estive. Listo alguns deles nos agradecimentos do livro*.
A primeira boate indie que conheci foi em Boston, e ela realmente era chamada Start. Ela não está mais lá, mas eu queria dar a Elise essa mesma experiência que eu tive de descobrir todo este mundo da música indie e encontrar um lugar para si mesma lá.
* Ramshackle e Klub Kute (Bristol); Motherfucker e Mondo (Nova York); Pill e Start (Boston).

Você equilibrou a seriedade do bullying e depressão com uma narrativa descontraída. Você planejou desde o começo escrever uma obra young adult?
Não procurei escrever sobre uma grande "questão" exatamente. Não quis fazer nada maçante. Apenas procurei contar a história de uma garota e como sua paixão pela música a ajuda.
Eu sabia que seria um romance young adult, porque é para essa faixa etária que sempre escrevo, mas os detalhes foram sendo descobertos conforme eu escrevia.

Quais atores vocês escolheria para o elenco principal, caso o livro fosse adaptado para a tv ou cinema?
Eu não tenho ideia, mas existe um site (vocês já viram?) onde os leitores podem votar em quem eles gostariam que interpretassem personagens em uma adaptação para o cinema. É aqui: If List.
Todas essas sugestões são melhores do que qualquer coisa que eu poderia ter sugerido. Conheço muito mais sobre livros e música do que sobre filmes!
As perguntas e respostas abaixo podem ser vistas como spoilers por, de certa forma, revelar partes importantes, e até curiosas, da trama. Clique no botão abaixo e leia por sua conta e risco.



Elise salvou a si mesma (diferentemente da maioria das histórias), sem um "Príncipe Encantado". Você planejou isso desde o começo ou decidiu durante o processo da escrita? Eu sabia que, independentemente de Elise terminar com um namorado ou não, ela precisava ser a única a se salvar. Em sua jornada ela vai se tornando capaz de se autovalorizar em vez de deixar que outras pessoas determinem o quanto ela é digna. Então, Elise não poderia decidir que ela era boa o suficiente, como resultado de um menino dizendo isso a ela. Ela teve que ver seus pontos fortes por si própria, para andar com suas próprias pernas.

Você pensou em um final alternativo? O suicídio de Elise, por exemplo? Nunca pensei em um final onde Elise terminasse morta, mas experimentei muitas maneiras diferentes para encerrar a história.
Uma vez escrevi uma versão em que ela é presa por ser menor de idade na boate. Em outra vez escrevi uma versão onde ela e Char acabariam discotecando no baile da escola de Elise.
O final do livro é, obviamente, muito melhor! É por isso que as revisões são importantes. Nenhuma história é perfeita durante toda a produção, nem logo na primeira tentativa.

FIM

Sobre a autora
LEILA SALES cresceu nos arredores de Boston, Massachusetts. Ela se formou na Universidade de Chicago em 2006. Agora vive em Brooklyn, Nova York, e trabalha no mundo dos livros infantis. Leila passa a maior parte do seu tempo pensando em dormir, gatinhos, bailes e histórias que ela quer escrever.


O "Clube do Livro da Liga" é formado por amigos que resolveram arriscar uma leitura coletiva e se surpreenderam com a interação que foi proporcionada. Temos muitos gostos e ideias em comum, além de muitas discussões e risadas. Ninguém nunca irá nos entender, ainda bem.
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Clube da Liga #2 - A Playlist da Minha Vida - Leila Sales

23 de março de 2015

Lido em: Março de 2015
Título: A Playlist da Minha Vida
Autora: Leila Sales
Editora: Globo Livros
Gênero: YA
Ano: 2014
Páginas: 312
Nota: ★★★★☆
Sinopse: Elise Dembowski nunca foi popular na escola. Ninguém conversava com ela na hora do intervalo nem a convidava para sair no fim de semana. Pior. Ninguém jamais se interessou em saber o que tanto a ela escutava em seu iPod: playlists com o melhor da música alternativa, único território em que Elise se sente confortável e confiante.
Diante de seu desajuste em relação à maioria, a adolescente tenta de tudo - inclusive a mais radical das saídas, felizmente sem sucesso. No auge de seu solitário desespero, o acaso a leva até a porta de uma balada noturna, via de acesso para um mundo completamente novo, cheio de som e diversão, no qual sua veneração por música funciona como senha para inclusão em um inédito círculo de amizades.
As festas noturnas do Start - o melhor clube underground do mundo - tornam-se o lugar onde a felicidade, a aceitação social e até o amor são possíveis para Elise. Não demora muito para que um misterioso bullying eletrônico e a habilidade da garota como DJ coloquem em confronto este universo com a dura realidade cotidiana.
A playlist da minha vida é uma vibrante fábula pop que lida com temas recorrentes nas obras contemporâneas para jovens: exclusão, invasão de privacidade, resgate de autoestima e muita trilha sonora. Escrito pela americana Leila Sales, o livro se ambienta em dois cenários: o escolar, com sua dinâmica de poder juvenil baseada em “popularidade”, e o da cena noturna, em que adolescentes ensaiam seus primeiros voos para uma existência adulta.

Resenha: A Playlist da Minha Vida, escrito pela autora Leila Sales e publicado no Brasil pela Globo Livros, foi a escolha do mês de Março no Clube de Leitura da Liga.
O Livro conta a história de Elise Dembowski, uma garota de 16 anos nada popular. Ela não tem amigos, a convivência com os pais é difícil - eles são separados e têm a guarda compartilhada-, e ela sempre se sente muito deprimida. Até que depois de uma tentativa mal sucedida de suicídio, Elise tem uma nova chance de viver a vida de uma forma diferente. Quando Elise está com a mãe, ela tem costume de sair pra caminhar sem rumo a noite, e numa dessas andanças encontra com Pippa e Vicky, duas garotas que a levam para a Start, o melhor clube underground de todos, e ao conhecer Char, o DJ, Elise acaba aprendendo a discotecar e encontra ali uma nova paixão e uma verdadeira razão para viver.

A discussão sobre livro dentro do Clube foi algo que abordou o tema bullying e as consequências que isso traz na vida da pessoa afetada. Ela acaba ficando reclusa, piorando ainda mais seu estado de depressão e tristeza, levando-a a atitudes extremas num momento de desespero. Também foi uma discussão que me fez refletir sobre meu relacionamento em família, e até as amizades que possuo, considerando liberdade, afinidade e todos os seus altos e baixos.

O livro é narrado em primeira pessoa e isso, de certa forma, fez com que o leitor ficasse bastante próximo da protagonista ao viver seus conflitos internos, e até mesmos os externos. Elise é frustrada em sua solidão e por isso, tem uma enorme necessidade de ser reconhecida, de ser vista, de se encaixar e se ser amada pelos outros. Até que ela, que já era fã de rock alternativo, descobre a discotecagem, e encontra uma válvula de escape, pois ao fazer o público delirar com as músicas que toca, ela encontra prazer e felicidade, é aquilo que ela tanto buscava a ponto de fazer esquecer por alguns momentos tudo de ruim que passou, além de encontrar a si própria, se descobrir, como se as batidas fossem um tipo de remédio que aliviasse a sua dor. Mas encontrei um pequeno problema nisso, pois ao se descobrir, Elise mostrou um lado egoísta, um lado esnobe, como se ser DJ a tivesse tornado alguém superior e intocável, cheia de pretensão, a dona da festa, e que pudesse julgar quem quer que seja. Porém, quando era ela o alvo de acusações ou críticas, principalmente quando um blog cujo conteúdo falava sobre a vida dela e seus pensamentos mais sórdidos veio a tona e ela afirmava não ser ela a autora, Elise não lutou pra por fim naquilo, não gostava e, pra mim, isso me fez ficar com a impressão de que a hipocrisia andava reinando por alí.

Os demais personagens também foram bastante bem construídos e levantam diversas questões familiares a serem discutidas. Os pais têm a guarda compartilhada da garota mas o que parece é que querem a presença dela e nada mais, como se isso bastasse. Com a mãe, que já tem outro marido e outros filhos, Elise leva uma vida muito mais regrada do que com o pai, que mora sozinho e é músico. A preocupação deles em vigiá-la depois da tentativa dela de suicídio é imensa, talvez por culpa por terem sido alheios e incapazes de perceber o que se passava com a filha, já que ela não demonstrava nem pedia ajuda. Até onde os pais conhecem os filhos? Qual a real finalidade da guarda compartilhada? Como deve ser um relacionamento entre pais e filhos? Quão próximos e íntimos devem ser para se sentirem confiantes e confortáveis para terem liberdade para qualquer tipo de conversa? Mesmo que Elise não quisesse que eles pensassem que ela fosse fazer isso outra vez, uma vez que ela chegou a esse ponto, a confiança é quebrada e nunca mais será a mesma, e acredito que na vida real também é assim, pois queremos proteger quem amamos, mesmo que essa proteção seja dela mesma. O círculo de amizades de Elise, apesar de muito limitado, ajuda a fazer com que o leitor conheça um pouco dela, devido a forma como ela trata e é tratada pelas amigas. Char é o cara irresistível que arranca suspiros e responsável por essa nova Elise que aflora quando encontra refugio na Start, afinal, a ideia de ensinar a garota a discotecar é dele quando ele a deixa incumbida de "virar" uma música.

Um ponto favorável é que a autora explica resumidamente, mas de forma bastante satisfatória sobre a discotecagem num geral, mesmo tendo sentido falta de alguns outros detalhes, como o lance das oitavas por exemplo, mas acho que só mesmo quem conhece esse universo e entende um pouco dele é que se atenta a isso.
É muito interessante como a ideia de a música não ser algo só a ser ouvido é passada. A música é pra se sentir, pra fazer arrepiar, é pra se viver e pra fazer com que a gente se sinta vivo, e isso, através de Char e Elise é possível de se sentir. Não são todas as pessoas que possuem esse dom de "sentir" os sons, e achei incrível como a autora conseguiu mostrar essa sensação através da história de Elise, que se encontrou na música e gostou disso. Ela equilibrou sentimentos que alcançam vários níveis e soube trabalhar bem com os que escolheu.

A abordagem de temas que afetam adolescentes depressivos é feita de forma crua, mas real. Bullying, exclusão, a solidão, a baixa autoestima, a convivência difícil com pais separados que possuem outras preocupações na vida, e até a descoberta de um suposto amor são explorados mostrando a seriedade da coisa dentro de uma narrativa leve, mas nem um pouco despretensiosa.
A capa, apesar de bacana, poderia fazer o estilo da original. Acho que devido a mensagem que o livro nos passa, não achei muito adequado a tradução do título no Brasil. "This Song Will Save Your Life" (Esta Música Irá Salvar Sua Vida), assim como o jogo de palavras feito na capa em inglês (Love), tem um significado muito maior, mais profundo e que combina com a história, e "A Playlist da Minha Vida" não chega nem perto do que Elise nos reserva...
Todos os capítulos se iniciam com um trechinho de alguma música que forma a playlist de Elise, que ama rock alternativo dos anos 70. A narrativa é fluída, cheia de referências musicais fantásticas, mas senti que alguns trechos ficaram meio lentos, mesmo que voltasse ao ritmo um pouco depois, e, por mais fácil que seja, demorei mais do que o normal pra finalizar a leitura.

De qualquer forma, o livro nos mostra alguém totalmente próximo a realidade, que vive problemas e busca soluções como acha melhor, e que mostra a dor e o amor de forma dolorosa, mas, ainda assim, edificante.
Nem sempre uma música ou o talento nato pra ela irá salvar alguém, como foi com Elise, mas pode ser responsável por ajudar quem está com alguns problemas se enxergar na letra e encontrar o impulso que precisa para seguir adiante. Eu confesso que encontrei um pedacinho de mim na história no que diz respeito ao efeito que uma música causa em mim... Quem sabe você não encontre também...

A playlist de Elise:
Wonderwall - Oasis
Here It Comes - The Stone Roses
Unloveable - The Smiths
Dancing In The Dark - Bruce Springsteen
This Charming Man - The Smiths
Get Me Away From Here - I'm Dying; Belle and Sebastian
Born Slippy (NUXX) - Underworld
Come On Eileen - Dexys Midnight Runners
Whoo! Alright - Yeah... Uh Huh. - The Rapture
La Familia - Mirah
Age Of Consent - New Order
How Soon Is Now? - The Smiths
All My Friends - LCD Soundsystem
Baba O'riley - The Who
I Saw Her in the Anti War Demonstration - Jens Lekman
Lived in Bars - Cat Power
Once in a Lifetime - Wolfsheim
Mis-Shapes - Pulp
You! Me! Dancing! - Los Campesinos!
You Can’t Always Get What You Want - The Rolling Stones

Bônus:
Girls and Boys - Blur
Temptation - New Order
A Letter to Elise-  The Cure
A Quick One, While He’s Away - The Who
It's the End of the World as We Know It (and I Feel Fine) - R.E.M.


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- Não nos responsabilizamos por danos, eventual extravio ou problemas com os Correios, nem por um segundo envio em caso de devolução por erro nos dados informados ou impossibilidade na entrega.

Boa sorte!
O "Clube do Livro da Liga" é formado por amigos que resolveram arriscar uma leitura coletiva e se surpreenderam com a interação que foi proporcionada. Temos muitos gostos e ideias em comum, além de muitas discussões e risadas. Ninguém nunca irá nos entender, ainda bem.
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