Título: Contos de uma Fada - A Nascente das Montanhas
Autora: Letícia Black
Editora: Novo Século
Gênero: Fantasia/Nacional/Juvenil
Ano: 2012
Páginas: 320
Nota: ★★★☆☆
Sinopse: Um julgamento aguarda por Michelle. Seu crime? Nascer. Michelle está prestes a ter sua vida virada de cabeça para baixo. Ela passa de uma simples garota carioca que gasta seu tempo livre com o namorado, Guilherme, para uma princesa de Lammertia, a terra das fadas. Descobrindo ser fruto da junção perigosa de elfos e fadas e que não deveria ter sobrevivido aos primeiros segundos de vida, Michelle parte para a Nascente das Montanhas com a ajuda de seus novos e mágicos cúmplices. Ela tem de convencer a todos do reino que pode continuar viva; e isso não será nada fácil. Tudo o que a nova princesa deseja é voltar para casa e para seu namorado. Mas antes terá de mudar o mundo das fadas para sempre. Será que ela vai conseguir?
Resenha: Contos de uma Fada, conta a história de Michelle, uma moça que se sente perdida, como se não pertencesse a esse mundo, cheia de problemas com a família e por sempre se sentir excluída e viver sendo desprezada pela mãe, principalmente quando descobriu ser adotada, se agarrou a Guilherme, seu namorado. Ele é um porto seguro, companheiro fiel, alguém com que ela sempre pode contar para o que precisar e os dois querem ficar juntos pra sempre. Depois de mais alguns problemas, Michelle começa a sentir dores nas costas, vai dar uma volta na praia, encontra um garoto muito parecido com ela, Kieran, e fica surpresa quando descobre que ele é seu irmão. Mas o que ela não esperava era que um par de asas enormes brotassem de suas costas, e menos ainda que ela teria que partir com Kieran para Lammertia, deixando Guilherme pra trás.
Michie descobre ser filha da rainha das fadas com um elfo, mas essa união é algo proibido pois num passado muito distante, da união de uma fada com um mago, nasceu uma híbrida que reinou de forma cruel pois foi impedida de viver o romance ao lado do humano por quem se apaixonou.
Michelle é uma híbrida e ainda é apaixonada por um humano, e o que o povo de Lammertia poderia esperar disso? Ela nem deveria ter nascido...
Chegando lá ela é considerada como alguém perigosa, e pois mais que seus poderes sejam bem mais intensos do que os poderes de uma fada normal, ela tenta provar que não oferece nenhum tipo de perigo e precisa passar pelo Conselho pra ser "julgada". Mas acima de tudo, o que ela quer mesmo é voltar pra Guilherme, e isso é o que motiva a protagonista a embarcar na maior aventura de sua vida.
Enfim... A primeira vez que vi a capa e ouvi falar de Contos de uma Fada fiquei super curiosa e animada pra ler, pois adoro fantasia, adoro histórias cheia de magia e fui com muitas expectativas esperando encontrar algo do tipo. Mas minha experiência foi bem diferente do que esperava.
No início fiquei com pena de Michelle pela vida que tem, e pela vida que ela esperava ter mas que parecia estar tão distante, e juro que torci por ela. E quando aconteceu a grande reviravolta, com ela se descobrindo uma fada vermelha (com tons de branco pra expor a mistura com um elfo), a princesa de Lammertia, alguém que poderia, enfim, demonstrar alguma importância, o que entra em cena e ganha destaque é o funcionamento da sociedade das fadas e até o próprio cenário... A personagem mesmo foi ofuscada por esses elementos e não vi qual foi a diferença que ela fez ao ir pra esse mundo. E vou dizer que não concordei com ela ter aceitado partir pra lá tão facilmente, sem brigar ou resistir bravamente.
O cenário foi muito bem construído e detalhado e a sociedade das fadas é algo bem interessante. Elas são divididas em castas, e as cores das asas determinam suas funções no reino: as vermelhas são da realeza, as rosas são ligadas as emoções e sentimentos, as azuis são responsáveis pela segurança, e por aí vai... Elas também vão à aula para aprenderem a controlar os elementos e etc.
Aqui as fadas são seres femininos que sempre convivem entre si. Elas são proibidas de se relacionarem amorosamente com outras espécies e se quiserem ter filhos, devem procurar humanos e depois abandoná-los. Então, a maioria que quer uma vida amorosa tem que se aproximar umas das outras, e quem não quer, que vá viver as margens... Não tenho nada contra esses relacionamentos, muito pelo contrário, mas não gostei da forma como foi abordado, pois pra mim foi algo que não acrescentou nada na história, e vi nisso um preconceito inverso, um tipo de "ditadura". Deu a entender que é a única saída pra resolver o problema da carência...
Os personagens tem personalidades distintas e isso é algo que me agrada, porém, Michelle é uma personagem que deveria ser forte mas não me convenceu. Só vi nela alguém muito chorona, que fica se lamentando por tudo e extremamente dependente, cujo único propósito na vida parece ser voltar pros braços do namorado pra lhe dar satisfações do seu "sumiço" e provar que o ama. Por um lado foi bom sair da mesmice porque geralmente o que encontramos são personagens principais fodásticas que arrasam, mas personagens chatas, são... chatas!
Uma coisa que não curti muito é que toda figura materna que aparece é tratada como vilã. A mãe adotiva é uma megera, a sogra é uma ordinária, a mãe biológica é a frieza em pessoa... Já as paternas, são exemplos dignos de admiração...
Um ponto extra para a capa do livro que é a coisa mais linda e retrata bem as descrições das asas de Michelle. E por falar em asas, as dessa história nascem de forma muito dolorosa, rasgando as costas, expondo carne e sangue, me tirando toda a ideia de asas leves, translúcidas e brilhantes que tanto estamos acostumados. Ainda não me decidi se isso é algo positivo ou não... É diferente e, às vezes, o que é diferente assusta...
Pra finalizar, confesso que é uma ideia bacana, mas que poderia ser melhor se tivesse tomado outro rumo, pois no final das contas fiquei com a sensação de vazio, como se Michelle tivesse passado por tudo aquilo pra nada...