Título: Quero ser Vintage
Autora: Lindsey Leavitt
Editora: Benvirá
Gênero: Juvenil/Chick lit
Ano: 2014
Páginas: 286
Nota: ★★★★☆
Sinopse: Depois de descobrir que foi traída virtualmente, Mallory não pensou duas vezes antes de xingar Jeremy em uma rede social e sumir do mapa. Ela decidiu ser totalmente vintage e viver com sua avó quando era adolescente, nos anos sessenta, época em que as relações iam além da superficialidade das redes sociais.
Mas Mallory não imaginava que viver sem tecnologia seria tão difícil. Como fazer as pesquisas da escola sem internet? Como esquentar um lanche sem a praticidade do micro-ondas? Como falar com as amigas sem mensagens do celular ou e-mail?
Resenha: Quero ser Vintage é um chick lit juvenil escrito pela autora Lindsey Leavitt e publicado no Brasil pela Benvirá.
O livro conta a história de Mallory, uma adolescente de 16 anos que namora Jeremy há 1 ano até descobrir que o rapaz andava mantendo uma "segunda vida" com direito a casa e esposa no Authentic Life, um game online (estilo Second Life/The Sims) da rede social bastante popular, Friendspace. O problema é que Jeremy realmente conversava com essa garota por fora do jogo, trocando juras de amor por emails e tudo mais, e Mallory entendeu aquilo como uma baita traição.
Mallory sumiu da vista do namorado e a repercussão do término desse namoro não foi das melhores visto que o bafafá na rede social fez com que ela parecesse a errada da história, enquanto Jeremy deixava emoticons felizes pra comentários de gente que ela nem sabe quem é a xingando sem saber o que realmente aconteceu. Mallory fica louca de raiva de ver como a internet pode ser injusta e cruel.
Até que um dia, ajudando o pai a procurar artigos valiosos e antiguidades nas tralhas da avó, Mallory encontra uma lista e acredita que se a velha conseguiu se dar bem sem qualquer tipo de aparato tecnológico, que ela também poderia "voltar no tempo" e viver da mesma forma, sem se preocupar com intrigas e oposições que sempre acontecem nas redes sociais. Pra que celular? Pra que computador? Em 1962 não existia internet e as pessoas se relacionavam e viviam normalmente sem se preocupar com esse tipo de coisa. Mallory decide levar uma vida mais simples mas não imaginava que viver uma vida vintage/medieval, sem a "traidora" tecnologia, é mais difícil do que ela imaginou. Mas ela está determinada a conseguir...
Narrado em primeira pessoa de forma bem fácil bem humorada e fluída, o livro não foca totalmente do estilo e cultura vintage dos anos 60, mas sim de uma garota que após ter tido uma decepção amorosa, usa o tema como válvula de escape para dar uma alavancada na vida e seguir em frente. Na capa ainda consta uma nota da autora Meg Cabot, e logo imaginei a trilogia "Rainha da Fofoca" em que a personagem segue o estilo vintage ao se vestir e me empolguei bastante, mas que fique claro que uma história não tem nada a ver com a outra.
Mallory é uma garota que, mesmo determinada, age por impulso e nem sempre mede as consequências dos seus atos, e Ginnie, sua irmã mais nova meio que fica responsável por guiá-la no caminho da razão já que é mais inteligente. Ela leva a vida organizando tarefas e pensamentos em forma de lista (que iniciam os capítulos), e a diagramação para essas listas é diferente da narrativa como forma de destaque, muito bem humoradas, e como forma de superar o ocorrido com o namorado, Mallory arranjou essa lista da avó para ter com o que gastar seu tempo, mesmo que na lista conste itens que já não existem na atualidade... Mas Mallory dá um jeito, claro.
Sobre a parte física, a capa é uma graça, a fonte tem um tamanho agradável, as páginas são amareladas e durante a leitura encontrei uns poucos erros da revisão.
Por mais fictícia que a história seja, os personagens são bem construídos com personalidades, pensamentos e comportamento dignos de qualquer pessoa, e por esse motivo a história se torna bastante crível e próxima, como se fosse uma situação que pudesse acontecer com qualquer um de nós, ainda mais quando ela encontra Oliver, primo de seu ex... Ele acaba ajudando a garota em seus objetivos, lhe respeita, lhe dá espaço, e as conversas que eles tem é o que foi um ponto positivo nesse "relacionamento" pois diferente de Jeremy, Oliver parece realmente entender Mallory...
O relacionamento familiar também é muito interessante pois a autora explora, mesmo que não tenha tanta profundidade, os vínculos entre as gerações e a complexidade do relacionamento que cada familiar tem com o próximo.
O fator "falta de tecnologia" nos faz refletir sobre como nossas próprias vidas caminham, tão dependentes da modernidade. Quem não se sente pelado ao sair de casa sem o celular? Mas mais importante que isso: será que no passado a vida era mais fácil e as coisas realmente eram flores e amores sem a tecnologia para atrapalhar?
Uma leitura divertida, doce e despretensiosa sobre a busca pelo autoconhecimento que é válida para todos. Recomendo muito!