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Aquela que é insubstituível

30 de novembro de 2017

O apego é uma coisa engraçada... Tem que diga que é uma doença, ou que é o oposto do amor, mas nesse mundo todo errado, cheio de maldades e de gente que não se pode confiar, me apegar a essa bola de pelos da cara preta foi algo inevitável, desde que bati os olhos nela pela primeira vez... Desde pequenininha ela já demonstrava ser especial, com a personalidade forte, temperamental e antissocial, e o que eu não esperava era que ela fizesse parte da minha vida como fez...

Ela foi aquela que me fez cortar metade da cortina porque ainda não tinha aprendido a fazer xixi na caixinha;
aquela que aprendeu a abrir portas fechadas pra entrar no quarto e dormir na cama agarradinha no meu pescoço;
aquela que me dava baratas de presente;
aquela que gostava de brincar com gominhas de cabelo;
aquela que esperava eu jogar balas Butter Toffees longe pra ela ir buscar;
aquela que tinha medo de ratos;
aquela que andava comigo dentro da bolsa no meio da rua sem tentar fugir;
aquela que miava na janela;
aquela que empatava o foda;
aquela que enquanto andava a banha gorda balançava;
aquela que, às vezes, gostava de ficar sozinha;
aquela que sempre gostava de dormir em cima de mim;
aquela que sabia que eu estava chegando em casa antes mesmo de abrir o portão;
aquela que achava ser a rainha da casa (e era mesmo);
aquela que fazia carinho na minha mão com a própria cabeça;
aquela que tinha antipatia de outros bichos;
aquela que mordia as crianças;
aquela que se sentava igual gente;
aquela que foi amada desde o primeiro até o último momento, e sempre será...


Doze anos é uma vida e só quem tem um filhinho de quatro patas sabe o tamanho desse amor. Por mais que a única certeza que a gente tenha na vida seja a morte, nunca vamos estar realmente prontos pra quando ela chegar... Eu sabia dos riscos, sabia que ela já era uma "senhora" gata, mas não estava preparada pro pior... Acho que ninguém nunca está...

Com a perda dela, eu senti que um pedacinho de mim também se foi.
Não tá sendo nada fácil lidar com a falta que ela faz aqui em casa. Sinto falta dela se aconchegando no meu colo, deitando em cima de mim, ronronando e me afofando, e segurar as lágrimas é uma coisa que não consigo fazer quando lembro dela, quando olho pras coisinhas dela ou pra porta toda arranhada que ela adorava afiar as unhas.



Nada vai substituir... a saudade vai ser eterna... mas o amor incondicional e sincero é um sentimento que vai permanecer... Amei demais, e vou amar pra sempre...