Autora: Marie Lu
Editora: Jovens Leitores/Rocco
Gênero: YA/Fantasia
Ano: 2017
Páginas: 256
Nota:★★★★★
Sinopse: Adelina Amouteru sobreviveu à febre do sangue, fez uso de seus dons, formou seu próprio exército, vingou-se de seus traidores e conquistou a vitória. Mas seu reinado triunfante está ameaçado, e o inimigo não vem de fora; a sede de vingança da jovem levou seu lado cruel e sombrio a sair do controle, e ela terá que curar antigas feridas se quiser manter tudo o que conquistou. No desfecho da eletrizante trilogia Jovens de Elite, Marie Lu coloca sua protagonista diante de uma nova ameaça que a levará a revisitar fatos dolorosos do seu passado e a fazer uma aliança arriscada e difícil. Será que Adelina está preparada para se transformar na estrela da meia-noite e, finalmente, conhecer a paz?
Resenha: O final do último livro levantou questionamento impossíveis de serem ignorados com relação a Adelina e sua condição, e perguntas acerca de sua ambição pelo poder e se poderia haver redenção para alguém consumida pela escuridão como ela ficaram sem respostas. Sua sede de vingança foi saciada e a Loba Branca, como também é conhecida, conseguiu a vitória que tanto queria. Agora, na posição de rainha de Kenettra e pronta para enfrentar Maeve para lhe o reino de Beldain, será possível governar com sentimentos tão contraditórios ao que ela tinha no princípio? Sua força e seu rancor estão caminhando lado a lado, e ter tantos poderes é algo cujo preço a se pagar é bastante caro, afinal, quando as suas ilusões fogem do controle é difícil distinguir a realidade da fantasia... Quase um ano depois de ter consolidado seu reinado, Adelina ainda se mostra uma rainha impiedosa, fria e implacável, mas temendo perder o controle, ela só pode contar com o apoio de Magiano.
Desde que Violetta desapareceu na batalha no porto de Kenettra, Adelina, com ajuda da Sociedade das Rosas, está a procura dela, e enquanto isso os rumores de que os Jovens de Elite estão em perigo devido as consequências dos poderes da febre do sangue começam a se espalhar.
Adelina, então, se vê diante de uma ameaça que fará com que ela não só relembre fatos de seu passado trágico, como também a fará decidir sobre o futuro daquilo que ela conquistou de forma tão soberana.
Assim como nos livros anteriores, os capítulos se alternam entre os personagens de forma que o leitor possa ampliar o campo de visão da história através de vários pontos de vista. Os capítulos destinados a Adelina são narrados em primeira pessoa, e os demais em terceira pessoa, e isso colabora ainda mais para que seja possível estar a par de tudo que se passa na cabeça da protagonista.
Adelina alcançou o topo da minha lista de vilões mais amados, pois todas as escolhas que fez em sua jornada partiram de motivações bem coerentes, baseadas em experiências cruas e nas emoções mais verdadeiras e humanas que alguém pode ter. Por mais cruel e desprezível que alguém possa ser, é possível que o amor fale mais alto no final? Ela é a a anti-heroína perfeita e, mesmo sendo tão cruel, é fascinante. A autora conseguiu criar uma personagem cuja frieza chega a ser perturbadora, mas toda a sua dor e sofrimento despertam nossa simpatia de modo que é impossível não torcer para que ela encontre algo que a faça mudar pra melhor, mesmo que ela espalhe escuridão e deixe rastros de destruição por onde passa (oi, Cersei!). Mas no fundo, bem lá no fundo, ela é uma anti-heroína que em algum momento da vida de deixou levar pelo poder, mas que sempre foi capaz de amar e que nunca desistiu de encontrar sua redenção.
Alguns pontos com relação a construção dos personagens secundários ainda me soaram meio inexplicáveis e senti falta de um maior desenvolvimento, mas nada que prejudicasse minha empolgação com a leitura. Sei que desde que Magiano entrou na história ele demonstrou sua lealdade a Adelina, mas mesmo que o interesse amoroso tenha surgido, não houve muita informação sobre como isso foi desenvolvido a ponto dele arriscar a vida por ela caso necessário.
O que posso afirmar com todas as letras é que não houve nada mais incrível e genial do que o relacionamento entre Adelina e sua irmã, Violetta. O vínculo que elas possuem continua inabalável e só continua aumentando com o passar do tempo, e não importa que elas estejam separadas uma da outra. O ponto alto da trama gira em torno delas, do amor fraternal que elas nutrem de forma tão recíproca e, por mais que eles também tenham importância e valor, nenhum sentimento envolvendo Magiano, Sergio, Rafaelle e afins chega aos pés do amor que existe entre essas duas, até mesmo por não ter sido explorado o suficiente, e isso é o que torna o desfecho tão destruir de corações.
A escrita de Marie Lu é indescritível. A mulher realmente tem o dom de mexer com as emoções do leitor de forma única. Há cenas pra todos os gostos e sempre na medida certa, desde as assustadoras até as mais emocionantes. Embora a trilogia tenha seguido com o mesmo estilo de violência e mortes inesperadas, a sutileza como as descrições são feitas e como os diálogos são impecáveis é o que torna tudo ainda mais incrível e impactante.
Pra quem quer sair da mesmice de mocinhos indefesos, nada melhor do que se deparar com uma leitura impressionante, sem rodeios, onde os personagens são complexos e cheios de camadas, que são tomados pela escuridão, com personalidades questionáveis e atitudes nada louváveis, e é justamente isso que torna a trilogia ainda mais incrível de se acompanhar.
A Estrela da Meia-Noite encerra a trilogia Jovens de Elite com absoluta maestria e com uma conclusão surpreendente, mostrando, não só o talento da autora na criação de história absurdamente arrasadoras cujo final, além de épico, pode levar os leitores às lágrimas, mas que possuem um significado bem maior do que imaginamos, e é tão brutal quanto deslumbrante.