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A Desconhecida - Mary Kubica

21 de novembro de 2017

Título: A Desconhecida
Autora: Mary Kubica
Editora: Planeta
Gênero: Trhiller/Suspense
Ano: 2017
Páginas: 352
Nota:★★★★☆
Sinopse: Todos os dias, a humanitária Heidi pega o trem suspenso de Chicago e se dirige ao trabalho, uma ONG que atende refugiados e pessoas com dificuldades. Em uma dessas viagens diárias ela se compadece de uma adolescente, que vive zanzando pelas estações com um bebê. É fato que as duas vivem nas ruas e estão sofrendo com a fome, a umidade e o frio intenso que castigam Chicago. Num ímpeto, Heidi resolve acolher Willow, a garota, e Ruby, a criança, em sua casa, provocando incômodo em seu marido e sua filha pré-adolescente. Arredia e taciturna, Willow não se abre e parece esconder algo sério ou estar fugindo de alguém. Mas Heidi segue alheia ao perigo de abrigar uma total estranha em casa. Porém Chris, seu marido, e Zoe, sua filha, têm plena convicção de que Willow é um foco de problemas e se mantêm alertas. Em um crescente de tensão, capítulo após capítulo, a verdade é revelada e o leitor irá descobrir quem tem razão.

Resenha: Heidi Wood é uma mulher que trabalha numa ONG auxiliando refugiados e pobres, a maioria imigrantes. Ela também faz serviço comunitário, se preocupa com o meio ambiente, separa o que pode ser reciclado do lixo e é um exemplo de cidadã humanitária e consciente. Até que, a caminho do trabalho, num dia frio e chuvoso, ela vê uma jovem perambulando pela estação de trem com um bebê no colo. Heide se preocupou bastante com aquela mãe tão jovem e sua criança, pois aparentemente não estavam bem agasalhadas naquele tempo frio, deviam estar com fome, e talvez pudessem estar passando por várias dificuldades. No dia seguinte, a chuva havia piorado e Heidi avista a jovem outra vez e, num impulso em ajudá-la, seu instinto materno falou mais alto. Heidi se aproxima, descobre que o nome da garota é Willow e o da bebê é Ruby, e ela acaba levando as duas para dentro da própria casa, achando maravilhoso poder cuidar e dar apoio a elas, mesmo que isso contrarie Chris, seu marido, que acha a ideia de Heidi de levar uma desconhecida pra casa uma completa loucura. Zoe, a filha do casal, também acha que a presença de Willow é um problema e não fica nada confortável com ela alí. Então Chris, mesmo trabalhando e estando sempre muito ausente, vai tentar descobrir quem é, de fato, Willow e o que aconteceu para que ela fosse parar nas ruas com um bebê.

A narrativa não discorre de forma cronológica e alterna os pontos de vista entre Heidi, Chris e Willow. Enquanto o casal conta sobre os momentos atuais, Willow está a frente narrando algo em forma de testemunho, o que dá ideia de que algo de ruim e errado aconteceu, mas ainda não sabemos o quê.
Dar mais detalhes sobre o enredo pode ser um problema, pois cada capítulo não só torna a história mais intensa abordando assuntos bem delicados e pesados, como também vai revelando aos poucos as facetas dos personagens e o que todos querem saber. A medida que a leitura progride, é possível ter uma ideia sólida do rumo que a história vai levar, mas ainda assim é algo que surpreende, principalmente no que diz respeito aos personagens, como nem sempre eles têm em sua essência o que aparentam para os outros, e a forma como suas camadas são exploradas.

O casamento de Heidi e Chris é um exemplo bem nítido da realidade de muitos casais. É como se o tempo tivesse transformado tudo em rotina, todos estão desgastados e não parece haver um interesse recíproco em melhorar as coisas. A ausência do marido, a falta de interesse da filha, o sentimento de solidão da mãe que faz tanto pelos outros e recebe tão pouco de volta... é um misto de comportamentos que desencadeiam sentimentos negativos e, talvez, a ideia de Heidi em levar Willow pra casa tenha sido uma forma de preencher essas lacunas.

Talvez o único ponto que eu não tenha gostado muito a fluidez dos acontecimentos na narrativa. Foi tudo lento e arrastado demais, e isso tornou a história um pouco cansativa, por mais interessante que ela possa ser. E quando as coisas começam a acontecer para que as revelações viessem à tona, é tudo muito rápido, como se a autora quisesse dar um fim no suspense e pronto.

Enfim, é um livro que traz temas sérios como abuso infantil, abandono, perdas, traumas psicológicos e as consequências de não tratá-los, a realidade dos moradores de rua, problemas familiares, matrimoniais e afins, todos eles tratados de uma forma palpável e bem crua, então penso que a intenção da autora não deve ter sido só fazer com que o leitor embarque num thriller psicológico instigante, mas mostrar a realidade difícil e cruel das pessoas mais carentes e que são tão tratadas com tanto descaso e indiferença.

A Garota Perfeita - Mary Kubica

18 de junho de 2016

Título: A Garota Perfeita
Autora: Mary Kubica
Editora: Planeta
Gênero: Thriller
Ano: 2016
Páginas: 336
Nota: ★★☆☆☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Mia, uma professora de arte de 25 anos, é filha do proeminente juiz James Dennett de Chicago. Quando ela resolve passar a noite com o desconhecido Colin Thatcher, após levar mais um bolo do seu namorado, uma sucessão de fatos transformam completamente sua vida.
Colin, o homem que conhece num bar, a sequestra e a confina numa isolada cabana, em meio a uma gelada fazenda em Minnesota. Mas, curiosamente, não manda nenhum pedido de resgate à familia da garota. O obstinado detetive Gabe Hoffman é convocado para tocar as investigações sobre o paradeiro de Mia. Encontrá-la vira a sua obsessão e ele não mede esforços para isso.
Quando a encontra, porém, a professora esté em choque e não consegue se lembrar de nada, nem como foi parar no seu gélido cativeiro, nem porque foi sequestrada ou mesmo quem foi o mandante. Conseguirá ela recobrar a memória e denunciar o verdadeiro vilão desta história?

Resenha: A Garota Perfeita é tudo que não se pode esperar. O nome remete a um famoso romance aclamado pela crítica em 2013, que mostra a relação doentia entre uma mulher psicopata e um homem que, aos olhos de todos, foi o responsável pelo seu desaparecimento. Porém, mesmo com a capa que se assemelha a história de Amy, a trama de Mary Kubica está longe de ser algo extraordinário e arrebatador.

O romance começa com a introdução sobre o que aconteceu com a Mia, uma jovem de vinte e poucos anos. Toda a trama gira em torno da busca pela moça, dividida em três pontos de vista: Gabe, o detetive; Colin, o sequestrador; e Eve, a mãe. A primeira deficiência de toda essa história começa aí: narração. Quem conta os fatos são os três, em uma divisão entre o que houve antes e depois. O problema é que alguns autores pecam grandemente em contar uma história sob o ponto de vista do personagem. No A Garota Perfeita, a autora falhou muito nesse sentido. Tudo que os outros "protagonistas" narram soa irrelevante e permaneci ávido para saber o que Mia sentia e isso não ocorreu.

Eve conta tudo de maneira monótona sobre como era sua relação com a filha, com o marido frio e o quanto acredita no retorno de Mia. Gabe foi um pouco menos enfadonho, dando só um toque de praticidade na história já complicada e cheia de inutilidades. Colin, o sequestrador, mostra seu ponto de vista envolto em muitas partes de sua vida e tentando explicar a origem de sua personalidade e condição de sequestrador. Juntando tudo isso, o que sobra? Nada de útil. Escrever pontos de vista em primeira pessoa requer muita técnica e parece que Kubica não dominou isso muito bem. O gênero, por ser um romance policial, poderia ter sido feito em terceira pessoa. Todo conteúdo é muito monótono, sem desenvolvimento. Não acredito que seja interessante saber o que fulano fez lá quando tinha sete anos, enquanto o xis da questão, que era o sequestro de Mia, ficava sem nenhuma justificativa até a última página. E não preciso nem falar que a protagonista só aparece na narração no último capítulo, não é?

A trama de A Garota Perfeita parece um nó cego, de tão difícil de se desfazer. Tudo que acontece é inconclusivo, sem atrativo e não prende a atenção do leitor. Há alguns acontecimentos tão "ãh?" que senti vontade de largar o livro no meio. É tudo muito amador. Imaginem uma cena de um filme em que a moçoila tropeça e cai nos braços de um homem lindo e encantador? É isso. A história de Mia e Colin é recheada de fatos que não surpreendem e estão ali, claramente, para amarrar pontas que não podem parecer soltas. O final, que foi muito mal desenvolvido, se dá em meras trinta páginas e tenta englobar todos os motivos pelos quais a garota foi raptada. A última página, bem, foi um pouco surpreendente, o que me levou a dar duas estrelas para o thriller. Porém, para quem acompanha o cenário literário há muito tempo, Garota Exemplar foi e continuará sendo, na minha opinião, o melhor romance do gênero.