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Nova Ordem - Chris Weitz

19 de maio de 2016

Título: Nova Ordem - Mundo Novo #2
Autor: Chris Weitz
Editora: Seguinte
Gênero: Ficção
Ano: 2015
Páginas: 266
Nota: ★★★☆☆
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Jefferson, Donna e seus amigos descobriram que os adolescentes não são os únicos que sobreviveram ao vírus e, em meio ao caos do resgate da Marinha, eles se separam. Jefferson volta para Nova York e tenta levar a Cura para a tribo da Washington Square, enquanto Donna vai parar na Inglaterra, onde se depara com um mundo pós-Ocorrido inimaginável. Mas um desastre ainda maior que a Doença está prestes a acontecer, e Donna e Jefferson só poderão evitá-lo se acharem o caminho de volta um para o outro.

Resenha: Depois de um final bombástico em Mundo Novo, Chris Weitz me convenceu a ler a sequência. Eu juro que estava quase desistindo de continuar a série porque o desenvolvimento do primeiro não foi lá essas coisas, mas que cliffhanger, cara! Então fui pro segundo com a cara e a coragem. (Perdão, mas é impossível não falar desse sem soltar spoiler do primeiro)

Nova Ordem começa no ponto em que Mundo Novo acaba. Jeff, Donna, Peter, Crânio, Capitão e Theo são capturados pelo helicóptero da Marinha e levados a confinamento, isolados em quartos separados e interrogados sobre o período em que o vírus dizimou as crianças e a população adulta. Eles têm acesso a informações limitadas, mas conseguem descobrir que o vírus atingiu apenas a cidade de Nova York, deixando o restante do mundo bem fragilizado. Como resultado disso, os demais povos entraram em conflitos de opiniões e acabaram criando inimizades entre si, gerando uma busca por controle.

Esses adolescentes já passaram por muito sofrimento, amadureceram rápido demais, aprenderam a se virar para sobreviver e para isso tiveram que desconfiar de tudo e todos. Mas em meio a tantas surpresas, o que eles não esperavam é que fossem receber um bilhete misterioso.

Seus amigos estão seguros. Não coopere com os investigadores. Eles não estão do seu lado. Estamos tentando libertar vocês.

No primeiro livro senti falta de um elemento muito presente em distopias - o governo opressor - e aqui ele aparece, tanto que até existe um grupo de resistência. E são essas pessoas que planejam a fuga secreta de Jeff e seus amigos. E agora, em quem eles podem confiar? A Marinha está falando a verdade? Ou seria melhor acreditar na Resistência? A ideia de fugir é atrativa, e eles até tentam, mas acabam se separando de Donna no meio da confusão. Jeff não desiste da ideia inicial de resgatar os adolescentes e acaba voltando para NY com o intuito de juntar todas as tribos e estabelecer uma nova ordem. Já Donna vai para Inglaterra e se depara com uma realidade totalmente diferente e a oportunidade de uma nova vida, mas isso terá um preço.

O romance estava prestes a engrenar quando o casal se separa - e aí meu lado romântico ficou frustrado, porque era uma das poucas coisas emocionantes do livro pra mim. Só que essa relação ainda tem muito mais pra dar, porque só eles - juntos! - podem evitar um grande desastre.

Novamente Donna e Jeff se revezam na narrativa da história, mas agora temos uma novidade: alguns poucos capítulos são narrados por outros personagens no decorrer do livro, de maneira pontual, nos permitindo entender seus pontos de vista, sentimentos e motivações. E de novo achei que havia um excesso de personagens (e sim, minha previsão na resenha anterior se confirmou, mal lembrei dos personagens depois de tanto tempo entre uma leitura e outra), mas dessa vez foi mais fácil me acostumar a eles.

Infelizmente não posso negar que essa foi apenas uma sequência qualquer. O autor soube mudar o rumo dos acontecimentos, inserir novos personagens e cenários, suscitar mais conflitos e trabalhar mais as personalidades. Pena que não soube como fazer isso. :/

Eu queria acreditar que todos iriam abandonar suas armas e se abraçar, deixando de lado as questões da guerra e da coerção para voltar à maneira que viviam antes. Mas meu coração me disse que não seria tão bonito assim. Ele me disse que o novo contrato social seria escrito com sangue.

A editora manteve a identidade visual, escolhendo dessa vez um verde-limão para a capa para combinar com o laranja fluorescente do primeiro livro. Vale lembrar que a capa brasileira é totalmente diferente das demais, inclusive da original, e, na minha opinião, é muito mais atrativa e combinativa com a história. Em termos de diagramação e revisão, eles sempre dão um show, e aqui não foi diferente.

Mais uma vez prometo que é a última coisa que vou repetir da primeira resenha o livro tinha tudo pra ser bom, com uma ideia fantástica, mas acabou se perdendo em meio a detalhes inúteis e narrativas longas e desnecessárias. A vontade de ler o 3º só existe por conta do final, da curiosidade em saber como o autor irá amarrar todas as pontas soltas.


Mundo Novo - Chris Weitz

24 de dezembro de 2014

Lido em: Outubro de 2014
Título: Mundo Novo - Mundo Novo #1
Autor: Chris Weitz
Editora: Seguinte
Gênero: Ficção
Ano: 2014
Páginas: 328
Nota: ★★★☆☆
Sinopse: Neste mundo novo, só restaram os adolescentes e a sobrevivência da humanidade está em suas mãos. Imagine uma Nova York em que animais selvagens vivem soltos no Central Park, a Grand Central Station virou um enorme mercado e há gangues inimigas por toda a parte. É nesse cenário que vivem Jeff e Donna, dois jovens sobreviventes da propagação de um vírus que dizimou toda a humanidade, menos os adolescentes. Forçados a deixar para trás a segurança de sua tribo para encontrar pistas que possam trazer respostas sobre o que aconteceu, Jeff, Donna e mais três amigos terão de desbravar um mundo totalmente novo. Enquanto isso, Jeff tenta criar coragem para se declarar para Donna, e a garota luta para entender seus próprios sentimentos - afinal, conforme os dias passam, a adolescência vai ficando para trás e a Doença está cada vez mais próxima.

Resenha: Mundo Novo é o primeiro volume da trilogia de mesmo nome escrita pelo autor Chris Weitz e publicado no Brasil pela Seguinte.
Um vírus foi propagado na cidade de Nova York, causando a morte de adultos e crianças. Os adolescentes sobreviveram, mas sabem que têm um "prazo de validade". Eles foram se organizando em pequenos grupos, assaltando mercados e farmácias, montando seus próprios esquemas de segurança, tudo pra continuarem vivos em meio ao caos. Jeff e Donna fazem parte da gangue da Washington Square e tornam-se ainda mais próximos após a morte do irmão dele, o antigo líder. Quando o gênio da turma, Crânio, levanta a possibilidade de encontrarem a cura da Doença, Jeff lidera uma expedição rumo ao local onde encontrarão as respostas. Mas a cidade está cheia de perigos e outras gangues; quais surpresas esperam por eles?
Armas não matam pessoas, pessoas matam pessoas, mas armas definitivamente ajudam pessoas a matar pessoas.
Não foi difícil eu querer ler o livro quando vi a capa chamativa e soube que era distopia. Mas não sei se foi a expectativa alta, a escrita do autor ou a história mais do mesmo, Mundo Novo não me convenceu.

A primeira coisa que me incomodou foi o excesso de personagens. Peguei um papel e anotei cada nome, associando a uma característica ou função para que eu não me perdesse. Depois me acostumei à maioria, mas tenho minhas dúvidas se vou me lembrar de tudo no segundo volume.
Em muitos livros, o autor acha que é legal ter um "narrador não confiável". Para fazer com que a gente fique na dúvida, e para reconhecermos que nada é absoluto, tudo é relativo, ou qualquer coisa assim. Eu acho isso meio furado. Então, só para você saber, vou ser uma narradora confiável. Tipo, totalmente confiável. Pode confiar em mim.
O enredo não teve nada de muito inovador. Talvez a questão da arma biológica seja uma diferença, mas mesmo assim no contexto geral o livro repete uma estrutura já conhecida pelo público. E senti falta da característica marcante do gênero distópico: governo opressor. Cada grupo tem a sua própria organização, mas não há quem governe a sociedade no geral, pelo menos não nesse primeiro livro (o segundo parece que vai ser diferente).
Somos todos mendigos agora, penso comigo mesmo, erguendo a fronha do hotel que substituía minha mochila. Somos todos homens do saco, vagabundos e saqueadores. Não há uma sociedade em cuja margem ficar.
A narrativa intercalada entre Jeff e Donna deveria ser algo bacana, mas, além de eu não ter sentido muita diferença entre os 2 estilos, acabei ficando meio confusa em algumas partes por conta da pontuação. Nas partes narradas por Donna, principalmente, ao invés do clássico travessão o autor optou pela estrutura "Personagem: diálogo". Às vezes acabava misturando travessão e dois pontos. Bagunça mental define. Paralelamente à busca por respostas, eles travam batalhas internas em relação aos sentimentos, já que Jeff gosta de Donna e ela o enxerga como amigo. Em vários momentos, o romance se sobrepõe à trama e o livro meio que perde o foco. Isso acontece mais nas partes narradas por Donna; ela é muito sentimental, toda hora está sofrendo pela dúvida do que sente, pela ausência do irmãozinho que morreu, por ciúmes... Já ele até passa por esses momentos, mas, como homem, é mais racional, mais focado nos problemas e em como resolvê-los.
Quando penso nas várias vezes em que desejei que meus pais me deixassem em paz, tenho vontade de vomitar.
Mas obviamente o livro não teve só coisas ruins. Gostei de acompanhar a transição adolescência > vida adulta acelerada. Os personagens precisaram amadurecer muito rapidamente, lidando com várias perdas e um excesso de responsabilidades repentinas, mas em alguns momentos se permitiam o sofrimento, a saudade, a angústia. Fiquei pensando que essa é a realidade de muitas crianças e adolescentes de hoje, que perdem os pais pro crime, pras drogas, pra violência, e precisam se virar num mundo caótico. Mas como não é um sentimento comum, eles ficam marginalizadas, ignoradas pela sociedade. Se a Doença nos atingisse, provavelmente eles teriam uma adaptação muito mais fácil, enquanto a grande maioria dos adolescentes iria sofrer.

Falando em adaptação, outra discussão presente no livro diz respeito à questão do consumismo. Não tem mais moda, cada um usa o que quer, combinando da maneira que quer, assim como retratado na capa. Não tem mais como usar a tecnologia, acabou internet, energia é algo raro, o convívio presencial é necessário até mesmo por questões de segurança. Chris aborda um mundo sem tantos recursos tecnológicos, numa tentativa de prever o que aconteceria caso a nossa realidade fosse abalada.
Wash diz - dizia - que se trata de uma hierarqueia de necessidades. Ele dizia que não tínhamos tempo para ficar discutindo as coisas de sempre, como a legalidade do casamento homossexual, ou sei lá o quê, porque estamos ocupados demais tentando comer.
Agora me pergunta se eu quero ler o livro 2. A resposta é sim. Se fosse por 90% do livro, eu dispensaria de boa, mas os 10% finais trouxeram uma reviravolta que me deixou com vontade de descobrir mais. Final safado, com o maldito cliffhanger! Quando a gente acha que a história vai seguir por um caminho, vem o autor e muda tudo. Que bom, adoro ser surpreendida.
No geral, foi uma introdução bem arrastada, com algumas cenas de ação que não me prenderam, um romance chocho e um cenário já batido. Vamos ver se Chris consegue trazer algo melhor no segundo volume.
É errado ser feliz? Dane-se. Eu sou. Ninguém pode fazer nada quanto a isso.