Ilustrador: Chris Riddell
Resenha: Coraline foi o primeiro livro escrito por Neil Gaiman para o público infantil. O livro foi publicado no Brasil em 2003 pelo selo Jovens Leitores, da Editora Rocco. Em 2009 a adaptação cinematográfica do livro estreou nos cinemas e a animação em stop motion dirigida por Henry Selick foi um sucesso. Em 2010 a Rocco Jovens Leitores publicou a graphic novel, e em 2020 a Intrínseca adquiriu os direitos e publicou essa nova edição em capa dura, com nova tradução, e com um projeto gráfico maravilhoso de lindo.
Editora: Intrínseca
Gênero: Infanto juvenil/Fantasia
Ano: 2021
Páginas: 288
Nota:★★★★★
Compre: Amazon
Gênero: Infanto juvenil/Fantasia
Ano: 2021
Páginas: 288
Nota:★★★★★
Compre: Amazon
Sinopse: Certas portas não devem ser abertas. E Coraline descobre isso pouco tempo depois de chegar com os pais à sua nova casa, um apartamento em um casarão antigo ocupado por vizinhos excêntricos e envolto por uma névoa insistente, um mundo de estranhezas e magia, o tipo de universo que apenas Neil Gaiman pode criar.
Ao abrir uma porta misteriosa na sala de casa, a menina se depara com um lugar macabro e fascinante. Ali, naquele outro mundo, seus outros pais são criaturas muito pálidas, com botões negros no lugar dos olhos, sempre dispostos a lhe dar atenção, fazer suas comidas preferidas e mostrar os brinquedos mais divertidos. Coraline enfim se sente... em casa. Mas essa sensação logo desaparece, quando ela descobre que o lugar guarda mistérios e perigos, e a menina se dá conta de que voltar para sua verdadeira casa vai ser muito mais difícil ― e assustador ― do que imaginava.
Resenha: Coraline foi o primeiro livro escrito por Neil Gaiman para o público infantil. O livro foi publicado no Brasil em 2003 pelo selo Jovens Leitores, da Editora Rocco. Em 2009 a adaptação cinematográfica do livro estreou nos cinemas e a animação em stop motion dirigida por Henry Selick foi um sucesso. Em 2010 a Rocco Jovens Leitores publicou a graphic novel, e em 2020 a Intrínseca adquiriu os direitos e publicou essa nova edição em capa dura, com nova tradução, e com um projeto gráfico maravilhoso de lindo.
Coraline Jones é uma garotinha bastante esperta e curiosa, que acaba de se mudar com os pais pra um antigo casarão dividido em alguns apartamentos. O lugar é um tanto estranho e não parece ter muita vida, seus pais só se preocupam com o trabalho e não dão nenhuma atenção a ela, Coraline vive entediada e muitas vezes se sentindo excluída, e, pra não surtar, ela começa a explorar o lugar pra ter o que fazer. Logo ela conhece os vizinhos excêntricos que moram alí e que nunca conseguem pronunciar seu nome corretamente, a chamando sempre de Caroline, e ela fica muito interessada em suas vidas peculiares, seus bichos de estimação e suas esquisitices. Mas o que realmente chama a atenção de Coraline é uma porta na sala de estar, uma porta misteriosa que, a princípio, não serve pra nada já que a parede de tijolos por trás dela foi fechada na divisão da casa. Até ela descobrir que essa porta a leva para uma outra versão de sua casa, onde ela se depara com uma outra mãe e um outro pai que, embora sejam pálidos e tenham botões nos lugar dos olhos, lhe dão total atenção e fazem tudo o que ela gosta. Lá os vizinhos a chamam pelo nome certo, e lá ela pode se divertir bastante com uma infinidade de brinquedos. Nessa outra casa ela poderia, enfim, se sentir em acolhida e ser muito feliz. Coraline logo percebe que existe alguma coisa errada com essa cópia sombria da sua casa, e que sua outra mãe esconde segredos e possui intenções horripilantes que ela nem imagina. Assim, voltar pra sua verdadeira casa vai se transformar numa tarefa tão difícil quanto assustadora.
Na introdução do livro, Gaiman conta que teve a ideia de escrever uma história para sua filha Holly, e teve como inspiração a casa onde eles moravam na Inglaterra e a ideia de que Holly gostava de histórias assustadoras e heroínas corajosas enfrentando bruxas e perigos, mas parou de escrever em 1992. Ele só retomou seis anos depois, quando já tinha se mudado para os EUA e percebeu que sua filha mais nova, Maddy, já estava crescendo e talvez seria velha demais até que ele terminasse o livro se continuasse nesse ritmo. Ele começou o livro pela Holly, e terminou pela Maddy, porque queria contar pra elas algo que ele gostaria de ter sabido quando era criança. Parecia adequado escrever uma história que deixasse evidente que ser corajoso não significa não ter medo, mas sim estar com medo e ainda sim fazer o que é certo. Eis que surgiu Coraline.
O livro é narrado em terceira pessoa com foco sobre a protagonista e é impossível não se envolver com os acontecimentos e com a forma como eles são descritos com fluidez e consistência. É uma narrativa que dá voltas e é cheia de camadas, mostrando o enorme constraste entre os dois mundos e como Coraline consegue discernir que nem sempre o que parece ser melhor, de fato é. Por mais que a história seja voltada pro público infantil, ela tem elementos sombrios e várias mensagens mais maduras, e isso faz com que a leitura seja indicada para qualquer tipo de público que goste de acompanhar aventuras com toques de mistério e perigo. As ilustrações de Chris Riddell ainda contribuem para um ar ainda mais macabro, pois os desenhos tem traços num estilo mais rabiscado e expressões bem marcantes e assustadoras.
O protagonismo de Coraline é a melhor coisa desse livro, pois mesmo que ela seja criança, ela não cede fácil, tem personalidade e opiniões fortes, é questionadora, observadora, muito inteligente, e sabe usar isso a seu favor pra resolver os maiores problemas que aparecem.
"- Porque coragem é quando você sente medo de fazer algo, mas faz mesmo assim, é quando você enfrenta o medo - respondeu ela."- Pág. 90
Os personagens secundários também são super bem construídos e interessantes. Seja o gato preto que faz companhia e ajuda Coraline nessa grande aventura; sejam as vizinhas, Srta. Spink e Srta Forcible, que moram no térreo com seus vários cãezinhos terrier e adoram contar sobre os tempos em que elas eram atrizes muito famosas; e o velho esquisito com um bigodão que mora no andar de cima que diz ter uma trupe ratos de circo que só irão se apresentar quanto estiverem prontos. Gostaria de ter lido quando criança e tenho certeza Coraline seria minha heroína favorita, e já incentivo os meus filhos a lerem também. O livro tem detalhes que não aparecem na animação, e por mais que eu ame demais o filme, o livro, pra mim, é bem melhor. Neil Gaiman nunca decepciona, independente do gênero literário que ele venha a escrever ou do público que ele quer atingir. É o tipo de livro pra se ler e reler sempre. Super recomendo.