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Na Telinha - Nimona

12 de agosto de 2023

Título
: Nimona
Distribuidora: Netflix
Elenco: Chloë Grace Moretz, Riz Ahmed, Eugene Lee Yang, Frances Conroy, Lorraine Toussaint, Beck Bennett, Indya Moore, RuPaul Charles, Julio Torres, Sarah Sherman
Gênero: Aventura, Fantasia, Animação
Ano: 2023
Duração: 1hr42min
Classificação: +12
Nota: ★★★★★
Sinopse: Um cavaleiro é acusado de um crime que não cometeu, e a única pessoa que pode ajudá-lo a provar sua inocência é Nimona, uma adolescente que está determinada a acabar com o mundo que a abandonou, que muda de forma e que também pode ser um monstro que ele jurou matar. Mas será que Nimona é realmente a vilã ou uma heroína disfarçada?

Nimona é uma das mais recentes animações lançadas pela Netflix baseada na HQ homônima criada por ND Stevenson (publicada em 2016 no Brasil pela Editora Intrínseca). A história começa com a lenda de Gloreth, uma guerreira jovem e muito corajosa que derrotou um monstro terrível que ameaçava destruir o reino onde vivia. A partir daí, ela se tornou rainha e determinou que um exército de Heróis deveria proteger o reino da ameaça de outros monstros, e que os descendentes desses heróis também se tornariam heróis, aumentando a linhagem para perpertuar esse legado e continuarem protegendo o reino da ameaça de outros monstros que poderiam surgir em algum momento.



Mil anos se passaram desde então, a sociedade vive sob um regime de monarquia que permanece com características medievais, porém bastante futurístico e com muita tecnologia, e a rainha atual, por mais que seguisse Gloreth, decide que não seria mais necessário ter sangue de Herói.
Ballister Coração Bravo (Ballister Boldheart no original), que desde criança já treinava pra se tornar um cavaleiro e, agora que se tornou adulto, era um forte candidato a ser nomeado como um Herói do Reino. Um cavaleiro que não herdou o título da família era algo que assustava assustava as pessoas, que tinham bastante preconceito com essa ideia, pois elas não sabiam se poderiam confiar suas vidas e a segurança do reino nas mãos de alguém que não era Herói de sangue como ele, mesmo que Ballister já tivesse demonstrado sua força, sua coragem, suas habilidades com a espada e conquistado a confiança da rainha. No dia da nomeação, algo dá muito errado e Ballister é acusado de um crime que não cometeu. Ele perde um braço na confusão e consegue fugir pra não ser capturado, mas fica conhecido como vilão do reino e se torna procurado.



Enquanto permanecia escondido, Ballister recebe a visita inesperada de Nimona, uma adolescente rebelde, com visual descolado, sem papas na língua, aspirante a vilã e metamorfa, que está se candidatando a "vaga" de ajudante de vilão para ajudar Balli a descobrir quem armou pra ele e, assim, poder se vingar. Mas, quando os dois unem forças, eles vão perceber que as aparências vilanescas enganam, e que há coisas bem mais profundas que vão descobrir um no outro.

Nimona me surpreendeu de uma forma super positiva, pois como não conhecia, fui assistir com expectativas zero e nem imaginei que fosse me emocionar tanto e chorar tanto com as diversas críticas sociais, com a representatividade e com a jornada incrível que os personagens adentram para se encontrarem.



A arte da animação é muito bonita, cheia de cores, movimentos fluídos e personagens com expressões marcantes, além de bater de frente com qualquer animação feita pela Disney/Pixar (que numa hora dessas deve estar bem arrependida por ter ignorado essa produção), principalmente pela abordagem audaciosa na questão do relacionamento de Ballister e Ambrosius Ouropelvis (o Herói que tem descendência direta com Gloreth e é super famoso), que embora seja discreto, existe. A trilha sonora incrível e, em conjunto com o roteiro, só torna o desenho mais emocionante.
Embora desde o começo da história já fique explícito a orientação sexual de Ballister e que existe o tema LGBTQIA+ na trama, todas as adversidades que ele precisa enfrentar não tem a ver com isso, mas sim com a armadilha que ele caiu por alguém não aceitá-lo como Herói já que ele não herdou isso de ninguém a ponto de fazer com que todos o enxerguem como vilão. Ele sofre, sim, um preconceito e passa a ser perseguido e odiado por ter se tornado esse "vilão", mas nada disso está relacionado à sexualidade dele. Com relação a Nimona não dá pra dizer o mesmo, pois mesmo que não esteja explícito, penso que seu dom de se transformar no que ela quiser está bastante ligado à fluidez de gênero, algo que ainda é tratado como tabu por grande parte das pessoas, e justamente por ela não estar encaixada dentro de um determinado padrão, ela é vista como um "monstro", como aberração que deve ser excluída da sociedade e tratada de forma hostil. Logo ela fica deslocada, nunca teve amigos, carrega um trauma bastante delicado relacionado a esse tipo de preconceito, e pensa que nunca será aceita nessa sociedade, por isso a rebeldia. Ela demora a revelar seu passado, mas quando ele vem à tona, preparem os lencinhos...



Nimona é uma animação é indicada para todas as idades por passar uma mensagem maravilhosa e super emocionante sobre amizade, aceitação, perdão, superação e ainda mostra que o conceito de herói e vilão é totalmente relativo. Às vezes o "monstro" não é exatamente um monstro. Ela ainda faz uma crítica super válida e importante sobre os falsos moralistas, os mesmos que querem controlar a sociedade através do pânico desencadeando um verdadeiro caos, fazem qualquer tipo de atrocidade e cometendo várias injustiças em nome da liberdade e dos "bons costumes".

Só posso dizer que Nimona já se tornou uma das minhas animações favoritas da vida.