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República de Ladrões - Scott Lynch

16 de março de 2017

Título: República de Ladrões - Nobres Vigaristas #3
Autor: Scott Lynch
Editora: Arqueiro
Gênero: Ficção
Ano: 2015
Páginas: 544
Nota:★★★★★
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas | Amazon
Sinopse: Envenenado e à beira da morte, Locke Lamora segue para o norte com seu parceiro, Jean Tannen, em busca de refúgio e de um alquimista para curá-lo. Porém, a verdade é que ninguém pode salvá-lo. Com a sorte, o dinheiro e a esperança esgotados, os Nobres Vigaristas recebem uma oferta de seus arquirrivais, os Magos-Servidores.
As eleições do conselho dos magos se aproximam e as facções precisam de alguém para fazer o trabalho sujo, manipulando votos. Se Locke aceitar, o veneno será purgado de seu corpo com o uso de magia – mas o processo será tão excruciante que ele vai desejar morrer.
Locke acaba cedendo ao saber que o partido da oposição contará com uma mulher do seu passado: Sabeta Belacoros, a única pessoa capaz de se igualar a ele nas habilidades criminosas e mandar em seu coração. Novamente em uma disputa para ver quem é o mais inteligente, Locke precisa se decidir entre enfrentar Sabeta ou cortejá-la, e a vida dos dois pode depender dessa decisão.

Resenha: República de Ladrões é o terceiro volume da série Nobres Vigaristas do autor Scott Lynch e publicado pela Arqueiro.

Depois de se envolverem com o ardiloso Stragos para servirem seu plano de tomar a cidade de Tal Verrar, Locke Lamora e Jean Tannen conseguem fugir para Lashane, mas a principal preocupação de Tannen, que está desesperado, é encontrar um alquimista para curar o amigo, que está morrendo após ter sido envenenado e não ter mais acesso ao antídoto. O problema é que naquela cidade ninguém parece ter conhecimento o bastante para ajudá-lo até a salvação surgir da forma mais inesperada que eles poderiam imaginar. Locke e Jean são abordados pela Maga-Servidora que lhes oferece a cura através de magia, porém eles teriam que fazer algo sujo em troca: Fraudar as eleições do Conselho dos Magos, subornando eleitores e manipulando seus votos, para que seu partido, o Raízes Profundas consiga vencer seu oponente, o Íris Negra. O que Locke não esperava era que o Íris Negra tivesse contratado Sabeta Belacoros, ex-integrante dos Nobres Vigaristas que possui habilidades equiparadas as do próprio Locke. E como se não bastasse Sabeta ser um grande obstáculo nessa tarefa, mesmo depois de tanto tempo, ela ainda é dona do coração de Lamora...

Narrado em terceira pessoa, o livro é dividido da mesma forma que os demais da série. Partes denominadas "Livros", divididos por capítulos subdivididos por cenas e interlúdios que intercalam passado e presente tanto de Locke, quanto dos Nobres Vigaristas e do mistério que gira em torno de Sabeta a quem não sabemos quase nada, para que tais acontecimentos preencham as lacunas da história dos personagens, evidenciando o que aconteceu até que eles tenham se tornando as pessoas que são hoje e, de certa forma, tornando o enredo mais rico e completo. O diferencial é que alguns dos personagens marcantes do primeiro livro apareceram de uma forma mais interessante, como o lendário Correntes (o antigo líder e fundador dos Nobre Vigaristas), o Aliciador (antigo "dono" de Locke) e a própria Sabeta. Inclusive o autor dá muito espaço para desenvolver a relação que Lamora e Sabeta construíram no passado, coisa que não havia sido nada aprofundada até então. Algumas cenas dos capítulos são apresentadas inteiramente em forma de diálogos, sem maiores descrições feitas pelo narrador. Alguns dos diálogos são entre os magos e através do que é dito o leitor fica a par dos reais motivos da eleição que envolve facções rivais e seus objetivos.

Enfim, neste livro, ficamos sabendo mais sobre o passado misterioso que envolve as origens de Locke, e também de Sabeta, mas isso não significa que seja algo bom... Ela é uma trapaceira nata, que não hesita em fazer o que for necessário para se dar bem sobre quem ou o que estiver em seu caminho, e tem uma habilidade sem igual de virar o jogo a seu favor. Tudo isso seria muito bom no contexto da história em si, se não fosse pelo fato de ela usar os sentimentos de Locke como se fossem descartáveis. Confesso que me irritei inúmeras vezes com o comportamento dele ser tão inconstante na presença dessa mulher, pois ser retratado como alguém perdidamente apaixonado a ponto de isso poder ser considerado uma fraqueza de alguma forma, não foi nada legal de se ver, mesmo que ele não parecesse se importar...
Então, por mais que esse livro tenha sido uma adição empolgante para a série e, assim como os demais, ter sido um dos melhores livros que já li do gênero, não me empolguei tanto quanto gostaria como foi com os livros anteriores, principalmente por que, embora haja vários vilões pimpões ao longo da trama, o vilão verdadeiramente maligno, aquele que espreme suas vítimas na mão e depois sopra só o pó, está guardado para aparecer no final, então a ansiedade fica pela espera do próximo livro, socorro.

A capa combina com os volumes anteriores no que diz respeito aos tons, a fonte utilizada e aos detalhes, mas por ter um ar maior de mistério achei a mais bonita das três até então.

No mais, a história é super bem construída, bem escrita, cheia de ação e reviravoltas, muitas surpresas e revelações bombásticas de fazer o queixo cair, e claro, o típico bom humor que consegue equilibrar a tensão e o desespero das situações malucas ou perigosas que os personagens se encontram.


Mares de Sangue - Scott Lynch

15 de março de 2017

Título: Mares de Sangue - Nobres Vigaristas #2
Autor: Scott Lynch
Editora: Arqueiro
Gênero: Ficção
Ano: 2014
Páginas: 512
Nota:★★★★★
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Após uma batalha brutal no submundo do crime, o golpista Locke Lamora e seu fiel companheiro, Jean Tannen, fogem de sua cidade natal e desembarcam na exótica Tal Verrar para se recuperar das perdas e feridas. Porém, mesmo no extremo ocidental da civilização, não conseguem descansar por muito tempo e logo estão de volta ao que fazem de melhor: roubar dos ricos e embolsar o dinheiro.
Desta vez, eles têm como alvo o maior dos prêmios, a Agulha do Pecado, a mais exclusiva casa de jogos do mundo, onde a regra de ouro é punir com a morte qualquer um que tente trapacear. É o tipo de desafio a que Locke não consegue resistir... só que o crime perfeito terá que esperar.
Antigos rivais dos Nobres Vigaristas revelam o plano a Stragos, o ambicioso líder militar verrari, que resolve manipulá-los em favor de seus próprios interesses. Em pouco tempo, a dupla se vê envolvida com o mundo da pirataria, um trabalho inusitado para ladrões que mal sabem diferenciar a proa da popa de um navio.
Em Mares de sangue, Locke e Jean terão que se mostrar malabaristas de mentiras, enganando todos ao seu redor sem a mínima falha, para que consigam sair vivos. Mas até mesmo isso pode não ser o bastante...

Resenha: Marés de Sangue é o segundo volume da série Nobres Vigaristas escrita pelo americano Scott Lynch e publicada pela Editora Arqueiro aqui no Brasil.

Ao final de As Mentiras de Locke Lamora os Nobres Vigaristas são postos em uma situação sofrível, mas Locke e seu melhor amigo, Jean Tannen, conseguem fugir de Camorr em busca de vida nova e recomeço, e partem rumo a exótica Tal Verrar, uma cidade portuária aparentemente tranquila em que poderiam ter várias oportunidades para continuarem praticando crimes e trapaças para se darem bem. Ao se depararem com a mais exclusiva casa de jogos da cidade, a Agulha do Pecado, frequentada somente pelos mais endinheirados e poderosos, Lamora não consegue resistir e, usando sua mente brilhante, já começa a bolar um plano mirabolante para botar as mãos em toda aquela fortuna, mesmo sabendo que a punição pra quem trapacear é a morte.
Locke e Jean, disfarçados, tentam passar despercebidos, mas não demoram a chamar a atenção de Stragos, o Arconte de Tal Verrar que descobre sobre o passado dos Nobres Vigaristas e quer usar isso de alguma forma. Stragos é esperto e impiedoso e faz com que a dupla de amigos trapaceiros se encontrem numa intriga política onde, além de serem ameaçados de morte, são obrigados a partir num navio para uma viagem em alto-mar se envolvendo com piratas salafrários e saindo totalmente da zona de conforto da qual estavam acostumados. Tal Verrar acaba se revelando um local cheio de segredos, armadilhas e perigos, e a dupla descobre isso da pior maneira possível... Duas facçoes rivais estão numa guerra silenciosa pelo comando da cidade e seus comandantes não se importam com os meios utilizados para chegarem ao fim...

A narrativa, assim como no primeiro livro, é feita em terceira pessoa e a divisão dos capítulos também foi feita da mesma forma. A escrita do autor continua bastante envolvente, com toques de requinte e ainda assim muito fluída. O bom humor e o sarcasmo nas situações e nos diálogos inteligentes continuam presentes no enredo, equilibrando os momentos de ação e tensão da trama.
Mesmo que Locke Lamora e companhia tenham sido muito bem apresentados no volume anterior, neste o autor se aprofunda ainda mais nesse mundo de trapaças além de trabalhar de forma muito rica os detalhes de uma cidade nova cuja cultura é diferente daquela apresentada anteriormente e com suas próprias particularidades.

Neste volume, acompanhamos Locke e Jean seguindo em frente depois do ocorrido, aprendendo a lidar com o que aconteceu, com o que perderam e que precisaram deixar pra trás, e o período de dois anos que se passaram desde que deixaram Camorr acaba tornando tudo ainda mais realista já que se acostumarem com uma vida nova e diferente não é feito da noite pro dia.
Apesar de ter adorado acompanhar Locke Lamora e Jean Tannen em uma aventura improvável e recheada de elementos novos, minha única ressalva é que em alguns momentos eu senti que o autor quis inserir um espírito de Robin Hood no protagonista como forma de justificar alguns de seus atos para que ele pudesse ser interpretado como alguém com alguma moral, como se isso fizesse dele um ladrão melhor ou superior do que os outros canalhas da cidade. Mesmo sendo um criminoso eu já tinha uma grande simpatia por Locke justamente por ele ser um protagonista que foge de estereotipos. Um criminoso é um vilão, mas nem por isso deve ser obrigatoriamente odiado, e o autor já tinha conseguido atingir esse objetivo nos presenteando com Locke. Não havia necessidade de tentar mudar nada ao meu ver... Não desgostei mais ou menos do livro por esse motivo, só não entendi onde o autor quis chegar mudando esse ponto.
Algumas cenas também não parecem muito originais e lembram filmes como Piratas do Caribe e Onze Homens e um Segredo, mas da forma como foram descritas acabaram tendo o toque especial do autor e combinaram com a trama de forma geral.

Embora Mares de Sangue tenha mais de 500 páginas, a leitura pode ser feita de forma bastante rápida pois além de ter uma escrita ágil, as descrições feitas parecem estar mais enxutas para que o foco fique sobre a trama em si e não sobre detalhes que acabam não sendo tão relevantes para a cena em questão.
Um ponto positivo é que o prólogo já deixa o leitor surpreso e morto de curiosidade pois envolve uma situação inesperada que praticamente o obriga a se agarrar nas páginas seguintes para ter maiores explicações sobre o ocorrido, e posso dizer que foi um artifício utilizado pelo autor que funcionou muito bem, mesmo que soe meio falso... Mas o que esperar de personagens trapaceiros e mentirosos? A sensação é de que o leitor é enganado, mas de uma maneira boa.

Enfim, com mais personagens para movimentar o enredo, a história se desenrola abordando pontos distintos e intrigantes. A amizade sincera e fraternal entre Locke e Jean é posta a prova em várias situações, mas é perceptível o quanto é uma parceria sólida, que faz com que eles se tornem brilhantes quando estão juntos, mas vulneráveis quando se separam. A ideia de que suas habilidades funcionam em conjunto, onde um depende do outro para que o plano possa ser bem sucedido, é algo bastante satisfatório de se acompanhar e, pra mim, são esses elementos os maiores responsáveis pelo sucesso da história, pois cativam o leitor que só tende a torcer pelos personagens. A amizade deles é épica, memorável e perfeita, por mais que tenha todos os defeitos possíveis e eles vivam querendo se matar.
A história é cheia de reviravoltas das mais loucas possíveis que com certeza vão abalar estruturas, e tais acontecimentos não são exclusivos dos personagens principais, mas também dos demais que movimentam a trama como poucos fazem. Destaque para a capitã do navio, Zamira Drakasha, e sua tenente, Ezri Dalmastro. Elas são inteligentes e sagazes e mostram que num universo predominado por homens, na maioria das vezes machistas e grosseirões, as mulheres também podem roubar a cena quando são capazes de fazer o que eles fazem, e até de forma melhor, sem deixar nada a desejar!

Enfim, Mares de Sangue traz um arco próprio no que diz respeito a aventura da vez, mas As Mentiras de Locke Lamora não deve ser dispensado devido a introdução de mundo, apresentação de personagens e outros detalhes que são importantes para a compreensão de algumas cenas deste volume (e do próximo também).

Pra quem não recusa uma aventura frenética com personagens cativantes e engraçados, que enfrentam situações cheias de ação e perigos, e ainda se metem nas piores enrascadas que alguém já viu, com certeza vai curtir a leitura da série Nobres Vigaristas.

As Mentiras de Locke Lamora - Scott Lynch

14 de março de 2017

Título: As Mentiras de Locke Lamora - Nobres Vigaristas #1
Autor: Scott Lynch
Editora: Arqueiro
Gênero: Ficção
Ano: 2014
Páginas: 464
Nota:★★★★★
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: O Espinho é uma figura lendária: um espadachim imbatível, um especialista em roubos vultosos, um fantasma que atravessa paredes. Metade da excêntrica cidade de Camorr acredita que ele seja um defensor dos pobres, enquanto o restante o considera apenas uma invencionice ridícula.
Franzino, azarado no amor e sem nenhuma habilidade com a espada, Locke Lamora é o homem por trás do fabuloso Espinho, cujas façanhas alcançaram uma fama indesejada. Ele de fato rouba dos ricos (de quem mais valeria a pena roubar?), mas os pobres não veem nem a cor do dinheiro conquistado com os golpes, que vai todo para os bolsos de Locke e de seus comparsas: os Nobres Vigaristas.
O único lar do astuto grupo é o submundo da antiquíssima Camorr, que começa a ser assolado por um misterioso assassino com poder de superar até mesmo o Espinho. Matando líderes de gangues, ele instaura uma guerra clandestina e ameaça mergulhar a cidade em um banho de sangue. Preso em uma armadilha sinistra, Locke e seus amigos terão sua lealdade e inteligência testadas ao máximo e precisarão lutar para sobreviver.

Resenha: As Mentiras de Locke Lamora é o primeiro volume da série (de sete) Nobres Vigaristas, do autor americano Scott Lynch e publicada no Brasil pela Editora Arqueiro.

A história é ambientada na fictícia cidade de Camorr, com toques clássicos que lembram os detalhes de uma Veneza medieval. Camorr é uma cidade dividida entre nobres e membros de gangues, e a Paz Secreta é um acordo entre eles que garante proteção da nobreza enquanto os criminosos podem cometer seus crimes contra o povo sem que o governo intervenha.

Em meio a esse cenário, conhecemos Locke Lamora, um garoto pobre, órfão e franzino cujas habilidades giram em torno de farsas e furtos. Treinado pelo Aliciador, um dos líderes de gangues que comanda um grupo de ladrões mirins, Lamora demonstra estar além do nível das outras crianças provando que cometer pequenos furtos não é nada diante do que ele seria capaz de fazer, e o Aliciador, incapaz de conter o garoto e percebendo que ele traria mais problemas do que qualquer outra coisa caso nada fosse feito, resolve ofertá-lo para o Padre Correntes, um farsante e trapaceiro que é fundador e líder do grupo intitulado Nobres Vigaristas, composto por ladrões astutos que vivem confortavelmente abaixo da Igreja de Perelandro, roubando dos ricos para encherem os próprios bolsos e não estão nada de acordo com a Paz Secreta...
Como membro dos Nobres Vigaristas, Locke conhece Sabeta, Jean Tannen, além dos irmãos gêmeos Calo e Galdo, e posteriormente o garoto Pulga, e cada um deles possui uma habilidade especial que os tornam únicos e importantes durante as missões.
Após tamanha apresentação, o início da história traz um golpe orquestrado pelos Nobres Vigaristas contra Dom Lorenzo Salvara, um dos mais ricos nobres de Camorr, porém, em meio a preparação da missão, uma figura misteriosa, que se autointitula Rei Cinza, pretente acabar com toda e qualquer atividade clandestina e começa a atacar todos os líderes das gangues da cidade. Lamora e os Nobres Vigaristas acabam se encontrando numa situação delicada e se veem presos a uma batalha que não querem adentrar, e resta a eles descobrirem uma forma de solucionar o problema enfrentando um inimigo improvável e correndo o risco de terem a reputação arruinada, a própria vida em perigo ou ainda perdendo grande parte do que já juntaram em seus cofres, o que é pior.

A narrativa é feita em terceira pessoa, o que amplia bastante a visão de mundo do leitor, e se alterna em presente e passado, o que de início pode soar um pouco confuso já que o autor não parece ter muita preocupação em situar o leitor diante dos acontecimentos.

O enredo se divide em quarto partes, denominadas de "Livros". Cada Livro se divide em capítulos intitulados, que são subdivididos em cenas numeradas do presente e interlúdios que apresentam os acontecimentos passados do protagonista. Toda essa organização, apesar de parecer confusa, acaba sendo importante não só para transitar entre presente e passado, mas para apresentar os acontecimentos, mudar o foco ou o rumo do personagens ou ainda fornecer um outro ponto de vista para o leitor. Acompanhamos Lamora e seus feitos atuais, assim como os momentos de quando ele ainda era criança, passando pelas mais diversas situações até que ele tenha se tornado o líder dos Nobres Vigaristas. Talvez seja necessário ter paciência e persistir na leitura até que ela realmente comece a fluir e faça maior sentido, mas essa alternânancia é importante para que alguns acontecimentos sejam melhores esclarecidos nos permitindo compreender algumas das escolhas feitas ou o que motiva os personagens a terem certos tipos de atitudes, ou ainda que possamos entender melhor e com mais detalhes como a trapaça e as mentiras fazem parte do íntimo do protagonista e sua gangue, sendo possível, inclusive, não confiar ou não acreditar em tudo que nos é dito.... Os diálogos são dinâmicos, naturais, alguns são recheados de palavreados, e se encaixam perfeitamente com os personagens ou o momento em questão. E embora os personagens sejam criminosos e vigaristas, é perceptível que eles realmente se importam uns com os outros.

O cenário é muito rico e detalhado, o que permite o leitor visualizar o local que parece realmente existir. Os detalhes inclusive colaboram para a construção do enredo, que muitas vezes depende dos locais e suas particularidades para se desenvolver. O autor não poupa o leitor de detalhes envolvendo violência, muito sangue, coisas bem nojentas ou mortes repentinas de pessoas queridas, logo a ideia de ler com a mente mais aberta esse tipo de conteúdo é mais do que bem vinda nesse caso.
Um ponto super positivo a favor do livro é que mesmo sendo o primeiro de uma série, a trama é fechada e o próximo livro, Mares de Sangue, trará uma aventura diferente da que se desenrolou neste.

A capa corresponde bem ao conteúdo do livro e é bastante bonita. As páginas são amarelas, a diagramação é simples, a fonte é pequena e não percebi erros de revisão. A tradução inclusive foi feita e adaptada de forma muito inteligente e alguns nomes ficaram hilários.

Pra quem procura por uma história intrigante e inteligente, que traz personagens super divertidos, com aventura, mistério, suspense e ainda é recheada de muito bom humor, o livro é mais do que recomendado.