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Os Portais da Casa dos Mortos - Steven Erikson

3 de novembro de 2018

Título: Os Portais da Casa dos Mortos - O Livro Malazano dos Caídos #2
Autor: Steven Erikson
Editora: Arqueiro
Gênero: Alta Fantasia
Ano: 2018
Páginas: 816
Nota:★★★★★
Sinopse: Já se passaram dez anos desde que Laseen tomou o trono com um ardil traiçoeiro, mas, à medida que o Ano de Dryjhna se aproxima, o Império Malazano se vê à beira da anarquia, enfraquecido pelos acontecimentos na cidade de Darujhistan. Muitas das regiões controladas pelo punho de ferro da imperatriz ameaçam acender a fagulha da revolução.
No meio do vasto domínio das Sete Cidades fica o Deserto Sagrado Raraku, onde estão os resquícios de incontáveis civilizações extintas há muito tempo. Nesse lugar repleto de segredos e magia, a Vidente Sha’ik e os seguidores do Apocalipse preparam um levante contra o poderoso império, conforme previsto nas antigas profecias.
Enquanto as forças convergem contra Laseen, ela reúne um exército de assassinos, feiticeiros e espiões para combater a rebelião e ampliar seu império cruel. Em meio a uma fúria e um poder jamais vistos, o mundo está prestes a mergulhar em uma guerra sangrenta, capaz de mudar os destinos de homens e civilizações, criando lendas que atravessarão os séculos.

Resenha: A história da série "O Livro Malazano dos Caídos" gira em torno da rebelião nas Sete Cidades. Enquanto o primeiro livro foi ambientado em Genabackis, este se passa dez anos depois dos acontecimentos anteriores, em Raraku, um outro continente. A maior parte do grupo de personagens permeneceu em Genabackis após os eventos finais do livro anterior, assim, Fiddler e Kalam seguiram para as Sete Cidades, onde uma rebelião estava prestes a eclodir devido a uma profecia que previa o Apocalipse. Quando a profetisa do Deserto Sagrado de Raraku receber o Livro de Dryjhna, ela receberá o espírito da deusa e a rebelião que visa libertar as Sete Cidades contra os Malazanos irá se erguer.
Dessa forma, com o Império prestes a se rebelar, as forças de Malazan são lideradas por Coltaine, um líder militar lendário e experiente que já havia liderado uma rebelião em outra ocasião.

Embora se trate de uma série, este volume é bem independente do anterior, já que traz novos personagens, se passa num lugar diferente e tem um plot diferente. Ainda assim, não acho que a leitura deva ser feita fora de ordem, pois é com o primeiro volume que somos apresentados a este universo fantástico para que, no segundo, já possamos estar habituados e tudo possa fluir melhor. Mesmo que seja mais complexo, a história acaba sendo mais fácil de seguir, principalmente devido a construção dos personagens cujo desenvolvimento de caráter, sentimentos e personalidades foram excelentes.

Narrado em terceira pessoa, a história aborda todos os aspectos de uma guerra, com batalhas sangrentas e jornadas de buscas pessoais que movimentam a trama e fazem com que o leitor mergulhe nesse universo surpreendente. A construção de mundo é fascinante, a forma como os plots se entrelaçam para que tudo faça sentido é incrível, e os elementos que compõe o enredo no que diz respeito a cultura e a atmosfera só enriquecem a trama.

As Sete Cidades retratam uma civilização desolada e em desespero devido às ruínas. E em meio a esse cenário de devastação, temos cinco histórias acontecendo paralelamente ao que se passa no Deserto Sagrado de Raraku.

Ainda topamos com alguns personagens vistos no primeiro livro, mas o foco recai sobre os novos. Não vou me aprofundar em cada personagem, mas posso afirmar que além de serem muito humanos, há momentos envolvendo amizade, coragem, determinação, honra, respeito e lealdade que acabam tornando a história ainda mais profunda e cheia de significados, principalmente quando contrastam com o desespero, a tristeza causadas por traições e falta de esperança desencadeadas pela profecia, e as ações de todos eles são memoráveis e dignas de admiração. São suas atitudes e escolhas que definem o desfecho.

As cenas de batalha são impressionantes, principalmente pelas táticas militares e magia. A escrita do autor remete a algo cinematográfico, então é possível visualizar as belezas e os horrores de cada detalhe. O cenário é vívido e parece ser um personagem a parte. Sangue, carnificina, caos, magia e uma avalanche de cenas de ação estão ali para ajudar no desenvolvimento da trama e causar diversos tipos de reações no leitor.

Faz vários meses que recebi esse livro, e depois de fazer a leitura dele em parcelas a perder de vista, eis que posso comemorar essa vitória de ter finalizado mais de 800 páginas de uma trama complexa, intrincada, sombria e genial o bastante para se tornar uma das melhores séries de alta fantasia já publicadas até então, e que é indispensável para quem é fã do gênero. Em suma, Os Portais da Casa dos Mortos oferece um enredo fantástico e envolvente, onde os leitores irão embarcar numa jornada épica e inesquecível.

Jardins da Lua - Steven Erikson

14 de maio de 2018

Título: Jardins da Lua - O Livro Malazano dos Caídos #1
Autora: Steven Erikson
Editora: Arqueiro
Gênero: Alta Fantasia
Ano: 2017
Páginas: 608
Nota:★★★★★
Sinopse: Desde pequeno, Ganoes Paran decidiu trocar os privilégios da nobreza malazana por uma vida a serviço do exército imperial. O que o jovem capitão não sabia, porém, era que seu destino acabaria entrelaçado aos desígnios dos deuses, e que ele seria praticamente arremessado ao centro de um dos maiores conflitos que o Império Malazano já tinha visto.
Paran é enviado a Darujhistan, a última entre as Cidades Livres de Genabackis, onde deve assumir o comando dos Queimadores de Pontes, um lendário esquadrão de elite. O local ainda resiste à ocupação malazana e é a joia cobiçada pela imperatriz Laseen, que não está disposta a estancar o derramamento de sangue enquanto não conquistá-lo.
Porém, em pouco tempo fica claro que essa não será uma campanha militar comum: na Cidade do Fogo Azul não está em jogo apenas o futuro do Império Malazano, mas estão envolvidos também deuses ancestrais, criaturas das sombras e uma magia de poder inimaginável. 

Resenha: Jardins da Lua é o primeiro volume (de dez) da série de alta fantasia O Livro Malazano dos Caídos, escrita pelo autor canadense Steven Erikson.

Depois do assassinato do Imperador Kellanved, o reino passa por tempos sombrios. Sob o comando da implacável e ambiciosa Imperatriz Lassen, o Império Malazano busca conquistar a Cidade do Fogo Azul, a última das Cidades Livres de Genebakis. Porém, nada será tão fácil quanto eles pensam. Os Queimadores de Pontes, o lendário esquadrão de elite de Darujhistan, agora está sob comando do capitão Ganoes Paran e, após várias reviravoltas e descobertas importantes, fica claro que algo muito maior, onde até mesmo os deuses ancestrais e várias criaturas sombrias estão envolvidos, vem pela frente. Uma guerra se aproxima e ninguém é capaz de prever o que será do Império Malazano...

A escrita do autor, a princípio, parece ser densa e complexa devido a grande quantidade de informações que nos é passada, muitas delas de forma bem sutil, mas é muito precisa e sem floreios. A narrativa é peculiar e o leitor pode demorar um pouco até se acostumar com a forma como a história é conduzida, talvez por pensar que alguns detalhes que possam passar despercebidos não serão importantes lá na frente quando serão, e muito, mas não posso negar que quando conseguimos nos situar nesse universo fantástico, a experiência será única e a sensação é de estarmos numa viagem incrível e inesquecível. A sensação inicial é de que o autor vai escrevendo desenfreadamente enquanto o leitor é jogado pra dentro de um universo desconhecido enquanto se vira pra entender o que diabos está acontecendo, e por esse motivo essa é uma leitura que deve ser feita com calma e com atenção redobrada. As informações que parecem não ter importância são as principais que devem ser usadas para se montar o quebra cabeças gigante que o autor construiu aqui.

Todos os personagens estão alí por alguma razão e contribuem para o desenvolvimento da trama, sendo principais ou secundários. As personagens femininas são um grande exemplo de empoderamento, inclusive, e foram criadas com personalidades distintas e trabalhadas de uma forma bastante natural sem que pareça que o autor as criou daquela forma apenas para dar lições de feminismo ou coisa do tipo (até mesmo porque algumas tomam decisões um tanto questionáveis pra mim). Por mais que os personagens sejam bem construídos e com particularidades importantes para a trama, narrando através de seus pontos de vista o que se passa na história, o foco recai sobre o Império Malazano. É como se o cenário ganhasse vida e fizesse parte do enredo como um protagonista. Algumas coisas ficam em aberto, e isso já era mais do que esperado visto que ainda virão vários volumes pela frente para que o autor possa trabalhar com mais profundidade as questões levantadas, e um dos pontos bem interessantes sobre os personagens é que o leitor fica livre para sentir ou não empatia por eles de acordo com suas concepções e interesses. Nem sempre o interesse de um visa o bem maior do outro, mas sim o seu próprio, logo é comum que em alguns momentos nos deparemos com cenas cruéis e revoltantes sem que necessariamente parta de um "vilão". Todos tem seus próprios objetivos onde nem sempre os fins são justificados pelos meios, e é exatamente isso que torna a fantasia algo crível, por tem várias semelhanças com a realidade.

Em suma, pra quem gosta de histórias épicas, como Senhor dos Anéis, As Crônicas de Gelo e Fogo e afins, esta série é mais do que indicada.