Autor: Philip Pullman
Editora: Suma de Letras
Gênero: Fantasia
Ano: 2017
Páginas: 434
Nota:★★★★★♥
Sinopse: Malcolm e seu deamon, Asta, têm onze anos e vivem na estalagem A Truta, perto de Oxford. Do outro lado do rio, fica o convento de Godstow. Certo dia, Malcolm entreouve que as freiras estão recebendo uma nova hóspede: uma bebê chamada Lyra. O encanto que ele sente por ela é quase imediato, e sua curiosidade é aguçada pelo fato de que outras pessoas - importantes e perigosas - também parecem interessadas na criança.
Malcolm pode não saber por que Lyra é importante, mas quando uma tempestade desaba e inunda o país, ele precisa tomar uma decisão rápida para salvar a vida dela. Com a chuva caindo e as ruas da cidade transformadas em rios, Malcolm conduz sua canoa tentando levar Lyra para um lugar seguro. Mesmo que, no caminho, precise enfrentar fadas, feiticeiras, deuses e assassinos.
Neste primeiro volume da trilogia O Livro das Sombras, Philip Pullman leva os leitores de volta ao mundo de Fronteiras do Universo, contando a história da pequena Lyra anos antes dos eventos de A Bússola de Ouro.
Resenha: La Belle Sauvage é o primeiro volume da trilogia O Livro das Sombras (The Book of Dust) do autor Philip Pullman. O livro é um prequel da trilogia Fronteiras do Universo e traz de volta o universo dos deamons dez anos antes dos acontecimentos que se passaram em A Bússola de Ouro.
Malcolm Polstead é um garotinho ruivo de onze anos que, junto com seu deamon, Asta, mora e trabalha servindo hóspedes n'A Truta, a estalagem da família próxima de Oxford. Ele também passa o tempo ignorando a irritante Alice, que também trabalha na estalagem, faz pequenos serviços para as freiras do convento de Godstow ou atravessa as pessoas pelo rio em sua canoa, chamada de La Belle Sauvage.
Um dia o garoto descobre a presença de um bebê no convento e as conversas sobre o lugar que ouvia na estalagem enquanto servia os hóspedes começam a deixá-lo ainda mais curioso. Malcolm conhece Lyra, a misteriosa criança, e é inegável o quanto ela fica encantado e preocupado em protegê-la.
O que ele não sabia e os que as freiras não explicavam sobre Lyra era um mistério, e o interesse repentino de novos hóspedes pelo convento e por um suposto bebê o deixam intrigado.
Malcolm e Asta, junto com a odiada Alice e seu deamon Ben, embarcam numa jornada em sua canoa para proteger Lyra e Pantalaimon, mas não esperava viver uma grande e perigosa aventura assim como enfrentar a maior e mais surpreendente enchente de sua vida...
Narrado em terceira pessoa e com uma escrita rica e muito fluída, o leitor mergulha no mundo fantástico de Pullman e é capaz de compreender um pouco mais do funcionamento desse universo incrível assim como a importância do aletiômetro, uma relíquia que mais tarde pertenceria à Lyra para auxiliá-la em sua própria jornada.
Como os demais livros do autor, este também traz crianças como personagens principais em meio a uma trama cheia de camadas, com detalhes incríveis e um enredo muito inteligente, o que não faz do livro algo voltado ao público mais infantil, muito pelo contrário. O autor é mestre em explorar o mundo da fantasia e envolver o leitor no universo que criou, e assim como em Fronteiras do Universo, não deixou os temas e as críticas acerca de religião e política de fora. A questão da religião é o que move os personagens, principalmente os vilões, a lutarem por seus objetivos, e o Magisterium, assim como outros personagens doutrinados de acordo com os próprios objetivos que são tão assustadores quanto, já representava uma grande ameaça.
Embora o protagonista seja Malcolm, Lyra é a figura central para o desenvolvimento da história no que diz respeito aos conflitos gerados entre aqueles que têm poder, assim como faz parte de uma profecia. Embora não faça ideia do que está acontecendo por ser um bebê, ela é disputada como se nem fosse uma pessoa, mas sim um objeto, e ao mesmo tempo que é perseguida, é protegida com muito afinco pelo seu mais recente e jovem guardião.
A mitologia presente no enredo é incrível, principalmente quando o assunto é o misterioso Pó, e embora tenha seres fantásticos como os deamons, as bruxas e os ursos de armadura, o foco maior fica sobre as figuras angelicais, o que acaba expandindo ainda mais o dito universo onde a trama se passa.
Enfim, não é preciso que a primeira trilogia seja lida para compreender esta nova, mas confesso que a experiência será muito mais completa, agradável e satisfatória com tal conhecimento prévio. O autor mais uma vez não decepciona ao presentear os leitores com uma história com detalhes tão sombrios quanto iluminados, tornando La Belle Sauvage um livro que emociona e fascina.