Autora: Maggie Stiefvater
Editora: Agir Now
Gênero: YA/Fantasia/Sobrenatural
Ano: 2015
Páginas: 320
Nota: ★★★★☆
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Cole St. Clair veio para a Califórnia por um único motivo: reconquistar Isabel Culpeper. Ela havia fugido de sua vida destruída e vazia, e a destruiu ainda mais. Não é simplesmente uma questão de querer. Cole precisa dela.
Enquanto isso, Isabel tenta reconstruir sua vida em Los Angeles, mas sem sucesso. Ela é capaz de fingir tão bem quanto todos os outros falsos da cidade, mas para quê?
Cole e Isabel dividem um passado que jamais pareceu ter futuro. Eles podem se amar ou se destruir. A única certeza é que jamais se esquecerão.
Resenha: Perdido e um spin-off da série Os Lobos de Mercy Falls escrita pela autora Maggie Stiefvater e publicado no Brasil pela Agir Now.
Pra quem gostou da trilogia que contava a história de Grace e Sam, mas que também torcia pelo relacionamento dos personagens secundários que ganharam tanta importância quanto os protagonistas, é leitura obrigatória.
Se você ainda não leu os livros anteriores vai ficar literalmente perdido na leitura deste, pois Perdido traz o desfecho para a situação mal resolvida de Cole e Isabel. Então não perca tempo e leia a trilogia primeiro, é mais do que recomendada para aqueles que apreciam uma boa escrita e uma história comovente e melancolicamente bonita.
Perdido começa um tempo depois de Sempre, terceiro livro da série, e Isabel está morando em Los Angeles, Califórnia. Ela está fazendo um curso de enfermagem para poder se preparar para a faculdade de medicina que tanto quer fazer além de tentar reconstruir sua vida depois de ter vivido tantas conturbações no passado ao lado dos lobos, ao lado de Cole.
Inconformado com a situação em que se encontra e cansado da vida lupina, Cole vai para a Califórnia em uma tentativa de reiniciar sua carreira musical, mas o real motivo de sua ida era ir atrás de Isabel. Ele não aceita que ela tenha fugido, não aceita que ela tenha o deixado, e isso o destruiu. Ele precisa encontrá-la pois Cole precisa de Isabel em sua vida.
Em Los Angeles, além de gravar um novo álbum, Cole concordou em participar de um reality show que documentaria o processo de gravação e montagem de uma banda nova após seu sumiço e sua autodestruição.
De início Isabel acreditou que Cole voltou por ela, mas ao descobrir sobre o programa e o CD, ela deixa de acreditar que ele está alí unicamente por sua causa e não confia plenamente que ele está livre de drogas e da loucura que ele insistia em manter em sua antiga vida e que poderia, mais uma vez, destruir os dois.
Ambos compartilham de um passado caótico que nunca deu esperanças para que eles tivessem um futuro juntos, mas diante desta situação, a única certeza que eles mantinham era a de que eles nunca se esqueceriam um do outro e do que viveram.
O livro é narrado em primeira pessoa e os capítulos se alternam entre os protagonistas fazendo com que o leitor fique mais próximo dos sentimentos e desejos de cada um deles. Isabel mantém seu humor ácido enquanto Cole continua com seu jeito arrogante e rebelde de ser. Muitas vezes se comporta como um completo idiota, e confesso que me irritei nas siuações em que ele rastejava atrás de Isabel enquanto era constantemente tratado com descaso por ela, mas ainda assim consegue ser divertido e encantador. É aquele tipo de personagem bad-boy por quem suspiramos e torcemos de forma incansável. O mundo parece estar contra ele, mas quem disse que ele se importa?
Isabel é o tipo de personagem com quem acabo me identificando um pouco no que diz respeito a sua personalidade. Ela é sarcástica, às vezes é psicótica, de vez em quando demonstra frieza como se não se importasse com nada nem ninguém, mas no fundo é muito humana e real por carregar um enorme sofrimento por todos os sentimentos que ela tenta esconder.
A ideia de que um desperta o pior do outro é evidente e muito complicada, mas a conexão que eles têm e o sentimento intenso que jamais os deixou faz com que o leitor fique ansioso para que as coisas se ajeitem e se resolvam logo. Eles possuem feridas que ainda precisam ser curadas e a personalidade difícil e resistente que eles demonstram ter é algo compreensível levando em consideração tudo o que viveram antes desse reencontro.
Uma coisa que percebi durante a leitura é que a autora manteve a história longe de estereótipos e acredito que devido a trama ser ambientada em Los Angeles, os personagens foram afastados do que aconteceu na cidadezinha de Mercy Falls. Los Angeles acaba mostrando um estilo de vida que não tem nada a ver com a vida pacata de Mercy Falls e a ideia de pessoas vivendo de aparências, buscando por luxo e status é algo que não me chama muito a atenção, pelo menos não dentro do contexto da série propriamente dita.
A escrita também parece ter sofrido mudanças e deixou de ser poética e cheia de sentimentos embutidos nas palavras dando lugar a algo mais espirituoso. A impressão que fiquei é que, por mais que a história seja bem escrita, empolgante e prenda, se tratava de um livro que fugia dos padrões e do estilo da autora.
A capa combina perfeitamente com as edições novas da série publicadas pela Agir Now, mas desta vez trazendo as famosas palmeiras da LA em vez das árvores da floresta de Mercy Falls. A diagramação é simples e as páginas são amarelas.
Perdido retrata um rapaz que aprende a viver depois de se deparar com as consequências de suas escolhas, sejam elas boas ou ruins. Gostei de ver um lado da história de Cole que não havia sido muito bem aprofundado anteriormente: os bastidores da fama e como ele lida com a ideia de ser um astro do rock.
O sobrenatural não ganha tanto destaque, e a vida de lobo, as transformações e o que mais remete a este mundo são apresentados como um fardo que ele precisa carregar e lidar, e, algumas vezes, como um tipo de fuga da realidade da qual Cole se encontra, e isso acaba trazendo seu lado humano à tona, mostrando quem ele é de verdade, como se ser um lobo refletisse algo que ele quisesse ou precisasse ser para fugir do que não queria viver ou não sabia lidar.
Pra quem procura por um romance conturbado mas intenso e bonito, recomendo. Maggie Stiefvater parece ter escrito Perdido para presentear os leitores com uma história de amor e redenção, e mostra que para revelarmos quem somos de verdade, precisamos correr atrás do que queremos quando é algo que vale muito a pena.