Autora: Diana Gabaldon
Editora: Arqueiro
Gênero: Romance histórico/Fantasia
Ano: 2018
Páginas: 880
Nota:★★★★☆♥
Sinopse: Após tomar a difícil decisão de deixar a filha no século XX e viajar no tempo novamente para reencontrar seu grande amor, Claire Randall tem mais um desafio: criar raízes na América colonial do século XVIII ao lado de Jamie Fraser. Eles partem rumo à Carolina do Norte para achar um novo lar e contam com a ajuda de Jocasta Cameron, tia de Jamie e dona de uma propriedade na região.
Enquanto isso, em 1969, Brianna Randall se une a Roger Wakefield, professor de história e descendente do clã dos MacKenzie, para descobrir as respostas sobre as próprias origens e sobre Jamie, o pai biológico que nunca conheceu.
Em meio às buscas, ambos encontram indícios de um incêndio fatal envolvendo os pais de Brianna. Mas Roger não pode lhe contar isso, porque sabe que a namorada tentaria voltar no tempo para salvá-los. Por outro lado, Brianna também não compartilha sua descoberta, pois tem certeza de que Roger tentaria impedi-la.
Nesse livro emocionante, repleto de ação, intrigas e detalhes históricos, as barreiras do espaço e do tempo são postas à prova pelo amor de um casal e pela coragem de sua filha em mudar o destino.
Resenha: Depois de terem vivido uma aventura cheia de perigos na África, um furacão atinge o barco onde Claire e Jamie estavam e um naufrágio foi inevitável. Porém, em terras firmes, eles descobrem que atravessaram o oceano e agora estão na América. Sozinhos e desamparados, resta a eles encontrarem Jocasta, uma tia abastada de Jamie com uma grande propriedade e prestígio social. Mas, embora o casal tenha decidido se fixar na América para reconstruir a vida na Carolina do Norte, o convívio nas terras de Jocasta não agrada Claire devido aos inúmeros escravos que a servem, e por mais que Jamie seja o único herdeiro da tia, esse conflito de interesses e moral fazem com que eles decidam procurar outra terra, que posteriormente é chamada de Cordilheira dos Frasers, mas acabam se envolvendo novamente com as questões políticas dos colonizadores ingleses, e, claro, outras dificuldades.
No presente, em 1969, Brianna acaba descobrindo algumas informações preocupantes relacionadas aos seus pais que estão vivendo no século XVIII, e isso faz com que ela tome a importante decisão de viajar no tempo, como sua mãe havia feito, numa tentativa desesperada de tentar evitar um destino trágico. Mas, quando Roger, seu namorado, descobre que Brianna partiu em segredo, ele não pensa duas vezes em atravessar as pedras para ir atrás dela, até acontecer um grande mal entendido que seria o estopim para o desenrolar dramático da história...
E em meio a um século onde a escravidão era algo rotineiro, assim como os constantes confrontos sangrentos entre colonos brancos e índios, Claire, que conhece como a História termina, não poderia fazer nada a não ser arriscarem tentar viver em paz em terras tão hostis.
Narrado em primeira pessoa alternando passado e presente, e também os pontos de vista entre Claire e Brianna, a história se desenvolve num cenário descrito de forma deslumbrante e com detalhes que fazem com que o leitor se imagine dentro das páginas.
A forma como a autora mescla ficção com fatos históricos, assim como a adaptação gradual do casal no Novo Mundo, também deixa o enredo bastante rico e convincente, como é o caso dos escravos e como eles eram obrigados a servirem e se submeterem aos seus senhores para que não fossem castigados ou até mesmo mortos; como os índios foram tratados durante a colonização, entrando em confrontos, e sendo caçados e expulsos das próprias terras; e ainda dá um vislumbre acerca das questões políticas e da pirataria em si, de onde surge Stephen Bonnet, o vilão da vez que está ali para criar problemas e causar o maior número de danos possíveis. Não posso deixar de falar também sobre o relacionamento de Brianna e Jamie, que nunca haviam se visto e vão precisar conhecer um ao outro, lidando com a ideia de pertencerem a épocas diferentes mas cujas personalidades (e aparências) são praticamente iguais, teimosos e impulsivos. Ainda há a questão de Frank Randall que, mesmo estando morto, ainda é lembrado constantemente, afinal, ele é quem criou e foi o pai de Brianna durante toda a sua vida e as comparações da menina, assim como o ciúme de Jamie que também está lidando com a ideia de conviver com a filha já adulta e recém chegada, são inevitáveis.
O romance, como sempre, é muito bonito, cheio de química e sensualidade e é muito inspirador, seja por parte de Claire e Jamie, quanto de Brianna e Roger. A autora consegue mostrar que quando o amor é forte e verdadeiro o bastante, as pessoas fazem loucuras e sacrifícios, e enfrentam coisas inimagináveis para ficarem ao lado de quem amam, porém, achei que houve uma mudança um tanto drástica no desenvolvimento de Claire e Jamie que fogem bastante do que fora apresentado nos livros anteriores. Se antes Jamie era um guerreiro destemido que sempre estava um passo a frente dos outros, neste livro ele se mostra um tanto idiota e cabeça dura como um velho ranzinza. As atitudes e reações de Claire, que está muito mais reservada e introspectiva, na grande maioria das vezes parecem não fazer sentido dentro da situação em que ela se encontra, seja no âmbito emocional e até no que diz respeito às suas habilidades de médica, cirurgiã e curandeira. Algumas cenas são fortes, pesadas e dramáticas o bastante para comover e até arrancar lágrimas, outras de matar qualquer um de revolta e indignação quando fica evidente o quanto as mulheres não tinham direitos e só tinham que s submeterem frente aos homens e suas vontades doentias, mostrando uma sociedade dominada pelo homem branco em busca de riquezas, propriedades e poder.
O livro tem seus altos e baixos, mas o que me fez não tornar essa história digna de cinco estrelas foi o fator "enrolação", pois a falta de comunicação e os milhares de mal entendidos que aparecem desencadeiam uma série de acontecimentos mirabolantes, rendendo uma viagem a pé de mais de mil quilômetros com meses e meses de duração, que colocam os personagens nas piores e mais perigosas furadas que se possa imaginar, e que fazem a trama ter seus momentos de tensão e agonia, mas que poderiam ser evitados se os personagens simplesmente conversassem, em vez de ficarem guardando segredos, ou se dessem ao mínimo trabalho de perguntar o que está acontecendo, e isso acabou sendo um pouco cansativo, pois soa muito mais como encheção de linguiça pra aumentar a história do que um desenvolvimento digno propriamente dito.
Enfim, com tantos acontecimentos interligados, como algo pequeno e que pode passar despercebido lá no início ter um grande impacto lá na frente (elemento bem funcional já utilizado pela autora nos outros livros), e, claro, várias reviravoltas, mesmo com alguns problemas de desenvolvimento, Outlander é uma das melhores e mais bem escritas séries que estou tendo o prazer de acompanhar, seja em forma de livros ou em forma de seriado, e é uma das minhas favoridas da vida. A impressão que tive é que esse livro em particular foi mais lento do que os anteriores, talvez numa tentativa de preparar o terreno para o que ainda está por vir, mesmo que os personagens tenham passado por várias situações complicadas. A história termina com aquele gostinho agridoce de final feliz, o que acaba sendo uma surpresa quando se trata da autora, mas sabemos que ainda tem muito mais pela frente.