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Mil Beijos de Garoto - Tillie Cole

29 de julho de 2017

Título: Mil Beijos de Garoto
Autora: Tillie Cole
Editora: Planeta
Gênero: Romance/Young Adult
Ano: 2017
Páginas: 400
Nota:★★☆☆☆
Sinopse: Um beijo dura um instante. Mas mil beijos podem durar uma vida inteira. Um garoto. Uma garota. Um vínculo que é definido num momento e se prolonga por uma década. Um vínculo que nem o tempo nem a distância podem romper. Um vínculo que vai durar para sempre. Ao menos era o que eles imaginavam. Quando, aos dezessete anos, Rune Kristiansen retorna da Noruega para o lugar onde passou a infância – a cidade americana de Blossom Grove, na Geórgia –, ele só tem uma coisa em mente: reencontrar Poppy Litchfield, a garota que era sua cara-metade e que tinha prometido esperar fielmente por seu retorno. E ele quer descobrir por que, nos dois anos em que esteve fora, ela o deletou de sua vida sem dar nenhuma explicação.

Resenha: Aos cinco anos de idade, Poppy e Rune se tornaram amigos inseparáveis desde quando ele veio da Noruega e se mudou pra casa ao lado da dela, em Blossom Grove, na Georgia. Aos oito, quando a avó de Poppy estava prestes a morrer, ela entrega um jarro cheio de corações de papel para a neta e lhe dá uma missão: preencher o jarro com mil beijos de garoto. E Rune é o garoto ideal para ajudar Poppy nessa tarefa ao longo dos anos, e nada poderá atrapalhar.

A leitura é fácil mas não fluiu muito bem pra mim. A história é relativamente simples pra se estender por 400 páginas já que tudo é repetitivo e minuciado demais, o que considero bastante cafona pois, claramente, as coisas parecem estar alí para fazer com que o leitor imagine as cenas românticas e se impressione com as belezas descritas, como por exemplo, pétalas das flores caindo lentamente, vento leve que bate e revela o olhar misterioso, hálito mentolado e fresco, sentimento que não cabe em mim, corações explodindo de tanto amor, e por aí vai...
Mas o que não consegui engolir mesmo, além do romance ser meloso e maçante por não ter nada que alivie ou desvie o foco da obsessão que é aquele sentimento que existe alí, foi a incredulidade que a construção dos personagens me passou. Eles são adolescentes mas a forma como se comportam não é crível - nem aceitável pra mim. O drama que a autora inseriu pra evidenciar e reforçar a ideia de um amor eterno não me convenceu pois é exagerado demais.

Até concordo que a ideia de um sentimento que vem crescendo desde a infância e dura pra sempre é bonitinha, mas quando esse amor não parece ser amor, mas sim uma coisa bem doentia que beira a obsessão, tudo muda de figura. A começar pelo "Poppymin" que, literalmente, significa "minha Poppy", a Poppy que pertence a Rune, ou a antipatia que ele tem das meninas da escola que ficam tentando "roubá-lo" de sua amada. Em determinado ponto Rune deve voltar a Noruega e os dois precisam se distanciar, mas a impressão que dá é que o mundo vai acabar alí mesmo tamanha a sofrência. A vida de Rune não vale mais nada, ele não tem mais motivos pra sorrir ou pra viver, e a melhor coisa a se fazer depois dessa desgraça terrível é se transformar num rebelde sem causa porque a única coisa que lhe trazia luz era sua Poppy e, sem ela, agora só resta trevas. O moleque só tem quinze anos, socorro! Aquele meme do Batman metendo a mão na cara do Robin pode ser inserido aqui.
O amor é tão "épico" que não há brechas nem pra supormos que em algum momento um deles poderia cogitar a hipótese de aceitar outras pessoas em suas vidas, independente do motivo. Eles se pertencem pra sempre e amém. Assim, senti que os personagens não eram "naturais", não pareciam ser reais e em momento algum eu consegui acreditar no que estava acontecendo.
Não existe personagens além dos protagonistas que chamam a atenção ou estão alí pra colaborar com o desenvolvimento da trama. Todos estão alí como meros figurantes com aparições pontuais, convenientes e relevância zero.

O projeto gráfico desse livro é a coisa mais linda e tenho orgulho em dizer que é uma das capas mais bonitas que ja vi. Simples, fiel ao conteúdo, com cores pastéis, delicadas e agradáveis de se ver, mas é uma pena quando a capa supera a história.

E sim, no final de tudo entendi que existem relacionamentos que vão além do plano físico, que é algo espiritual como se as pessoas não se conhecessem por acaso e estivessem num tipo de missão umas com as outras, e a tarefa aqui não é exatamente a dada pela falecida avó, mas algo maior e ligado ao destino dos envolvidos. O jarro de corações foi só um artifício utilizado para se atingir o "grandioso fim". Porém, por mais intenso e bonito que tudo isso possa parecer, a forma como a história foi desenvolvida e apresentada talvez não seja para qualquer tipo de público, e já no início percebi que eu não faria parte do time que amou Poppy e Rune, principalmente porque fiquei com uma impressão bem negativa de achar que a autora tentou romantizar a obsessão de Rune por Poppy quando sabemos que uma pessoa ciumenta e controladora ao extremo não pode trazer algo de bom pra ninguém...

Em suma, pra quem curte um romance adolescente piegas, Mil Beijos de Garoto deverá agradar muito. É o tipo de livro que parece ter sido escrito para fazer os leitores se deprimirem e se debulharem em lágrimas, porém, o efeito causado em mim foi outro...

O Diário Internacional de Babi - Chris Salles

10 de outubro de 2016

Título: O Diário Internacional de Babi
Autora: Chris Salles
Editora: Outro Planeta
Gênero: Romance/Ficção/Literatura nacional
Ano: 2016
Páginas: 270
Nota: ★★★★☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse:Mudar nunca foi a palavra preferida de Bárbara. Porém, depois da separação dos pais, a garota de 15 anos se vê obrigada a migrar com a mãe e os irmãos para Orlando, a cidade americana onde os sonhos ganham vida. E descobre que a fronteira entre o real e o ilusório pode ser mais difícil do que parece. “Como a terra do Mickey, o livro de Chris Salles é cheio de magia, pois nos transporta instantaneamente para a vida da Babi, a protagonista. Com o diário dela nas mãos, nos sentimos íntimos, como se ela fosse uma amiga querida que nos escolheu como confidentes. Através de suas experiências, ela nos mostra que a primeira imagem de uma pessoa pode enganar, que devemos ser mais receptivos, que processos de adaptação podem ser complicados, mas não duram para sempre. Acima de tudo, Babi nos ensina que a vida real também tem seus momentos de contos de fada. Basta a gente permitir que eles aconteçam. E, especialmente, nunca deixar de sonhar” - Paula Pimenta

Resenha: A estreia de Chris Salles, que foi um sucesso no wattpad e elogiado pela escritora Paula Pimenta, mostra vida de uma espevitada menina de quinze anos, Babi, que está preste a se mudar para o lugar dos sonhos de qualquer um: Orlando. Junto da sua família, a garota reencontra seu ex-crush primo, Vini, seus tios e primos, e acaba conhecendo Theo, um rapaz que a encanta desde a viagem para os Estados Unidos. De forma bem irreverente e carregada de dramas típicos adolescentes, Chris Salles faz o leitor embarcar nessa jornada junto com a jovem Babi direto para um mundo de possibilidades e sonhos.

E é nesse mundo de sonhos, em meio a trapalhadas e momentos divertidos, que Theo conhece Babi. O garoto é o tipo clichê de galã teen: olhos azuis, cabelo nos olhos, sardas, alto, fofo e muito atencioso. Ele é o tipo de rapaz que toda garota sonha e toda sogra ama. Mas na vida da garota ainda tem o Vini, seu primo que era um amor de infância. Ele já é bem diferente de Theodore: possessivo, calado e introspectivo, mas não deixa de ser bonito e mostrar algumas poucas qualidades. Esses dois gatinhos, como Frini Georgakopoulos ensina em seu livro, são essenciais para dar aquela pitadinha de romance sessão da tarde na história, e funciona muito bem. Ambos os garotos funcionam como um atrativo, porém não é nessa questões de qual deles escolher que a vida de Babi gira, o que é ótimo.

A protagonista, que é uma jovem com seus recém quinze anos completados, passa a veracidade dos dilemas dessa fase. Babi teve que deixar seus amigos, se adaptar num novo país sem nem ao menos falar inglês muito bem. Numa narrativa que mostra a visão de Babi a partir de textos num diário, a autora empregou uma linguagem que fala muito bem com adolescentes. Ela carrega dilemas que são de possível identificação com quem está nessa fase de descobertas, paixões, medos pelo futuro e aquele sentimento de não pertencer a lugar algum. Com frases engraçadas e muitas expressões que usamos no dia a dia, a protagonista vai passando por perrengues e usando o bom humor para lidar com isso.

Porém, vale ressaltar que muitas motivações que a levam a tomar certas atitudes são, no mínimo, incomuns. Às vezes ela banca a mimada (quem nunca?), e mesmo que haja alguns momentos difíceis e delicados, a personagem, por ser imatura demais, transforma gotas em tempestades. Algumas atitudes, como entrar no carro de um estranho, foram um pouco incompreensíveis. A regra número um da vida ensinada pelas mães não é "não fale, não saia, não dê bola para estranhos"? Então. No mais, é só levar em consideração a idade da protagonista que tudo se torna mais aceitável.

A literatura nacional sempre é vista com olhos tortos por uns, muito apreço por outros e há quem fique em cima do muro quando o assunto é se posicionar sobre a valorização do autor brasileiro. O que na verdade deve ser levado em conta é a obra e sua qualidade, e não a nacionalidade do escritor. O Diário Internacional de Babi é uma estreia com o pé direito para Chris Salles. O livro fala muito bem com seu público alvo e é uma boa pedida para relaxar e se divertir com as confusões da jovem Babi. As recomendações de Paula Pimenta fazem jus ao conteúdo e se você gosta de histórias que divirtam com aquela pitadinha fofa de romance e humor, a louca viagem de Barbara até Orlando é uma pedida certa.