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Venha o que vier - Rainbow Rowell

6 de setembro de 2021

Título:
 Venha o que vier (Any Way the Wind Blows) - Simon Snow #3
Autora: Rainbow Rowell
Editora: Seguinte
Gênero: Jovem adulto/Romance
Ano: 2021
Páginas: 560
Nota:★★★☆☆
Sinopse: Em Sempre em frente, Simon Snow e seus amigos perceberam que tudo o que sabiam sobre o mundo podia estar errado. E em O filho rebelde, eles se perguntaram se o que estava errado era o que sabiam sobre si mesmos.
Em Venha o que vier, Simon, Baz, Penelope e Agatha procuram um jeito de seguir em frente.
Para Simon, isso significa decidir se ainda quer fazer parte do Mundo dos Magos ― e, se não quiser, o que isso representa para seu relacionamento com Baz?
Enquanto isso, Baz está dividido entre duas crises familiares e sem tempo algum para compartilhar com alguém seus novos conhecimentos sobre vampiros. Penelope adoraria ajudar, mas trouxe um americano normal para Londres e não tem ideia do que fazer com ele. E Agatha? Bom, Agatha Wellbelove já está farta de aventuras.
Venha o que vier leva os quatro amigos de volta à Inglaterra e à Watford e às suas famílias. Cada um a seu modo, todos estão prestes a viver a aventura mais longa e emocionalmente dolorosa de todos os tempos.
A conclusão dessa saga, que começou como uma história sobre o Escolhido, chega revelando segredos, dando as respostas que faltavam e resolvendo todos os mistérios. Venha o que vier é um livro sobre colocar um ponto-final nos lugares certos, sobre catarse e conclusão, sobre escolher seguir em frente apesar dos traumas e dos triunfos que tentam nos definir.

Resenha: Não sei se daqui uns anos Rainbow Rowell vai inventar de escrever mais um volume pra incrementar essa, até então, trilogia, mas enquanto isso, bora considerar que este é o fim.

Recapitulando: A trilogia é uma fantasia YA e LGBTQI+ que traz um universo mágico a lá Harry Potter onde Simon Snow e Basilton Pitch (ou Baz) são inimigos declarados que, em meio a uma guerra iminente contra um poderoso vilão terrível, descobrem ser almas gêmeas.
No segundo volume, algumas maluquices acontecem e, depois de derrotar o mal e ganhar uns "adereços" com isso, Simon se afunda na própria tristeza, e nada que alguém faça ajuda a criatura a sair da fossa, mesmo que eles embarquem numa viagem cheia de aventuras com direito a perseguição de vampiros e outros perigos mais.
Nesse terceiro volume, onde eles estão de volta a Londres, o leitor é levado a acompanhar os personagens em suas trajetórias "particulares", onde Simon e Baz vão investigar o desaparecimento de um feiticeiro importante; Penelope e Shepard partem numa tentativa de quebrar uma maldição; e Agatha e Niahm vão salvar cabras encantadas.
E em meio a essas "missões", juntos, eles vão adquirir experiências, lidar com os próprios conflitos e descobrir mais sobre si mesmos.

A narrativa segue o padrão dos livros anteriores, em primeira pessoa, com capítulos curtos que se alternam entre os personagens, e é uma leitura bastante fluída pra suas quase 600 páginas. Mas, ao finalizar a leitura de Venha o que Vier, fiquei com aquela sensação de vazio e tempo perdido, porque não foi nada daquilo que esperei. Não digo que a leitura e a história foram ruins, mas a quantidade de informação irrelevante e desnecessária que encontrei aqui, e a quantidade de coisas que ficaram sem resposta, e ainda as outras que foram resolvidas em dois minutos, me fizeram acreditar que essa trilogia não precisava se estender desse jeito, e que a história poderia ter ficado só no primeiro livro, mesmo.

Talvez um dos maiores problemas foi a ideia do universo mágico, de Watford, que não teve desenvolvimento nenhum. Acho que o "cenário" dentro desse contexto importa, e se for apresentado ao leitor pra depois ser ignorado como se não tivesse importância nenhuma, deixa uma cratera na trama e aquela sensação de "tá, mas e aí??". É como se a autora tivesse se esquecido que começou um assunto e nunca mais finalizou aquilo ali. Os personagens não se importam com Watford, a própria comunidade mágica não liga pro lugar onde eles aprenderam tudo, e esse descaso com uma parte que, ao meu ver, deveria ser importante para a história, acaba não despertando o interesse do leitor também, só levanta alguns pontos de interrogação e faz a gente se questionar por que foi criada/mencionada se não seria trabalhada com o mínimo de profundidade. E o lance com os pais de Simon, que fiquei esperando uma conclusão mas só fiquei com a cara na poeira?

Não sei se posso dizer que questões que vieram sendo trazidas desde o primeiro volume foram totalmente resolvidas, porque algumas pontas continuaram soltas, e no final eu fiquei só o meme da Nazaré, mas posso afirmar com todas as letras que o toque de bom humor que a autora insere nas cenas e nos diálogos, principalmente os de Penelope e Shepard, e do próprio Baz com seu jeitão único, é algo que realmente instiga a gente a continuar a leitura, porque, embora aconteçam algumas coisas que nos deixe morrendo de ódio ou revirando os olhos pra sempre, a gente sabe que vai acabar rindo de alguma coisa e achando tudo muito fofo.

Esse terceiro volume deixou um monte de brechas pra se concentrar quase que exclusivamente nos relacionamentos dos personagens e resolver as questões entre Simon e Baz no que diz respeito aos seus problemas sérios de comunicação por causa da imaturidade e depressão de Simon, e mesmo que seus desfechos (apesar de corridos demais) tenham sido satisfatórios, mesmo que Simon finalmente tenha conseguido enfrentar e discutir os problemas em vez de sair correndo deles, faltou aquele algo mais. Uma coisa que não posso deixar de comentar é que além da autora levar muita coisa pro lado sexual entre o relacionamento dos protagonistas, parece que os finais felizes daqui obrigatoriamente precisam envolver hormônios e beijos apaixonados entre casais já existentes e/ou recém formados.

Um novo vilão que não se parece em nada com um vilão, a ideia de haver um novo escolhido só pro livro ganhar mais páginas, e a pobre da Agatha que não teve praticamente nada a acrescentar a não ser criar algumas pontes entre um problema e outro em volumes anteriores e agora revelando uma coisa que já era óbvia, acabaram me deixando um pouco desanimada. É meio brochante ler um livro cheio de capítulos que não fazem diferença pro enredo, ou com personagens que vem trazendo os mesmos problemas que vem se arrastando desde o primeiro livro. Talvez o que tenha me feito ficar realmente empolgada foram os capítulos de Penelope e Shepard, pois o plot deles é super legal, e é uma pena que não ganharam espaço o bastante.

Enfim, não vou dizer que fiquei super satisfeita com esse desfecho porque realmente algumas coisas deixaram a desejar. Continuo achando que se tudo tivesse ficado no primeiro livro seria muito melhor, mas já que chegamos até aqui, posso dizer que é, sim, uma leitura válida que estende nosso contato com personagens peculiares e muito queridos.

O Filho Rebelde (Wayward Son) - Rainbow Rowell

11 de janeiro de 2021

Título:
 O Filho Rebelde (Wayward Son) - Simon Snow #2
Autora: Rainbow Rowell
Editora: Seguinte
Gênero: Jovem adulto/Romance
Ano: 2020
Páginas: 344
Nota:★★★★☆
Sinopse: Simon Snow venceu. Ele pôs fim às forças do mal que ameaçavam destruir o Mundo dos Magos. Tudo deu certo. Ou quase. Porque, agora, Simon perdeu toda a sua magia. Ele não passa de um normal... Bom, tirando o fato de ter asas e um rabo de dragão. Vendo o melhor amigo mergulhar em um desânimo cada vez maior, Penelope decide levar Simon e Baz em uma viagem de carro para visitarem Agatha, que agora mora na Califórnia. O que era para ser um passeio divertido se mostra muito mais desafiador do que imaginavam. Afinal, os Estados Unidos abrigam todo tipo de criatura mágica mal-intencionada e disposta a causar problemas. Em meio a uma confusão enorme com uma legião de vampiros e outros seres malignos, talvez Simon finalmente seja capaz de reunir a força necessária para seguir em frente -- e deixar algumas pessoas para trás.

Resenha: Segundo volume da trilogia Simon Snow, O Filho Rebelde vem trazendo a continuidade dos acontecimentos trágicos do livro anterior. Por se tratar da continuação, essa resenha tem alguns spoilers!
Como era esperado, Simon não pôde escapar da batalha final. Embora tenha conseguido derrotar as forças malignas, o preço que pagou por esse feito foi bem alto: Além de ter perdido sua magia, ele ainda adquiriu asas e um rabo de dragão, e, por isso, nem se passar por um reles humano comum ele pode. Simon está desanimado, e a única coisa que faz da vida agora é monopolizar o sofá enquanto enche o bucho de pizza o dia inteirinho. Ele não quer ir pra faculdade, não se adaptou com a ideia de não ter mais o dom da magia, e ainda tem que aprender a controlar as novas partes peculiares do seu corpo.

Como também era mais do que esperado, Simon e Baz acabaram se entendendo depois dos trancos e barrancos, e viram que o sentimento que possuíam ia muito além de ódio ou amizade: se tornaram namorados super fofos. Mas nem esse amor lindo e maravilhoso que surgiu era suficiente pra motivar o garoto, não importava o que Baz fizesse pra tentar. Sendo assim, preocupada com o amigo e em busca de um recomeço, Penny propõe uma viagem à Califórnia para tirar Simon desse estado deplorável, encontrar com seu namorado e ainda ver Agatha que foi embora da Inglaterra a fim de abandonar tudo relacionado a magia. Chegando lá, eles acabam sendo perseguidos por vampiros, que são bem diferentes daqueles encontrados na Inglaterra e que querem dominar o mundo, e com a ajuda de Shepard, um humano que quer saber tudo sobre o universo da magia, eles vão lutar por suas vidas numa aventura mirabolante.

Seguindo o padrão de narrativa do livro anterior, porém com um ritmo mais lento, agora temos uma mudança no modo de ser e de agir de Simon que acaba sendo um problema pro desenvolvimento da trama. Ele não se sente mais o mesmo, acredita que o amor com Baz está acabando, e acha que não existe mais futuro em seu relacionamento, coisa que não faz o menor sentido e parece estar ali só pelo drama desnecessário. Esse comportamento dá uma preguiça danada, porque ele se passa como um idiota mimado que precisa de atenção o tempo inteiro, e até que as coisas ganhem um ritmo mais acelerado, abrindo novos caminhos a serem explorados, a história se arrasta bastante focando na viagem e no comportamento adolescente de Simon, e olha que ele já não tem mais idade pra se comportar feito criança. Haja paciência. Ainda bem que novos personagens apareceram pra dar um gás e movimentar as coisas.
Sendo assim, o relacionamento em si não é lá muito abordado já que Simon está afastando Baz sem medir as consequências, por pura ignorância, e o que ganha destaque são as confusões que acontecem do começo ao fim no melhor estilo das "férias frustradas de verão".

Se a ideia era trabalhar a depressão através do comportamento de Simon, acho que não funcionou muito bem, pois além de não ter havido aprofundamento algum, a chance que ele tinha de aprender alguma coisa com os acontecimentos e com a própria forma de agir escorreu pelo ralo e foi embora. Mesmo que a aproximação tenha ocorrido de forma beeeem gradual, a sensação foid e que não serviu pra nada porque Simon continuou perdido. Como assim o infeliz não aprendeu nada depois de tudo o que aconteceu?
Ainda que seja bem humorado, bastante divertido, e mais direto do que o primeiro, a autora segue com a aventura sem divagar, visto que as informações principais já foram dadas no livro anterior. Claro que há alguns acréscimos interessantes, mas são descritos de uma forma mais enxuta, talvez para focar nos personagens e na situação em que eles se encontram. Mesmo que os perigos e os problemas que surgiram no meio do caminho tenham vindo pra mostrar que a vida não é apenas viver de amores

Enfim, O Filho Rebelde parece ter caído naquela "maldição do segundo volume", pois funciona mesmo como um tipo de ponte pra levar um ponto até outro, sem que nenhuma questão levantada antes tenha sido esclarecida.
Resta aguardar o lançamento do desfecho da trilogia, Any Way the Wind Blows, e torcer pra autora dar um jeitinho nos pontos negativos e fechar com excelência, dando um final digno para os nossos protagonistas que merecem a felicidade e uns abraços quentinhos.


Sempre em Frente (Carry On) - Rainbow Rowell

7 de janeiro de 2021

Título:
 Sempre em Frente (Carry On) - Simon Snow #1
Autora: Rainbow Rowell
Editora: Seguinte
Gênero: Jovem adulto/Romance
Ano: 2020
Páginas: 504
Nota:★★★★☆
Sinopse: Simon Snow é o Escolhido. Segundo as lendas, ele é o feiticeiro que garantirá a paz no Mundo dos Magos. Isso seria extraordinário se Simon não fosse desastrado, esquecido e um feiticeiro pouco habilidoso, incapaz de controlar seus poderes. Ele está no penúltimo ano da Escola de Magia de Watford, e, ao lado de sua melhor amiga Penelope e sua namorada Agatha, já se meteu nas mais variadas aventuras e confusões - algumas causadas por Baz, seu arqui-inimigo e colega de quarto, outras pelo Oco, um ser maligno que há tempos tenta acabar com Simon. Quando chega o novo ano letivo e Baz não aparece na escola, Simon suspeita que o garoto esteja tramando alguma coisa contra ele. As coisas começam a tomar um rumo ainda mais estranho quando o espírito da mãe de Baz, antiga diretora de Watford, aparece para Simon afirmando que quem a matou continua à solta. Quando Baz finalmente chega a Watford sob circunstâncias misteriosas, Simon não vê alternativa a não ser ajudá-lo a vingar a morte da mãe -- o que pode ser o primeiro passo para que verdades avassaladoras sobre o Mundo dos Magos sejam reveladas. E para que tudo mude entre os dois garotos.

Resenha: Depois de ter sido publicada pela Novo Século em 2016, a Seguinte adquiriu os direitos e agora republicou a obra com título traduzido e novo projeto gráfico pra capa. Pra quem leu o livro Fangirl, da mesma autora, teve um gostinho do universo mágico da saga Simon Snow, que seria o equivalente ao fenômeno Harry Potter para os leitores da vida real, através da fanfic de Cath.
Sendo assim, não se trata da fic escrita por Cath (que nem existe nessa história), nem a "obra original" que a inspirou, mas sim de como seria a história de Simon e Baz, os protagonistas da série Simon Snow, se Rainbow Rowell a tivesse escrito. Uma outra fic secundária, talvez? Confuso isso aqui... De qualquer forma, Sempre em Frente é o primeiro volume da trilogia Simon Snow.

Enfim, quando tinha onze anos, Simon Snow descobriu que não era apenas um simples órfão. Era o mais poderoso feiticeiro que já existiu. Segundo as lendas, Simon seria aquele que garantiria a paz no Mundo dos Magos, ele é o próprio Escolhido que iria derrotar Oco, o grande vilão que estava ficando cada vez mais poderoso. Sendo assim, ele ingressa na Escola de Magia de Watford, um lugar mágico onde ele iria aprender a ser o maior feiticeiro (e que se torna seu lugar preferido em todo mundo onde ele realmente se sente em casa), com direito a delícias de comer, uma melhor amiga chamada Penélope, uma namorada perfeita, Agatha... e Basilton Pitch, mais conhecido como Baz, um arqui-inimigo "vampiro" insuportável, que só existe pra infernizar sua vida (mesmo que ninguém acredite), sugar toda a alegria das situações, e com quem Simon era obrigado a dividir o quarto.

Diferente dos típicos protagonistas que embarcam na grande jornada do herói, Simon é irresponsável, super desastrado e suas habilidades com a magia são um total fracasso. Ele mal consegue controlar os próprios poderes e já se meteu em altas aventuras e enrascadas, muitas delas causadas por Baz. A história já começa no último ano de Simon em Waltford, as coisas estão mais capengas do que nunca, seu namoro com Agatha está uma bela porcaria, todo mundo acha que ele vai salvar o Mundo dos Magos quando ele se sente incapaz de tamanha responsabilidade, e quando ele suspeita que Baz está tramando alguma coisa cabeluda contra ele por ter sumido da escola, ele decide procurar saber o que diabos está acontecendo. Então, Simon é surpreendido pelo fantasma da antiga diretora de Watford, que também é a mãe de Baz, com a informação de que o responsável por sua morte continua a solta por aí. 

Sob circunstâncias mui misteriosas, Baz finalmente chega na bendita escola e Simon decide ajudá-lo a vingar a morte da mãe, e essa união não vai somente revelar as maiores verdades escondidas sobre o Mundo dos Magos, como também mudar tudo entre os dois garotos.

Com capítulos que se intercalam entre Simon, Baz, Penny e Agatha, sendo possível ter o ponto de vista de cada um deles sobre as situações que se encontram, a trama segue nesse premissa com toques hilários de bom humor, e os personagens não poderiam ser mais cativantes.
Embora a história tenha elementos já conhecidos e seja super similar a Harry Potter, ela tem seu próprio estilo e seguem por caminhos bem diferentes.

Simon e Baz tem personalidades super diferentes e conflitantes. Enquanto Simon é meio idiota, meigo e gentil, Baz faz aquele tipo que esmurra a cara de alguém com uma mão enquanto segura um bolinho intacto com a outra. Eles não tem nada a ver um com o outro, e a única coisa que tem em comum é o ódio recíproco... ou será que não?
Penny, a melhor amiga de Simon é uma daquelas personagens totalmente amassáveis, de tão fofa. Sua good vibe dá aquele quentinho no coração, e a amizade que ela tem com Simon é leve, boa e dá vontade de guardar num potinho.
Agatha é a namorada "perfeita", mas que está ali meio que servindo de enfeite, porque sua principal função é ter os requisitos mínimos pra ser estudante e saber o básico pra viver. Não fede nem cheira, e parece só existir pra despistar os leitores sobre a real essência de Simon, e dar aquela reviravolta que não tem nada de reviravolta, porque todo mundo sabe o que vai acontecer.

Talvez a única coisa que tenha me deixado meio cabisbaixa foi o fato de que alguns trechos, aparentemente importantes, são cortados, ficamos curiosos e naquela expectativa do que vem a seguir, mas o retorno sobre aquilo nunca vem.

No mais, a história emociona com seus personagens e com suas mensagens simples mas profundas, abordando o autoconhecimento e a descoberta da sexualidade de uma forma divertida, sutil, super envolvente e encantadora.

Fangirl - Rainbow Rowell

5 de janeiro de 2021

Título:
 Fangirl
Autora: Rainbow Rowell
Editora: Seguinte
Gênero: Jovem adulto/Romance
Ano: 2020
Páginas: 464
Nota:★★★★☆
Compre: Amazon
Sinopse: Cath é fã de Simon Snow, uma série de livros que faz sucesso no mundo todo sobre um garoto feiticeiro. Mergulhar nessas histórias foi a única maneira que ela encontrou de lidar, junto com sua irmã gêmea, Wren, com a partida da mãe quando eram crianças. Desde então, a vida da garota se resume a ler, participar de fóruns sobre Simon Snow na internet, escrever fanfics, fazer cosplay dos personagens... Sempre ao lado da irmã. Mas agora Wren parece pronta para se distanciar do fandom de Simon Snow - e da própria Cath. Afinal, ela deixou bem claro que é hora de cada uma trilhar seu próprio caminho quando avisou que não queria dividir o mesmo quarto na faculdade. Pela primeira vez, Cath se vê sozinha -- e totalmente fora de sua zona de conforto --, e com uma colega de quarto mal-humorada que tem um namorado (bem fofo) que não sai do dormitório das duas. Para completar, ela também precisa se preocupar com o pai solitário e com sua professora de escrita literária, que abomina fanfics. Será que ela vai conseguir sobreviver a tantas mudanças e começar a viver a própria vida? E será que seguir em frente significa deixar Simon Snow para trás?

Resenha: Escrito por Rainbow Rowell e republicado pela Editora Seguinte (depois de ter saído pela Novo Século em 2014), Fangirl vai contar a história de Cath, que vai começar seu primeiro ano na faculdade junto com Wren, sua irmã gêmea. Para ela, desde que a mãe foi embora, Wren sempre foi seu porto seguro, mas na faculdade as coisas ficaram diferentes, e já começou quando Wren não quis dividir o quarto com Cath, justamente pra cortar isso e cada uma poder trilhar seu próprio caminho. Enquanto Cath é insegura, antisocial, quer focar nos estudos e continuar escrevendo sua fanfic baseada na série de fantasia que ela adora e acompanha tudo sobre, "Simon Snow" (um tipo de Harry Potter), que inclusive ajudou ela e a irmã a passarem pelo abandono da mãe, Wren quer aproveitar cada segundo dessa fase como se não houvesse amanhã, e isso não agrada Cath, que sente que está "perdendo" a irmã. Enquanto ela fica estudando e não tem vida amorosa, Wren frequenta altas festas e conhece um monte de gente interessante. As duas são totais opostos, até mesmo com o caso do pai, que precisa de cuidados médicos devido a sua instabilidade emocional, e enquanto Cath acha que deve cuidar do pai, Wren já acha que os profissionais que entendem do assunto é que devem ter essa responsabilidade.

Cath se vê sozinha, com uma colega de quarto sem um pingo de bom humor, e ainda tendo que lidar com uma professora que abomina fanfics, coisa que ela ama escrever. E agora? Como Cath vai lidar com a ideia de estar totalmente fora da sua zona de conforto?

O título do livro foi mantido no original, e só tenho que agradecer por isso, porque fico imaginando que se fosse traduzido seria algo como "Fanfiqueira" ou coisa do tipo. Não ia prestar, não... Narrado em terceira pessoa, a escrita é bem fluida, espirituosa e envolvente. Os capítulos se intercalam com trechos da fanfic de Cath, o que é uma forma do leitor conhecer mais sobre o que ela escreve, porém é possível ler o livro pulando todas as partes da fanfic sem que interfira na história, pois não há ligação nenhuma com a trama. Inclusive eu esperei que em algum momento as histórias se cruzassem de alguma forma para ter algum sentido ou mensagem, já que esses trechos estavam alí fazendo parte do livro, mas não. Achei que esse recurso cortou a narrativa sem que houvesse um propósito maior, e deixou a história mais arrastada do que devia.

Cath não é uma personagem que conquista o leitor logo de cara. Ela é bem chata com seus dilemas, não consegue expor o que a incomoda, a fixação com a irmã e a negação em aceitar que cada uma tem que ter a própria vida é esquisita, e ela ainda faz parecer que a timidez é a pior coisa que existe na face da Terra. Como a protagonista é Cath, Wren acaba não tendo tanto espaço assim, mas na grande maioria das vezes que aparece, é pra irritar com seu total egoísmo. Assim como as irmãs, os demais personagens da história possuem camadas e características bem construídas, e são capazes de conquistar o leitor, cada um a própria maneira.

Mesmo que Cath tenha seus defeitos e, por várias vezes, a vontade é de sacudi-la sem parar seja incontrolável, não nego que seu comportamento e personalidade são justificáveis dentro do contexto. Ela está num conflito interno consigo mesma acerca do novo. Estar em meio a tantas pessoas é estranho, a ideia de gostar de um garoto é assustadora, e pensar que está "perdendo" a irmã - e o pai - a deixa desolada. E pela idade da menina, é compreensível que seus sentimentos estejam a flor da pele e ela esteja confusa com tudo que anda acontecendo.

Sendo assim, Fangirl não é só uma história engraçadinha sobre uma garota que escreve fanfics da sua série preferida, mas sim uma história sobre insegurança e medo do que ela vai encontrar nessa nova fase de sua vida. É bem possível que várias pessoas se enxerguem em Cath, que acaba usando a escrita como válvula de escape para se esconder/se livrar de problemas que ela não sabe ou não quer enfrentar, como se aquilo fosse um tipo de "terapia" para lidar com a gravidade das coisas. E embora a história seja divertida, há a parte triste, que é tratada com bastante sutileza, sobre as rasteiras que todos estão suscetíveis a levar da vida, principalmente com a dificuldade em se lidar com sentimentos de não ser bom o bastante para qualquer coisa ou alguém.

No mais, mesmo que o desfecho não tenha sido inovador trazendo mudanças drásticas pra Cath, é um livro criativo sobre amadurecimento e aprendizado. Pra quem procura um livro bacana pra sair de uma ressaca literária ou só pra passar o tempo, recomendo.


Eleanor & Park - Rainbow Rowell

6 de dezembro de 2014

Lido em: Dezembro de 2014
Título: Eleanor & Park
Autora: Rainbow Rowell
Editora: Novo Século
Gênero: Romance/Juvenil
Páginas: 327
Nota: ★★★★★
Sinopse: Eleanor & Park é engraçado, triste, sarcástico, sincero e, acima de tudo, geek. Os personagens que dão título ao livro são dois jovens vizinhos de dezesseis anos. Park, descendente de coreanos e apaixonado por música e quadrinhos, não chega exatamente a ser popular, mas consegue não ser incomodado pelos colegas de escola. Eleanor, ruiva, sempre vestida com roupas estranhas e “grande” (ela pensa em si própria como gorda), é a filha mais velha de uma problemática família. Os dois se encontram no ônibus escolar todos os dias. Apesar de uma certa relutância no início, começam a conversar, enquanto dividem os quadrinhos de X-Men e Watchmen. E nem a tiração de sarro dos amigos e a desaprovação da família impede que Eleanor e Park se apaixonem, ao som de The Cure e Smiths. Esta é uma história sobre o primeiro amor, sobre como ele é invariavelmente intenso e quase sempre fadado a quebrar corações. Um amor que faz você se sentir desesperado e esperançoso ao mesmo tempo.

Resenha: Eleanor & Park. Um amor à segunda vista. Park estava sempre sentado no seu banco sozinho do ônibus escolar e quando Eleanor aparece ele pensa que não haveria garota mais estranha que pudesse se sentar com ela. Mas essa estranheza dura pouco, porque no lugar surge um sentimento puro e verdadeiro entre os dois.

Há tempos não lia uma história de amor que me fisgasse, que me fizesse suspirar e querer viver algo semelhante (o que é uma esperança bem remota, diga-se de passagem). Quando vi o lançamento desse livro não dava muito por ele, mas até que fui num evento e ganhei um exemplar (uhu, sortudo) e dei uma chance. Devorei-o em dois dias e não consigo ainda aguentar de saudades do Park e Eleanor ♥. Com certeza, um dos melhores romances juvenis que já li.

Eleanor: ruiva, grande, de formas fartas, cabelo rebelde e roupas bem esquisitas. Park: mestiço, com uma mãe Coreana, cabelos negros e olhos que somem quando ele sorri de orelha a orelha. Que mistura inusitada, não? Pois os dois, de forma gradativa e simples, vão se aproximando de maneira natural e tudo engata num namoro. O que não imaginei era que esse romance seria tão arrebatador de uma forma tão peculiar, tão própria. É aquele tipo que não imaginamos que irá nos fisgar: dois adolescentes apaixonados. Ai você pensa: óbvio que um amor assim é passageiro e nada verdadeiro. Não. Eleanor & Park dão aquela sensação de verdade, de primeiro amor, do toque na mão, do primeiro beijo que é inesquecível, daquele frio na barriga. O livro despertou o que há de melhor em mim, de verdade.

A narrativa é simples e direta, mas o que ganha são todas as falas de Park ♥♥♥. Gente, ele é muito amorzinho. Nessas horas que me pergunto onde estão os garotos que tiram sua blusa para dar para uma menina, que abrem a porta de um carro, que compram colares e penduram delicadamente no pescoço da amada. Park foi um gentleman e, infelizmente, aquele personagem que nos faz querer que existam alguém como ele no mundo real (o que é bem difícil). Eleanor foi uma garota de sorte.

Apesar de ser um romance fofíssimo, o livro tem abertura para uns problemas na vida de Eleanor, o que acabou por dar certa emoção e tensão ao mesmo tempo. Essa pitada de drama mexeu ainda mais comigo, porque a garota não tinha forças para lidar com o padrasto que abusava da autoridade em sua família. E Park, mais uma vez, quis salvá-la de todas as maneiras possíveis (tipo Jack com Rose em Titanic). Ou seja, imaginem um livro que faz o leitor suspirar a cada novo capítulo? É esse.

Eleanor & Park despertou em mim uma vontade de voltar ao ensino médio e viver uma intensa e pura história de amor. Parece bobagem, mas fiquei com a visão turva no final da história, querendo abraçar ambos os personagens e dizendo que tudo ia ficar bem. Esse foi um dos romances que entraram para lista de livros que me fizeram chorar. Rainbow não só deu um final plausível, como deixou uma ótima lição de moral: o primeiro amor a gente nunca esquece.