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A Rosa e a Adaga - Renée Ahdieh

9 de julho de 2017

Título: A Rosa e a Adaga - A Fúria e a Aurora #2
Autora: Renée Ahdieh
Editora: Globo Alt
Gênero: Romance/Releitura
Ano: 2017
Páginas: 364
Nota:★★★★☆
Sinopse: Inspirada nos clássicos contos do livro As mil e uma noites, produzidos entre os séculos XII e XVI, Renée Ahdieh criou uma história que conquistou leitores e chegou ao topo da lista de best-sellers do New York Times. A rosa e a adaga conclui o enredo de romantismo, traição, intrigas e mistério iniciado em A fúria e a aurora.
A jovem Sherazade chegou a acreditar que seu marido, Khalid, o califa de Khorasan, fosse um monstro. Mas por trás de seus segredos, ela descobriu um homem amável, atormentado pela culpa e por uma terrível maldição, que agora pode mantê-los separados para sempre. Refugiada no deserto com sua família e seu antigo amor, Tariq, ela concentra forças para quebrar a maldição e voltar a viver com seu verdadeiro amor.
Com uma narrativa envolvente e repleta de referências à cultura árabe, a autora desenvolve um universo de intriga política, magia negra e relações complexas. Os personagens, que em A fúria e a aurora já haviam conquistado o coração dos leitores, tornam-se ainda mais marcantes, profundos e sedutores.

Resenha: O segundo e último volume da duologia de Renée Ahdieh fecha com excelência a história de Sherazade. A Fúria e a Aurora foi um bom livro, mas a história pareceu carecer de algum ingrediente. A Rosa e a Adaga traz, em pouco mais de trezentas e cinquenta páginas, uma escrita muito bem feita, mostrando uma marca da autora e exemplificando como é possível elevar o nível para encerrar a trama com maestria. Um conteúdo onde não é preciso tirar nem pôr.

Enquanto no primeiro livro a trama se passou praticamente no castelo, em A Rosa e a Adaga Sherazade está num acampamento no deserto, juntamente de sua irmã Irsa, e seus amigos Rahim e Tariq. Agora a personalidade da protagonista está muito mais acentuada e as intenções dela são bem mais definidas. Ela é tipo de mulher decidida e em muitas passagens ela se mostra bad ass e nada submissa aos homens. Houve um desenvolvimento visível nela em relação ao passado. Além do tapete voador (sim! ele existe), ela merece um tapete vermelho por onde passa.

O amor de Khalid e Shazi está mais forte do que nunca e agora ele é mais crível do que no livro antecessor. Renée demorou um pouco para desenvolver a relação dos dois anteriormente e isso deixou o amor meio raso, mas nesta sequência é tudo intenso e mais bonito. A história é recheada de frases de efeito (para suspirar), juras de amor eterno e momentos de ternura. Envolto em tudo isso também há muito drama e lágrimas. É interessante ver como a autora cria paralelos na trama para trabalhar cada tema separadamente. Os capítulos soam como contos sendo contados separadamente, mas que se encaixam de alguma forma. Cada personagem recebeu sua devida atenção e suas importâncias são mostradas pela autora.

Um pequeno triângulo amoroso existe entre Khalid, Sherazade e Tariq. Mesmo com um amor tão reafirmado por Khalid, o jovem Tariq não desiste de ir atrás do amor de sua amada. Graças a este sentimento, há uma cena carregada de pura emoção que se tornou um dos pontos altos da história. Irsa também ganhou destaque na história e protagonizou um dos momentos mais bonitos de A Rosa e a Adaga. A maturidade dos personagens é além do esperado e isso torna a história muito mais agradável.

Foi formidável que Ahdieh trabalhou o desfecho da duologia, sem deixar pontos abertos e não floreando tudo ao ponto de se perder. Tem misticismo, um amor quase impossível, aventura com mulheres a frente de tudo, e outros elementos interessantes para atrair o leitor. O melhor, sem dúvida, foi guardado para o final. Muitos fatos acontecem e Renée surpreendeu com um acontecimento digna da história de Shazi. Ao fechar a última página, a sensação é de ter despertado de um verdadeiro contos de fadas. Leitura mais que recomendada.


A Fúria e a Aurora - Renée Ahdieh

8 de setembro de 2016

Título: A Fúria e a Aurora - A Fúria e a Aurora #1
Autora: Renée Ahdieh
Editora: Globo Alt
Gênero: Romance/Releitura
Ano: 2016
Páginas: 336
Nota: ★★★☆☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Personagem central da história, a jovem Sherazade se candidata ao posto de noiva de Khalid Ibn Al-Rashid, o rei de Khorasan, de 18 anos de idade, considerado um monstro pelos moradores da cidade por ele governada. Casando-se todos os dias com uma mulher diferente, o califa degola as eleitas a cada amanhecer. Depois de uma fila de garotas assassinadas no castelo, e inúmeras famílias desoladas, Sherazade perde uma de suas melhores amigas, Shiva, uma das vítimas fatais de Khalid. Em nome da forte amizade entre ambas, Sherazade planeja uma vingança para colocar fim às atrocidades do atual reinado.
Noite após noite, Sherazade seduz o rei, tecendo histórias que encantam e que garantem sua sobrevivência, embora saiba que cada aurora pode ser a sua última. De maneira inesperada, no entanto, passa a enxergar outras situações e realidades nas quais vive um rei com um coração atormentado. Apaixonada, a heroína da história entra em conflito ao encarar seu próprio arrebatamento como uma traição imperdoável à amiga.
Apesar de não ter perdido a coragem de fazer justiça, de tirar a vida de Khalid em honra às mulheres mortas, Sherazade empreende a missão de desvendar os segredos escondidos nos imensos corredores do palácio de mármore e pedra e em cenários mágicos em meio ao deserto.
Resenha: Com ótimas avaliações no Skoob e Goodreads, a estreia de Renée Ahdieh não se provou tal maravilha que esperei. Nessa releitura temos Sherazade (Xerazade, em As Mil e Uma Noites), que se ofereceu para ser esposa do temido jovem rei Khalid, que a cada aurora mata uma nova mulher. A moça de cabelos negros e longos se prontificou a tal papel sabendo que sua melhor amiga, Shiva, havia sido morta recentemente por ele. A ideia era se aproximar do rei e matá-lo como vingança pelos seus atos e todas as famílias que ele desolou, mas Shazi, como os amigos a chamam, entra em conflito quando se apaixona pelo malfeitor. Primeiro de uma duologia, A Fúria e a Aurora é um livro em que coloquei grande expectativa, mas ao final se provou bem aquém do desejado.

A ideia de recontar uma história famosa é sempre boa quando o autor sabe conduzir e transformar positivamente aquilo que já conhecemos. O grande atrativo neste livro é a ambientação: desertos, sultões, palácio e segredos. A personagem principal, Sherazade, é uma jovem de fibra. Ela é a típica protagonista que facilmente nos apaixonamos, com toda sua inteligência e perspicácia. Com uma ótima jogada, ela consegue escapar da morte pelas mãos de Khalid na sua primeira aurora, contando a ele uma breve história e o deixando sem saber o final. Para quem não sabe, assim como eu não sabia, As Mil e Uma Noites são contos que se originaram no século IX, segundos historiadores, e tem como voz narrativa a própria Xerazade, que tentava escapar da morte que o rei Xariar preparava para ela. Essa semelhança é notável entre a obra original e o reconto, e foi um dos pontos altos da trama. Um dos poucos, infelizmente.

Por se tratar de uma duologia, é necessário colocar tudo em dois livros, apesar de o habitual ser uma trilogia ou série. Um dos agravantes de A Fúria e a Aurora é a falta do que veio "antes". A história começa já com Shazi nas mãos de Khalid, até ai tudo bem. O problema é que exceto o romance dos dois, pouco convincente, não acontece nada instigante no decorrer do livro. Os fatos realmente interessantes e relevantes ocorrem a partir da página duzentos e trinta, enquanto o que ficou para trás foi um conteúdo sem grande atrativo. O amor de Sherazade e o rei sanguinário não conseguiu me convencer, faltou veracidade. Há um mistério envolvendo Jahandar, pai da jovem, mas que é deixado de lado e poderia ter dado um gás para a trama. Até uma parte que envolve magia, e que muitos leitores poderão fazer a conexão com a famosa história do Aladin, só aparece rapidamente, deixando clara a ideia que talvez poderá ser aproveitada no próximo volume.

No que diz respeito ao amor que envolve Sherazade e Khalid, não é raso nem tão profundo. Voltamos a mesma questão da ausência do "antes". Tariq, que é o primeiro amor de Shazi, estava determinado a lutar para resgatá-la do palácio. Mas o que, além de uma breve passagem pela infância dos dois narrada rapidamente, motiva todo esse amor? O mesmo serve para o jovem rei sanguinário. Todo o mistério que envolve a razão pela qual ele mata suas noivas é guardado até o final. Quando a revelação foi feita, não causou uma total surpresa. A personificação de Khalid. a partir da sinopse e do ponto de vista de Shazi e a população da cidade, é de um homem sanguinário, mas o que encontrei foi somente um jovem perturbado por um segredo.

Por se tratar de uma duologia, Renéh tem apenas uma chance para transformar a história de Sherazade de forma positiva, o que se provará no segundo volume. A Fúria e a Aurora poderia ter englobado mais magia e aventura, mas tudo gira em torno de um amor que não convence e um segredo que não foi o ápice da trama. As passagens de tempo são confusas e rápidas demais. De repente, dois meses já tinham se passado e acontecimentos eclodiram numa tentativa de dar alguma emoção à monótona saga de Shazi em busca de vingança. Com um grande pano de fundo em mãos, Ahdieh poderia ter dado um ar totalmente novo para As Mil e Uma Noites, mas transformou tudo em um mero romance. O final, que tentou dar ao livro alguma "explosão", deixou aberta a porta para uma continuação que poderá ser a salvação dessa duologia. Ou não.