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Sangue por Sangue - Ryan Graudin

18 de dezembro de 2017

Título: Sangue por Sangue - Lobo por Lobo #2
Autora: Ryan Graudin
Editora: Seguinte
Gênero: Jovem Adulto/Fantasia
Ano: 2017
Páginas: 440
Nota:★★★★★
Sinopse: Para o Terceiro Reich, a Segunda Guerra Mundial pode ter acabado, mas para a resistência a luta está apenas começando. Yael é sobrevivente de um campo de extermínio e tem uma habilidade especial: é uma metamorfa, capaz de mudar a aparência física e assumir a forma de qualquer pessoa. Ela também é uma garota em fuga - o mundo acabou de vê-la atirar e matar Adolf Hitler. Yael é a inimiga número um da Germânia e de seus aliados, e vai precisar se infiltrar no território inimigo mais uma vez se não quiser pagar com o próprio sangue. Em meio a segredos sombrios acompanhados por verdades obscuras, apenas uma pergunta paira na mente de todos do grupo de Yael: o quão longe você iria por aqueles que ama?

Resenha: Depois de apresentar uma trama inquietante com uma realidade alternativa onde Hitler e o Eixo venceram a Segunda Guerra Mundial tornando o mundo totalmente desolado, Ryan Graudin dá continuidade à saga de Yael, a jovem judia capaz de mudar o rosto devido às suas habilidades metamorfas que sobreviveu a um campo de extermínio e teve como missão matar Adolf Hitler. O ditador havia implantado a Tour do Eixo, uma corrida de motocicleta em que o vencedor se encontraria com ele em pessoa no Japão.

Em Sangue por Sangue, a história parte de onde parou no livro anterior. O dito encontro seria o momento ideal para por um fim na vida de Hitler, e assim a resistência teria forças para acabar com o terror imposto pelos nazistas. Porém, a tentativa de Yael, depois de assumir o rosto de Adele, não é bem sucedida e a jovem, além de ter o disfarce revelado, se torna inimiga nº 1 da Germânia correndo risco de vida. Mas o alvoroço que o tiro de Yael causou, desencadeou esperança e força por parte da resistência pela Europa. Em ritmo de fuga, Luka, que venceu a Tour, segue a garota que agora precisa contar com a ajuda dos rebeldes para escapar e conseguir cumprir sua missão. Mas tudo isso se torna ainda mais complicado quando ela não sabe em quem pode confiar, e num mundo onde é muito fácil se deixar corromper pelo sistema, como é possível acreditar na lealdade alheia?
Ao se unir com Luka e Felix (o irmão de Adele a quem Yael se transforma para seguir com a missão), eles seguem fugindo, cada um com seu próprio objetivo. E embora ela queira trabalhar sozinha, a atração que Luka desperta nela e a culpa por ter envolvido a família de Felix na confusão, não permitem.

Narrado em terceira pessoa e com pontos de vistas que se alternam entre Yael, Luka e Felix, acompanhamos uma trama eletrizante, cheia de reviravoltas e descobertas incríveis.
Aqui a autora não poupa o leitor do sofrimento. A história é envolvente e apresenta elementos cruéis e dolorosos o suficiente para nos imaginarmos num mundo oprimido e comandado por nazistas, independente de haver toques de fantasia ou não. Os fatos envolvendo situações reais da História ainda colocam uma carga emocional maior na trama e isso torna a história ainda mais empolgante, onde é impossível não torcer pela protagonista.

O único ponto que eu ainda não decidi se valia a pena estar alí é sobre o romance entre Yael e Luka. Não sou muito fã dessas histórias de amor que surgem do nada em meio ao caos pois não me soam muito convincentes. Claro que eles tem seus méritos e ganham destaque por tudo o que viveram, e foi relevante Luka se revelar um aliado valioso pra garota quando ele descobriu os podres dos nazistas depois de encarnar um modelo da raça ariana, mas acho que, mesmo que ele tenha usado o sentimento por Yael como motivo para ajudá-la a destruir o império nazista, pendi pro lado da história de vida de Yael e da amiga, Miriam. Elas tiveram experiências terríveis, conviveram com a pior escória da sociedade e viram de perto o horror e todas as crueldades que alguém é capaz de fazer, mas ainda assim não foram corrompidas por essa imundície e seguiram firmes na missão de acabar com Hitler. E justamente por trabalhar uma amizade tão intensa e verdadeira qualquer ponto que não tenha sido tão positivo pra mim acabou passando batido.

Felix é um personagem difícil pois por mais que seja fácil compreender sua fome de vingança, suas atitudes são questionáveis e acho que ele poderia ter tido um rumo diferente na história como forma de redenção.
São personagens que possuem suas falhas, como qualquer ser humano normal, onde cada um tem sua história de vida e onde cada erro, embora seja passível de julgamentos, é justificado de forma que o que resta ao leitor é sentir empatia e compreender cada atitude e escolha feita por eles.

Pra quem tem curiosidade de saber como o mundo seria se a Segunda Guerra Mundial não tivesse acabado através de uma trama fantástica e imperdível, Sangue por Sangue é leitura mais do que recomendada, principalmente porque a ideia de que a esperança é a última que morre, mesmo que o caminho seja sombrio e tortuoso, fica mais do que evidente.

Lobo por Lobo - Ryan Graudin

19 de outubro de 2016

Título: Lobo por Lobo - Lobo por Lobo #1
Autora: Ryan Graudin
Editora: Seguinte
Gênero: Juvenil/Fantasia
Ano: 2016
Páginas: 358
Nota: ★★★★★
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: O Eixo ganhou a Segunda Guerra Mundial, e a Alemanha e o Japão estão no comando. Para comemorar a Grande Vitória, todo ano eles organizam o Tour do Eixo: uma corrida de motocicletas através das antigas Europa e Ásia. O vencedor, além de fama e dinheiro, ganha um encontro com o recluso Adolf Hitler durante o Baile da Vitória. Yael é uma adolescente que fugiu de um campo de concentração, e os cinco lobos tatuados em seu braço são um lembrete das pessoas queridas que perdeu. Agora ela faz parte da resistência e tem uma missão: ganhar a corrida e matar Hitler. Mas será que Yael terá o sangue frio necessário para permanecer fiel à missão?

Resenha: A história de "e se...". A Segunda Guerra Mundial é cenário para diversos livros, tanto ficções voltadas para o público juvenil, ou biografias como O Diário de Anne Frank. Fato é que, independentemente da forma como retratado, esse período foi muito obscuro e deixou marcas na história da sociedade. Entre tantos autores que criam suas tramas baseadas na realidade sem distorcer os fatos, Ryan Graudin, autora de A Cidade Murada,  foi pelo caminho inverso e o resultado foi excelente.

Lobo por Lobo tem como protagonista a jovem Yael, uma judia levada aos campos de concentração com sua mãe. Porém, ao ser marcada como cobaia para um experimento, a menina recebe um tratamento diferente das demais mulheres do barracão de número sete. Enquanto todas trabalham, Yael recebe agulhadas e tem substâncias injetadas em suas veias para se parecer uma verdadeira ariana. O objetivo do experimento é apagar todos seus traços e torná-la loira, com a pele clara e os olhos azuis. Entretanto, graças a um dos seus "lobos", Miriam, a garota descobre sua capacidade de metamorfose. É desse modo, assumindo a pele de outras pessoas, que ela escapa do campo de concentração e se une à resistência. Sua missão: assumir o lugar de Adele Wolfe no Tour do Eixo e matar Adolf Hitler no baile de comemoração.

O aspecto mais interessante do livro é o fato da protagonista poder mudar sua forma e assumir o rosto de qualquer pessoa. Quando se trata de um período tão dolorido como a Segunda Guerra, os personagens são sempre pratos cheios para a composição da obra. Se o autor souber como construir todo o cenário envolto no personagem e trabalhar em cima disso, o resultado é sempre satisfatório. A autora criou uma protagonista com tudo de necessário: força, inteligência, determinação e aspereza. Profundamente, a garota tem sentimentos e ainda se sente perturbada pelo seu triste passado. Ela é uma representação que vai muito além do estereótipo de figuras femininas protagonizando um livro. A capacidade de metamorfose dela, assim como a autora deixou explicado numa nota, coloca em jogo a questão da raça, da pele, da aparência que está vista apenas externamente. O que fica claro é que nós somos iguais, independentemente da cor da pele, do cabelo ou dos olhos.

Luka, um dos principais elementos da trama e do Tour do Eixo, forma um "par" com Yael/Adele. Voltado para o público juvenil, um romance é certamente esperado. Não há nenhum triângulo amoroso, e pelo fato de Yael ser apenas uma sósia de Adele, muitas lacunas não conseguiram ser preenchidas com apenas um estudo da vida usurpada da outra. Isso instiga e a autora deixou no ar alguns fatos sobre o passado de Wolfe. Não apenas focando somente a isso, a protagonista vive em diversas incertezas por não saber muito sobre todos, e isso deixou aberto ótimos ganchos para o segundo volume da série. Enquanto uma relação meio que desajeitada se desenvolve entre Yael e Luka, diversos acontecimentos explosivos acontecem e é isso que torna Lobo por Lobo tão empolgante.

Como dito no começo da resenha, a história é feita de "e se...". Isso ocorre porque, segundo a autora, Lobo Por Lobo é uma suposição do que seria o futuro, no caso da guerra ter tido o desfecho que ela propõe com a aventura de Yael. Ryan mostrou maestria numa união do real e fictício. Existe muito da história real da Segunda Guerra, e para quem estudou a respeito, vai se identificar com as passagens e entender melhor o que está inserido ali. Junto a isso, há toda fantasia e distorções positivas que foram o toque especial dado por Graudin. O Tour do Eixo, grande corrida com diversos jovens da juventude hitlerista, foi fantasiado pela mente da autora. Tal competição é um palco para uma verdadeira aventura de tirar o fôlego.

Numa mistura perfeita entre ficção e realidade, Lobo por Lobo é empolgante do começo ao fim. Com uma narrativa que reúne somente o que agrega algo bom a trama, Ryan Graudin transformou um pedaço da história da humanidade numa fantasia excelente. Tendo uma protagonista determinada, um cenário bem desenvolvido e um antagonista como Hitler, o livro é impossível de ser deixado de lado até o final. Com um desfecho totalmente inesperado, em que tudo que parecia ser na verdade não era, fica a questão no ar: o que de tão surpreendente acontecerá em Sangue por Sangue?

A Cidade Murada - Ryan Graudin

7 de maio de 2015

Lido em: Maio de 2015
Título: A Cidade Murada
Autora: Ryan Graudin
Editora: Seguinte
Gênero: YA/Ficção
Ano: 2015
Páginas: 400
Nota: ★★★★☆
Sinopse: Existem três regras para sobreviver na Cidade Murada. Corra muito. Não confie em ninguém. Ande sempre com uma faca.
Hak Nam é uma cidade murada de ruas estreitas e sujas, onde vivem traficantes, assassinos, prostitutas e ladrões. É também onde mora Dai, um garoto cujo passado o assombra e o mantém preso naquele lugar horrível. Para alcançar a liberdade, ele terá de se envolver com a principal gangue ali dentro e formar uma dupla com alguém que consiga entregar drogas muito, muito rápido. Alguém como Jin, uma garota ágil e esperta que finge ser um menino para conseguir sobreviver e continuar a busca por sua irmã, Mei Yee. Confinada num bordel, Mei Yee está mais perto do que Jin imagina. Ela passa os dias sonhando em fugir… até que Dai cruza seu caminho.
Inspirado na cidade murada de Kowloon, que existiu em Hong Kong até os anos 1990, este romance lírico e ao mesmo tempo cheio de adrenalina a luta desses três jovens, que, unidos pelo destino, tentam escapar da Cidade Murada para recomeçar a vida bem longe dali.
Resenha: A Cidade Murada, escrito pela autora Ryan Graudin e publicado pela Seguinte conta o que se passa na fictícia cidade de Hak Nam, em Seng Ngnoi, uma "favela de pedra" sem governo onde as leis são impostas pelos mais fortes e pela Irmandade do Dragão Vermelho.
Antes de tudo, não acho que o livro se encaixe como sendo uma distopia pois apesar de existir uma lei própria dentro da Cidade Murada, ditada por bandidos e gangues, se trata de uma ficção baseada em alguns fatos. A Cidade Murada realmente existiu, o nome original do local era Kowloon, em Hong Kong, e era considerada a maior e mais densa favela vertical do mundo, onde nem entrava a luz do sol, com vários barracões minúsculos construídos um em cima do outro, de forma desenfreada e sem nenhuma supervisão de engenheiros ou arquitetos, formando ruas estreitas, becos e um emaranhado de fios que transpassavam o local que era completamente dominado por quadrilhas. O espaço total era de menos de 0,3km² que abrigava um amontoado de mais de 30 mil famílias. Todas vivendo na pobreza e lidando com todos os tipos de problemas, como falta de saneamento, educação e saúde, fazendo com que as pessoas de lá fizessem de tudo para sobreviverem em vez de apenas viverem tranquilas. A cidade abrigava meninos de rua, prostitutas, fugitivos e bandidos capazes de cometer as piores atrocidades, inclusive o tráfico de pessoas e exploração sexual de crianças, que muitas vezes eram vendidas por membros de suas próprias famílias.
Esse foi o cenário que a autora escolheu para contar a história de Jin Ling, Mei Yee e Dai.





A narrativa é feita com um certo toque poético, em primeira pessoa se alternando entre os protagonistas e em forma de contagem regressiva de 18 dias, e fica no ar o que vai acontecer quando o prazo terminar.
Jin Ling é uma garota ágil e esperta que finge ser um menino de rua para conseguir sobreviver enquanto procura pela irmã, sempre munida de uma faca, se esgueira e se camufla ao cenário. Se os bandidos souberem que é ela é uma menina, corre o risco de ser trancafiada num bordel, e foi exatamente isto que aconteceu com Mei Yee, sua irmã.. Confinada num bordel sujo, Mei Yee tem esperança de fugir e se ver livre. Ela lida com a ieia de que seu corpo pode ser usado, mas sua mente sempre estará livre pra sonhar e pensar o que quiser. Ela passa os dias sonhando em fugir…
Dai é misterioso, se infiltrou na vida do crime e tem muitos segredos que envolvem seu passado. Ele precisa realizar um serviço para traficantes de drogas antes de se libertar mas precisa de alguém que seja muito rápido para lhe ajudar, é aí que ele cruza com Jin, que é a pessoa perfeita pra fazer esse tipo de trabalho.

Jin, seguindo a segunda regra da cidade, nunca confia em ninguém.
O destino dos três é entrelaçado de forma incrível, pois as duas irmãs não sabem que Dai está entre elas, e a autora mostra que, por mais que o ambiente seja desfavorável, com amor e amizade é possível que obstáculos sejam superados e ultrapassados.
O interessante é que a Cidade com todas essas características surreais parece ser um personagem da história, como se fosse algo com vida própria que engolisse os habitantes os obrigando a se adaptarem ou morrerem tentando, e sua apresentação na história vem com muita naturalidade para que o leitor, mesmo ficando abismado com o que acontece lá dentro, se familiarize com facilidade.
Senti que houve um floreio de descrições, como se a autora usasse de analogias para exemplificar ou intensificar alguma coisa e esse tipo de característica na escrita não me agrada muito. Acho que quanto mais direto ao ponto for, melhor, pois a leitura flui com mais facilidade.

O que move os personagens é a esperança, a ideia de que por mais que o corpo esteja preso, a mente pode ser livre, e ter esperança é algo que jamais poderá ser controlado ou contido.
A autora explora esse anseio pela liberdade, os relacionamentos fraternais e de amizade ao mesmo tempo que aborda os piores temas que envolvem cartéis, escravidão sexual, tráfico de drogas e etc, temas estes que violam direitos humanos e se estendem para além dos muros da cidade e para além da ficção.
A Cidade Murada retrata, através da ficção, um tipo de realidade triste mas assombrosamente incrível. É algo como o Holocausto: todos sabem de seus horrores, mas é um tema que nunca deixa de ser interessante e fascinante.

Sobre o trabalho gráfico do livro, só posso falar sobre a capa, pois tive acesso a prova antecipada e acredito que os erros de revisão devem ter sido corrigidos em sua versão final. A capa mostra um tipo de "raio-x" das casas e dos moradores e seus cotidianos em meio ao amontoado e ao aperto que é viver naqueles cubículos. Ao olhar dos mais atentos, é uma obra de arte que consegue retratar muito bem parte do estilo de vida das pessoas que se espremem alí.
Ainda sobre Kowloon, houve um projeto de desocupação que levou 5 anos para que, enfim, a Cidade Murada pudesse ser demolida, mas é uma pena que o tráfico de pessoas inocentes não tenha acabado alí.



Pra quem gosta de ler sobre realidade que se mescla a ficção e tem curiosidade sobre os horrores desse submundo como pano de fundo de uma história de esperança, amizade e amor, leia!