Lido em: Novembro de 2013
Título: Veneno - Encantadas #1
Autora: Sarah Pinborough
Editora: Única
Gênero: Fantasia/Releitura
Ano: 2013
Páginas: 224
Nota:
★★★☆☆
Sinopse: Você já pensou que uma rainha má tem seus motivos para agir como tal? E que princesas podem ser extremamente mimadas? E que príncipes não são encantados e reinos distantes também têm problemas reais? Então este livro é para você! Em Veneno a autora Sara Pinborough reconta a história de Branca de Neve de maneira sarcástica, madura e sem rodeios. Todos os personagens que nos cativaram por anos estão lá, mas seriam eles tão tolos quanto aparentem? Acompanhe a história de Branca de Neve e seu embate com a Rainha, sua madrasta. Você vai entender por que nem todos são só bons ou maus e que talvez o que seria "um final feliz" pode se tornar o pior dos pesadelos!
Veneno é o primeiro livro da trilogia Encantadas, e já é um best-seller inglês. Sarah Pinborough coloca os contos de fadas de ponta-cabeça e narra histórias surpreendentes que a Disney jamais ousaria contar. Com um Realismo cínico e cenas fortes, o leitor será levado a questionar, finalmente, quem são os mocinhos e quem são os vilões dos livros de fantasia!
Resenha:
Veneno é o primeiro volume da trilogia
Encantadas, escrita por
Sarah Pinborough e lançado pela
Única aqui no Brasil.
Se trata de uma releitura do clássico "Branca de Neve e os Sete Anões" com uma leve mistura de "João e Maria" e até "Aladdin" onde a autora usou e abusou de sarcasmo ao fazer uma adaptação do conto original dos Irmãos Grimm (esqueça a Branca de Neve inocente da Disney) usando elementos mais "quentes" para tornar a história voltada para o público mais adulto.
Branca de Neve é uma mocinha amada pelo pai e admirada por todos à sua volta, não somente por sua beleza extraordinária, mas pela personalidade que tem: alegre, espontânea e um tanto mimada e indisciplinada. Não gosta de usar vestidos, anda a cavalo feito homem e seu comportamento não é nada digno de uma princesa. Seus melhores amigos são anões que trabalham em minas.
Lilith é o oposto de Branca de Neve... Foi criada no meio da floresta por sua bisavó, morando numa casa feita de doces, mas tendo um propósito em sua vida. Ao crescer, foi obrigada a se casar com um rei, o pai de Branca de Neve, que havia perdido a esposa há pouco tempo, e dessa forma seria a rainha e teria poderes além dos que envolvem a magia e a feitiçaria. Lilith é apenas quatro anos mais velha que Branca de Neve e não admite o comportamento inadequado da princesa. Aproveitando que o rei foi para a guerra, Lilith passou a ser a maior autoridade no reino, e decide usar desse poder para dar um jeito em Branca de Neve tentando fazê-la se comportar com uma dama e organizando uma festa para tentar um casamento arranjado, porém, Branca de Neve acredita que só deve se casar quando encontrar o verdadeiro amor, diferente de Lilith que encara o casamento como uma questão política sem ligação alguma com esse sentimento...
Por ter tido seus planos arruinados por Branca de Neve e por ser constantemente atormentada por seu espelho que não cansa de repetir que Branca de Neve é a mais bela, Lilith decide se vingar pela humilhação que acreditou ter passado e resolve que o único jeito de se ver livre de uma vez por todas desse tormento seria matando a garota, mas claro que não com as próprias mãos... Oi, caçador!
Tendo a vida poupada,
mas sua dignidade não, Branca de Neve encontra refúgio com seus amigos anões, mas Lilith não descansa... então eis que a maça entra em cena para enfim fazer com que Branca de Neve caia dura com um pedaço da fruta envenenada entalado em sua garganta a espera do beijo de seu grande e verdadeiro amor...
Enquanto os anões zelavam pelo corpo desfalecido de Branca de Neve, eles recebem uma visita inesperada de alguém perdido e ferido: o príncipe! Ele vê a linda moça naquele estado mas ainda assim se apaixona por ela imaginando que com aquela beleza e cara de santa só poderia se tratar de uma donzela pura e indefesa (
risos eternos). Porém, ele acaba se revelando alguém com características bem diferentes das quais poderíamos imaginar quando, enfim, consegue acordar a mocinha...
Enfim... releituras são sempre uma forma de encaramos uma história já conhecida com uma visão diferente juntamente com mudanças e adaptações. Na capa de
Veneno, muito bem trabalhada e chamativa por sinal, olhares mais atentos já irão identificar que não se trata de nada infantil ao ver que Branca de Neve está deitada com um olhar todo provocante em cima de um lençol vermelho...
Apesar de não serem tantas, existem cenas provocantes e até impróprias para menores de idade, se é que me entendem... Mas para ser sincera, achei tais cenas um tanto desnecessárias pois fiquei com a impressão de que foram inseridas para desviar o foco ou preencher lacunas por falta de maior aprofundamento ou explicações. A história tem a mesma base do clássico, mas com as mudanças, várias coisas ficaram no ar.
A única coisa que tive certeza foi de que a rainha má, só é má porque foi criada para ser assim e no fundo é uma amargurada e até se atrapalha por que não consegue controlar tudo como gostaria... Já os demais personagens não ganharam maiores aprofundamentos para entendermos melhor suas atitudes e decisões que tomam, ou por que motivo apareceram ali...
A narrativa é bem fluída mas não senti aquele gosto na leitura, pela forma como a história foi moldada e contada.
No mais, o trabalho de diagramação em que inícios e finais de capítulos são decorados com ornamentos dão um toque bem requintado à obra e a revisão é impecável. Os capítulos felizmente são curtos e isso acaba tornando a leitura mais rápida, pois pra mim, capítulos longos demais atrapalham e estão por fora...
Para quem curte releituras e quer conferir uma história com um toque de sarcasmo, sensualidade e um final pra deixar qualquer um de boca aberta e de cabelo em pé (sim, o final é chocante e por ser tão inesperado e surpreendente arrancou uma estrela de mim),
Veneno é uma boa pedida, principalmente para repensarmos sobre os verdadeiros vilões e como as atitudes deles são dignas de indignação, ou pena, ou vergonha... E que venha
Feitiço, a continuação...