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Na Telinha - Wandinha

5 de dezembro de 2022

Título
: Wandinha (Wednesday)
Temporada: 1 | Episódios: 8
Distribuidora: Netflix
Elenco: Jenna Ortega, Gwendoline Christie, Catherine Zeta Jones, Luis Guzmán, Christina Ricci, Emma Myers, Hunter Doohan, Percy Hynes-White, Riki Lindhome, Georgie Farmer, Joy Sunday, Moosa Mostafa, 
Gênero: Sobrenatural/Fantasia/Mistério
Ano: 2022
Duração: 55min
Classificação: +12
Nota: ★★★★☆
Sinopse: Inteligente, sarcástica e apática, Wandinha Addams pode estar meio morta por dentro, mas na Escola Nunca Mais ela vai fazer amigos, inimigos e investigar assassinatos.

Baseada nos personagens clássicos de A Família Addams, Tim Burton e companhia produziram a série Wandinha, que traz a adolescente de olhar penetrante, fria e calculista, e que despreza tudo e todos, de volta às telinhas ao incorporar uma detetive astuta que se vê ligada a um tipo de profecia macabra e se dedica a passar por cima da polícia para desvendar enigmas mirabolantes e investigar uma série de assassinatos misteriosos que acometem a fictícia cidadezinha de Jericho e a Academia Nunca Mais, a escola/internato pra onde ela é enviada contra sua vontade depois de ter sido expulsa da anterior por "tentativa de homicídio", onde seus pais estudaram quando eram adolescentes, e onde os "excluídos, aberrações, criaturas sobrenaturais e afins" aprendem a dominar suas habilidades numa época contemporânea e cheia de referências às tecnologias e redes sociais da atualidade, tecnologias estas que Wandinha se recusa a utilizar e tem uma opinião sólida e formada sobre.
"As redes sociais são um vazio de afirmações insignificantes"
Addams, Wandinha

Com a ajuda de Mãozinha, conforme Wandinha investiga os mistérios da cidade e da escola para descobrir quem é o assassino, ela também equilibra as investigações fazendo amizades e inimizades por aí, e ainda tem sessões de terapia compulsória numa tentativa de controlar melhor seu temperamento bizarro e seu instinto assassino.

A série tem vários toques de bom humor e traz várias referências que, num geral, casam bem com as cenas um pouco mais pesadas que envolvem violência, sangue esguichando, partes de corpo espalhadas e feridas abertas e horrorosas. Mas apesar de ser divertida e bem instingante, o que não curti muito foi exatamente o aproveitamento dos personagens da família Addams, que inclusive já foi bastante explorada, pra criar uma história que poderia ter sido feita com qualquer outro personagem nesse estilo a la Tim Burton (tornando as coisas um pouco mais originais talvez?). Essa pegada adolescente de primeiro amor, primeiro beijo, paixões não correspondidas, enemies to friends e afins não parecem se encaixar muito bem na atmosfera mórbida e obscura da qual quem cresceu assistindo Família Addams se lembra, e a nostalgia acabou ficando prejudicada pra mim nesse sentido. Muitos personagens não foram bem aproveitados, como é o caso de irmão de Wandinha, Feioso, que só aparece pra comer; Tio Chico, que acaba aparecendo pra ser um facilitador de enredo, fazendo uma participação um tanto conveniente para o desenrolar dos fatos; e os próprios pais, Mortícia e Gomez, que parecem estar deslocados e sem personalidade alguma.

Outra coisa é que em meio a essa investigação sobrenatural da qual Wandinha deposita toda a sua energia, ao final quando a identidade do monstro enfim é revelada, fiquei com aquela sensação de que qualquer um poderia ter assumido esse papel e a série poderia ter tido dezenas de finais diferentes de acordo com a conveniência.



Na série, Wandinha está aprendendo mais sobre seu dom sobrenatural há pouco descoberto, que é ter visões do passado e do futuro quando encosta em alguém ou em alguma coisa ligada a determinado acontecimento, o que, obviamente, a ajuda muito durante suas investigações. Quando ela entra em transe durante as visões é um tanto assustador, pois ela fica com os olhos vidrados e joga o corpo pra trás de repente como se fosse se partir ao meio, e acredito que o incômodo que essa esquisitice causa em quem assiste, assim como a expressão firme e mega rígida da personagem que não pisca uma vez sequer e faz qualquer um pensar que ela seja uma maníaca, é totalmente proposital - e bem colocada inclusive. A ideia dela estar num ambiente que faz com que ela demonstre o quanto é forte, corajosa e amadureça com essas experiências é bastante interessante e fortalece essa personalidade peculiar, e penso que seja mais interessante do que os momentos em que ela começa a ceder a ponto de demonstrar um pouco de humanidade, compaixão e, pasmem, sentimentos. É quase a mesma coisa que esperar que, por exemplo, uma Miranda Priestly da vida (Meryl Streep em O Diabo veste Prada) peça desculpas pra alguém. Inconcebível.


Enfim, o visual da série é super adequado ao que se propõe, pois parece ampliar a atmosfera sombria da família pra outros ambientes, fazendo com que a protagonista leve o preto e branco por onde passa. O ar de lugubridade que cerca Wandinha promove um enorme constraste com a escola e a cidade, principalmente no que diz respeito a sua colega de quarto, Enid Sinclair, uma adolescente que descende de uma família de lobisomens, feliz, sorridente e saltitante, sempre empolgada com qualquer coisa, viciada em redes sociais, maquiagem, contato físico e mais cores do que Wandinha é capaz de suportar.


Sei que as propostas são diferentes, mas ainda acho que Angelica Houston como Mortícia, e Christina Ricci como Wandinha da família Addams dos anos 90 são insuperáveis, inclusive Ricci também faz parte do elenco interpretando Marilyn Thornhill, a professora de Herbologia (se não me engano) de Nunca Mais e que parece ter muitos segredos. Achei super legal a participação dessa atriz na série.


No mais, penso que seja uma série pra assistir sem compromisso, pra se divertir e curtir, e pra se curar de uma ressaca de outra série mais pesada. Tem suas falhas, tem seus clichês, talvez funcione melhor com um público que teve pouco ou nenhum contato com o material original para evitar comparações, mas não nego que gostei e maratonei até acabar.


A Transformação de Raven - Sylvain Reynard

17 de julho de 2020

Título: A Transformação de Raven - Noites em Florença #1
Autor: Sylvain Reynard
Editora: Arqueiro
Gênero: Fantasia/Romance
Ano: 2015
Páginas: 448
Nota:★★★★☆
Sinopse: Florença, o berço do Renascimento. Um lugar culturalmente fervilhante, perfeito para quem quer esconder segredos ou está em busca de uma segunda chance. Como a doce Raven, que se muda para a cidade na tentativa de esquecer os traumas do passado e se dedicar à sua maior paixão: a restauração de pinturas renascentistas.
Um dia, voltando para casa do trabalho na Galleria degli Uffizi, sua vida muda para sempre. Ao tentar evitar o espancamento de um sem-teto, Raven é atacada. Sua morte parece iminente, mas seus agressores são impedidos e brutalmente assassinados. Assustada e prestes a perder os sentidos, ela só consegue vislumbrar uma figura sombria que sussurra: Cassita vulneratus.
Ao despertar, Raven faz duas descobertas perturbadoras: uma semana se passou desde o ocorrido e ela se transformou por completo. Quando volta ao trabalho, mais uma surpresa: alguém conseguiu burlar o sofisticado sistema de segurança da galeria e roubar a inestimável coleção de ilustrações de Botticelli sobre A divina comédia.
Em busca da verdade, Raven cairá diretamente nos braços do Príncipe de Florença – tão belo quanto poderoso, tão sedutor quanto maligno –, que lhe apresentará um submundo de seres perigosos e vingativos, cujas leis ela precisa aprender depressa se quiser se manter viva e salvar os que a cercam.
A transformação de Raven marca o início da série Noites em Florença, cujos personagens foram apresentados em O príncipe das sombras.

Resenha: A Transformação de Raven é o primeiro volume da série Noites em Florença que marca o início da incursão em romance sobrenatural do autor Sylvain Reynard.

Raven Wood nunca foi a garota mais popular ou bonita do colégio quando adolescente. Ela está acima do peso ideal e, devido a um acidente que sofreu na infância, ainda manca de uma perna e usa uma bengala. Apesar de ser insegura e ter baixa autoestima, nada disso impediu que ela fosse independente e corresse atrás de seus sonhos e paixões. Quando surge a oportunidade de ela trabalhar na Galeria Uffizi como restauradora de obras de arte, ela não pensa duas vezes e parte para Florença. Mas, numa noite, durante sua caminhada pra casa, ela acaba se envolvendo numa situação perigosa quando resolve defender um mendigo que havia sido espancado na rua por alguns marginais.
Sabendo do perigo da situação que não era nada favorável a ela, Raven já se prepara para o pior. Ela é atacada, e quando os baderneiros continuam, mesmo desfalecida, alguma coisa impede que ela seja violentada. Na semana seguinte ela desperta sem se lembrar de nada e mal acredita no que vê quando se olha no espelho. Ela não só se sente diferente, ela está diferente. Mais magra, mais bonita e até sua perna está completamente curada. Acreditando estar louca, Raven parte para a galeria, mas chegando lá é recebida por policiais. Ela descobre que a galeria foi roubada e se tornou a principal suspeita no caso do roubo por ter ficado sumida durante uma semana.
Como se tudo já não estivesse confuso o suficiente, ela conhece William, um homem que invade seu apartamento e a orienta a fugir para a própria segurança. Ele parece ter as respostas para todas as suas perguntas, mas obtê-las não será tão fácil quanto pensa. O que ela não imagina é que se trata do Príncipe de Florença, alguém cuja própria existência vai contra tudo o que ela acredita, mas que foi o responsável por salvá-la quando sua vida corria perigo, mesmo que ela não se lembrasse disso. Logo a atração é inevitável, mas a situação dos dois é mais complexa do que parece. O Príncipe deve manter seu reino protegido, mas precisará fazer uma escolha que poderá mudar sua vida, e a de Raven, para sempre.
A partir daí, segue uma história de suspense e amor em que dois mundos opostos se colidem.
mesmo que relutantemente o Príncipe a ajude, cada vez mais ele a arrasta para um mundo misterioso e desconhecido do qual ela deveria não saber que existe.

A escrita do autor é rica e graciosa, beira o estilo lírico e é um tanto afiada. Narrada em terceira pessoa, a história trata de um romance entre duas pessoas improváveis que, juntas, enfrentam os perigos das ruas de Florença. O romance fala de amor, sacrifício, religião e redenção ao mesmo tempo que se mescla com toques artísticos para dar beleza e riqueza à trama que vai se desenvolvendo de forma gradual e num ritmo lento mas, ainda assim, satisfatório.
Raven, inicialmente, é uma personagem que foge dos estereótipos de mocinha de romances contemporâneos, tanto pela aparência quanto pela personalidade, até mesmo porque ela mostra que a beleza é algo que vem de dentro. Ela é americana, mas, a fim de se livrar de seu passado conturbado e traumático, agarra a chance de ir para a Itália trabalhar com o que gosta em busca de uma vida nova.
O herói da vez - ou melhor, o anti-herói - é um vampiro secular, governador do submundo de Florença e que faz de tudo para manter a ordem na cidade. Mesmo que considere as pessoas seres insignificantes, ele sabe que elas são necessárias para que tudo possa fluir adequadamente no mundo. Ele é cruel, letal e valoriza a disciplina, mas esconde segredos e sentimentos como forma de fortalecer seu poder de influência e persuasão sobre os demais vampiros de sua espécie. Ao mesmo tempo que exerce seu charme se tornando alguém desejado, ele também é temido por ser alguém tão perigoso, mas para um homem que deve manter seus segredos em nome de seu governo, ter um ponto fraco que o torna vulnerável não é algo que ele pretendia ter no momento.

Um ponto de que gostei bastante foi o desenvolvimento dos conflitos internos que o casal enfrenta. Ele por ter que lidar com sentimentos que não sabia ser capaz de ter, pois uma criatura da noite tão imponente e sombrio não parece ser alguém capaz de amar. E ela por ser alguém que o torna vulnerável.
O roubo das famosas ilustrações de Botticelli também é abordado, dando prosseguimento ao que começou no conto anterior e que já vem da série O Inferno de Gabriel. Mesmo que não seja necessário ler O Príncipe das Sombras, acredito que a leitura seja importante para um entendimento mais completo do que se passa.

Os personagens de forma geral são bem construídos e interessantes e, mesmo que haja fantasia sobrenatural envolvida, possuem características emocionais que os tornam bastante próximos da nossa realidade.
A partir das descrições que o autor faz, é possível até mesmo fazer uma verdadeira viagem por Florença. E quem tem algum conhecimento de obras de arte vai ficar satisfeito ao se deparar com algumas obras sendo mencionadas no decorrer do livro.
A capa não tem detalhes a serem destacados apesar de ser bonita e bastante intrigante. As páginas são amarelas, apesar da imagem de uma das obras mencionadas na história que aparece no início do livro, a diagramação é simples e sem diferencial, e a fonte tem um tamanho agradável. A revisão está ótima. Ao fim da história há uma cena extra envolvendo o livro A Redenção de Gabriel mas que está ligada diretamente a este, e outra sobre Aoibhe, uma das personagens que anseia por ser a Princesa de Florença ao lado do Príncipe.

Talvez o título remeta a outro tipo de transformação, não a física pela qual Raven passa, mas algo interno, que envolve não só ela, mas a forma como o próprio Príncipe age e encara sua missão em Florença ao ser o responsável pelo submundo quando se deixa levar por um sentimento novo e único...
Ansiosa pelo próximo volume a fim de saber quais serão as consequências para as escolhas de Raven Wood e o Príncipe de Florença. Conspirações e reviravoltas, vingança, busca por poder, embates entre vampiros e caçadores e uma trama recheada de cenas super sensuais é o que nos aguarda em A Transformação de Raven.

Crepúsculo - Meg Cabot

5 de fevereiro de 2020

Título: Crepúsculo - A Mediadora #6
Autora: Meg Cabot
Editora: Galera Record
Gênero: Fantasia/Jovem adulto
Ano: 2006
Páginas: 240
Nota:★★★☆☆
Sinopse: Desta vez é vida ou morte. Suzannah já se acostumou com os fantasmas em sua vida e é muito aterrorizante ter o destino dos fantasmas em mãos, podendo alterar o curso da história. E tudo ficou pior depois que ela descobriu que Paul também sabe como fazer isso. E ele adoraria evitar o assassinato de Jesse, impedindo-o de virar fantasma e lhe garantindo uma vida tranquila, finalmente... Isso significaria que Jesse e Suzannah jamais se conheceriam. A mediadora está diante da decisão mais importante da sua vida: deixar o único cara que já amou voltar para seu próprio tempo, impedindo assim sua morte... ou ser egoísta e mantê-lo a seu lado como um fantasma. O que Jesse escolheria: viver sem Suzannah ou morrer para amá-la?

Resenha: Nesse sexto volume da série A Mediadora, Suzannah Simon descobriu que seu dom vai além de somente ser capaz de ver fantasmas e ajuda-los a irem para a luz, e a ideia de que os mediadores, de forma limitada, podem se deslocar pelo espaço e tempo para controlarem alguns acontecimentos passados a fim de alterarem o futuro é assustadora. E não só pelo fato de que essa viagem pode ser prejudicial para o destino das pessoas, mas para os próprios mediadores que ficam com a saúde em risco. No caso de Suze, isso é um poder que a deixa apavorada, não por ela, pois ela jamais faria nada pra prejudicar ninguém, mas por Paul que, obcecado por Suze e inflado de ciúmes de Jesse, não desistiu e continua disposto a fazer qualquer coisa pra ter Suzannah ao seu lado (mesmo contra a vontade dela???), incluindo mudar os fatos do passado para impedir o assassinato de Jesse, evitando assim que ele vire fantasma e deixe de existir na realidade atual, trazendo consequências desastrosas. Se Jesse tivesse vivido sua vida tranquila, ele não teria morrido daquela forma e nem ficado preso alí, logo não iria conhecer Suze...
Suze fica num embate bastante dificil: ela ama Jesse de todo o coração, mas diante da possibilidade dele ter de volta sua vida plena e feliz, ela perderia seu amor... E agora? Manter Jesse como fantasma ao seu lado, ou deixá-lo voltar 150 anos atrás e perdê-lo de vez?

Narrado em primeira pessoa, o livro mantém o padrão de bom humor de sempre mas, dessa vez, ele traz uma Suzannah mais madura por conta de tudo o que viveu e aprendeu, mas principalmente pelo problema que ela tem em mãos. É impossível não sentir empatia por ela e pelo sofrimento pelo qual ela está passando por conta do seu amor por Jesse. Dessa forma, o foco fica sobre sua escolha, de deixar Jesse partir ou de impedir Paul de seguir com seu plano maquiavélico. Paul é o típico mauricinho mimado que sempre teve tudo o que quis, e por não saber lidar com a rejeição de Suze, ele começa a fazer de tudo pra atrapalhar esse amor sem considerar que ele é a última pessoa que ela escolheria pra ficar. A gente sabe que Paul é um enorme obstáculo como o "vilão" da série, e sabe que nesse tipo de história gente que nem ele tem exatamente o que merece guardado pro final (não exatamente como eu imaginei, mas valeu a pena), mas chega a ser meio assustador saber que caras como Paul vão além da fantasia e da ficção e são um verdadeiro perigo para as garotas. Nunca se sabe do que são capazes e até onde vão para conseguirem o que querem, e azar o que a outra pessoa quer.

Enfim, eu gostei muito de ter acompanhado a série num geral, ri horrores das maluquices de Suze e da forma "carinhosa" como ela trata os fantasmas, os amigos de Suze e o padre Dom são ótimos, a família de Suze é impagável e única, me emocionei muito com o relacionamento impossível com Jesse e o quanto ele é um sonho de rapaz, mas justamente por ser impossível, eu esperava outro final, qualquer um que não fosse tão previsível e descarado. Não me entra na cabeça a autora ter feito o que fez e eu juro que esperava por um desfecho digno, mesmo que fosse algo a la Titanic, triste e trágico. E justamente por ter acontecido o óbvio, tão emocionante, bonitinho e fofo, com direito a participação especial do pai de Suze, eu vou contrariar todas as expectativas e dizer que não curti.

Sei que a maioria das fãs da série torciam pela união de Suze e Jesse, sei que quem lê os livros da Meg Cabot espera por finais tipicamente felizes que aquecem o coração, mas sabe quando a gente tem certeza como vai acabar mas espera que aconteça o contrário pra surpresa ser real? Pois é... Era o que eu esperava aqui. Continuo sendo fã da série, é uma das melhores da autora, sem dúvidas, e tenho certeza que a maioria das apaixonadas por Jesse vai adorar o destino super conveniente dado aos dois.


Assombrado - Meg Cabot

3 de fevereiro de 2020

Título: Assombrado - A Mediadora #5
Autora: Meg Cabot
Editora: Galera Record
Gênero: Fantasia/Jovem adulto
Ano: 2001
Páginas: 240
Nota:★★★★☆
Sinopse: Suzannah passou o último verão no Pebble Beach Hotel and Golf Resort. Não, ela não estava hospedada com os ricaços. Em vez disso, tomava conta dos filhos deles. Foi assim que ela conheceu Paul Slater. Suzannah era a babá do irmãozinho dele, Jack, e Paul se encantou por ela. Mas é claro que quando um garoto bonitão se interessa por ela as coisas não podem simplesmente dar certo.

Resenha: Depois dos acontecimentos do quarto volume, A Hora Mais Sombria, vai ficar meio difícil falar deste sem soltar uns spoilers... Dito isto, leia a resenha por sua conta e risco.

Em Assombrado, quinto livro da série mirabolante hilária A Mediadora, finalmente parece que Suzannah e Jesse se entenderam depois que ele a beijou. Tudo era flores e amores, se não fosse por Paul Slater, o irmão mais velho e arrogante de Jack, o garotinho de quem Suze foi babá quando trabalhou no hotel no último verão. Paul é como uma pedra pontuda do sapato. Ele sabe disso, mas não se importa, desde que consiga o que quer. Ter tentado mandar Jesse pro além pra se livrar dele foi um exemplo do que o canalha é capaz, assim como bolar outros planos maquiavélicos que só deixam Suze desvairada. A gota foi ter aparecido na escola onde ela estuda como se nada tivesse acontecido, com um sorriso maníaco na boca, demonstrando estar com alguma carta na manga pra seja lá o que for. Porém, Suzannah não pode simplesmente meter-lhe a bicuda e enxotá-lo de sua vida como faz com os fantasmas irritantes e teimosos que se recusam a ir pra luz, pois, de tantas pessoas no mundo, Paul é o mais próximo que tem conhecimentos úteis sobre viagens no tempo a partir de teorias criadas pelo avô dele, assim como sabe sobre se deslocar para a entrada do purgatório, pra onde os fantasmas vão, e isso é algo de muito interesse da garota.
E como não podia faltar, Craig, um fantasma cheio de raiva, começa a causar em busca de vingança achando que outro garoto devia ter morrido em seu lugar, e Suze tem problemas com isso porque o irmão do defunto estudava com Soneca, o meio-irmão dela.

Mantendo o padrão narrativo em primeira pessoa, a história continua hilária e bastante divertida, e com vários toques de mistério. Diferente dos anteriores, este tem um ritmo mais lento por não ter tantas questões a serem resolvidas, mas sim coisas novas desse universo sobrenatural a serem exploradas. O foco maior fica sobre Suze aprendendo a conhecer mais sobre si mesma e seu dom de mediadora, mas Paul, por mais embuste que seja, acaba sendo uma peça fundamental para esse desenvolvimento. Jesse não teve tanto espaço nesse volume, mas por causa das ações de Paul, percebemos que o relacionamento impossível que ele tem com Suzannah acabou ganhando forças por causa da interferência de Paul. Se antes Suze não entendia muito bem ou tinha dúvidas sobre os sentimentos de Jesse por ela, agora ela vai ver que esse sentimento vai além do que qualquer um pode imaginar...

Suze continua firme em suas convicções, contando com o apoio dos seus amigos queridos e do padre Dom, mas sem querer dar o braço a torcer quando tenta resolver tudo sozinha.
Acho que o que não me agradou neste volume, foi a falta dos problemas que os fantasmas causam pra Suze e como ela lida com eles. Embora a autora tenha inserido o fantasma de Craig na história, a sensação que dá é a de encheção de linguiça, e que a mesma história poderia ter sido contada se ele não existisse, afinal, o drama aqui fica sobre o relacionamento com Jesse e os mistérios acerca das informações em posse de Paul, e isso vai sendo desenrolado de uma forma gradual, sutil, e até um pouco cansativa devido ao ritmo. Em vez de Suze precisar enfrentar ameaças fantasmas, o perigo está alí na frente dela, bonito, em carne, osso e insolência.

No mais, embora tenha fugido um pouco daquela coisa toda de fantasmas sendo chutados na bunda, Assombrado é um bom acréscimo a série pelas informações que abriram novas possibilidades pra um futuro questionável, mas um tanto promissor.

A Hora Mais Sombria - Meg Cabot

22 de janeiro de 2020

Título: A Hora Mais Sombria - A Mediadora #4
Autora: Meg Cabot
Editora: Galera Record
Gênero: Fantasia/Jovem adulto
Ano: 2001
Páginas: 272
Nota:★★★★☆
Sinopse: Suzannah sofre com sua paixão por Jesse – o fantasma "muito gato e com abdome de tanquinho", que "vive" assombrando seu quarto. Entre a juventude platinada local, no melhor estilo de OC, a menina tenta se adaptar ao novo colégio e à nova família formada com o segundo casamento da mãe. Entre as recentes amizades e agitos naturais da idade, a menina resolve as pendências do mundo espiritual.

Resenha: Agora que está de férias no colégio, Suzannah continua sem ter sossego. Depois de Andy, seu padrasto, criar uma nova regra na casa que consiste em fazer aulas particulares ou trabalhar durante as férias, Suzannah começa a trabalhar como babá no Pebble Beach Hotel and Golf Resort. Então ela começa a tomar conta de Jack, um garotinho de oito anos filhos de médicos endinheirados que vive assustado e se nega a sair do quarto por um motivo bastante "curioso". Jack tem um irmão mais velho, Paul, que não demora a se interessar por Suze, mas o dono do coração dela é Jesse... O problema é que ela sente que Jesse, o fantasma que mora em seu quarto, não sente o mesmo que ela. É difícil namorar alguém que ninguém pode ver.
Como se isso já não fosse motivo o bastante para deixar Suze pirada, depois que deram inicio a uma escavação no quintal da família para construírem uma mini piscina, o fantasma de Maria de Silva apareceu ameaçando Suzannah com uma faca para tentar impedir as obras, mas em vão. Até que uma lata cheia de cartas enterradas foi descoberta, e se tratava das cartas escritas por Maria da época de quando ela ainda era viva, há 150 anos, com vários segredos. Mas Maria era ninguém menos do que a noiva de Jesse! Agora o medo de perder o namorado fantasma deixa Suzannah em conflito, afinal, vale mesmo a pena lutar por essa paixão impossível?

Acredito que esse é um dos melhores livros dessa série por conta da carga dramática que envolve os sentimentos dos personagens e o romance propriamente dito que é trabalhado com muito mais profundidade. Narrado em primeira pessoa e mantendo o mesmo estilo envolvente de escrita, a história fica centrada sobre o relacionamento impossível de Suze com Jesse, com o medo da perda e milhões de dúvidas pairando sobre a cabeça da garota. O romance ganha um espaço maior, assim como os obstáculos, afinal, se não houvesse amor no ar, a fúria de Maria de Silva talvez não tivesse sido despertada para colocar esse amor à prova.

Embora tenha muito bom humor e cenas cômicas, também há mistérios e cenas de horror (?) e carregadas de ameaças que condizem bem com o lado sombrio do mundo sobrenatural, mas nada pesado que realmente dê medo, estão alí só pra causar uma tensão maior. São tantas emoções, principalmente quando Suze demonstra com sinceridade seus sentimentos, colocando seu jeito desvairado de lado, que eu quase chorei.

Outra coisa bem interessante é que, finalmente, conhecemos os detalhes da história por trás da morte de Jesse, o que levanta várias questões envolvendo a localização do corpo dele e o motivo dele não ter seguido para a luz, que pode acabar tendo um impacto bem considerável na relação com Suze, então é impossível não gostar ainda mais desse fantasma maravilhoso que conquistou o coração de Suze, e os nossos também. E em meio a todo esse romance, ainda acompanhamos o pequeno Jack e as revelações mui interessantes sobre ele, o misterioso Paul que ninguém sabe se é mocinho ou vilão, e a relação familiar de Suze e seus irmãos Mestre, Soneca e Dunga.

Pra quem gosta de leituras leves, engraçadas e cheia de reviravoltas (fofas ou não), a série é mais do que recomendada.

Reunião - Meg Cabot

20 de janeiro de 2020

Título: Reunião - A Mediadora #3
Autora: Meg Cabot
Editora: Galera Record
Gênero: Fantasia/Jovem adulto
Ano: 2001
Páginas: 272
Nota:★★★★☆
Sinopse: Suzannah é uma adolescente como outra qualquer. Bem, quase...Ela tem um pequeno segredo: é uma mediadora. Fala com fantasmas e os ajuda a descansar em paz. Um dom um tanto incomum para ser divido com os colegas, irmãos e até mesmo com a mãe. Mas de uma pessoa Suzannah não conseguirá esconder seu segredo. Gina, sua melhor amiga de Nova York, está na cidade passando uns dias com ela. Durante sua estada, quatro adolescentes morrem num acidente de carro. E Suzannah se vê obrigada a abrir mão de seus dias tranquilos com a amiga para ajudar as almas penadas.

Resenha: Dessa vez, mesmo que ela tenha feito amizade cm Adam e Cee Cee, além do fantasma que mora em seu quarto, Jesse, Suze finalmente recebe a visita de Gina, sua amiga querida de Nova York, e fica muito feliz com sua presença, mas, alguns acontecimentos sobrenaturais obviamente iriam acontecer pra deixar nossa mediadora super ocupada, a pronta pra usar seus métodos nada convencionais pra coloca-los em seus devidos lugares, pra horror do Padre Dom. Quatro adolescentes, os chamados Anjos da RLS (a escola rival do colégio de Suze), sofrem um acidente de carro, caem no mar, morrem, e agora estão furiosos. Tão furiosos que começaram a perseguir e assombrar Michael Meducci, o nerd da sala de Suze, em busca de algum tipo de vingança que Suze ainda não conseguiu assimilar. E ela é a única que pode protegê-lo das garras dos Anjos, mas pra isso teria que abrir mão de alguns momentos com Gina pra fingir que está interessada nas investidas de Michael e ficar perto dele pra coletar informações preciosas. Até que algumas descobertas e revelações a fazem pensar que, talvez, esses fantasmas não sejam os reais vilões dessa confusão toda... E como se isso não bastasse, seu segredo de ser mediadora parece estar prestes a ser descoberto com as desconfianças de Gina.

A escrita de Meg Cabot é sensacional. É simples, fluída, engraçada e totalmente viciante. Narrado em primeira pessoa, continuamos a acompanhar Suze em sua saga rotineira de lidar com fantasmas, além de seus assuntos adolescentes que ninguém tem paciência, mas ainda assim, pelo fato da autora inserir muito bom humor nas situações, é bastante engraçado de se acompanhar, principalmente quando ela fica mais próxima de Michael e percebemos que aquela pose de nerd tímido que sofre bullying parece ser uma fachada pra esconder um menino metido com o ego enorme. Porém, pra proteger o imbecil e investigar, Suze atura o embuste e segue com seu plano pra poder descobrir o que está acontecendo e qual o real envolvimento dele nesse "acidente", e tudo estava começando a ficar muito suspeito. Assim, com a ajuda do padre Dom, Jesse e até a enjoada da Gina lhe dando cobertura, ela tenta chutar a bunda desses fantasmas pra mandá-los pra luz pra descansarem de uma vez por todas e deixarem os vivos em paz.

Suze continua teimosa, e dessa vez seus atos sugerem que alguma coisa não vai prestar nessa história. Logo, por mais que ela nos arranque risadas ou reviradas de olhos, fica no ar aquela tensão de que o perigo está mais próximo do que ela pensa e cedo ou tarde vai se lascar. Sei que Suze gosta muito de Gina e sentiu a falta dela, mas pelo amor de Deus... Gina é um porre que consegue ser ainda mais fútil que a própria Suzannah. A maluca só pensa em garotos e parece não dar a mínima pra amiga que foi visitar, mas ainda assim, Suze trata tudo com naturalidade, para nosso desgosto. Ela e Jesse continuam brigando como nunca, mas a gente sabe que essa troca de farpas é um misto de amor, amizade, carinho e preocupação.

Enfim, a história da série num geral é simples, mas é bastante engraçada e envolvente. Pra quem gosta de livros juvenis com situações mirabolantes envolvendo o sobrenatural, é leitura super indicada.

IT - Stephen King

10 de janeiro de 2020

Título: IT
Autor: Stephen King
Editora: Suma de Letras
Gênero: Terror/Sobrenatural
Ano: 2014
Páginas: 1104
Nota:★★★★★
Sinopse: Durante as férias de 1958, em uma pacata cidadezinha do Maine, Bill, Richie, Stan, Mike, Eddie, Ben e Beverly aprenderam o real sentido da amizade, do amor, da confiança... e do medo. O mais profundo e tenebroso medo.
Naquele verão, eles enfrentaram pela primeira vez a Coisa, um ser sobrenatural e maligno que deixou terríveis marcas de sangue em Derry. Quase trinta anos depois, os amigos voltam a se encontrar. Uma nova onda de terror tomou a pequena cidade. Mike Hanlon, o único que permaneceu em Derry, dá o sinal. Precisam unir forças novamente. A Coisa volta a atacar e eles devem cumprir a promessa selada com sangue que fizeram quando crianças. Só eles têm a chave do enigma. Só eles sabem o que se esconde nas entranhas de Derry.
O tempo é curto, mas somente eles podem vencer a Coisa. Neste clássico de Stephen King, os amigos irão até o fim, mesmo que isso signifique ultrapassar os próprios limites.

Resenha: Derry é uma cidadezinha no Maine e a cada 27 anos a Coisa, uma criatura maligna e sanguinária, aparece. No verão de 1958, Bill, Richie, Stan, Mike, Eddie, Ben e Beverly, as crianças que formam o Clube dos Otários, tentam impedir novos ataques depois de George, o irmão mais novo de Bill, ser morto brutalmente. Quase trinta anos depois, a Coisa retorna, e Mike, que continua em Derry, entra em contato com seus amigos a fim de reuni-los para que impeçam a Coisa de atacar novamente.

Vou ter que ser sincera em dizer que é meio impossível que um calhamaço de mais de mil páginas não tenha detalhes, trechos ou diálogos expositivos e desnecessários que parecem estar ali só pra engrossar o livro, afinal, quem mais além de Stephen King gastaria sei lá quantas páginas só para descrever um barquinho de papel? Mas a história em si, mesmo tendo sido escrita há mais de trinta anos, ainda é atual por abordar temas delicados que são pertinentes até hoje, e se desenrola de uma forma tão envolvente, conhecemos os personagens tão a fundo, que é impossível não ficarmos fascinados com a leitura e com esse universo envolto por puro horror, cenas de revirar o estômago e outros gatilhos bastante pesados.

A narrativa em si, no mínimo, curiosa, pois embora seja feita em terceira pessoa, é um "autor/personagem" quem está contando a história que transita entre a infância e a fase adulta dos personagens. Diferente dos filmes, que foram divididos entre as fases da vida dos personagens, o livro foi dividido em cinco partes, no início dá o contexto da história com a morte de George, se aprofunda na vida dos personagens já adultos e seguindo suas vidas nos anos 80, e depois retorna aos momentos da infância no final dos anos 50, intercalando a narrativa, mostrando flashbacks ou avançando no tempo, e tudo isso sem ser confuso
"O terror, que só terminaria 28 anos depois (se terminasse), começou, até onde sei ou consigo saber, com um barco feito de uma folha de jornal flutuando por uma sarjeta cheia de água da chuva."
- Pág. 13
King, como de costume, não deixa nenhuma vírgula de fora e descreve os mínimos detalhes a fim de não só construir cada personagem da história, assim como a ambientação para que o leitor possa visualizar tudo o que acontece.
A personificação do medo representado pela entidade mais apavorante da literatura (e do cinema) que aparece em forma de palhaço e outras coisas terríveis mais, é tenebroso e causa, no mínimo, alguns pesadelos na gente.

Como são muitos personagens não vou me alongar muito falando sobre cada um pra não deixar a resenha muito extensa, mas posso resumir a amizade deles como algo bastante crível. É construída aos poucos e se torna bonita e verdadeira. O terror acaba sendo responsável por unir e fortalecer o que eles têm juntos. Eles tem virtudes e defeitos como qualquer um, com o diferencial de algum ponto na personalidade que os destaca mais em relação ao outro.

Não me agradou muito a forma como Beverly foi construída pois ela acabou sendo sexualizada demais, mesmo criança, mesmo sendo abusada, mesmo sofrendo nas mãos do próprio pai. A gente fica esperando alguma coisa de feliz na vida dessa coitada, mas em vão. Não sei se isso era algo comum de ser retratado na época, mas achei desnecessário alguns detalhes sobre ela ser linda e chamar atenção de meninos e homens, além de uma cena ridícula em específico envolvendo elae  os garotos no esgoto que deve estar no livro depois de uma viagem nas drogas muito louca do autor, não tem condições.

Embora a Coisa seja uma criatura assustadora, são as cenas e as descrições de violência e abusos que me deixaram mais abismada. Não vou entrar em detalhes a fim de evitar spoilers, mas o que Henry em companhia de seus comparsas faz com os garotos do Clube dos Otários, ou mesmo com animais indefesos, ou o que Beverly passa com o pai (quando criança) e com o namorado (já adulta) é horrível, de embrulhar o estômago, de dar vontade de chorar e sair gritando. A maioria das cenas envolvendo Henry conseguem ser piores do que as da Coisa, e isso talvez mostre que ele é um tipo de antagonista que consegue ser tão perturbado e causar tanta desgraça na vida alheia que é um adversário à altura do sobrenatural de King quando o assunto é horror.

Derry é uma cidade construída de uma forma tão intensa que pode ser considerada um personagem junto com os demais. O comportamento da maioria dos habitantes é tão horroroso e tão carregado de todo tipo de preconceitos que a pior cidade mal assombrada do mundo parece um parquinho perto daquilo.

Sobre a parte impressa, a edição que li possui a jacket do capítulo dois do filme, mas a capa interna permanece a original. Letras miúdas também não poderiam faltar, mas o trabalho de diagramação em si é ótimo.

Enfim, depois de mais de mil páginas é difícil simplesmente não gostar. O livro tem algumas falhas, sim, mas é um livro de terror clássico e deveria ser leitura obrigatória para os fãs do gênero e do autor. Além das cenas terríveis, a história no geral fala de amizade, dos infortúnios da vida e sobre a batalha travada contra os piores medos das pessoas.

A Incendiária - Stephen King

14 de outubro de 2019

Título: A Incendiária
Autor: Stephen King
Editora: Suma de Letras
Gênero: Suspense/Sobrenatural/Sci-fi
Ano: 2018
Páginas: 450
Nota:★★★★☆
Sinopse: Uma criança com o poder mais extraordinário e incontrolável de todos os tempos. Um poder capaz de destruir o mundo.
Andy e Vicky eram apenas universitários precisando de uma grana extra quando se voluntariaram para um experimento científico comandado por uma organização governamental clandestina conhecida como “a Oficina”. As consequências foram o surgimento de estranhos poderes psíquicos — que tomaram efeitos ainda mais perigosos quando os dois se apaixonaram e tiveram uma filha. Desde pequena, Charlie demonstra ter herdado um poder absoluto e incontrolável. Pirocinética, a garota é capaz de criar fogo com a mente.
Agora o governo está à caça da garotinha, tentando capturá-la e utilizar seu poder como arma militar.
Impotentes e cada vez mais acuados, pai e filha percorrem o país em uma fuga desesperada, e percebem que o poder de Charlie pode ser sua única chance de escapar.

Resenha: Quando um grupo de universitários se voluntariam para um misterioso experimento científico comandado por uma organização governamental clandestina conhecida como A Oficina, eles não imaginavam quais seriam as consequências ao terem contato com o composto químico "lote 06"... Andy e Vicky foram cobaias sobreviventes ao experimento. Poderes psíquicos se manifestaram e alteraram seus DNA's. Eles passaram a ser capazes de mover objetos com a mente, se comunicarem através de pensamentos e até influenciar o pensamento alheio. Mas algo não previsto pela Oficina foi a união desses dois, e tudo mudaria quando o casal teve uma filha, Charlie. Ela tem sete anos, mas desde muito pequena já estava bem claro que ela havia herdado um poder grandioso e sobrenatural, o dom da pirocinese, o poder de criar fogo com a força da sua mente. Ela tenta controlar essa habilidade, mas quando o governo passa a persegui-la com intenção de usar os poderes dela como arma militar, Charlie e o pai, Andy, decidem fugir para contarem para o mundo a história real do que aconteceu, mas será que vão conseguir quando o mundo estiver em chamas?

O livro é narrado através da perspectiva de vários personagens, o que torna a trama bem mais interessante e dinâmica já que há um ponto de vista diferente para uma mesma situação de acordo com o personagem da vez.
A medida que o passado de Andy e da filha vem à tona, assim como o interesse real da Oficina em seu objetivo de capturar os dois, é possível estar na cabeça dos personagens, acompanhar suas angústias, seus medos e suas virtudes. E da mesma forma temos acesso a personalidade complexa de Rainbird, o agente que está os perseguindo. Sua frieza e crueldade na forma de agir chegam a ser assustadoras, e com certeza ele entra pro time de personagens icônicos e psicóticos do autor, com características peculiares que os tornam tão obsessores quanto maquiavélicos em seus terríveis objetivos.

Por ter sido inicialmente lançado nos anos oitenta, há diversas referências da época e é impossível não sentir aquela nostalgia devido ao estilo, pois como tudo é muito bem detalhado, é perfeitamente possível imaginar e visualizar todo o cenário que foi palco para grandes acontecimentos marcantes.

A Incendiária é uma leitura cheia de suspense cuja trama é movimentada de acordo com o desenvolvimento das relações entre os personagens e do constante perigo enfrentado por Charlie e seu pai enquanto fogem e tentam ficar um passo a frente dos vilões. No início, assim como a maioria dos livros de King, há muitos detalhes e descrições minuciosas acerca de acontecimentos e situações que ocorreram antes da fuga de pai e filha. Essas cenas se alternam, passado e presente, para uma melhor compreensão do que está acontecendo, e o que aconteceu antes que interferiu diretamente no destino dos dois. Porém, o excesso tornou algumas partes um tanto longas, com informações repetidas e até desnecessárias.
Sei que faz parte do estilo do autor, mas chega a ser um pouco cansativo acompanhar uma história que deveria ser frenética, mas que acaba sendo "quebrada" por tantas interrupções feitas pelo próprio autor.

O projeto gráfico do livro, assim como os demais da Coleção Biblioteca Stephen King, está divino. A capa com textura meio emborrachada e com detalhes em alto relevo enriquecem a obra, assim como a diagramação e os detalhes internos que simulam páginas "queimadas".

No mais, o livro talvez esteja mais pra um thriller com toques de ficção científica e muito suspense do que pro terror propriamente dito, mas é leitura muito indicada, principalmente para os fãs do autor.

O Iluminado - Stephen King

19 de setembro de 2019

Título: O Iluminado
Autor: Stephen King
Editora: Suma de Letras
Gênero: Suspense/Sobrenatural
Ano: 2017
Páginas: 520
Nota: ★★★★★
Sinopse: O lugar perfeito para recomeçar, é o que pensa Jack Torrance ao ser contratado como zelador para o inverno. Hora de deixar para trás o alcoolismo, os acessos de fúria e os repetidos fracassos. Isolado pela neve com a esposa e o filho, tudo o que Jack deseja é um pouco de paz para se dedicar à escrita.
Mas, conforme o inverno se aprofunda, o local paradisíaco começa a parecer cada vez mais remoto... e sinistro. Forças malignas habitam o Overlook, e tentam se apoderar de Danny Torrance, um garotinho com grandes poderes sobrenaturais.
Possuir o menino, no entanto, se mostra mais difícil do que esperado. Então os espíritos resolvem se aproveitar das fraquezas do pai...
Um dos livros mais assustadores de todos os tempos, O iluminado é uma das obras mais consagradas do terror.

Resenha: O Hotel Overlook é um lugar paradisíaco que atrai muitos hóspedes e turistas por suas peculiaridades, mas que só fica aberto ao público durante a metade do ano. Durante o inverno ele fica fechado, pois o alto volume de neve impossibilita as visitas. Mas mesmo que não haja hóspedes, o Hotel requer um profissional faça a devida manutenção para que as coisas são se deteriorem enquanto permanece fechado. Assim, numa tentativa de recomeçar, deixar os problemas pra trás e se tornar um homem melhor, Jack Torrance acaba aceitando o emprego de zelador de inverno, assim ele poderia aproveitar o isolamento para se aproximar e melhorar o relacionamento, um tanto abalado, com sua esposa, Wendy, e o filho de cinco anos, Danny, e ter o merecido sossego para se concentrar e se dedicar à escrita. A família Torrance logo se muda para o Hotel, e a medida que o inverno se torna cada vez mais intenso e rigoroso, coisas estranhas começam a acontecer naquele local remoto e sinistro... O Overlook está tomado por forças malignas que mexem com seus novos moradores, criando visões e os perturbando de forma que eles não conseguem distinguir o que é real ou ilusão. Danny, o único filho de Jack, ainda não sabe, mas ele é dotado de poderes sobrenaturais e é, como dizem, um Iluminado. Os espíritos que habitam o Hotel fazem diversas investidas a fim de possuir o menino, mas isso acaba sendo uma tarefa mais difícil do que parece, pois mesmo sendo uma criança, Danny é muito poderoso... Assim, eles resolvem se aproveitar das fraquezas de Jack, que embora esteja tentando, não consegue se livrar dos fantasmas de seu passado e acaba ficando suscetível às investidas obscuras desses seres do mal.

O Iluminado é um clássico da literatura, e não poderia ser muito diferente visto que foi escrito pelo mestre Stephen King. O homem realmente faz jus ao seu nome. Embora o início seja um tanto monótono, com tantas descrições minuciosas a fim de apresentar personagens e o funcionamento do Overlook e seus detalhes, é inegável que o terror psicológico presente na narrativa prende o leitor do começo ao fim. A leitura em si flui bem, mas não é um livro rápido de ser lido. Eu demorei pra digerir os acontecimentos pois há uma carga dramática bastante pesada sobre os personagens, e o terror em volta deles deixa tudo ainda mais denso, usando do sobrenatural para evidenciar um lado sombrio e doentio do ser humano.

A história traz poucos personagens, e isso acaba dando mais espaço para que eles possam ser desenvolvidos, mostrando gradualmente suas evoluções a medida que a influência do Overlook, que também é um personagem, os afeta. Logo, a construção de personagens é um show a parte, e o misto de sensações que sentimos durante a leitura chega a ser inexplicável. Danny é um doce de garoto e é ele quem divide o protagonismo da trama com o Hotel. Mesmo que seja ingênuo e inocente como qualquer criança dessa idade, ele tem personalidade forte e uma inteligência fora do comum, fazendo com que ele praticamente bata de frente com qualquer adulto, gerando os melhores diálogos do livro.
Wendy é uma mãe dedicada cujo filho é seu bem mais precioso, e desde o início é possível perceber que, embora ela pareça submissa e esteja presa num fucking relacionamento abusivo, ela tem seus motivos plausíveis para não jogar tudo pro alto e ir embora. Na verdade ela é uma mulher que tira forças do além pra suportar o marido e manter ela e o filho seguros, e talvez o inferno que ela tenha passado foi justamente o que lhe deu a força necessária para que ela tenha conseguido fazer o que fez no final das contas.

Ver como eles lidam com Jack, que enlouquece cada vez mais, é impressionante. O homem está sob uma influência incontrolável que o torna cada vez pior, então tudo o que "aparentemente" ele fez "sem querer", acaba se intensificando ainda mais, e o que ele causa no leitor é um misto de pena com raiva. O pavor que o Hotel causa também não é algo a ser ignorado. Cheguei a arrepiar várias vezes em algumas cenas totalmente macabras. O melhor de tudo é que as cenas são descritas com uma sutileza ímpar, não há exposições baratas e horror gratuito, e o que mexe com nosso psicológico é a ideia de presenças malignas influenciando pessoas, trazendo o que há de pior nelas à tona. Angústia, desespero, medo e tensão são sensações inevitáveis durante essa leitura, e já fazia muito tempo que um livro não mexia comigo dessa forma. De causar aquela ressaca literária.

Quem viu o filme dirigido por Stanley Kubrick sabe que foi uma excelente adaptação (embora o final seja diferente), mas o livro... O livro, meus amigos, tem todo um estilo único que consegue ser infinitamente melhor.

O Arcano Nove - Meg Cabot

4 de abril de 2019

Título: O Arcano Nove - A Mediadora #2
Autora: Meg Cabot
Editora: Galera Record
Gênero: Fantasia/Jovem adulto
Ano: 2001
Páginas: 270
Nota:★★★★☆
Sinopse: Para uma adolescente, trocar de cidade pode ser um trauma. Para Suzannah, a mudança de Nova York para Califórnia está sendo ótima: novos amigos, muitas festas e dois caras bonitões e muito interessantes. Só que um deles é um fantasma. E o outro pode matá-la. Suzannah é uma mediadora, uma pessoa capaz de se comunicar com os mortos e resolver as pendências deles na Terra. A velha casa para onde se mudou com a mãe e o padrasto é assombrada por Jesse, um fantasma jovem e gentil. Como Jesse não liga muito para ela (e, além do mais, está morto), Suzannah se entusiasma com o interesse de Tad Beaumont, o garoto mais cobiçado da cidade. Mas o fantasma de uma mulher, cujo assassinato pode ter relação com um mistério no passado de Tad, a atormenta. E a vida de Suzannah pode estar ameaçada. Ser adolescente é complicado. O que dizer de uma garota que precisa dividir sua atenção entre a própria vida e a morte dos outros?

Resenha: As peripécias de Suzannah continuam nesse segundo volume da série A Mediadora, e dessa vez, a patricinha super badass arrumou mais um problema pra sua cabeça. Enquanto Suze se adapta à nova vida na Califórnia, com a ajuda de padre Dominic, ela precisa "cuidar" dos fantasmas que deixaram alguma pendência que aparecem. Tudo estava indo bem, obrigada, até que Suze recebe a visita de uma fantasma que insiste que ela deve dar um recado para alguém chamado "Red". A fim de ajudar a mulher morta, Suze começa a fazer suas investigações e acaba sendo levada a Tad Beaumont, um garoto liiiindo e super cobiçado pelas garotas, que ela havia conhecido a um tempo atrás. Essa aproximação com Tad desperta uma curiosidade maior em Suzannah, afinal, Jesse, o fantasma super gentil e bonito que habita em seu quarto, aparentemente, não quer nada com ela - e, tecnicamente, tal relacionamento seria impossível -. Logo, não seria mal arrumar um namorado e curtir um pouco pra se distrair de tanta confusão. Mas a medida que ela investiga mais sobre Tad e sua família por causa do fantasma da mulher que lhe pediu ajuda, ela percebe que corre risco de vida quando descobre mais do que deveria...

Seguindo o mesmo padrão do livro anterior, a narrativa e feita em primeira pessoa pelo ponto de vista de Suze e, embora sua personalidade e comportamento não tenham sofrido muitas mudanças, ela continua impagável, tanto no bom humor, quanto na forma de resolver as questões sobrenaturais no braço ou na bicuda, mas também nos deparamos com algumas situações onde sua futilidade e suas ações impulsivas, muitas vezes irritam um pouco. Sua preocupação com a aparência, ou a maneira como ela se sente no direito de julgar os outros de acordo com o que fazem ou deixam de fazer, é bastante questionável, mas chega a ser compreensível se levarmos em consideração que a menina ainda é uma adolescente, sua vida está virada de cabeça pra baixo depois de tantas mudanças, e ela ainda tem que lidar com um dom maluco que não pediu pra ter. Padre Dom insiste muito para que Suzannah aprenda a tratar melhor os fantasmas, explicando a situação dessas almas perdidas e necessitadas de ajuda na maior paciência do mundo, e a menina está lá, aérea e nada interessada no que ele tem a dizer, pensando em coisas aleatórias como plantas que dão alergia. Ela só recorre a ele quando lhe convém. Ainda falta um longo caminho de aprendizado e amadurecimento pela frente, então vamos aguardar com paciência, pois ela é bem teimosa, mas não chega a ser um caso perdido.

Jesse continua um fantasma super fofo e ele acaba sendo o responsável por salvar a história toda vez que aparece. Ele é bastante reservado, não gosta de falar sobre sua própria morte, tem uma mania super esquisita de sumir ou aparecer do nada para Suzannah (o que a deixa morta de raiva), mas a ligação entre os dois só cresce, as conversas se intensificam, e a curiosidade só aumenta. Os momentos entre os dois são hilários, a forma como Suze fica desconcertada e com a voz esganiçada ao conversar com ele é muito engraçada. Ela, obviamente, fica balançada pelo charme de Jesse, mas ambos sabem que, por mais que algo esteja florescendo entre os dois, é um relacionamento impossível de se firmar, por isso Tad entra na parada. Ele inclusive tem seus segredos e é rodeado por mistérios que se alongam em excesso, mas seu papel na história até que foi bem colocado.

Os novos amigos de Suze, Adam e Cee Cee, são ótimos, mas por mais que sejam carismáticos e companheiros, eles, assim como os demais personagens secundários incluindo a família nova e seus irmãos postiços, não ganham tanto aprofundamento, e eles acabam perdendo espaço para os fantasmas.

O mistério acerca de Red foge de maiores clichês e, embora não seja bombástico, surpreende pelo rumo que toma. A história de forma geral é leve e divertida, e funciona muito bem como leitura rápida para curar uma ressaca literária, logo não há tantas reviravoltas mirabolantes ou complexidade na trama para fervilhar nossas cabeças. O único porém é que Meg Cabot relembra constantemente acontecimentos do livro anterior, talvez para refrescar a memória do leitor, e isso acaba tornando a história repetitiva e um pouco cansativa pra quem ler os livros em sequência.

No mais, O Arcano Nove foi uma boa sequência. Tem algumas passagens confusas e meio nonsense, eu admito, mas se tratando de Meg Cabot, e de uma protagonista maluca que esmurra caras fantasmagóricas, podemos esperar qualquer coisa.

A Terra das Sombras - Meg Cabot

24 de março de 2019

Título: A Terra das Sombras - A Mediadora #1
Autora: Meg Cabot
Editora: Galera Record
Gênero: Fantasia/Jovem adulto
Ano: 2000
Páginas: 288
Nota:★★★★☆
Sinopse: Falar com um fantasma pode ser assustador. Ter a habilidade de se comunicar com todos, então, é de arrepiar qualquer um. A jovem Suzannah seria uma adolescente novaiorquina comum, com seu indefectível casaco de couro, botas de combate e humor cáustico, se não fosse por um pequeno detalhe. Ela conversa com mortos. Todos eles. Qualquer um. Ela é uma mediadora, em termos místicos, uma pessoa cuja missão é ajudar almas penadas a descansar em paz. Um dom nada bem-vindo e que a deixa em apuros com mãe e professores. Como convencê-los da inocência nas travessuras provocadas por assombrações?

Resenha: A Terra das Sombras é o primeiro volume (de sete) da série A Mediadora, da autora maravilhosa, ilustre e diva Meg Cabot. Suzannah Simon é uma adolescente de dezesseis anos que se muda de Nova York pra Califórnia devido ao segundo casamento de sua mãe com Andy, que já é pai de três filhos. Ela é uma garota de humor ácido e aparentemente normal, se não fosse pela sua personalidade "forte" e seu dom de ver de fantasmas, e de chutar suas bundas quando se recusam a colaborar. Suze é uma mediadora, e sua missão é ajudar essas almas a resolverem seus assuntos pendentes para que possam passar para o outro lado e descansar em paz, mesmo que seja à força ou na base da porrada.
Quando ela chega na Califórnia, se depara com uma casa vitoriana bastante antiga onde seria seu novo lar, mas o que ela não esperava era ter que dividir seu quarto com Jesse, o fantasma de um jovem hispânico, lindo e encantador que está preso alí há cento e cinquenta anos. E como se não bastasse, a nova escola em que ela vai estudar está sendo assombrada por uma ex-aluna que se suicidou e quer se vingar do ex-namorado a qualquer custo, ameaçando a segurança dos outros alunos. Assim, Suzannah, com a ajuda do padre Dominic (que também é um mediador) entra em cena com seus poderes para ajudar os novos colegas de escola e seus professores.

Lembro que li os seis primeiros livros entre 2010-2011 mas até hoje a história está bem fresca na minha memória, coisa que é bem difícil de acontecer com a maioria dos livros que leio.
Por mais que a história seja voltada para um público mais adolescente, o que acaba conquistando o leitor é a narrativa. O livro traz uma história bem teen e sobrenatural, é super rápido de ser lido devido a escrita fácil e envolvente, os toques hilários de muito bom humor e um pouco de romance, e os personagens são muito bem construídos. Não nego que há algumas inconsistências que tornam algumas cenas um tanto questionáveis, principalmente quando partem de algo que já existe em determinadas crenças/religiões e no livro acaba sendo um pouco distorcido, mas relevei esses pontos considerando que se trata de uma fantasia. Se não é algo que comprometa a história de forma geral, então está tudo bem, mesmo que a autora pudesse ter feito uma pesquisa um pouco mais elaborada para tornar as ações dos personagens mais "realistas".

A história é narrada em primeira pessoa pelo ponto de vista da protagonista e inicialmente, por mais "badass" que ela seja, é possível revirar os olhos para seu comportamento e atitudes em alguns momentos. Às vezes, Suze se comporta feito uma criança mimada, egoísta e birrenta, e a vontade é de lhe dar uns chacoalhões para aprender a ter um pouco mais de noção, pois nem tudo se resolve no braço ou do jeito que ela acha que deve, mas também tenho que admitir que quando a coisa começa a ficar tensa, só tive admiração por ela ser uma garota tão jovem, mas tão cheia de coragem para enfrentar perigos sem se deixar abalar. Outra pessoa no lugar dela, tendo que lidar com o que ela lida, no mínimo, borraria as calças. Assim, vamos acompanhando a rotina de Suzannah ao se adaptar numa nova cidade, numa nova escola, numa nova casa com uma nova família, ao mesmo tempo em que tenta convencer Heather, o fantasma da menina que se suicidou, a se desprender de suas mágoas para que ela, enfim, possa seguir em direção a luz. Mas se não é fácil lidar com os vivos, imaginem com os mortos, principalmente os teimosos?

Os personagens secundários colaboram para o desenvolvimento não só da trama, mas do crescimento e amadurecimento pessoal de Suze, então vemos a importância da família, mesmo aqueles que já morreram mas se recusam a partir, e dos amigos. O bacana dos livros da autora é que ninguém que aparece na história fica completamente esquecido ou não tem alguma função que tenha alguma relevância.
Padre Dom, por exemplo, é o padre da escola. Ele bastante bondoso e vai auxiliar Suzannah (ou pelo menos tentar) em suas missões com os fantasmas de uma forma que ela seja mais paciente e não trate as almas penadas e teimosas como lixo. Jesse também é um fofo e consegue ser o melhor personagem da história, e sua forma de tratar Suze com tanto carinho, a chamando de "hermosa" e tudo mais, é muito bonitinho.

No mais, pra quem procura por um livro divertido e despretensioso, rápido de ser lido e que, com certeza, ajuda a sair de uma ressaca literária, é leitura mais do que indicada.

Na Telinha - iZombie (1ª Temporada)

4 de maio de 2018

Baseada na HQ iZombie, da Vertigo (selo da DC Comics)
Título: iZombie (iZombie)
Temporada: 1 | Episódios: 13
Elenco: Rose McIver, Malcolm Goodwin, Rahul Kohli, Robert Buckley, David Anders, Aly Michalka, Robert Knepper
Gênero: Policial/Sobrenatural/Terror/Comédia
Ano: 2015
Duração: 42min
Classificação: +14
Nota:
Sinopse: Olivia "Liv" Moore é doce, disciplinada, e uma médica residente com sua trajetória de vida completamente traçada... até a noite em que ela vai à uma festa e se transforma, inesperadamente, em uma zumbi. Agora, como uma morta-viva, ela consegue um emprego em um necrotério para ter acesso aos cérebros dos quais deve se alimentar para manter sua sobrevivência. Mas, a cada cérebro que ela consome, ela herda as memórias de quem ele habitava.

Olivia Moore é uma médica que, após ter sido transformada em zumbi num verdadeiro massacre que aconteceu em uma festa no Lago Washington, abandona sua carreira no hospital e rompe com seu noivo, Major Lilywhite, para trabalhar no necrotério da polícia de Seattle, pois alí ela estaria muito bem servida, obrigada. Como zumbi, além de ficar com a pele pálida e o cabelo platinado, características padrão de zumbis, ela passa a ter a necessidade de comer cérebros, pois só assim ela não se transforma num monstro selvagem que poderia causar o apocalipse. Um zumbi bem alimentado é um zumbi feliz ♥.


Mas o que ninguém imaginava era que, ao comer os cérebros dos defuntos, Liv passa a ter pequenos flashes em primeira pessoa das memórias armazenadas e que antecedem suas mortes, e, para o caso da morte ser um crime, isso acaba sendo de grande ajuda nas investigações.
Agora, com a ajuda de seu chefe e confidente, o Dr. Ravi Chakrabarti, o único que sabe que ela é uma zumbi, Olivia faz de tudo para manter sua condição em segredo ao mesmo tempo que se passa por uma "vidente" para ajudar o detetive cético Clive Babineaux a investigar os crimes que, aparentemente, não parecem ter solução.


Pela série ser baseada na HQ homônima, tanto a abertura quanto as mudanças de "capítulos" são em forma de ilustrações, o que acaba dando um ar bastante descontraído à série. Encontramos mortes horríveis, bastante sangue e um cardápio bastante variado - e grotesco - , desde que se mantenha o ingrediente essencial - os miolos - e que sempre é apresentado através de uma receita diferente e bastante "apetitosa", e com direito a todos os tipos de pimentas das mais ardidas que podem ser encontradas nos supermercados.


A roupagem nova que os zumbis da série ganharam, onde eles podem viver em sociedade sem levantar suspeitas, desde que não lhes faltem cérebros, protetor solar, muita pimenta e, em alguns casos, tinta de cabelo e bronzeamento artificial, é bastante original e interessante e, embora cada episódio se destine a uma morte e um crime distintos, há uma trama que segue pela série onde o zumbi que transformou Liv, Blaine "DeBeers" McDonough, é o principal vilão.


Ele quer ser poderoso e cheio do dinheiro e, pra conseguir atingir seus objetivos, começa a transformar os maiores ricaços da cidade em zumbis para que ele seja o único fornecedor de cérebros para eles. Obviamente ele não recorre aos meios "legais" para tal, principalmente por saber que a existência dos zumbis ainda devem se manter em segredo, então muitos dos crimes a serem resolvidos estão ligados diretamente a esse "negócio" e o que seus capangas/funcionários fazem. O problema é que seus métodos para conseguir cérebros acaba interferindo no trabalho do ex-noivo de Liv, que é assistente social, pois vários garotos de rua começam a desaparecer e Major não pensa duas vezes quando decide fazer as próprias investigações, pois percebe que a polícia não o ajudaria da forma como ele gostaria.


Essa primeira temporada é introdutória, mas conseguiu apresentar os personagens do elenco principal de forma bastante satisfatória e divertida, tanto em objetivos quanto na questão da construção de cada um deles. Por mais que algumas questões acerca das mortes e dos crimes possam ser sérias e pesadas, ainda há espaço para tiradas hilárias e várias referências à cultura pop. Ravi, por exemplo, é um médico legista e cientista inglês (com aquele sotaque carregado) que nas horas vagas trabalha na cura a partir do que ele acredita ser a causa do zumbiismo, o que também dá espaço pra outros plots bem interessantes dentro da trama, mas ele também é super nerd, fã de Star Wars, games, RPG, HQ's e afins. As cenas mais engraçadas, em grande maioria, são protagonizadas por ele. E assim como Ravi, os demais personagens tem seus próprios arcos, sendo possível focar em outros tipos de acontecimentos de suas vidas que nem sempre estão ligados à Liv, como momentos do passado de cada um ou coisas que podemos esperar em episódios e temporadas futuras a partir de suas decisões.


Liv é uma das protagonistas mais peculiares que já acompanhei. Embora ela tenha sido apresentada como uma pessoa doce, certinha e decidida, a medida que ela come os miolos do defunto da semana, ela absorve a personalidade dele e seu comportamento muda drasticamente, seja no jeito de andar, agir, falar e vestir. O detetive Clive fica intrigado com tantas mudanças de comportamento de sua parceira, mas por não saber, e porque não iria mesmo acreditar na condição dela, ele só considera que ela é um tipo de vidente estranha. E ainda temos o relacionamento dela com Major, pois como ele é um cara super bacana, ela não quer perder o contato com ele, então por mais que ela ainda goste dele, e ele dela, Liv prefere manter as coisas na base da amizade para não colocar a vida dele em risco.


Eu realmente tenho que bater palmas para a atuação de Rose McIver para esse papel, pois não deve ser fácil interpretar tantas pessoas diferentes sendo uma só. E apesar do penteado de Liv ser uma graça, é impossível não notar que é uma baita peruca (o que é compreensível, afinal, manter um cabelo platinado não é algo tão fácil... Daenerys quem o diga)... Os cérebros de gelatina também não enganam muito, mas isso é um fator que deixa os episódios ainda mais nojentos (e engraçados).


Enfim, pra quem gosta do gênero policial/investigativo e gosta do universo sobrenatural dos zumbis, iZombie é uma ótima pedida. A série é viciante e deliciosamente divertida.

Na Telinha - Death Note (Anime)

14 de setembro de 2017

Série baseada no mangá de Takeshi Obata e Tsugumi Ôba
Título: Death Note
Episódios: 37
Produção: Madhouse
Gênero: Anime/Thriller/Sobrenatural
Ano: 2006
Duração: 22min
Classificação: 16 anos
Nota:
Sinopse: Light Yagami é um genial estudante entediado com a vida que leva. Mas sua via está prestes a mudar de uma forma que ele nunca poderia imaginar. Light encontra um misterioso caderno chamado Death Note e descobre que com ele é possível matar quem quiser – desde que siga as regras escritas no próprio caderno. O rapaz então passa a testar o Death Note e pouco a pouco vai aprendendo a usá-lo até o ponto que decide varrer a escória da sociedade do planeta. Dotado de grande senso de justiça, ele começa a usar o caderno maldito para eliminar criminosos do mundo inteiro e começa a ganhar notoriedade na internet e nos demais meios de comunicação. Os atos do estudante começam a ser vistos com bons olhos por muitas pessoas que, sem saber sua identidade, passam a chamá-lo de Kira, termo adaptado do inglês “Killer” (assassino). Os atos de Light começam a chamar a atenção das autoridades mundiais. Sem pistas de quem seria Kira, entra em cena o exótico detetive conhecido apenas como L. Começa aí um jogo de “gato e rato” entre duas mentes brilhantes. De um lado Light e seu Death Note, do outro L e a polícia do Japão. E, assistindo a tudo, está Ryuk, o Shinigami – ou Deus da Morte – que jogou de propósito o Death Note no Mundo dos Humanos para se divertir um pouco. 

Quando Ryuk, um dos deuses da morte do reino dos Shinigamis, não suporta mais o tédio de sua vida e do lugar em que vive, ele lança seu caderno na Terra esperando que alguém o encontre...
O caderno, chamado de Death Note, é um instrumento sobrenatural que funciona a base de várias regras, mas, basicamente, faz com que quem tenha o nome escrito nele, morra.


Light Yagami, um estudante excepcional de dezessete anos, mas entediado com a sua rotina, acaba encontrando o Death Note, que cai na área da escola onde ele estuda. Quando Light descobre o que o caderno faz, decide usá-lo anonimamente para varrer o mundo dos criminosos e se tornar um tipo de deus da justiça, criando um mundo melhor e livre de todo o mal e podridão. Cinco dias depois de Light tomar posse do Death Note e ter dado fim nos piores criminosos do mundo, Ryuk desce à Terra, mais precisamente em Tóquio, e se surpreende com a frequência com que o caderno foi usado por Light. Assim, Ryuk passa a acompanhá-lo para observar os acontecimentos que surgem em decorrência do caderno, só pra se divertir, já que Light é o único humano que ele conheceu que não está poupando esforços para disparar nomes alí desenfreadamente.
Mas, com as mortes de tantos criminosos acontecendo e sendo noticiadas pela mídia sensacionalista e aproveitadora que busca audiência incessantemente, a população teme, mas aclama o justiceiro anônimo como Kira. Porém, a onda de mortes desses criminosos, que tiveram seus nomes escritos no caderno por Light, imediatamente chama a atenção da polícia. As mortes em massa, mesmo que todas tenham sido paradas cardíacas, são consideradas assassinatos, e o responsável é tão criminoso quanto os que morreram, portanto deve ser condenado.



Sem pistas de como os bandidos estão sendo mortos, resta a polícia recorrer ao misterioso e anônimo L, o detetive mais inteligente e sagaz que existe e que sempre solucionou um caso, por mais impossível que pareça. L, então, inicialmente representado por seu tutor, Watari, se une a polícia e começa a usar sua genialidade para liderar o caso a fim de desvendar a verdadeira identidade de Kira para que ele possa ser responsabilizado pelas mortes e pagar por esses crimes.
Aproveitando que seu pai é um policial que está trabalhando no caso, Light tem acesso a informações exclusivas que o ajudam a tomar decisões baseadas nos próximos passos de L.
Porém, Light/Kira não tem a menor intenção de ser pego, e aproveitando de sua inteligência fora do comum, fará de tudo para não só evitar ser descoberto, como também descobrir a identidade de L para impedi-lo de progredir com as investigações, nem que para isso Light tenha que anotar o nome dele no Death Note...


Assim, uma incrível batalha intelectual é travada entre Light e L, onde um tenta descobrir a identidade do outro, usando de artimanhas psicológicas, genialidade, brilhantismo, poderes incríveis de dedução, manipulação e persuasão, para atingir seus objetivos. É como se um pudesse entrar na cabeça do outro para saber o que pensam, e assim tentam agir de acordo com o que o outro não espera.

Pra ser sincera, eu acho que devia estar morando numa caverna, pois nunca tinha ouvido falar de Death Note na minha vida até recentemente ter visto a empolgação do povão quando a Netflix anunciou que faria uma adaptação do mesmo. Porém, com o lançamento do dito filme e as posteriores manifestações descontentes e indignadas dos fãs (incluindo ameaças de morte ao infeliz diretor), decidi conferir a fonte antes de arriscar assistir ao filme, pois assim já saberia exatamente do que se trata, além de não criar expectativas que poderiam não ser superadas (coisa que geralmente acontece em adaptações na maioria das vezes). Para a minha satisfação e alegria, eu simplesmente amei o anime, tanto que assisti os 37 episódios em dois dias. É viciante, empolgante, e a curiosidade pelos próximos acontecimentos é algo incontrolável. É aquele tipo de material que a gente assiste e quer sair por aí comentando e indicando pra todo mundo que aparece pela frente como se não houvesse amanhã.

Light Yagami


Light é um adolescente que tem total ciência dos poderes do Death Note, e a medida que a trama se desenvolve, ele vai se revelando cada vez mais perspicaz, conseguindo enganar L e a polícia e se deixando corromper, de forma gradual, por ter algo em mãos que o torna tão poderoso. Inicialmente ele mesmo se questiona sobre ser um assassino e sobre o direito de julgar os outros, mas Light acaba usando sua inteligência para convencer, manipular e enganar os outros para preservar sua identidade, mesmo que pra isso ele tenha que eliminar gente de bem que possa representar um possível risco a ele, e assim, poder concretizar seus planos de se tornar o deus que quer transformar o mundo num lugar melhor.

L

L é um detetive genial e excêntrico, que adora açúcar e vive rodeado de doces. Ele tem um comportamento muito peculiar, principalmente na forma de se sentar. L preserva sua identidade até que num determinado ponto, a fim de obter mais informações sobre Light, assim como a total confiança da polícia, não tem outra alternativa a não ser revelar seu rosto. Com o progresso das investigações e deduções, ele passa a suspeitar de Light, mas por falta de provas não pode acusá-lo, o que leva L a vigiá-lo o tempo todo.

A forma como o núcleo da família Yagama é trabalhado também é um dos pontos altos do anime, seja pela preocupação da mãe com as notas do filho para que ele entre na faculdade e seja bem sucedido, o amor fraterno com a irmã mais nova que é empolgada e grande admiradora do irmão, mas principalmente com relação ao pai de Light, pois por mais que ele seja ausente devido ao trabalho, a família é unida e amorosa, e a ideia de ter um filho criminoso não é aceitável, tanto que o pai colabora com L nas investigações contra o próprio filho, mesmo que esperando provas de que Light não seja Kira.

Ryuk e Light

Ryuk é espectador de tudo o que acontece. Ele está alí apenas para observar Light/Kira sem interferir em absolutamente nada no que diz respeito as suas decisões. Ryuk não ajuda e não atrapalha, mas faz alguns pequenos favores para Light em troca de ganhar maças. Ele chega a oferecer seus olhos para Light, pois dessa forma ele conseguiria ver o nome da pessoa e os dias de vida que lhe restam, desde que olhe pra ela, mas esse acordo faz com que metade de sua expectativa de vida seja dada a Ryuk, e Light recusa, preferindo usar de sua inteligência para descobrir o que precisa.


Num determinado ponto da história, Misa Amane é inserida na trama e causa algumas reviravoltas bastante intrigantes. Ela é uma jovem celebridade que carrega o trauma de ter tido os pais assassinados, mas se tornou devota a Kira por ele ter matado o criminoso responsável pelo assassinato. Assim, ela passa a viver sua vida praticamente em função de encontrar Kira para se dedicar a ele como namorada submissa. E quando ele descobre que ela também tem um Death Note e pode lhe ser útil como a segunda Kira, não pensa duas vezes em usá-la, por mais que ele não tenha a menor paciência e não goste dela. Isso é bastante revoltante pois Misa, muitas vezes, sabe que está sendo usada e manipulada por Light, de forma até cruel, mas não se importa, desde que tenha ele por perto. É triste e revoltante ver que esse tipo de obsessão, pois ela não se dá o devido valor e Light se aproveita disso tirando o máximo de vantagem que pode.

Rem é a Shinigami, dona original do segundo caderno, que acompanha Misa, e diferente de Light e Ryuk, as duas fizeram o trato dos olhos. Assim Misa consegue ver o nome das pessoas flutuando em suas cabeças. Tal habilidade é extremamente atrativa e útil para Ligh/Kira, e esse é mais um dos motivos que o leva a mantê-la por perto.

Misa Amane

Ela inclusive dá um ar bastante cômico ao anime, principalmente por ser aquele tipo de personagem caricata e estereotipada, com corpão violão, peitolas, roupas provocantes, comportamento infantilizado e voz esganiçada que a tornam um tipo de ícone sexual para pervertidos ou coisa do tipo.

Rem acaba sendo uma deusa da morte oposta a Ryuk, pois embora ela também seja uma observadora, ela desenvolveu sentimentos por Misa a ponto de se preocupar com sua segurança e bem estar, e isso acaba sendo um grande problema já que há algumas regras com relação a isso que podem colocar várias coisas em risco.

Rem


Os demais personagens, mesmo que morram ou continuem vivos até o fim, são importantes e suas particularidades que os definem, desde suas personalidades, atitudes e características físicas. Ninguém aparece sem motivo, e mesmo que a participação seja curta, eles estão alí para mostrar as facetas e as várias camadas de Light, e até onde ele é capaz de ir para se manter Kira.

Um ponto mui importante é que a equipe investigativa sempre está alí dando duro para ajudar L na resolução do caso, e Matsuda, um dos policiais envolvidos, levanta questões morais bastante relevantes com relação as atitudes de Kira. Se Kira está matando todo o bando responsável por causar caos e sofrimento no mundo a ponto da população em sua grande maioria estar ao seu lado, é certo condená-lo?

L e a equipe de investigação


Não posso deixar de falar um pouquinho sobre o projeto gráfico da animação de forma geral e os detalhes que são impossíveis de não considerar. Os movimentos de câmera são dinâmicos e se encaixam com o momento. Alguns são lentos, outros apenas closes estáticos ou com enquadramentos específicos, outros são bem rápidos com alternância de focos em personagens distintos. É incrível como conseguiram transformar as cenas de um cara escrevendo de forma alucinada num caderno em verdadeiras cenas de ação que você vê e pensa "Noooooooooosssaaa, que doideira é essa!!".


O jogo de cores também é bem definido e contrastam uma com a outra de forma e tentar mostrar o "bem e o mal". O tom vermelho que paira sobre Kira durante suas "limpeza" acaba sendo um recurso bastante utilizado, assim como a iluminação que o retrata como alguém superior quando vem do alto, como se ele realmente estivesse se tornando uma divindade com o poder de decidir o destino alheio, ou quando tudo fica escuro, dando aquele ar sombrio e mostrando que da mesma forma que ele pode agir para um bem maior, ele também consegue ser extremamente demoníaco. Em contrapartida, os tons sobre L são azuis, de forma a evidenciar um tipo de neutralidade e até mesmo o mistério acerca de sua figura. As próprias características físicas de Light e L são opostas. L é pálido, desleixado, tem olheiras e aparenta ser maluco, enquanto Light é bem mais atraente. A trilha sonora também se encaixa perfeitamente com cada momento e dá o tom exato para cada cena e personagem. É algo voltado para o metal, que não curto muito, mas no caso desse anime a trilha se encaixou como uma luva.



E sim, como todo anime, há várias cenas exageradas, principalmente as de morte, algumas bem cômicas, e outras que estão alí sem nada acontecendo, apenas pra enrolar e ganhar tempo (lembra até aquelas lutas em Dragon Ball onde a poeira levava uma semana inteira pra abaixar), mas penso que tudo é um jogo psicológico para manter o espectador atento enquanto vibra pelo próximo passo inesperado e surpreendente de Light ou L.

Enfim, eu poderia continuar escrevendo um testamento eterno elogiando o anime e refletindo acerca das questões morais que ele aborda e como o intelecto é algo que com certeza define uma pessoa, mas é melhor você correr pra assistir e se empolgar, como eu e toda a legião de fãs se empolgou, caso ainda não tenha visto, ou principalmente se tiver assistido só ao filme e ter tirado conclusões baseadas somente nele.
Super indico!