Autora: Stephanie Garber
Editora: Novo Conceito
Gênero: Fantasia/YA
Ano: 2017
Páginas: 400
Nota:★★★☆☆
Sinopse: Scarlett nunca saiu da pequena ilha onde ela e sua irmã, Donatella, vivem com seu cruel e poderoso pai, o Governador Dragna. Desde criança, Scarlett sonha em conhecer o Mestre Lenda do Caraval, e por isso chegou a escrever cartas a ele, mas nunca obtivera resposta. Agora, já crescida e temerosa do pai, ela está de casamento marcado com um misterioso conde, e certamente não terá mais a chance de encontrar Lenda e sua trupe, mas isso não a impede de escrever uma carta de despedida a ele.
Dessa vez o convite para participar do Caraval finalmente chega à Scarlett. No entanto, aceitá-los está fora de cogitação, Scarlett não pretende desobedecer ao pai. Sendo assim, Donattela, com a ajuda de um misterioso marinheiro, sequestra e leva Scarlett para o espetáculo. Mas, assim que chegam, Donattela desaparece, e Scarlett precisa encontrá-la o mais rápido possível.
O Caraval é um jogo elaborado, que precisa de toda a astúcia dos participantes. Será que Scarlett saberá jogar? Ela tem apenas cinco dias para encontrar sua irmã e vencer esta jornada.
Resenha: Caraval, primeiro volume da duologia homônima escrita pela autora estreante Stephanie Garber, é uma das apostas de junho da Editora Novo Conceito.
Scarllet e sua irmã, Donatella, sempre ouviram as histórias da avó sobre as maravilhas mais incríveis já vistas proporcionadas pelo Caraval, um espetáculo itinerante e anual organizado por Mestre Lenda. O evento prometia muito mais do que uma simples apresentação, mas uma experiência emocionante e indescritível envolvendo sonhos, desejos, muita magia e, acima de tudo, um grande desafio...
Já fazia sete anos que Scarllet, interessada no espetáculo, enviava cartas todos os anos ao Mestre Lenda pedindo para que a cidade de Trisda, onde mora, pudesse sediar o Caraval, mas ele nunca a respondeu. Até que ela lhe escreve uma última vez falando sobre seu casamento arranjado com um conde desconhecido e, para sua surpresa, é respondida e convidada, junto com o noivo que nunca viu e a irmã, para a edição daquele ano. O problema maior é que o pai de Scarllet é conhecido não só por ser o Governador, mas por sua tirania, fome por poder e forma impiedosa e violenta de tratar as filhas de acordo com seus próprios interesses. Ele jamais permitiria que elas saíssem para participar de qualquer evento, principalmente nas vésperas do casamento da mais velha. As duas já estão saturadas de como são tratadas pelo pai e, enquanto Scarllet acredita que a única forma de se ver livre dele é se casando, mesmo que com um total desconhecido, Tella não vê outra saída a não ser fugir, e é exatamente isso que ela faz quando pede ajuda de Julian, um marinheiro cheio de segredos, e os dois praticamente sequestram Scarllet e partem rumo à ilha que serviria de cenário para a mais nova edição do Caraval.
Ao chegar lá, Tella desaparece como parte do jogo e Scarllet terá cinco dias para seguir várias pistas que deverão ser desvendadas a fim de que possa encontrar a irmã.
Narrado em terceira pessoa, a história soa confusa e arrastada em alguns pontos, e é conduzida de forma misteriosa com algumas frases que não parecem fazer muito sentido e nem devem ser lavadas ao pé da letra caso não queira que seu cérebro exploda (talvez de forma proposital, não sei) e com metáforas em excesso. A autora apresenta uma fantasia cuja construção de mundo é praticamente inexistente, onde os personagens são desenvolvidos baseados em alguns estereótipos batidos, como o pai controlador e cruel, a irmã mais velha que se preocupa com a mais nova inconsequente e até o mocinho misterioso que está alí pra ajudar mas acaba sendo par romântico da protagonista. Ainda que os elementos não pareçam muito criativos, é inegável que a forma como a história é apresentada ao leitor faz com que a curiosidade fale mais alto e, de forma geral, Caraval acabou se tornando uma surpresa muito agradável depois que me acostumei com o estilo da escrita da autora e me deixei levar pela trama. Num momento a história parece previsível, em outro a autora já muda o rumo pra algo totalmente diferente de forma que é impossível prever o que virá a seguir. E foi exatamente isso que me manteve presa à leitura de forma que eu tenha gostado, me fazendo questionar sobre a linha tênue que separa a fantasia da realidade, mas, principalmente, mostrando que é possível existir um amor fraternal e muito bonito entre duas irmãs tão diferentes uma da outra.
Scarllet, embora seja a irmã mais velha, parece não ter controle sobre a própria vida, como se sequer pudesse enxergar o que está diante dos próprios olhos. Ela é ingênua demais, medrosa, aceita e acredita em qualquer coisa e nunca questiona nada, talvez pelo pavor que sente do pai e o quanto sente necessidade de proteger a irmã, que ao contrário dela, é decidida, rebelde, corajosa e segura de si, mesmo que suas atitudes possam soar inconsequentes e malucas e a vontade seja de sacudí-la.
E não posso deixar de falar de Julian, que por mais misterioso que pareça, acabou se tornando meu personagem preferido além de ter um papel muito importante no desenrolar das coisas além de ser o responsável por impulsionar Scarllet para que ela saia daquela bolha e corra atrás do que quer e precisa.
Apesar dos personagens não possuírem nenhum desenvolvimento pessoal realmente relevante, a forma como são apresentados e o que se tornam após os acontecimentos que lhes servem como experiência foi algo satisfatório de se acompanhar, além de que o jogo em si é bastante intrigante.
Eu só não entendi a necessidade de se trazudir o nome de Mestre Lenda. Acho que o original, Legend, seria muito mais atrativo, convenhamos.
A falta de maiores detalhes sobre o cenário me deixaram com uma sensação de vácuo, como se a história se desenrolasse num lugar aleatório qualquer. Não me importo quando a história é ambientada num lugar que existe e é conhecido, que não requer maiores informações sobre sua existência nem coisa do tipo, mas, num mundo fictício que possui características próprias, a falta de um contexto histórico, pra pelo menos situar o leitor em meio a tal cenário, me incomoda um pouco, sim.
Como tive acesso ao ebook, não posso dar palpite sobre a parte gráfica do livro, mas ainda assim só tenho elogios à capa ornamentada e a tipografia utilizada alí.
Em suma, Caraval é um livro pra quem gosta de fantasia com toques de romance e muita aventura. E embora a história pareça estranha inicialmente, posso dizer que a experiência será muito mais agradável e surpreendente se o leitor se deixar levar pelos pontos confusos. É estranho dizer isso, eu sei, mas a leitura é mais do que indicada e, ao final, você vai saber o motivo, principalmente ao chegar a conclusão de que haverão mais perguntas do que respostas, no sentido positivo da coisa...