Autor: Steven Erikson
Editora: Arqueiro
Gênero: Alta Fantasia
Ano: 2018
Páginas: 816
Nota:★★★★★
Sinopse: Já se passaram dez anos desde que Laseen tomou o trono com um ardil traiçoeiro, mas, à medida que o Ano de Dryjhna se aproxima, o Império Malazano se vê à beira da anarquia, enfraquecido pelos acontecimentos na cidade de Darujhistan. Muitas das regiões controladas pelo punho de ferro da imperatriz ameaçam acender a fagulha da revolução.
No meio do vasto domínio das Sete Cidades fica o Deserto Sagrado Raraku, onde estão os resquícios de incontáveis civilizações extintas há muito tempo. Nesse lugar repleto de segredos e magia, a Vidente Sha’ik e os seguidores do Apocalipse preparam um levante contra o poderoso império, conforme previsto nas antigas profecias.
Enquanto as forças convergem contra Laseen, ela reúne um exército de assassinos, feiticeiros e espiões para combater a rebelião e ampliar seu império cruel. Em meio a uma fúria e um poder jamais vistos, o mundo está prestes a mergulhar em uma guerra sangrenta, capaz de mudar os destinos de homens e civilizações, criando lendas que atravessarão os séculos.
Resenha: A história da série "O Livro Malazano dos Caídos" gira em torno da rebelião nas Sete Cidades. Enquanto o primeiro livro foi ambientado em Genabackis, este se passa dez anos depois dos acontecimentos anteriores, em Raraku, um outro continente. A maior parte do grupo de personagens permeneceu em Genabackis após os eventos finais do livro anterior, assim, Fiddler e Kalam seguiram para as Sete Cidades, onde uma rebelião estava prestes a eclodir devido a uma profecia que previa o Apocalipse. Quando a profetisa do Deserto Sagrado de Raraku receber o Livro de Dryjhna, ela receberá o espírito da deusa e a rebelião que visa libertar as Sete Cidades contra os Malazanos irá se erguer.
Dessa forma, com o Império prestes a se rebelar, as forças de Malazan são lideradas por Coltaine, um líder militar lendário e experiente que já havia liderado uma rebelião em outra ocasião.
Embora se trate de uma série, este volume é bem independente do anterior, já que traz novos personagens, se passa num lugar diferente e tem um plot diferente. Ainda assim, não acho que a leitura deva ser feita fora de ordem, pois é com o primeiro volume que somos apresentados a este universo fantástico para que, no segundo, já possamos estar habituados e tudo possa fluir melhor. Mesmo que seja mais complexo, a história acaba sendo mais fácil de seguir, principalmente devido a construção dos personagens cujo desenvolvimento de caráter, sentimentos e personalidades foram excelentes.
Narrado em terceira pessoa, a história aborda todos os aspectos de uma guerra, com batalhas sangrentas e jornadas de buscas pessoais que movimentam a trama e fazem com que o leitor mergulhe nesse universo surpreendente. A construção de mundo é fascinante, a forma como os plots se entrelaçam para que tudo faça sentido é incrível, e os elementos que compõe o enredo no que diz respeito a cultura e a atmosfera só enriquecem a trama.
As Sete Cidades retratam uma civilização desolada e em desespero devido às ruínas. E em meio a esse cenário de devastação, temos cinco histórias acontecendo paralelamente ao que se passa no Deserto Sagrado de Raraku.
Ainda topamos com alguns personagens vistos no primeiro livro, mas o foco recai sobre os novos. Não vou me aprofundar em cada personagem, mas posso afirmar que além de serem muito humanos, há momentos envolvendo amizade, coragem, determinação, honra, respeito e lealdade que acabam tornando a história ainda mais profunda e cheia de significados, principalmente quando contrastam com o desespero, a tristeza causadas por traições e falta de esperança desencadeadas pela profecia, e as ações de todos eles são memoráveis e dignas de admiração. São suas atitudes e escolhas que definem o desfecho.
As cenas de batalha são impressionantes, principalmente pelas táticas militares e magia. A escrita do autor remete a algo cinematográfico, então é possível visualizar as belezas e os horrores de cada detalhe. O cenário é vívido e parece ser um personagem a parte. Sangue, carnificina, caos, magia e uma avalanche de cenas de ação estão ali para ajudar no desenvolvimento da trama e causar diversos tipos de reações no leitor.
Faz vários meses que recebi esse livro, e depois de fazer a leitura dele em parcelas a perder de vista, eis que posso comemorar essa vitória de ter finalizado mais de 800 páginas de uma trama complexa, intrincada, sombria e genial o bastante para se tornar uma das melhores séries de alta fantasia já publicadas até então, e que é indispensável para quem é fã do gênero. Em suma, Os Portais da Casa dos Mortos oferece um enredo fantástico e envolvente, onde os leitores irão embarcar numa jornada épica e inesquecível.