Título: A Vida Secreta das Abelhas
Autora: Sue Monk Kidd
Editora: Paralela
Gênero: Romance/Drama
Ano: 2014
Páginas: 256
Nota: ★★★★☆
Sinopse: Nova edição de um dos livros de maior sucesso dos últimos anos, um clássico instantâneo que já foi adaptado para o cinema. Tendo como pano de fundo os anos 1960, A vida secreta das abelhasé uma história marcante sobre o poder feminino e o poder do amor. A adolescência de Lily Owens tem sido complicada. Ela não se lembra da morte da mãe, há mais de dez anos, e sua relação com o pai é mais que difícil. Em 1964, quando completa catorze anos, ela decide fugir junto com sua babá Rosaleen. Lily sai a caminho de Tiburon, a cidade que parece esconder alguma resposta sobre a vida de sua mãe. Chegando lá, ela e Rosaleen são acolhidas por três irmãs. Aos poucos, Lily descobre um mundo mágico de abelhas, mel e da Madona Negra. Com a ajuda das irmãs Boatwright —August, May e June —, Lily tenta desvendar sua história. Será que ela conseguirá enfrentar os demônios de seu passado e se tornar uma jovem independente?
Resenha: A Vida Secreta das Abelhas conta a história de Lily, uma garota de 14 anos criada pelo pai e uma babá negra, e que sonha reencontrar a mãe. A garota já teve uma dose de sofrimento por toda a vida, e atualmente seu pai, T. Ray., não dá o carinho necessário para ela. Junto com Rosaleen, sua babá, Lily parte para uma aventura fora do seu mundo, para um lugar repleto de amor, força e descobertas.
Meu primeiro contato com uma obra de Sue Monk Kidd foi em A Invenção das Asas, livro lançado recentemente pela editora Paralela. A abordagem do racismo e a luta do negro pela liberdade me chamaram a atenção na história. Com A Vida Secreta das Abelhas não foi diferente. Após ler o enredo, pensei: "Acho que vou gostar desse livro!"
O diferencial já começa pelo tema: abelhas. Cada capítulo é iniciado com uma curiosidade sobre esses insetos. Por exemplo: só existe uma abelha rainha na colmeia, e se outra nascer elas precisam brigar até a morte para ver quem assume esse lugar. Esse tipo de informação foi um ponto interessante e sempre ao terminar um eu pulava para o próximo, ávido pela próxima descoberta. Mas é claro, não são só abelhas que Sue nos apresenta. Rosaleen e Lily partem para uma jornada desconhecida, sem rumo, e acabam encontrando um lar de algumas negras que produzem mel, muito famoso por sinal, e vendem pela região.
Nessa nova etapa começam as descobertas e o crescimento gradual. Assim como em A Invenção das Asas, A Vida Secreta das Abelhas tem um quê de autoconhecimento por todos os personagens. Lily, uma branca no meio de vários negros, se sente deslocada e os pensamentos passados para o leitor, narrados em terceira pessoa, são muito convincentes. A garota tem um preconceito com negros e não nega isso, pelo menos no início. Ela deixa isso de lado pouco a pouco dando lugar a um amor pelo garoto que vive na casa. Sue Monk Kidd deixou de uma forma natural exemplificado como o preconceito pode estar enraizado em alguém, mesmo que haja uma negação interna.
A personagem Rosaleen é admirável. O negro por si só já tem uma imagem mais forte, e através dela Sue deu vida a essa força. O livro é recheado de sofrimento quando se trata empregada, mas mesmo assim há uma esperança de um dia melhor. Apesar de na época em que se passava a história a escravidão já ter sido abolida, Rosaleen sofreu muito com os brancos. Lily, uma companheira inseparável, jamais deixou sua segunda mãe de lado e as situações, muitas das vezes tristes, me comoveram bastante.
O foco da história é mesmo a busca de Lily por sua mãe, que a garota acredita estar desaparecida. Há um mistério que ronda esse desaparecimento e a narrativa se torna bem tensa em certos momentos, principalmente nos flashbacks.
O desfecho da trama é satisfatório, e o que gostei em Sue nessas duas obras lidas por mim foi que ela aproxima tudo do real. Os personagens tem desfechos bem críveis e não tão trágicos, como nós sempre esperamos de histórias que são permeadas por tristezas. Recomendo os dois títulos já publicados pela Paralela. São histórias bonitas que trazem questões importantes e reflexivas.