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Novidades de Setembro - Suma

4 de setembro de 2024

A Garota de Neve - Javier Castillo (03/09/2024)
Uma menina de três anos desaparece no meio da multidão que assiste ao desfile de Ação de Graças da Macy's, em Nova York. Seus pais, Aaron e Grace Templeton, chamam imediatamente a polícia, mas a frenética busca que se inicia logo se mostra infrutífera: não hásinal do que possa ter acontecido com Kiera Templeton.
Miren Triggs, uma estudante de jornalismo da Universidade de Columbia, se interessa pelo caso e inicia uma investigação paralela com a ajuda de seu professor e editor-chefe do Wall Street Daily, Jim Schmoer. Aos poucos, o mistério em torno do desparecimento de Kiera vira uma obsessão para Miren, que tem de encarar traumas de seu passado enquanto segue buscando por mais pistas.
Incrivelmente bem construído, A garota de neve conduz o leitor por uma montanha-russa de emoções. Alternando entre a voz de diversos narradores, Javier Castillo apresenta uma trama mais assustadora e complexa do que, a princípio, se imaginaria.


Senhor das Moscas (Ed. em Quadrinhos) - William Golding (12/09/2024)
Um avião cai em uma ilha deserta e os únicos sobreviventes são um grupo de meninos em idade escolar. Durante o dia, eles exploram as praias exuberantes e aproveitam as brincadeiras sem a supervisão de nenhum adulto. À noite, são assombrados por pesadelos com um monstro assustador e tudo o que perderam.
Órfãos de qualquer civilização que os ampare, eles precisam se organizar e criar as próprias regras, mas não demora até que o grupo se divida e as brincadeiras, antes inocentes, tomem um rumo sombrio.
Romance fundamental da literatura contemporânea e precursor de distopias como Jogos vorazes, Battle Royale e A dança da morte, a graphic novel de Senhor das Moscas é uma releitura magnífica do clássico de William Golding pelo talento de Aimée de Jongh, que traz um novo olhar às paisagens bucólicas e violentas da ilha.


Contrapeso - Djuna (17/09/2024)
Na ilha de Patusan, o conglomerado coreano LK está construindo - a contragosto dos cidadãos --um elevador para a órbita da Terra. Aos poucos, a construção transformará a cidade em um movimentado centro turístico: uma porta de entrada e saída do planeta. No espaço, o que sustenta o elevador é uma massa de lixo conhecida como contrapeso. Nesse lixo, está escondido um verdadeiro tesouro: um fragmento de memória deixado pelo antigo CEO da LK, que pode ser crucial para determinar o futuro da humanidade.
Para recuperar a fonte perdida de informações, uma série de rivais entram em disputa. Nessa corrida contra o tempo, eles se verão presos em um labirinto de identidades falsas, neuro-implantes e antigas queixas políticas sustentadas pela Frente de Libertação Patusan, o exército de nativos determinados a proteger a soberania da ilha.

A Serpente & As Asas Feitas de Noite - Carissa Broadbent

27 de agosto de 2024

Título: A Serpente & As Asas Feitas de Noite - Nascidos da Noite #1 / As Coroas de Nyaxia #1
Autora: Carissa Broadbent
Editora: Suma
Gênero: Fantasia/Romance
Ano: 2024
Páginas: 448
Nota:★★★★☆
Sinopse: Oraya é a filha adotiva do rei dos vampiros Nascidos da Noite. Humana em meio a predadores naturais, ela passou a vida lutando em um mundo que desafia sua existência. A única chance que tem de sobreviver é vencendo o Kejari, um lendário torneio promovido pela própria deusa da morte. Mas derrotar seus adversários, vampiros das três casas do reino, não será um desafio simples e, para resistir à brutalidade das batalhas, Oraya será obrigada a se aliar a um rival misterioso.
Raihn é um vampiro atroz, inimigo do rei e o oponente mais poderoso que Oraya encontra. Ainda assim, o que mais a assusta é a inesperada afeição que sente por ele. Quando a Casa da Noite é ameaçada, Raihn parece ser o único capaz de entender e ajudá-la, mas, em um mundo em que nada é mais mortal que o amor, essa relação pode colocar tudo a perder.

Resenha: A Serpente & As Asas Feitas de Noite é o primeiro volume da duologia Nascidos da Noite, que faz parte da série Coroas de Nyaxia, escrito pela autora Carissa Broadbent e publicado no Brasil pela Suma. Serão três duologias e cada uma delas vai abordar uma três das Casas de Obitraes: Casa da Noite, Casa de Sangue e Casa das Sombras.

Antes de iniciar a resenha, já adianto que, pra um melhor entendimento da trama, vou contextualizar como funciona esse universo porque a sinopse não dá maiores detalhes e não quero apontar nada que fique vago demais, então, mesmo que eu tente resumir ao máximo, a parte que vem antes da opinião pode ficar um pouco longa.

Mapa de Obitraes

Num mundo dominado e governado por vampiros, os humanos que restaram passam a vida na luta pela sobrevivência, vivendo em pequenos assentamentos, e conformados que, vez ou outra, precisam fornecer seus sangues para os vampiros quando necessário. A Casa da Noite é dividida em duas linhagens rivais de Nascidos da Noite, os Hiaj e os Rishan, e o que os diferencia fisicamente é a característica das suas asas. Os Hiaj possuem enormes asas escuras como de morcegos, e os Rishan possuem asas cobertas por penas. Vincent é o rei Hiaj da Casa da Noite, muito poderoso e odiado pelos Rishan por tê-los derrotado e assumido o trono.
Nesse universo, não é tão simples transformar um humano em vampiro e o índice de morte numa tentativa é bem grande, logo os humanos acabam sendo "preservados" nesses assentamentos para não serem extintos, ou essa era a ideia...

Num passado não tão distante, Vincent resgatou uma garotinha na cidade de Salinae, sozinha e presa em meio a escombros, que estava prestes a ser atacada por outros vampiros. Era uma criança humana chamada Oraya e, na época, ela tinha apenas oito anos de idade e que, carinhosamente, passou a ser chamada por ele de "serpentezinha" quando ele decidiu adotá-la.
Agora, com vinte e três anos, Oraya continua sendo vista como uma presa fácil por viver em meio a predadores tão vorazes, mas Vincent conhece o meio em que vive e, durante todo esse tempo, a treinou muito bem para se proteger e também a se preparar para o famigerado Kejari.

A cada 100 anos acontece o Kejari no Palácio da Lua, um torneio lendário organizado pela Casa da Noite e os acólitos que servem a deusa Nyaxia, a deusa dos vampiros e da morte. O torneio dura quatro meses, onde cada etapa ocorre numa fase da lua diferente, e nele os vampiros (e quem mais tiver interesse) das três casas de Obitraes podem competir entre si. O vencedor do Kejari terá um desejo - qualquer desejo - realizado pela própria Deusa Nyaxia. Cada casa participa do torneio já com um desejo determinado, pois cada casa tem seus objetivos que precisam ser superados
Oraya e Vincent já tinham planejado o que fariam quando ela vencesse o Kejari: ela desejaria ter um vínculo Coriatis com o pai, de forma que os dois teriam um poder compartilhado tão grande que seu trono jamais poderia ser ameaçado por outros vampiros que pudessem vir a reinvindicá-lo.

Quando Oraya ingressa no torneio, mesmo desconfiada, ela acaba se aliando a Raihn e Mische, dois vampiros que foram transformados no passado. Raihn é um Rishan, e seu maior desejo é se vingar de Vincent. A aproximação com Oraya não é a mais fácil já que ela é muito esperta e treinou a vida toda para reconhecer o perigo, mas o que nenhum dos dois esperava era ter uma ligação forte o bastante para que alguns planos fossem mudados.

O livro é narrado em primeira pessoa pelo ponto de vista de Oraya, e a construção de mundo em si é bastante detalhada mas, apesar da história ter seus pontos interessantes e ter vários elementos que a deixam bastante rica, achei a narrativa bastante arrastada e com detalhes desnecessários, e demorei séculos pra terminar a leitura, porque o que andava acontecendo simplesmente não prendia minha atenção como eu achei que fosse prender. Não sei se ter intercalado a leitura com as milhões de páginas dos livros do George R.R. Martin interferiu na leitura desse aqui, me fazendo ficar com a impressão que a escrita da autora é mais "amadora", mas chegou num momento que achei muitas cenas, descrições e diálogos totalmente descartáveis, e a vontade era de pular algumas páginas pra passar aquilo logo e chegar na parte que realmente interessava.

Outro ponto é que, no início, não há muitas explicações sobre a origem do Kejari e a necessidade de existir esse evento, ou como o treinamento pelo qual Oraya passou fez dela alguém tão letal a ponto de enfrentar vampiros que são muito mais fortes do que ela. Senti falta, nem que fosse através de flashbacks, de trechos desse treinamento para entender melhor como ela chegou onde chegou. Claro que no final do livro a autora traz algumas explicações mas, até lá, o leitor não tem nada de concreto sobre a motivação dos personagens e isso pode acabar gerando uma certa frustração durante a leitura.
Mas vou ser sincera e admitir que o romance não foi só bem construído, como também teve um equilíbrio ótimo entre toda a ação da competição, além de fazer um contraste com o relacionamento entre Oraya e Vincent, que é o que faz com que ela reavalie suas motivações e prefira agir com o coração do que com a razão.

Sobre os personagens, Oraya é uma das personagens mais fodonas que já acompanhei. Embora ela reconheça que seja uma presa em meio a um universo tão hostil, ela não deixa que isso transpareça e sempre se mostra forte e corajosa. Ela tem pensamentos e sentimentos complexos sobre seu lugar neste mundo, e acompanhar sua saga, sua luta e a forma como ela foi se rendendo aos seus sentimentos foi algo admirável.
Raihn é aquele tipo de personagem que arranca suspiros. A forma como ele se revela aos poucos para Oraya, a protege e demonstra que, por ele já ter sido um humano, ele consegue compreendê-la como nenhum outro, já é suficiente para amá-lo.
Vincent é um mistério absoluto. Seu papel como pai e rei às vezes o coloca em conflito em algumas situações que envolvem a filha, mas ele consegue separar as coisas como o verdadeiro lider que ele é. Senti falta de mais explicações sobre ele, ou talvez um capítulo com seu próprio ponto de vista, pra saber o que se passa naquela cabeça.

Enfim, é uma história que superou as expectativas, com personagens cheios de virtudes mas também com suas falhas, com sistemas políticos cheio de intrigas e conflitos de interesses, com competições brutais no melhor estilo dos "Jogos Vorazes", reviravoltas e traições, e com aquela pitada de romance que se constrói aos poucos, mas que envolve o bastante para torcemos por um final feliz.

A Ascensão do Dragão - George R.R. Martin

12 de junho de 2024

Título: A Ascensão do Dragão - Uma história ilustrada da dinastia Targaryen - A Ascensão do Dragão #1
Autores: George R.R. Martin, Elio M. García Jr. e Linda Antonsson
Editora: Suma
Gênero: Fantasia Épica/ Ação/Aventura
Ano: 2024
Páginas: 352
Nota:★★★★★
Sinopse: A Ascensão do Dragão é um guia excepcional sobre a casa mais poderosa de Westeros, com 180 ilustrações inéditas dos Targaryen, de seus dragões e das tradições dos Sete Reinos.
Durante os séculos em que os Targaryen ocuparam o Trono de Ferro, seus dragões comandaram os céus. A jornada da única família de senhores de dragões que sobreviveu à Destruição de Valíria é o retrato de uma política tortuosa forjada por atos nobres e covardes, alianças e traições. Como no épico romance Fogo & Sangue, A Ascensão do Dragão retoma o surgimento dos Targaryen e sua chegada ao poder, desde a conquista de Westeros por Aegon Targaryen até a infame Dança dos Dragões ― a sangrenta guerra civil que quase destruiu de uma vez por todas seu reinado.

Resenha: A Ascensão do Dragão é um guia e edição de colecionador do universo das Crônicas de Gelo e Fogo, que traz os detalhes mais importantes da história presente no livro Fogo & Sangue, com ilustrações belíssimas e inéditas de personagens, e cenas memoráveis dos acontecimentos que marcaram as primeiras gerações da casa Targaryen, desde a Conquista de Westeros por Aegon Targaryen e suas irmãs e esposas, Visenya e Rhaenys, como foram os reinados daqueles que herdaram o Trono de Ferro, até o ano de 136 DC, pouco depois da Dança dos Dragões e da coroação do rei Aegon III.

É muito interessante acompanhar esse universo criado por Martin e como ele consegue expandir a história para as demais casas de Westeros fazendo parecer fatos históricos. Os detalhes das intrigas políticas, do jogo de poder, das ambições e das traições, das batalhas sangrentas com direito a dragões gigantescos e muito fogo. Os personagens são muito complexos e muito bem construídos, é fácil entender as motivações de cada um deles dentro do contexto em que vivem por piores que sejam, só não vale se apegar muito porque, como todos sabem no que diz respeito aos livros do autor, a morte (inesperada ou não) é só mais um detalhe...

Mesmo que seja um resumo do livro Fogo & Sangue, é possível entender todos os acontecimentos, saber porque alguns personagens são chamados de nomes como "A Rainha que Nunca Foi", além de amarrar os fios para saber como tudo começou e por que está tomando determinada direção, sem perder nenhum detalhe.

Como o livro é bastante informativo, quase como uma enciclopédia com direito a árvore genealógica dos Targaryen, ele também faz um resumo das principais casas de Westeros para que o leitor possa entender as origens de cada casa, a localização no continente, porque elas ocupam a posição política que têm e por que se aliaram ou se tornaram inimigos de outras casas.
A leitura é fluída, a escrita prende a atenção como poucas prendem e é impossível não entrar num completo estado de imersão durante a leitura imaginando que, de alguma forma, tudo aquilo deve ter existido de verdade em algum momento da história da humanidade devido a riqueza de detalhes e forma de contar a história que o autor tem. Quem já conhece os livros sabe do que estou falando...

Pra quem quer se aprofundar nessas origens, pra quem está acompanhando a série na HBO e quer mais detalhes sobre os personagens (tanto os que aparecem quanto os que ficaram de fora) ou quer comparar a adaptação e tem interesse em acompanhar a trajetória dos Targaryen para saber o que acontece nos séculos que antecedem os acontecimentos de As Crônicas de Gelo e Fogo, é livro recomendadíssimo e item obrigatório pra quem é fã.

Lore Olympus (vol. 4) - Rachel Smythe

5 de junho de 2024

Título: Lore Olympus - Histórias do Olimpo #4
Autora: Rachel Smythe
Editora: Suma
Gênero: Graphic Novel/Fantasia/Mitologia Grega
Ano: 2023
Páginas: 384
Nota:★★★★☆
Sinopse: Hades busca apoio na vida pessoal, Zeus faz pouco-caso dos seus sentimentos e Minte volta a ter comportamentos abusivos. Por mais que tente impor seus limites, o rei do Submundo continua sozinho e perdido.
Perséfone, igualmente isolada depois que seus colegas de faculdade se afastam por causa da sua relação com Hades, sequer encontra refúgio em casa, onde Apolo insiste em aparecer sem ser convidado. Como se não bastasse, Ares, o tempestuoso deus da guerra, está de volta para desenterrar sua história com a deusa da primavera, ameaçando trazer o passado da jovem à tona e arruinar ainda mais sua reputação.
Apesar de concordarem em ir devagar, Perséfone e Hades se veem irremediavelmente atraídos um pelo outro em meio ao caos, e não há como negar a força do destino.

Resenha: Dando continuidade ao livro anterior, o quarto volume da série Lore Olympus traz os episódios 76 a 102 do webcomic e alguns esboços inéditos das ilustrações que a autora não incluiu na história e que vieram com exclusividade no livro impresso.

Seguindo com a trama, Hades ainda mantém seu relacionamento com Minte, a ninfa, mas ela não consegue se livrar do seu comportamento abusivo e destrutivo, levando a Hades a reconsiderar essa decisão. Ele e Perséfone estão indo devagar agora que decidiram ser amigos, e eles continuam mantendo o relacionamento profissional no trabalho. Essas questões levam Hades a buscar apoio emocional pra poder lidar melhor com a situação pela qual está passando, mas seu irmão, Zeus, não dá a mínima e ele acaba encontrando consolo na própria Perséfone. O problema é que ela não anda muito bem, tanto pela questão de Apolo continuar perseguindo-a por acreditar que eles devem ficar juntos, quanto pelo incidente com Hades e o papparazzi que fotografou os dois lá no início da história e fez surgir muitos boatos sensacionalistas pelo Olimpo. A "lição" que ele deu no pobre fez com que Perséfone ficasse isolada na faculdade porque todos estão evitando-a por medo de Hades, e ela se sente péssima com essa rejeição e passa a exigir que ele repare o mal que fez.
Assim, quando eles passam momentos juntos, fica claro que, devagarinho, eles estão evoluindo e estreitando o que têm enquanto levam essa amizade, além de falarem sobre algumas situações do passado que explicam algumas coisas e aprofundam melhor quem eles são de verdade.



Depois de se manter tão passiva diante dos outros e continuar lidando com as consequências do que Apolo lhe fez, gradualmente (e finalmente) Perséfone começa a retomar o controle da sua vida, mas é revoltante ver as situações pelas quais ela passa até que tome coragem para se impor e enfrentar quem ela não quer por perto.

Talvez o problema maior do livro seja o ritmo dos acontecimentos e algumas cenas que não tem muita importância, como se estivessem alí só pra preencher espaço. Por mais que a história retrate a ideia do que acontece quando alguém sofre um abuso e como ela lida e se molda a partir disso, as coisas acontecem devagar demais e parece que não avança, seja pela passividade e ingenuidade de Perséfone ou em relação a Hades que prefere reprimir seus sentimentos e seguir o oposto do que seu coração manda. Ele está tentando ser alguém melhor mas, além de ser a personificação da melancolia, parece que o caminho pra isso é mais longo do que ele imaginava.



Os toques de bom humor e algumas outras abordagens enriqueceram a história, como a relação entre Hades e Hera, a dinâmica do casamento falido entre Hera e Zeus, a fofocaiada que não tem fim no Olimpo, as histórias de fundo que falam de outros deuses, e Ares que apareceu pra causar.

A arte dispensa maiores comentários. As ilustrações são lindíssimas, a escolha das cores foi certeira, os personagens são expressivos e transmitem muito bem o que estão sentindo. É super satisfatório acompanhar uma história onde a autora consegue evidenciar a personalidade dos personagens através de gestos e expressões, além de combinar questões da atualidade e a modernidade tecnológica com a mitologia grega e a adaptação dos deuses.

O volume 4 de Lore Olympus traz uma história mais leve, e mesmo que aborde assuntos delicados, ainda consegue ser divertido e empolgante. Curiosa pelo próximo livro.

Novidades de Junho - Suma

4 de junho de 2024

Lore Olympus - Histórias do Olimpo #4 - Rachel Smythe (11/06/2024)
Hades busca apoio na vida pessoal, mas Zeus faz pouco-caso dos seus sentimentos e Minte volta a ter comportamentos abusivos. Por mais que tente impor seus limites, o rei do Submundo continua sozinho e perdido.
Perséfone, igualmente isolada depois que seus colegas de faculdade se afastam por causa da sua relação com Hades, sequer encontra refúgio em casa, onde Apolo insiste em aparecer sem ser convidado. Como se não bastasse, Ares, o tempestuoso deus da guerra, está de volta para desenterrar sua história com a deusa da primavera, ameaçando trazer o passado da jovem à tona e arruinar ainda mais sua reputação.
Apesar de concordarem em ir devagar, Perséfone e Hades se veem irremediavelmente atraídos um pelo outro em meio ao caos, e não há como negar a força do destino.
Ganhador dos prêmios Eisner e Harvey e finalista do prêmio Hugo, Lore Olympus é fenômeno absoluto na plataforma Webtoon e reúne fãs no mundo todo. O quarto volume da série reúne os episódios 76 ao 102 do webcomic, além de conteúdo exclusivo e inédito.

A Ascensão do Dragão - Uma história ilustrada da dinastia Targaryen #1 - Linda Antonsson, George R. R. Martin e Elio M. García Jr. (18/06/2024)
Durante os séculos em que os Targaryen ocuparam o Trono de Ferro, seus dragões comandaram os céus. A jornada da única família de senhores de dragões que sobreviveu à Destruição de Valíria é o retrato de uma política tortuosa forjada por atos nobres e covardes, alianças e traições. Como no épico romance Fogo & Sangue, A Ascensão do Dragão retoma o surgimento dos Targaryen e sua chegada ao poder, desde a conquista de Westeros por Aegon Targaryen até a infame Dança dos Dragões -- a sangrenta guerra civil que quase destruiu de uma vez por todas seu reinado.

Quem Vai te Ouvir Gritar - Uma Antologia de Horror Negro - Vários autores (25/06/2024)
Um policial começa a enxergar, no lugar dos faróis dos carros, olhos enormes que lhe dizem quem deve ser parado no trânsito. Dois passageiros fazem uma viagem de ônibus que os deixa presos em uma estrada no Alabama, onde grandes perturbações os aguardam. Uma jovem mergulha nas profundezas da Terra em busca do demônio que matou seus pais. Esses são apenas alguns dos mundos presentes em Quem vai te ouvir gritar, antologia de contos editada por Jordan Peele e John Joseph Adams.
Todas as histórias reunidas neste volume surpreendem pela vivacidade imaginativa de seus universos e, ao mesmo tempo, chocam e incomodam por serem profundamente baseadas na realidade brutal do racismo e da desigualdade social.
Com introdução de Peele e uma lista admirável de escritores (incluindo N. K. Jemisin, P. Djèlí Clark, Nnedi Okorafor, Nalo Hopkinson e muitos outros), a coletânea é uma aula sobre terror que reformula e ressignifica os conceitos de horror e medo. 

Com textos de: 
Jordan Peele, N. K. Jemisin, Rebecca Roanhorse, Cadwell Turnbull, Lesley Nneka Arimah, Violet Allen, Erin E. Adams, Tananarive Due, Justin C. Key, Ezra Claytan Daniels, Nnedi Okorafor, L. D. Lewis, Nalo Hopkinson, Maurice Broaddus, Rion Amilcar Scott, Nicole D. Sconiers, Chesya Burke, Terence Taylor, P. Djèlí Clark e Tochi Onyebuchi. 


Novidade de Maio - Suma

4 de maio de 2024

Mais Sombrio - Stephen King (21/05/2024)
Cinquenta anos depois da publicação de seu primeiro romance, Carrie, Stephen King continua a surpreender e encantar a todos com versatilidade e talento impressionantes para contar histórias.
Cada texto desta coletânea nos oferece uma reflexão diferente acerca de temas como o destino, o luto, o sobrenatural e os limites -- frequentemente nebulosos -- entre o conhecido e o desconhecido. Em Mais sombrio, o autor mergulha nas profundezas obscuras da vida, conduzindo o leitor por doze contos inesquecíveis, cinco deles inéditos -- incluindo "Cascavéis", sequência do romance Cujo.
Repletas de reviravoltas, as histórias de Mais sombrio continuarão marcadas na memória daqueles que se aventurarem por essas páginas, ecoando até muito tempo depois de fechar o livro.


Novidade de Abril - Suma

3 de abril de 2024

Mesmo Sabendo Como Tudo Acaba (30/04/2024)
Helen Brandt perdeu tudo: o trabalho, a família e, em uma atitude desesperada para salvar o irmão, a própria alma. Graças a um pacto demoníaco, Teddy sobreviveu e, em troca, ela foi condenada a padecer no inferno por toda a eternidade.
Expulsa da ordem mágica à qual pertencia, a jovem passou a última década investigando mistérios sobrenaturais ao lado de Edith, seu grande amor. Agora, prestes a dar adeus à vida que dividia com a amada e cumprir sua sentença, ela recebe uma última oferta de trabalho: capturar o assassino em série mais temido da cidade.
Ao ter a proposta recusada, sua cliente lança mão da única recompensa que a detetive não pode negar: reverter o pacto e envelhecer ao lado da mulher que ama. Agora, ela terá três dias para descobrir quem está fazendo vítimas pela cidade ou perder para sempre a chance de ser feliz com Edith.

Novidade de Março - Suma

3 de março de 2024

Dolores Claiborne - #Biblioteca Stephen King - Stephen King (26/03/2024)
Faz décadas que Dolores Claiborne trabalha para Vera Donovan, milionária dona de uma mansão na ilha Little Tall, no Maine. Determinada, com três filhos para criar, Dolores enfrentou desde o início a personalidade tempestuosa da patroa e, diferente de incontáveis antecessoras, conquistou a confiança da mulher e a estabilidade no emprego.
Quando Vera morre em um acidente, porém, todas as suspeitas caem sobre a funcionária. Questionada pelas autoridades, Dolores faz uma confissão e revela, durante seu testemunho, algo inesperado pela polícia: uma história sobre um relacionamento abusivo e a misteriosa morte de seu marido, que ocorreu trinta anos antes, em Little Tall.
Publicado no Brasil com o título Eclipse total e adaptado para o cinema em 1995, com atuação de Kathy Bates, Dolores Claiborne é um suspense psicológico de tirar o fôlego. O relato comovente e inquietante da protagonista faz deste um dos romances mais originais de Stephen King.

Novidade de Fevereiro - Suma

4 de fevereiro de 2024

A Serpente e as Asas Feitas de Noite - Nascidos da Noite #1 - Carissa Broadbent (27/02/2024)
Oraya é a filha adotiva do rei dos vampiros Nascidos da Noite. Humana em meio a predadores naturais, ela passou a vida lutando em um mundo que desafia sua existência. A única chance que tem de sobreviver é vencendo o Kejari, um lendário torneio promovido pela própria deusa da morte. Mas derrotar seus adversários, vampiros das três casas do reino, não será um desafio simples e, para resistir à brutalidade das batalhas, Oraya será obrigada a se aliar a um rival misterioso.
Raihn é um vampiro atroz, inimigo do rei e o oponente mais poderoso que Oraya encontra. Ainda assim, o que mais a assusta é a inesperada afeição que sente por ele. Quando a Casa da Noite é ameaçada, Raihn parece ser o único capaz de entender e ajudá-la, mas, em um mundo em que nada é mais mortal que o amor, essa relação pode colocar tudo a perder.

Mestre dos Djinns - P. Djèlí Clark

27 de dezembro de 2023

Título:
 Mestre dos Djinns - Dead Djinn Universe #1
Autor: P. Djèlí Clark
Editora: Suma
Gênero: Fantasia Urbana/Steampunk
Ano: 2023
Páginas: 352
Nota:★★★☆☆
Sinopse: Cairo, 1912. Fatma el-Sha’arawi é a mais jovem mulher a trabalhar para o Ministério de Alquimia, Encantamentos e Entidades Sobrenaturais. Mas ela certamente não é nenhuma novata, ainda mais depois de ter impedido a destruição do universo no último verão.
Após um assassinato envolvendo os membros da Sociedade Hermética de Al-Jahiz, irmandade secreta dedicada ao homem mais famoso da história, a agente é convocada para investigar o caso. Quarenta anos antes, al-Jahiz abriu o véu que isolava o mundo mágico ― trazendo os djinns, ou gênios, para a realidade humana ― e desapareceu sem deixar vestígios. Agora, o assassino alega ser o próprio al-Jahiz, que voltou para punir a sociedade moderna por suas injustiças sociais.
Na companhia de Hadia, sua nova assistente, e de Siti, sua namorada e devota dos antigos deuses egípcios, Fatma precisará desvendar a identidade do impostor ― se é que ele é mesmo um impostor ― para reestabelecer a paz.

Resenha: Mestre dos Djinns, escrito pelo autor P. Djèlí Clark, se passa na cidade de Cairo de 1912, num Egito alternativo e steampunk que se transformou numa superpotência política, a frente até mesmo de países europeus. Esse destaque do Egito ocorreu há quarenta anos, após o lendário al-Jahiz ter abrido o véu que separava o mundo real do sobrenatural e causado uma revolução mágica. Djinns e outras criaturas fantásticas adentraram o mundo real mas, logo em seguida, al-Jahiz desapareceu sem deixar rastros. Com a presença das criaturas, a magia se tornou parte da realidade e passou a ser algo comum.

Quando um assassinato misterioso envolvendo a aristocracia britânica e os membros da Sociedade Hermética de Al-Jahiz (uma irmandade secreta dedicada a al-Jahiz) acontece, Fatma el-Sha'arawi, uma detetive "bastante experiente" de vinte e poucos anos, entra em cena.
Numa época onde o sufrágio feminino está avançando pelo Egito, Fatma é a mulher mais jovem e uma das poucas a trabalhar no Ministério da Alquimia, Encantamentos e Entidades Sobrenaturais. Agora ela foi designada a investigar esse assassinato que acaba a levando a uma pessoa que alega ser o próprio al-Jahiz. Fatma embarca nessa missão determinada a desmascarar o impostor com a ajuda de Hadia, sua assistente que é super comprometida com o trabalho.

O livro é narrado em terceira pessoa e a escrita do autor é relaticamente boa, porém com ressalvas. Algumas descrições e palavras são floreadas demais, outras carecem de O cenário e a construção de mundo em si é incrível e, apesar de bastante criativo, achei que o enredo e a construção dos personagens estavam com várias falhas que acabaram deixando a história dispersa e com pontos que pareciam só estarem alí pra desviar a atenção do leitor. Uma coisa que dificultou a leitura pra mim foi o excesso de palavras da cultura egípcia, como roupas, comidas ou objetos. Não tenho nada contra a cultura em si, mas pra quem não está acostumado ou não sabe o que são essas coisas descritas pelo autor, ou vai precisar interromper a leitura e ir pesquisar, ou vai ignorar e fingir que sabe, e seja o que Deus quiser. Alguns elementos foram inseridos na intenção de aumentar a tensão e os problemas pra se enfrentar, mas não havia a menor necessidade visto que deixou mais perguntas do que respostas e que, talvez, serão aprofundadas num próximo volume. Outra coisa é que num universo onde as pessoas já se habituaram ao sobrenatural, Fatma - que trabalha no Ministério - não parece enxergar o óbvio algumas vezes, e suas reações diante de algo que ela já deveria estar acostumada e tratar como algo rotineiro, não parecem ser reais.

Fatma, como aquela protagonista que dá a ideia de ser alguém super fodona, competente e habilidosa, não passa de uma abençoada totalmente superficial, arrogante e desatenta que se aproveita das conveniências do enredo e da boa vontade das testemunhas que aparecem em seu caminho pra lhe dizer exatamente o que fazer, e se não fosse isso, ela não chegaria a lugar nenhum, nunca. Sua falta de competencia em várias situações desencadeiam conflitos que, ao meu ver, não deveriam existir. Acho que sua assistente é muita mais profissional do que ela. Não sei se isso foi algo proposital feito pelo autor, mas a impressão que tive era que ele focou mais na sua obsessão por roupas estilosas e relacionamento amoroso pra dar um toque de bom humor (?) do que a missão investigativa que, ao meu ver, era o que importava alí.
Siti, a namorada de Fatma, é uma personagem cheia de camadas e foi uma pena que não foi tão explorada como eu gostaria. Ela tem sua importância no enredo, seja com relação ao mistério como também para o desenvolvimento de Fatma, além de abordagens bem adequadas que criticam temas delicados como racismo e intolerância religiosa.

Embora haja muita tensão em cenas mirabolantes e cheias de perigos, as coisas não parecem manter um ritmo padronizado, pois várias situações sofrem reviravoltas mas são resolvidas de formas relativamente simples pra todo o alvoroço apresentado, e a sensação é de desorientação e aleatoriedade. O vilão também é super caricato (e tenho certeza que foi feito assim de propósito) com suas motivações e discursos ridículos enquanto gira o próprio bigode.

Em meio à trama, achei interessante a forma como o autor abordou a questão do espaço e dos direitos que as mulheres começaram a ter numa época onde, embora houvesse um pouco de tolerância, a misoginia ainda tinha muita força, e não só isso, como também o racismo, a xenofobia e o elitismo dos quais ele aproveita pra fazer uma excelente crítica. Fatma representa um pouco desse progresso, principalmente por ela ser lésbica, mas fica evidente que tudo poderia ser melhor, ainda mais se formos considerar que é um universo alternativo e que não precisa seguir a risca a nossa realidade...

Mestre dos Djinns traz uma história com um estilo alternativo e engenhoso bastante interessante de um Egito que ascendeu com a ajuda do sobrenatural. Pra quem gosta de boas contruções de mundo, do estilo steampunk com aquela pegada de magia, suspense, caos e investigações em meio a cultura a mitologia egípcias, e ficou curioso pra acompanhar uma detetive com habilidades duvidosas mas com gosto requintado para ternos, é leitura mais do que indicada.

Para o Trono - Hannah Whitten

20 de dezembro de 2023

Título:
 Para o Trono - Wilderwood #2
Autora: Hannah Whitten
Editora: Suma
Gênero: Dark Fantasy
Ano: 2023
Páginas: 416
Nota:★★★☆☆
Sinopse: Cumprindo seu destino como a Segunda Filha do reino de Valleyda, Red se entregou à floresta de Wilderwood, onde descobriu a verdade por trás das lendas. Com a ajuda do Lobo, ela conteve a ameaça dos Cinco Reis, mas o custo foi alto demais, e sua irmã Neve ficou presa na Terra das Sombras.
Perdida em um território desconhecido, Neve encontra um aliado improvável: Solmir, alguém com quem a Primeira Filha preferiria nunca mais ter contato. Juntos, os dois partem numa jornada perigosa em busca da Árvore do Coração, para enfim reivindicar os poderes sombrios dos deuses.

Resenha: Depois de cumprir com seu destino, Red, a Segunda Filha, descobriu a verdade por trás das lendas ao se entregar à floresta de Wilderwood. Com a ajuda do Lobo, ela conseguiu controlar e conter a ameada dos Cinco Reis, porém o custo foi sua irmã, Neve, ter ficado presa na Terra das Sombras.
Agora, presa, perdida e contra sua vontade, Neve precisa unir forças a Solmir, o vilão do livro anterior, para partirem numa jornada cheia de perigos numa tentativa de caçar deuses e reinvindicarem seus poderes sombrios para, enfim, impedirem o retorno dos Reis.

Enquanto isso, em Wilderwood, Red e o Lobo estão conectados com a floresta, e a Segunda Filha está determinada a salvar a irmã, mesmo que não saiba como fazer isso. De um lado Red tenta descobrir o que as visões que ela tem significam e como ela pode encontrar a irmã, e do outro lado, Neve, em companhia de Solmir, corre contra o tempo para reinvindicar os poderes dos deuses.

Diferente do volume anterior, mesmo que haja os capítulos intercalados com Red assumindo a narração, Para o Trono traz como questão principal a perspectiva do ponto de vista de Neverah, e isso mostra um aprofundamento maior com relação à personalidade, as decisões e a situação em que se encontra a Primeira Filha. Neve ainda é assombrada pelos erros que cometeu mas, mesmo sentido culpa, ela não cede de jeito nenhum, quer ter a última palavra sempre e não poderia ser mais irritante. Não digo que Neve é uma vilã pelas coisas que fez, ela me soa mais como uma anti-heroína que está numa jornada de aprendizado, auto conhecimento e descobertas. Ela teve um amadurecimento considerável e uma evolução boa se comparada a quem ela era no começo.
Solmir foi uma grata surpresa e arrisco a dizer que ele acabou sendo o personagem que mais gostei. Ao mesmo tempo que ele estava sempre melancólico ele demonstrava ironia, e os diálogos dele com Neve, onde eles viviam trocando farpas, foram os mais divertidos de se acompanhar. A convivência entre os dois também é responsável por uní-los cada vez mais, e é legal acompanhar o carinho que eles vão nutrindo um pelo outro, mas não nego que a construção gradual - e muito lenta -  desse "relacionamento" me soou forçada e acho que a história ficaria mais interessante e menos clichê se o romance não existisse.
Apesar de ter esse problema sério com o ritmo e com a fluidez, o livro entrega interações muito divertidas entre inimigos que se tornam aliados em nome de um bem maior enquanto rola tensão sexual, olhares sedutores e paixonites um tanto óbvias e debochadas.

A construção de mundo fica mais complexa com a inclusão da Terra das Sombras e da Árvore do Coração, e como a autora dá muitas voltas nos detalhes, senti que perdi muita coisa e deixei de entender (e me importar) com outras.

Embora tenha os momentos divertidos e os outros de pura tensão, a autora não mudou o estilo de escrita com muitos detalhes excessivos e capítulos que pareciam não ter fim. Tudo é descrito de forma tão lenta e demorada que a leitura acaba se tornando arrastada em alguns pontos e até repetitiva, e o que deveria ser uma experiência interessantíssima acaba se tornando cansativa. A forma como os capítulos destinados a Red cortam os de Neverah e ficam repetindo as mesmas informações e diálogos, dão a impressão de que há um espaço onde nada acontece e nada sái do lugar, e isso acabou quebrando o ritmo da leitura a ponto de me fazer abandonar o livro por diversas vezes enquanto eu lia outros no intervalo. A autora também destina alguns capítulos sob o ponto de vista de Raffe, mas é mais uma coisa que não acrescenta em nada e não tráz nada de interessante.
Como Red e Eammon já foram explorados à exaustão no livro anterior, achei que aqui eles não tinham quase nada a oferecer. Se a autora fosse direta, focasse exclusivamente no ponto de vista de Neve e não tivesse ficado repetindo as coisas e dando voltas e mais voltas, penso que a leitura teria fluído muito melhor.

Releituras de contos de fadas com essa pegada sombria sempre são interessantes e chamam a atenção, e acredito que aqui, com todos esses rodeios e detalhes infinitos, a autora quis promover um tipo de imersão obscura no leitor além de fazer esse contraste de luz e trevas quando comparamos as duas irmãs. Mesmo que não seja perfeita, ainda acho que a história é bastante interessante pelos elementos diferentes e pelos assuntos abordados que combinaram bem com todo esse universo. Magia, amor, perdas e sacrifícios são ingredientes que na maioria das vezes funcionam bem dentro do gênero, mas no caso da duologia Wilderwood, é preciso ter paciência e bastante tempo pra se dedicar à leitura e poder aproveitar. É aquele tipo de leitura demorada, mas que no final vale a pena.

Holly - Stephen King

15 de novembro de 2023

Título:
 Holly
Autor: Stephen King
Editora: Suma
Gênero: Suspense/Mistério/Policial
Ano: 2023
Páginas: 448
Nota: ★★★★★
Sinopse: Holly Gibney surgiu tímida e reclusa em Mr. Mercedes e se tornou uma detetive particular talentosa. Neste romance inédito de Stephen King, ela retorna para enfrentar dois adversários perversos.
Penny Dahl está desesperada para encontrar a filha, Bonnie, que sumiu sem deixar vestígios. Em busca de ajuda profissional, ela liga para a agência Achados e Perdidos, sob o comando de Holly Gibney. A detetive reluta em aceitar o caso, porque deveria estar de licença, mas algo na voz de Penny faz com que Holly não consiga ignorar o pedido.
A poucos quarteirões de onde Bonnie foi vista pela última vez, moram Rodney e Emily Harris. Um casal de acadêmicos octogenários, dedicados um ao outro, eles simbolizam a banalidade da classe média suburbana. No entanto, no porão de sua casa bem cuidada e repleta de livros, os dois escondem um segredo terrível, que pode estar relacionado ao desaparecimento de Bonnie.
Descobrir a verdade se torna uma tarefa quase impossível, e Holly dependerá de seus talentos extraordinários para desmascarar os professores ― antes que eles ataquem novamente.

Resenha:
 Ambientado em plena pandemia de Covid 19 em 2021, a detetive particular Holly Gibney se depara com um caso de desaparecimento do qual ela não pôde recusar, mesmo que estivesse de licença. Bonnie sumiu sem deixar vestígios e sua mãe, desesperada, vai até a agência "Achados e Perdidos" pedir ajuda para Holly e convencê-la a encontrar a filha.
A poucos quarteirões de onde Bonnie foi vista pela última vez, há uma casa bem cuidada onde vive um casal de professores acadêmicos octogenários que, aparentemente, estão acima de qualquer suspeita. O que ninguém imagina é que há algo de sinistro acontecendo no porão dessa casa e que pode ter relação com o sumiço de Bonnie, logo cabe a Holly usar seu talento para descobrir a verdade, desmascarar os professores e impedir outro ataque.

Antes de dar minha opinião, vou dizer que não li a trilogia Bill Hodges, onde a protagonista aparece pela primeira vez. As resenhas disponíveis aqui no blog foram feitas pelo Lucas, na época em que ele ainda era colaborador, e eu acabei não tendo a oportunidade de ler esses livros (ainda). Talvez fizesse alguma diferença ou desse uma noção melhor do que esperar dela pois, pelo que pesquisei, há muita informação sobre Holly e seu passado na trilogia que não é abordada nessa obra. Claro que é possível ler este sem ter lido os outros livros e sem risco de se perder, mas com um conhecimento prévio talvez a experiência poderia ter sido diferente, não sei.

Diferente de histórias policiais onde o autor segura a identidade do vilão até a última página, aqui os maníacos já são revelados no começo. A expectativa é acompanhar pra saber quando vão ser descobertos e como (e se) isso vai acontecer. King já fez isso em outros de seus livros e é um formato que funciona muito bem pois ele consegue conduzir a história mantendo o suspense e o mistério para os personagens que estão envolvidos alí mas não sabem o que está acontecendo. Narrado em terceira pessoa, com capítulos que se alternam entre presente e passado dos personagens, vamos acompanhando Holly em meio às investigações, além dos detalhes dos crimes horrendos cometidos pelo casal de professores. As motivações para os crimes são expostas, assim como o modus operandi desses dois, que é usar a aparência inofensiva para atrair e capturar as vítimas até que sejam levadas ao porão. Várias cenas são desesperadoras, causam muito desconforto, são bizarras, e o nível de crueldade chega a revirar o estômago. É uma representação muito extrema do que é a maldade humana.

Eu realmente gostei muito da história, fiquei super envolvida e até agoniada em diversas cenas bizarras e apavorantes. A Covid 19 foi praticamente um personagem da história e fiquei com a impresão de que o autor estava um tanto indignado e quis politizar o tema, não só se posicionando contra o governo da época, mas mostrando o contraste enorme entre aqueles que levam o perigo da doença a sério e se protegem, e os birutas negacionistas que não estão nem aí ou recorrem a "tratamentos" que não existem. Essas questões políticas e sociais acabam trazendo muita realidade à trama, até mesmo porque também representa o que vivenciamos aqui no Brasil. O autor retrata os acontecimentos que o mundo inteiro passou, assim como incorpora o comportamento das pessoas em quarentena diante da insegurança, da confusão e do medo de não saberem o que estava por vir.

Holly é uma mulher madura e muito persistente que precisa lidar com os próprios desafios pessoais enquanto se dedica ao trabalho com bastante afinco. A história, que já é rica devido aos detalhes do mistério que gira em torno dos crimes, fica ainda mais interessante quando as camadas da vida de Holly começam a ser reveladas. E tudo isso em meio a pandemia onde todas as pessoas ou estão sem saber o que fazer por nunca terem tido uma experiência desse nível na vida, ou estão se comportando feito loucas por não acreditarem que aquilo é real.
Os demais personagens também são bem construídos e desempenham papeis relevantes e importantes para Holly no que diz respeito às investigasções e até a sua própria rotina.

Um ponto que achei genial é a dualidade criada por King ao retratar esse casal. Ao mesmo tempo em que eles representam a banalidade da classe média que vive no suburbio, eles representam o que há de pior no ser humano, mostrando que por trás de uma aparência inofensiva, algo de terrível pode estar escondido e não se pode confiar em ninguém.

No mais, pra quem é fã de Stephen King, já sabe o que esperar do mestre. Recomendo muito a leitura, principalmente pela ideia do autor de inserir o tema da pandemia à história de forma orgânica e imersiva, mostrando que o horror vai além do true crime, e que a vida de milhões esteve nas mãos de pessoas limitadas, imbecis, egocêntricas e só tomaram decisões horríveis que resultaram no que todos nós testemunhamos, não só nos EUA, mas por aqui também...

Está Tudo Bem - Vol.1 - Mike Birchall

13 de novembro de 2023

Título:
 Está Tudo Bem - Vol.1
Autor: Mike Birchall
Editora: Suma
Gênero: HQ/Distopia
Ano: 2023
Páginas: 272
Nota:★★★★★
Sinopse: Sam e Maggie são um casal perfeitamente normal, que mora em um bairro perfeitamente normal, com um cachorro, chamado Winston, perfeitamente normal. Todas as casas da vizinhança são iguais. As pessoas são parecidas e falam de maneira similar. Olhando de fora, está tudo bem. Mas… será que está mesmo?
Já faz algum tempo que o adorável Winston está morto. Sam e Maggie começam a ter dificuldades para manter a imagem da vida suburbana perfeita. O mistério continua e, apesar de estarem tão “bem” quanto possível, eles são vigiados por câmeras e passam a questionar as próprias decisões. Reprimindo sentimentos, ocultando lembranças e vivendo estranhamente desconectados, os dois estão a apenas um equívoco de algo muito mais sinistro.
Em uma sociedade controladora que pune rigorosamente os que questionam e se rebelam, o que acontece quando, na realidade, não está tudo bem?
O volume 1 de Está Tudo Bem reúne os episódios 1 a 16 do Webtoon Everything is Fine e inclui conteúdo extra inédito.

Resenha: Inspirada em 1984, de George Orwell, e indicada ao prêmio Harvey, Está Tudo Bem, criada por Mike Birchall e publicada pela Suma, é a série mais popular do Webtoon na categoria horror. 


Nela acompanhamos o casal Sam e Maggie, que vivem felizes com seu cachorro chamado Winston numa vizinhança aparentemente normal onde todos são educados e muito amigáveis. Eles convivem bem com seus vizinhos, Linda e Bob, e sempre comentam sobre suas rotinas. Há câmeras por todos os lados e todo mundo é vigiado, logo é preciso falar as coisas certas e na hora certa para que não haja a menor suspeita de que algo possa estar fora de ordem e controle.

Winston já está morto atrás do sofá há sabe-se lá quanto tempo, mas o casal faz de conta que tudo está bem pra manter as aparências, fazendo até questão de chamá-lo pra comer em alto e bom som. Eles também passam os dias reprimindo sentimentos, mantendo conversas desconexas, tentando se adaptar e tentando esquecer lembranças de acontecimentos passados, o que sugere que algo de muito errado deve estar acontecendo. Quando Charlie, o vizinho da casa a frente, chama Maggie para lhe mostrar algo no porão de sua casa, algo estranho e inesperado acontece, e Maggie toma uma decisão radical que mudaria todo o rumo de sua vida e do seu marido.



A HQ conta com ilustrações em tons pastéis e traços fofos e delicados que constrastam bastante com o mundo distópico e assombroso criado pelo autor. Os personagens vivem suas vidas perfeitas, numa sociedade modelo, mas pra se manter a ordem há um custo a se pagar. Todos eles usam essa enorme cabeça de gatinho que sempre esboça a mesma expressão de ternura independente da situação, escondendo suas reais feições, fazendo com que o leitor só possa imaginar pelo que estão passando e como estão reagindo a isso.

Essa áurea de mistério e suspense só atiça a nossa curiosidade pra saber por que eles se comportam assim, quem os vigia, por que suas conversas sempre são irreais e enigmáticas, por que sempre precisam fingir que tudo está bem, por que eles param o que estão fazendo e mudam de atitude quando um sinal de alerta é ativado num de seus olhos, e que diabo de vibe creepy é essa que ronda esse pessoal. Vê-los topando com cenas assustadoras e continuarem agindo com suas "carinhas felizes" como se não fosse nada demais chega a dar calafrios na espinha. A vontade de saber por que parecem tão atormentados, o que eles querem tanto esquecer, ou o que há no porão de Charlie também é enorme.




Eu não conhecia a websérie e confesso ter ficado interessada na leitura logo que vi a capa. Depois vi qual foi a inspiração do autor e fiquei ainda mais curiosa, mas não pesquisei a respeito pra ler na intenção de ser surpreendida e fiquei com as expectativas lá nas alturas. Por ter 1984 como inspiração já imaginava que pudesse ter algo relacionado a um governo totalitário, inclusive o nome do pobre do cachorro já faz uma homenagem ao protagonista do clássico de Orwell.

Durante a leitura, fiquei com aquela sensação de ameaça no ar, e senti um desconforto e um pavor real por perceber que existe algo de errado mas não saber o que é, mesmo quando Maggie toma a atitude mais drástica de sua vida. Nesse ponto, o livro simplesmente termina e resta ao leitor esperar pelo próximo volume pra continuar acompanhando e saber o que está acontecendo e quais serão os próximos desafios que Sam e Maggie vão precisar enfrentar agora que "acordaram".


No mais, eu gostei muito da leitura, fiquei presa até a última página e super indico. Apesar de ser só a introdução da história e dar quase nada de informações, realmente me surpreendeu porque aguçou minha curiosidade com um tema interessante e pesado sob um visual bonitinho. Não se enganem com os rostinhos felizes dos "gatinhos", há cenas bem cruéis que envolvem violência e sangue que chegam a arrepiar. Só espero que a continuação não demore muito pra sair porque a curiosidade bateu forte por aqui.

Novidade de Novembro - Suma

3 de novembro de 2023

Está Tudo Bem - Vol.1 - Mike Birchall (13/11/2023)
Inspirada em 1984, de George Orwell, e indicada ao prêmio Harvey, Está Tudo Bem é a série mais popular do Webtoon na categoria horror. Com ilustração em tons suaves e aparente ternura nos traços dos personagens, Mike Birchall cria um mundo distópico aterrorizante e desesperador, onde a ordem se mantém a um custo muito alto.

Sam e Maggie são um casal perfeitamente normal, que mora em um bairro perfeitamente normal, com um cachorro, chamado Winston, perfeitamente normal. Todas as casas da vizinhança são iguais. As pessoas são parecidas e falam de maneira similar. Olhando de fora, está tudo bem. Mas... será que está mesmo?
Já faz algum tempo que o adorável Winston está morto. Sam e Maggie começam a ter dificuldades para manter a imagem da vida suburbana perfeita. O mistério continua e, apesar de estarem tão "bem" quanto possível, eles são vigiados por câmeras e passam a questionar as próprias decisões. Reprimindo sentimentos, ocultando lembranças e vivendo estranhamente desconectados, os dois estão a apenas um equívoco de algo muito mais sinistro.
Em uma sociedade controladora que pune rigorosamente os que questionam e se rebelam, o que acontece quando, na realidade, não está tudo bem?

O volume 1 de Está Tudo Bem reúne os episódios 1 a 16 do Webtoon Everything is Fine e inclui conteúdo extra inédito.

Para o Lobo - Hannah Whitten

13 de outubro de 2023

Título:
 Para o Lobo - Wilderwood #1
Autora: Hannah Whitten
Editora: Suma
Gênero: Dark Fantasy
Ano: 2022
Páginas: 392
Nota:★★★☆☆
Sinopse: O reino de Valleyda não via o nascimento de uma Segunda Filha há cem anos – até a Rainha dar à luz Redarys, ou Red, irmã mais nova de Neverah. Seu propósito de vida é um só: o sacrifício.
Ao completar vinte anos, Red se entregará ao temido Lobo em Wilderwood – a floresta que faz fronteira com seu lar –, para cumprir o pacto selado há quatro séculos e garantir a segurança não só de Valleyda, mas também de todos os demais reinos.
Carregando o fardo de um poder que não consegue controlar, Red sempre soube de seu destino e está quase aliviada por cumpri-lo: na floresta, ela não pode machucar aqueles que ama.
No entanto, apesar do que dizem as lendas, o Lobo é apenas um homem, não um monstro. E os poderes de Red são um chamado, não uma maldição. Enquanto descobre a verdade por trás dos mitos, a Segunda Filha precisará aprender a controlar sua magia antes que as sombras tomem conta de seu mundo.

Resenha: Para o Lobo é o primeiro volume da duologia Wilderwood, uma Dark Fantasy escrita pela autora Hannah Whitten publicada no Brasil pela Suma.

Valleyda é um reino próximo a Wilderwood, uma floresta que, de acordo com as lendas, protege os reinos de criaturas malignas que vivem na Terra das Sombras. Há algumas centenas de anos, cinco reis adentraram a floresta para impedir que essas criaturas atacassem o reino mas nunca mais foram vistos. Desde então, segundo as lendas, um Lobo protege a floresta e caça essas criaturas mas, em troca, ele pede o sacrifício da Segunda Filha da governante de Valleyda.

Depois de algumas segundas filhas já terem sido enviadas à floresta como oferenda ao Lobo numa tentativa (em vão) dos reis aprisionados serem libertados, alguns séculos se passaram e a rainha atual teve duas filhas gêmeas. Neverah, que por ter nascido primeiro herdaria o trono, e Red, que como segunda filha seria oferecida para o Lobo quando chegasse a hora. Desde criança Red aceitou seu destino de sacrifício enquanto Neve tentava convencê-la do contrário. Agora que elas completaram vinte anos, às vésperas do ritual, Nevenão quer perder a irmã e tenta fazer com que Red fuja para não precisar enfrentar esse destino trágico mas Red, atormentada por um poder desconhecido e determinada a nunca mais machucar as pessoas ao seu redor, não dá ouvidos e permanece determinada a cumprir seu objetivo. Mas, ao entrar em Wilderwood, Red vai descobrir a verdade sobre o Lobo, que na verdade é apenas um homem, e também vai se deparar com um mistério um tanto sombrio que paira sobre a floresta.
"A Primeira Filha é para o Trono.
A Segunda Filha é para o Lobo.
E os Lobos são para Wilderwood."
- Pág. 8
Narrado em terceira pessoa com foco principal em Red, a autora mescla vários contos de fadas na intenção de construir uma fantasia sombria com toque de drama, romance, conspirações e magia regada a muito sangue. Também há alguns interlúdios com foco em Neve para que o leitor saiba o que anda acontecendo do lado de lá enquanto Red está na floresta, e isso dá um contraste bem interessante à história e seu desenvolvimento. 
O início da história já apresenta uma quantidade enorme de lendas e acontecimentos sem que haja uma introdução, como se o leitor já soubesse do que se trata quando na verdade não sabe nada e só fica perdido até que as informações venham picadas e de forma até misteriosa.
Talvez a questão do sangue na história possa inclusive ser gatilho pra algumas pessoas, pois há várias cenas onde os personagens se cortam para "ativarem" a magia. Não foi algo que me incomodou, mas acho que poderia haver um jeito menos sangrento e menos pesado na dependência do drama, e fiquei com aquela impressão de sangue e automutilação tão explorados quanto gratuitos. O problema é que, mesmo que a autora tenha sido realmente criativa ao misturar releituras, a história dá muitas voltas e tráz muitos detalhes desnecessários que deixam a escrita arrastada e pesada, e as coisas parecem não sair do lugar já que as informações e as explicações não são muito claras e vêm em migalhas, logo o leitor vai passando páginas e mais páginas mas não sabe muito bem o que está, de fato, acontecendo. E isso acabou me desgastando e prolongando a leitura além do que eu gostaria por pura falta de interesse de continuar lendo, por mais que a história seja diferente, tenha muitas referências e chamado minha atenção pelo que se propôs. Qualquer distração mínima já é o suficiente pra ter que voltar algumas páginas pra reler e não perder nada e isso acaba se tornando um tanto cansativo.

Antes de Red ir para Wilderwood ela era bastante obstinada, mas na companhia do Lobo, ou Eammon, ela se torna meio boba. Embora Red descubra que ele não tem nada a ver com os tais reis antigos e que ele é um reles descendente do antio "Lobo", Eammon ainda não faz muita questão de explicar as coisas para que tanto ela quanto o próprio leitor saibam o que está acontecendo. E Red, que não pode voltar pra casa, fica zanzando pelo castelo sem ter o que fazer, dando uma ajuda aqui e alí quando necessário e completamente limitada em suas ações. Como consequência disso, essa estadia praticamente se resume as descrições do que Red vê, que no caso são as feições do Eammon, as manias de Eammon, os olhos de Eammon, as mãos de Eammon, o cabelão desgrenhado de Eammon, o cheiro de "biblioteca" de Eammon, e por aí vai... Em alguns momentos ela entra na floresta, corre alguns perigos e realmente é bastante tenso - e sanguinolento - mas pouco depois lá está ela de novo fazendo o que lhe restou fazer: contemplar as coisas... E convenhamos, essas descrições cansam. Fora a ideia que a autora quis passar de que Eammon estava alí disposto a proteger Red, custe o que custar, como se ela fosse a pessoa mais ingênua e incapaz da face da Terra, quando ela sempre foi independente e corajosa a ponto de se dispor ao sacrifício por ter acreditado que faria um bem maior ao povo de Valleyda. Ela não precisa de ninguém pra salvá-la, só precisava de alguém que lhe contasse a verdade depois de sair de um lugar cheio de bitolados que acreditam num monte de bobagens e saem por aí falando mais bobagens ainda.

A relação entre as irmãs é muito explorada, evidenciando o quanto são ligadas e como o amor delas é forte, e não nego que essa parte familiar é super interessante e inclusive motivo de algumas reviravoltas e problemas. Não curti muito os demais personagens além das irmãs pois todos parecem genéricos, estereotipados e alguns até descartáveis.
O conceito de Wilderwood é super interessante e a floresta em si funciona como um personagem  interagindo e apresentando riscos a quem se aproxima, mas a carência de maiores explicaçoes acaba criando mais perguntas do que respostas na história, o que é um tanto frustrante. Não sei se eu deixei escapar tais informações, não sei se autora deixou isso pro próximo volume, ou se ela simplesmente queria inserir uma floresta mágica e sombria na trama pra dar esse toque dark e não soube como desenvolver bem e explicar esse sistema mágico/amaldiçoado em torno dessa floresta. Não sei por que o Lobo tem esse vínculo com Wilderwood, não entendi o lance com os cinco reis e porque cargas d'água o povo de Valleyda espera que eles voltem inteiros depois de séculos como se nada tivesse acontecido, enfim... não há explicação e fiquei boiando sem saber pra onde isso tudo estava indo. Ao chegar próximo do desfecho a autora ainda estava inserindo elementos mágicos desconhecidos na história, e pra mim isso me soou um tanto conveniente pra resolver alguns problemas que surgiram sem maiores explicações.

Para o Lobo, além de uma fantasia sombria, é um romance envolto por conflitos políticos e fanatismo com referências clássicas de contos de fadas, principalmente A Bela e a Fera. A história não é ruim, só acho que a autora foi por um caminho onde preferiu fazer mais mistério do que ser direta causando um pouco de confusão (o que torna a leitura mais demorada e arrastada do que devia ser), e talvez não seja pra pessoas que tenham problemas com as questões dos cortes e do sangue.

Novidades de Outubro - Suma

8 de outubro de 2023

Nós fazemos o Mundo - N. K. Jemisin (05/10/2023)
Na cidade que nunca dorme, as aparências enganam: à primeira vista, é até possível acreditar que tudo vai bem, mas essa não é a verdade.
Já faz três meses que Nova York ganhou vida, e os avatares conseguiram impedir que a Mulher de Branco destruísse seu território. Só que, agora, o inimigo tem poderes mais sutis à disposição: a retórica populista da gentrificação, da xenofobia e das medidas para "manter a lei e a ordem" pode destruir a cidade de dentro para fora. Para impedi-la, os avatares terão de se unir a outras Grandes Cidades para salvar o mundo da destruição iminente.
Em Nós somos a cidade, N. K. Jemisin apresentou uma narrativa original e dinâmica, mostrando como seus personagens se relacionam com as regiões que representam e interagem com os demais. Em Nós fazemos o mundo, volume que encerra a saga, as histórias de cada avatar são desenvolvidas e articuladas com maestria para que, juntos, eles possam lutar por um bem maior.

O Labirinto da Morte (18/10/2023)
Como parte de um projeto de colonização, catorze desconhecidos chegam ao planeta Delmak-O em uma viagem só de ida.
Vasto e amplamente inexplorado, Delmak-O é um território perigoso, ocupado por seres gelatinosos em formato de cubo que dão conselhos enigmáticos por meio de anagramas. É possível contatar divindades por uma série de amplificadores e transmissores de oração -- mas é provável que elas não fiquem felizes com o contato. À distância, os colonos são atraídos por um misterioso edifício, mas, ao se aproximar dele, cada pessoa enxerga na fachada um lema diferente.
Confinados em um planeta cuja própria atmosfera parece induzir a paranoia, os recém-chegados descobrirão que, em Delmak-O, Deus é um ser que está ausente ou disposto a destruir suas próprias criações.



Novidade de Setembro - Suma

6 de setembro de 2023

Holy - Stephen King (05/09/2023)
Penny Dahl está desesperada para encontrar a filha, Bonnie, que sumiu sem deixar vestígios. Em busca de ajuda profissional, ela liga para a agência Achados e Perdidos, sob o comando de Holly Gibney. A detetive reluta em aceitar o caso, porque deveria estar de licença, mas algo na voz de Penny faz com que Holly não consiga ignorar o pedido.
A poucos quarteirões de onde Bonnie foi vista pela última vez, moram Rodney e Emily Harris. Um casal de acadêmicos octogenários, dedicados um ao outro, eles simbolizam a banalidade da classe média suburbana. No entanto, no porão de sua casa bem cuidada e repleta de livros, os dois escondem um segredo terrível, que pode estar relacionado ao desaparecimento de Bonnie.
Descobrir a verdade se torna uma tarefa quase impossível, e Holly dependerá de seus talentos extraordinários para desmascarar os professores -- antes que eles ataquem novamente.

Novidades de Agosto - Suma

2 de agosto de 2023

Mestre dos Djinns - P. Djèlí Clark (22/08/2023)
Cairo, 1912. Fatma el-Sha'arawi é a mais jovem mulher a trabalhar para o Ministério de Alquimia, Encantamentos e Entidades Sobrenaturais. Mas ela certamente não é nenhuma novata, ainda mais depois de ter impedido a destruição do universo no último verão.
Após um assassinato envolvendo os membros da Sociedade Hermética de Al-Jahiz, irmandade secreta dedicada ao homem mais famoso da história, a agente é convocada para investigar o caso. Quarenta anos antes, al-Jahiz abriu o véu que isolava o mundo mágico -- trazendo os djinns, ou gênios, para a realidade humana -- e desapareceu sem deixar vestígios. Agora, o assassino alega ser o próprio al-Jahiz, que voltou para punir a sociedade moderna por suas injustiças sociais.
Na companhia de Hadia, sua nova assistente, e de Siti, sua namorada e devota dos antigos deuses egípcios, Fatma precisará desvendar a identidade do impostor -- se é que ele é mesmo um impostor -- para reestabelecer a paz.

Canções de um Sonhador Morto & Escriba-Sinistro - Thomas Ligotti (29/08/2023)
Influenciada pelos estranhamentos de H. P. Lovecraft e de Edgar Allan Poe, além dos absurdos brutais de Franz Kafka, a literatura de Thomas Ligotti desvia das meras imagens sangrentas, presentes nas narrativas de terror tradicionais, para chocar o leitor das formas mais profundas e existenciais com outro tipo de monstruosidade. Em uma prosa detalhista, objetiva e impassível, Ligotti narra histórias sobre cidades decadentes e paisagens oníricas e lúgubres para revelar a insignificância do mundo e da condição humana.
Os dois volumes aqui reunidos evidenciam o caráter sombrio, perturbador e filosófico da obra de Ligotti, que usou suas histórias para mostrar, como nunca se fez antes, a concepção de que a própria vida é um pesadelo.

Novidades de Julho - Suma

2 de julho de 2023

Uma Tragédia Familiar - M. T. Edvardsson (25/07/2023)
Steven e Regina Rytter são um casal abastado, vivem em uma mansão deslumbrante e aparentam uma vida perfeita. Mas há algo fora do comum: a esposa não sai de casa há meses, tomada por uma grave e misteriosa doença.
Depois de alguns desentendimentos com a funcionária anterior, Steven contrata uma nova faxineira, Karla, para cuidar da residência dos Rytter duas vezes por semana. A jovem chegou na cidade há pouco tempo, e trabalha para se manter no curso de direito. Ela aluga um quarto simples no apartamento de Bill Olsson, um homem gentil que, viúvo e desempregado, passa por maus bocados para sustentar a filha de oito anos.
Conforme a situação de Bill vai ficando cada vez mais crítica, Karla se vê obrigada a fazer uma escolha terrível. E quando os Rytter são encontrados mortos, tanto Karla quanto Bill precisarão revisitar um passado que preferiam evitar.
Todas as pessoas em Uma tragédia familiar escondem algum segredo, mas alguma delas seria capaz de cometer um assassinato? Um thriller eletrizante de um mestre do suspense que apresenta uma história sobre dependência, justiça e a linha tênue entre o certo e o errado.


Mariposa Vermelha - Fernanda Castro (18/07/2023)
Na cidade de Fragária, sob o domínio da República, a magia é proibida, e Amarílis conhece como ninguém o perigo de quebrar as regras. Para evitar o destino trágico que teve sua mãe, a jovem tecelã mantém a cabeça baixa e os fios de seus poderes bem amarrados.
Quando, por acaso, se vê diante do homem que causou a ruína de sua família, Amarílis decide convocar um demônio e fazer um pacto: ela quer a morte do general que destruiu sua mãe. Mas sua oferenda é muito simples, e Tolú, o Antigo que atende seu chamado, não pode tirar uma vida por um preço tão baixo. Ele pode, porém, ajudar Amarílis a enfrentar seus medos enquanto ela faz justiça com as próprias mãos.
Com uma narrativa delicada e, ao mesmo tempo, sombria, Fernanda Castro conduz o leitor por uma história repleta de personagens fascinantes, horrores mundanos e poderes ocultos.

M de Monstra - Talia Dutton (03/07/2023)
Depois de perder a irmã mais nova, Maura, em um trágico acidente de laboratório, a dra. Frances Ai promete trazê-la de volta à vida. Entretanto, quem reaparece nessa tentativa claramente não é Maura. A criatura, que decide se chamar M, não tem recordações da vida de Maura e só quer seguir seu próprio caminho.
Na esperança de retomar a rotina que tinham juntas, Frances quer que M seja como a irmã: uma cientista dedicada com quem dividia seus planos no laboratório. Buscando recuperar suas memórias, Frances cerca M de lembranças do passado de Maura -- porém, por mais que a doutora insista, M reluta em assumir uma identidade que não é a sua.