Autora: Teresa Toten
Editora: Bertrand Brasil
Gênero: Romance/YA
Ano: 2016
Páginas: 320
Nota: ★★★★★
Onde comprar: Saraiva | Americanas
Sinopse: Adam Spencer Ross, 14 anos, precisa lidar todos os dias com os problemas que resultam do divórcio dos pais e das necessidades de um meio-irmão amoroso, mas totalmente carente. Acrescente os desafios de seu TOC e é praticamente impossível imaginar que um dia ele se apaixonará. Mas, quando conhece Robyn Plummer no Grupo de Apoio a Jovens com TOC, ele fica perdida e desesperadamente atraído por ela. Robyn tem uma voz hipnótica, olhos azuis da cor do céu revolto e uma beleza estonteante que faz o corpo de Adam doer. Adam está determinado a ser o Batman para sua Robyn, mas será possível ter uma relação “normal” quando sua vida está longe de ser isso?
Resenha: Adam Ross é um adolescente de quatorze anos que não só precisa lidar com seu TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo) como também com problemas familiares que envolvem a separação dos pais, o caos que sua casa se tornou, as cartas estranhas que sua mãe começou a receber, a nova rotina de ter duas casas e uma segunda família com um meio irmão carente e superdependente do qual ele parece ter pavor.
Para que Adam pudesse ter ajuda, ele começa a participar do Grupo de Apoio a Jovens com TOC, na sala 13B. Os adolescentes, ao compartilharem seus problemas, e com auxílio de Chuck, o psicólogo, buscam uma recuperação, um alívio para a ansiedade que os consomem e que os tornam tão compulsivos. Chuck tem uma ideia de fazer com que os jovens também cultivem a amizade entre si, e sugere que cada um deles escolha um super-herói como alter ego para incentivá-los e facilitar a aproximação.
Quando Robyn começa a fazer parte do grupo, Adam fica maluco pois ela é a garota mais bonita que ele já viu, e não demora muito até que ele comece a bolar planos para ficar com ela e a pensar que deve melhorar por ela e para ela. Ela escolhe ser Robin, e Adam não poderia escolher ninguém menos do que Batman. O Batman de Robin.
A medida que o tempo passa, Adam consegue ajudar Robyn abrindo mão do próprio tratamento, mas ele descobre que sua doença está se agravando cada vez mais devido aos seus problemas na família e que ele está desenvolvendo novos sintomas como consequência disso.
A narrativa é feita em terceira pessoa e o foco é o protagonista. Pensei que se a narrativa tivesse sido feita em primeira pessoa, a leitura seria mais difícil pois se lidar com alguém com TOC já é complicado, imagino estar dentro da cabeça bagunçada dessa pessoa. Talvez essa tenha sido uma estratégia a fim de dar uma leveza maior ao problema e tratá-lo com certa imparcialidade. Embora o tema seja delicado, a escrita da autora é fácil, leve e bem descontraída, e tudo isso colabora com o envolvimento na história que no final das contas é cheia de sensibilidade e carregada de emoções.
De forma geral eu gostei dos personagens e ao mesmo tempo fiquei em extrema aflição, imaginando como é difícil viver com limitações, muitas vezes sem o menor sentido, criadas por quem sofre desse mal e sendo obrigado a lidar com mais problemas que acabam fazendo até quem é normal entrar em parafuso. Ter duas casas, viver em constantes rituais de limpeza, ter problemas com agressividade, ser o porto seguro de um irmão que também tem indícios de TOC, viver numa casa cheia de objetos acumulados a ponto de ter medo de entrar e ainda ter forças pra lutar contra tudo isso pensando no bem estar dos outros em vez de si próprio. E isso é uma parte pequena do que Adam vive.
O Herói Improvável da Sala 13B mostra o TOC sob uma perspectiva diferente, trazendo um personagem que não apenas sofre com um transtorno mental que o corrói por dentro, mas que tem esperança e aprende a pedir ajuda, aprende a viver um dia de cada vez, independente de qualquer coisa. Há romance, sim, e bem fofo, mas o foco maior, é sobre amizade, superação e embora tenha sido árdua a tarefa de acompanhar Adam e suas compulsões, no final das contas torcemos por ele e pra que tudo fique bem e o livro se torna uma grande e emocionante lição.