Autora: Tillie Cole
Editora: Planeta
Gênero: Romance/Young Adult
Ano: 2017
Páginas: 400
Nota:★★☆☆☆
Sinopse: Um beijo dura um instante. Mas mil beijos podem durar uma vida inteira. Um garoto. Uma garota. Um vínculo que é definido num momento e se prolonga por uma década. Um vínculo que nem o tempo nem a distância podem romper. Um vínculo que vai durar para sempre. Ao menos era o que eles imaginavam. Quando, aos dezessete anos, Rune Kristiansen retorna da Noruega para o lugar onde passou a infância – a cidade americana de Blossom Grove, na Geórgia –, ele só tem uma coisa em mente: reencontrar Poppy Litchfield, a garota que era sua cara-metade e que tinha prometido esperar fielmente por seu retorno. E ele quer descobrir por que, nos dois anos em que esteve fora, ela o deletou de sua vida sem dar nenhuma explicação.
Resenha: Aos cinco anos de idade, Poppy e Rune se tornaram amigos inseparáveis desde quando ele veio da Noruega e se mudou pra casa ao lado da dela, em Blossom Grove, na Georgia. Aos oito, quando a avó de Poppy estava prestes a morrer, ela entrega um jarro cheio de corações de papel para a neta e lhe dá uma missão: preencher o jarro com mil beijos de garoto. E Rune é o garoto ideal para ajudar Poppy nessa tarefa ao longo dos anos, e nada poderá atrapalhar.
A leitura é fácil mas não fluiu muito bem pra mim. A história é relativamente simples pra se estender por 400 páginas já que tudo é repetitivo e minuciado demais, o que considero bastante cafona pois, claramente, as coisas parecem estar alí para fazer com que o leitor imagine as cenas românticas e se impressione com as belezas descritas, como por exemplo, pétalas das flores caindo lentamente, vento leve que bate e revela o olhar misterioso, hálito mentolado e fresco, sentimento que não cabe em mim, corações explodindo de tanto amor, e por aí vai...
Mas o que não consegui engolir mesmo, além do romance ser meloso e maçante por não ter nada que alivie ou desvie o foco da obsessão que é aquele sentimento que existe alí, foi a incredulidade que a construção dos personagens me passou. Eles são adolescentes mas a forma como se comportam não é crível - nem aceitável pra mim. O drama que a autora inseriu pra evidenciar e reforçar a ideia de um amor eterno não me convenceu pois é exagerado demais.
Até concordo que a ideia de um sentimento que vem crescendo desde a infância e dura pra sempre é bonitinha, mas quando esse amor não parece ser amor, mas sim uma coisa bem doentia que beira a obsessão, tudo muda de figura. A começar pelo "Poppymin" que, literalmente, significa "minha Poppy", a Poppy que pertence a Rune, ou a antipatia que ele tem das meninas da escola que ficam tentando "roubá-lo" de sua amada. Em determinado ponto Rune deve voltar a Noruega e os dois precisam se distanciar, mas a impressão que dá é que o mundo vai acabar alí mesmo tamanha a sofrência. A vida de Rune não vale mais nada, ele não tem mais motivos pra sorrir ou pra viver, e a melhor coisa a se fazer depois dessa desgraça terrível é se transformar num rebelde sem causa porque a única coisa que lhe trazia luz era sua Poppy e, sem ela, agora só resta trevas. O moleque só tem quinze anos, socorro! Aquele meme do Batman metendo a mão na cara do Robin pode ser inserido aqui.
O amor é tão "épico" que não há brechas nem pra supormos que em algum momento um deles poderia cogitar a hipótese de aceitar outras pessoas em suas vidas, independente do motivo. Eles se pertencem pra sempre e amém. Assim, senti que os personagens não eram "naturais", não pareciam ser reais e em momento algum eu consegui acreditar no que estava acontecendo.
Não existe personagens além dos protagonistas que chamam a atenção ou estão alí pra colaborar com o desenvolvimento da trama. Todos estão alí como meros figurantes com aparições pontuais, convenientes e relevância zero.
O projeto gráfico desse livro é a coisa mais linda e tenho orgulho em dizer que é uma das capas mais bonitas que ja vi. Simples, fiel ao conteúdo, com cores pastéis, delicadas e agradáveis de se ver, mas é uma pena quando a capa supera a história.
E sim, no final de tudo entendi que existem relacionamentos que vão além do plano físico, que é algo espiritual como se as pessoas não se conhecessem por acaso e estivessem num tipo de missão umas com as outras, e a tarefa aqui não é exatamente a dada pela falecida avó, mas algo maior e ligado ao destino dos envolvidos. O jarro de corações foi só um artifício utilizado para se atingir o "grandioso fim". Porém, por mais intenso e bonito que tudo isso possa parecer, a forma como a história foi desenvolvida e apresentada talvez não seja para qualquer tipo de público, e já no início percebi que eu não faria parte do time que amou Poppy e Rune, principalmente porque fiquei com uma impressão bem negativa de achar que a autora tentou romantizar a obsessão de Rune por Poppy quando sabemos que uma pessoa ciumenta e controladora ao extremo não pode trazer algo de bom pra ninguém...
Em suma, pra quem curte um romance adolescente piegas, Mil Beijos de Garoto deverá agradar muito. É o tipo de livro que parece ter sido escrito para fazer os leitores se deprimirem e se debulharem em lágrimas, porém, o efeito causado em mim foi outro...