Título: Ninguém Transa às Terças-Feiras
Autora: Tracy Bloom
Editora: Bertrand Brasil
Gênero: Chick Lit
Ano: 2015
Páginas: 210
Nota: ★★★☆☆
Sinopse: Katy e Matthew eram um casal inseparável. Mesmo quando ingressaram em universidades diferentes, resistiram por um tempo à distância e às tentações dessa nova fase da vida. Até que Matthew pisou feio na bola e pôs tudo a perder. Dezoito anos depois, eles se reencontram numa confraternização de ex-alunos. Matthew está casado, e Katy, comprometida. Mas aquela festa, embalada por hits dos anos 1980, reacende a velha chama. Quando acordam juntos na manhã seguinte, confusos e arrependidos, decidem nunca mais se ver.
Pelo menos era esse o plano. Agora, Katy está grávida e precisa encarar os desafios de ser mãe ao lado de Ben, seu namorado oito anos mais jovem. Ao mesmo tempo, Matthew vê sua vida perfeita entrar em colapso ao descobrir que pode ser o pai do filho de Katy justamente quando Alison, sua esposa, também está grávida, de gêmeos. Sem saber quem é o pai da criança, Katy se vê mais dividida do que nunca. E, embora saiba que Matthew a magoou como nenhum outro homem, não consegue se desvencilhar dos antigos sentimentos.
Com personagens irresistivelmente humanos, Ninguém Transa às Terças-Feiras nos mostra como a vida adulta e o amor podem ser complicados.
Resenha: Ninguém Transa às Terças-feiras, escrito pela autora Tracy Bloom e publicado no Brasil pela Bertrand, é uma comédia romântica que conta a história de Katy.
No passado, Katy e Matthew formavam um casal fofo e inseparável, mas ele conseguiu estragar tudo deixando Katy com o coração em cacos... Dezoito anos depois, num encontro de confraternização de ex-alunos, os dois se encontraram novamente e envolvidos por álcool e hits dos anos 80, que trouxeram uma enorme nostalgia, Katy e Matthew acabaram a noite na cama. Nada estaria errado, a não ser pelo pequeno detalhe de que Katy era comprometida com Ben (mesmo que fosse um relacionamento mais aberto), e Matthew casado com Alison.
Poucas semanas depois, Katy descobre estar grávida... E a história começa exatamente quando ela e Ben estão chegando na primeira aula do curso de pré-natal. O que ela não esperava era encontrar Matthew com a esposa, grávida de gêmeos, no mesmo curso. Até então, ela tinha preferido ignorar e manter em segredo a aventura que teve com o ex pois seria impossível ter ficado grávida por causa de uma única noite, mas Matthew fez as contas e logo soube que ele poderia muito bem ser o pai do bebê... E a confusão tem início aí, pois Katy não sabe quem é o verdadeiro pai da criança e fica dividida sobre o que fazer. Matthew a magoou no passado mas ela não parece ter esquecido dele, e apesar de ser casado e também estar a espera de seus filhos, é mais velho e responsável e já deixou claro que está disposto a assumir a paternidade. Ben é oito anos mais novo do que ela e por ser meio "moleque" não parece ter um futuro tão promissor, o que não passa segurança nenhuma pra ela.
"- Perceba, terça-feira não é dia de nada. No domingo você faz sexo de fim de semana. Segunda-feira você faz sexo porque pensa: 'Droga, preciso de algo para me animar porque a semana está só começando.' Na quarta-feira você faz sexo porque talvez queira comemorar os nove gols que fez no futebol ou então porque a programação da TV à noite é entediante. Quinta-feira é a nova sexta para que você possa ir ao bar e depois fazer sexo do tipo: 'Oh, céus, não pareço louco e selvagem bebendo assim num dia de semana?'Enfim, Ninguém Transa às Terças-Feiras é narrado em terceira pessoa, o que, na teoria, deveria permitir que os demais personagens além da protagonista tivessem um pouco mais de aprofundamento, mas não foi bem isso o que aconteceu. Apesar do título, o livro não tem exatamente o sexo como tema. A história gira em torno de uma gravidez inesperada cujo enredo foca na questão da paternidade da criança enquanto os personagens se metem em confusões e situações, na maioria das vezes, cômicas.
Na sexta-feira você pensa: 'Graças a Deus, sobrevivi a mais uma semana e mereço sexo.' E sábado... Bem, no sábado você faz sexo porque, afinal, sábado é dia de fazer sexo mesmo.
'Mas terça-feira é diferente. Qual seria a razão para transar numa terça? Pergunte a quem quiser. Aposto que ninguém se lembra da última vez em que transou numa terça-feira.'"
- Pág. 20
Enxerguei Katy como alguém rancorosa, inconsequente e que parece não ter a menor noção do que o futuro lhe reserva. Ela guardou tanta mágoa devido ao relacionamento falido que teve com Matthew que não conseguia mais se abrir pra ninguém. Por mais que tenha se envolvido num relacionamento com Ben e se divertisse com ele em todos os sentidos, ter intimidade significava um potencial para mais mágoas e decepções e ela cortava isso a qualquer indício de uma aproximação maior que ele tentasse fazer só pra evitar se machucar.
Ben, apesar de ser irresponsável, é muito esforçado. Ele fica completamente perdido com a ideia de ser pai, não tem ideia do que deve fazer, mas mostra que estará alí por Katy custe o que custar e mesmo não sendo um personagem tão simpático, não considerei que fosse terrível. É como se ele representasse a juventude que quer viver o momento sem preocupações. É jovem pra levar a vida a sério, mas não é velho demais pra "sossegar".
No decorrer do livro, Katy se preocupa com a questão de quem é ou não o pai, e com fatores que envolvem o que e quem poderia ser melhor pra ela enquanto Daniel, seu melhor amigo gay - e escandaloso - lhe dá conselhos dizendo que o melhor que ela tem a fazer é se livrar de Matthew. A gravidez, às vezes, parece ficar em segundo plano. Mas ela tem 36 anos, achei seu comportamento infantil pra alguém dessa idade...
Matthew foi um personagem que me matou de raiva. Não acho que um relacionamento ruim justifique traições, e ele, pra mim, demonstrou ser um completo cretino. Ele quer mostrar que tem responsabilidade e consideração, mas só pensa no próprio umbigo e ainda usa desculpas como a obsessão da esposa pela própria gravidez e que ela não o compreende para se achar no direito de ficar com outra mulher.
Não me apeguei nem me afeiçoei em nenhum dos personagens por falta de empatia e por não ter achado nenhum deles simpáticos. Eu até tentei me colocar no lugar deles pra imaginar como eu agiria em determinadas situações, mas a palavra "traição" me dá nos nervos, e acho que nada justifica. Nada.
Mas confesso que seus comportamentos, o modo como pensam e agem são bastante reais, mesmo que irritantes e acredito que isso não seja um ponto totalmente negativo. Conheço várias Katys, vários Bens, e vários Matthews por aí... O egoísmo, a falta de caráter e a falta de senso ainda fazem parte da natureza humana e achei interessante a autora ter criado personagens tão falhos assim, mesmo que o toque de humor possa ter servido como tentativa de amenizar um pouco essas questões.
A capa é chamativa mas simples, o título é em alto relevo e com aplicação de verniz. O livro é fininho, a diagramação é simples e não encontrei erros na revisão.
Apesar de alguns clichês e dos personagens nem sempre agradáveis, Tracy Bloom escreveu um livro divertido no que diz respeito as situações, com várias reviravoltas que tornam o desfecho imprevisível, mesmo que durante todo o livro eu tivesse torcido pra ver Katy sozinha no final. Mas gostei do final.
Gostei das referências musicais dos anos 80 que a autora inseriu na história, mesmo sabendo que foi através dessas músicas que Katy se deixou levar para dormir com Matthew e ter entrado nessa furada.
Confesso que algumas cenas me fizeram rir, principalmente o final quando Katy já está em trabalho de parto e só tem Daniel como companhia. É um livro divertido, sim, mas nada hilário que me fizesse escangalhar e rolar no chão. Acho que o humor britânico não tem o mesmo impacto no Brasil e talvez por isso não tenha achado o livro tão engraçado quando imaginei que fosse.
A situação dos personagens como um todo me fizeram refletir sobre sentimentos passados e presentes, se eles realmente acabam com o fim de um relacionamento mal resolvido ou se apenas ficam adormecidos em algum lugar do coração. Até que ponto as pessoas se deixam levar, usando de motivos ou desculpas para tomarem atitudes que nem sempre são corretas? Os riscos que um relacionamento moderno e aberto podem oferecer a quem se aventurar também são abordados, mas acredito que cada um sabe de si, desde que encare com responsabilidade e maturidade as consequências de seus atos e escolhas.