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Vivian Contra a América - Katie Coyle

20 de junho de 2016

Título: Vivian Contra a América - Vivian Apple #2
Autora: Katie Coyle
Editora: Agir Now
Gênero: YA/Distopia
Ano: 2016
Páginas: 304
Nota: ★★★★☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: O arrebatamento previsto pelo Pastor Frick e pela Igreja Americana passou, deixando três mil Crentes desaparecidos ou mortos. As revolucionarias Vivian e Harp são as únicas que realmente sabem o que há por trás dos desaparecimentos e estão determinadas a expor os diabólicos poderes de manipulação da Igreja. Por outro lado, eles também precisam encontrar o crush de Vivian, Peter Ivey, que desapareceu sem deixar pistas do seu paradeiro. A continuação de Vivian contra o apocalipse vai responder às perguntas deixadas pelo primeiro volume com muito bom humor e ação, e ao mesmo tempo fazer os leitores se perguntarem: é possível se manter íntegro mesmo num mundo à beira do colapso?

Resenha: Vivian Contra a América é o segundo volume da duologia (?) Vivian Apple da autora Katie Coyle e publicado pela Agir Now no Brasil.

Em Vivian Contra o Apocalipse, há um cenário praticamente distópico onde depois das mudanças climáticas e dos desastres que desencadearam o caos total nos Estados Unidos, as pessoas foram convencidas a se converterem e seguirem o Pastor Beaton Frick e a Igreja Americana. Logo em seguida houve um suposto Arrebatamento e milhares de Crentes desapareceram, incluindo os pais de Vivian que também haviam sido convertidos.
Em meio a crítica ao conceito de igreja capitalista e fanatismo religioso, Vivian e Harp, sua amiga, partem numa viagem pelo país e descobrem as farsas e os segredos assustadores desta doutrina que dominou a América e "previu" o Apocalipse, agora, um ano depois do início dessa baderna, as duas pensam na melhor forma de desmascarar esses "religiosos" manipuladores e oportunistas. O problema é que elas perderam tudo o que tinham, inclusive o carro, e agora, vulneráveis e perdidas em São Franscisco, as meninas estão em perigo pois estão sendo perseguidas pela Igreja, que pôs a cabeça das duas a prêmio...

Narrado em primeira pessoa pelo ponto de vista de Vivian, a autora mantém o mesmo estilo de escrita e equilibra ação com momentos de leve diversão mas, apesar de fluída e envolvente, a história não continua a se desenvolver tendo como base os acontecimentos do primeiro livro. É como se a autora decidisse dar um novo rumo à história e aos personagens.
A religião ainda é pano de fundo da trama, e a crítica social sobre o oportunismo que tira proveito da fé alheia, sobre o fanatismo religioso que causa intolerância e preconceito tornando as pessoas cegas, assim como as consequências caóticas que vêm com a destruição e a degradação do meio ambiente ainda estão lá. Nesses pontos a autora tem uma capacidade incrível de expor polêmicas de forma imparcial, sem impôr ou mascarar a própria opinião nas entrelinhas, trazendo reflexões sobre elas através de situações fictícias mas que se encaixam em contextos atuais e que poderiam se tornar reais.
O problema é que a inserção de novos elementos e novos objetivos deixaram a trama um pouco confusa e por mais que algumas pontas que ficaram soltas tenha sido amarradas, ainda deixou outras sem as devidas respostas que esperei ter.

Vivian e Harp ainda têm o mesmo objetivo, mas senti que houve uma inversão no protagonismo da história. Vivian era uma personagem ótima que amadureceu de forma incrível, mas agora sua maior preocupação está em resgatar Peter. Ela aparece como uma garota carente, praticamente desiludida e desesperada que colocou a luta contra a Igreja em segundo plano por alguém sem garantias nenhuma de que realmente está do lado dela nessa confusão. A paixão é o fator que a motiva e por ela ser adolescente é até um pouco compreensível, mas isso acaba se tornando sua maior fraqueza...
Em compensação, Harper, com toda a sua acidez e inteligência, ganha um destaque master, rouba a cena e conduz a história com sua personalidade marcante e suas atitudes impactantes e cheias de ousadia. Ela cria um blog para contar a verdade e expor os motivos de ela e Vivian estarem sendo perseguidas pela Igreja e ainda incentiva seus leitores a duvidarem daquilo que chamaram de Arrebatamento e em tudo o que foram levados a acreditar.

O final ainda deixa um enorme gancho para uma provável continuação, mas ainda não sei se a duologia se encerra nesse livro. A sensação ao chegar no desfecho é de algo inacabado, ao ponto de me pegar pensando "e agora?", mas caso acabe, terá sido satisfatória.

Em suma, a autora criou uma história que, de certa forma, está próxima à nossa realidade e que fará com que os leitores reflitam sobre o quão arriscado é combinar medo e fé...

Vivian Contra o Apocalipse - Katie Coyle

16 de junho de 2015

Lido em: Junho de 2015
Título: Vivian Contra o Apocalipse - Vivian Apple #1
Autora: Katie Coyle
Editora: Agir Now
Gênero: YA
Ano: 2015
Páginas: 240
Nota: ★★★★☆
Sinopse: Vivian Apple tem 17 anos e mal pode esperar pelo fatídico “Arrebatamento” — ou melhor, mal pode esperar para que ele não aconteça. Seus devotos pais foram escravizados pela Igreja há tempo demais, e ela está ansiosa para que tudo volte ao normal. O problema é que, ao chegar em casa no dia seguinte ao suposto evento, seus pais sumiram e tudo o que restou foram  dois buracos no teto…
Ela está determinada a seguir vivendo normalmente, mas, quando começa a suspeitar que eles ainda podem estar vivos, Vivian percebe que precisa descobrir a verdade. Junto com Harp, sua melhor amiga, Peter, um garoto misterioso que tem os olhos mais azuis do mundo e informações sobre um possível paradeiro dos seguidores da Igreja (ao menos é o que ele diz), e Edie, uma Crente que foi “deixada para trás”, os quatro embarcam em uma road trip pelos Estados Unidos em pleno pré-apocalipse. Mas, depois de atravessar quilômetros enfrentando eventos climáticos bizarros, gangues de fanáticos  religiosos vingativos e um estranho grupo de adolescentes autointitulado “Novos Órfãos”, Vivian logo vai entender que o Arrebatamento foi só o começo. 

Resenha: Vivian e o Apocalipse apresenta uma história com uma versão dos Estados Unidos onde o povo americano parece ter se esquecido de Deus, deram as costas à igreja e à religião e se tornaram arrogantes. Logo, para que as pessoas voltassem a ouvi-Lo, Ele precisaria de um profeta. Alguém rico e cheio de posses para quem Deus pudesse mandar seus anjos para instruí-lo e orientá-lo. Assim, Beaton Frick foi o escolhido pra construir uma igreja em seu nome, a Igreja Americana. Por mais que ele tenha ido às ruas espalhar a notícia de que Deus receberia os Crentes no Reino dos Céus quando a hora chegasse, as pessoas continuaram ignorando e vivendo no pecado. Então, o próprio Deus apareceu para Frick, alegando ter desistido dos americanos e que somente os Abençoados seriam recebidos, e o resto seria Deixado para trás a fim de presenciar o fim do mundo e sofrer as consequências por ter dado as costas a Ele. Frick avisou, mas ninguém quis ouvir nem levar a sério...
Os Estados Unidos sofreram com o calor, com desastres naturais, com ataques terroristas e entraram em guerra e colapso. As pessoas perderam seus empregos, suas casas e se viram vivendo na miséria. Não haveria salvação para a América até que Frick, mais uma vez, pediu que as pessoas que quisessem ser salvas o seguisse, e foi então que, diante de todas aquelas provações das quais ele havia alertado a todos, o povo começou a ouvir, e por medo do Apocalipse, começaram a segui-lo a fim de serem poupados... Todos passaram a viver nesse país dominado por essa religião conservadora e muito poderosa que conseguiu mudar tudo e todos, ou quase todos...

Vivian Apple é uma garota de dezessete anos que não possui crenças religiosas, mas viu o mundo ruir quando seus pais, que até então também não acreditavam em Deus, resolveram entrar para a Igreja Americana se convertendo em Crentes e seguindo o Livro de Frick. E acreditando nos ensinamentos e alertas dele, pensavam que o fim do mundo já tinha dia e hora marcados. Eles tentaram convencer Vivian a se converter, mas falharam miseravelmente pois ela simplesmente não acredita nos ensinamentos da Igreja e nem no que diz o Livro de Frick. Ela estava ansiosa pra chegar o dia do Apocalipse e todos quebrarem a cara com o que não ia acontecer. Até que um dia alguns membros da Igreja desaparecem de forma misteriosa e muitos acreditam se tratar do tão falado Arrebatamento, que é o momento em que Deus resgata os salvos enquanto os que não acreditam ou não O aceitam são Deixados para Trás. Os Crentes que continuam na cidade, que se tornou um verdadeiro caos, esperam ansiosos, mas, outras pessoas desconfiam que se trata de uma grande encenação ou picaretagem para enganar e arrancar dinheiro dos que acreditaram em alguma coisa. Mas independente do que seja, de fato, as pessoas realmente sumiram, e quando Vivian chega em casa depois de uma festa, além de não encontrar os pais, ainda se depara com dois buracos no teto, o que dá a ideia de que seus pais foram mesmo Arrebatados para o Reino do Céu. Vivian ficou para trás e está sozinha no mundo. Mas ela não consegue acreditar no que está acontecendo e esse suposto Arrebatamento é o que faz com que ela surpreenda a si mesma descobrindo um lado que ela não sabia ter. Ela sai junto com seus amigos que estão na mesma situação que ela, e parte numa viagem pelo país em busca de respostas. E ela acaba se surpreendendo com o que encontra pelo caminho...

Vou ser sincera em dizer que não esperava encontrar elementos religiosos nessa história, até mesmo porque minha forma de encarar religião é bem diferente do que considero "tradicional". Pra mim, o livro tratava de outro tipo de fim do mundo e que o Arrebatamento mencionado seria apenas um estopim para o desenrolar das coisas, mas posso afirmar que a mensagem que encontrei aqui foi muito além do que imaginei e no final das contas o livro superou, e muito, as minhas expectativas.
A história é narrada em primeira pessoa pelo ponto de vista de Vivian e é dividida em três partes, que é quando ela fica perdida sem saber o que está acontecendo, quando reúne coragem suficiente e parte em busca de respostas e quando, enfim, descobre o que aconteceu e como lidou com isso, então ficamos limitados à visão e opinião dela acerca do que está acontecendo enquanto tudo está um caos.
Achei interessante que a autora tenha usado algumas palavras com letra maiúscula para evidenciar certos tipos de características ou acontecimentos, como Crentes, Livro, Deixados para Trás, Salvação, Igreja e etc e dessa forma ela não generaliza o assunto nem o leva para além da ficção, por mais que seja possível usar a trama como exemplo vivo do que vivenciamos na vida real. Enxerguei no livro uma crítica ao fanatismo religioso e as consequências terríveis que a lavagem cerebral e a intolerância podem trazer.

Os Crentes, em nome da religião e do que foram levados a acreditar, não medem esforços para afastar ou acabar com tudo o que pode ser considerado impuro ou prejudicial para que a Salvação aconteça, então é comum que, em meio ao caos, Vivian veja ofensas horríveis pintadas em muros e paredes da cidade direcionados a qualquer um que seja "corrompido", assim como perseguições e assassinatos contra gays, ateus e até negros. Soou muito familiar pra mim quando li trechos que mostraram esse tipo de crença que incentiva os ricos a ficarem mais ricos pois "Deus ama o Capitalismo", ou de jovens que engravidaram de alguém da Igreja acreditando estarem mais próximas de Deus ou que seriam salvas assim pra depois ficarem solteiras e sozinhas, que as mulheres devem ser submissas e obedecer aos maridos enquanto ficam em casa cuidando da família, além da combinação de Igreja com Política a fim de facilitar a ingressão de leis que se baseiam em crenças que beneficiem apenas a quem convém.

Parece ser um tema pesado e difícil, mas a autora consegue encaixar esses elementos na trama de uma forma impactante, bastante realista e sem que nada seja ofensivo a alguma religião, além de mesclar com os conflitos dos personagens que mostram seus sentimentos que envolvem amor e amizade de uma forma intensa e verdadeira, e isso é o que move os personagens a seguirem em frente contra todo o absurdo que está acontecendo. A história é contada de uma forma que acredito ser mais reflexiva enquanto Vivian está nessa jornada pela cidade a fim de saber a verdade e o que aconteceu com as pessoas que desapareceram, e cabe ao leitor absorver tudo a sua maneira e, quem sabe, tirar dali algum proveito sobre o assunto.
Vivian é apresentada no início como uma personagem certinha, obediente, estudiosa mas ao longo do livro, diante de tudo o que ela presencia e passa, ela aprende muito sobre esse mundo exterior e amadurece por pensar além e não se deixar influenciar, por se mostrar alguém diferente dos outros e de forma incrível. Ela passa a ter uma outra visão de mundo e a ver as pessoas como elas são na verdade. Ela se torna uma verdadeira heroína no que diz respeito a lutar pelo que acredita ser o certo, principalmente porque sempre está preocupada com quem está a sua volta, sem interferir nas crenças alheias.

Gostei bastante da escrita da autora e da forma como ela aprofundou as relações entre os personagens e os detalhes da história. Todos eles são muito bem construídos, até mesmo aqueles que são os "vilões". A cada parte acontecia alguma reviravolta, algum fato que havia sido mencionado lá no começo vem a tona e alguns segredos são desvendados, e tudo isso colabora para que Vivian tenha as respostas que tanto procurou.
Não vou negar que percebi alguns pequenos furos na história, mas falar sobre eles seriam um spoiler, então, prefiro deixar que quem tiver o prazer de ler chegue a própria conclusão.
É um livro intrigante, chocante e tem seus pontos tristes, mas não deixa de ser bonito e emocionante pois mostra que nem sempre devemos acreditar em tudo que ouvimos, e nem sempre o parece ser realmente é.

Acredito em Deus, sim, mas não sou de rezar nem sigo uma religião, mas sempre acreditei que o respeito é algo que não se pode impor, mas sim algo a ser conquistado. Acho que esse respeito não pode existir quando os outros querem obrigar ou forçar alguém a acreditar no que eles acreditam. As pessoas são diferentes, são livres para escolherem o que acham melhor para suas vidas desde que não prejudiquem ninguém, mas a forma como se comportam com os outros diante de suas crenças é uma das coisas que as definem. Ninguém precisa concordar com as escolhas ou opiniões alheias, basta respeitar para, assim, se dar ao respeito. É uma pena que na prática isso não funcione e em pleno século XXI temos que presenciar situações lamentáveis envolvendo o que algumas pessoas são capazes de fazer, ou de levar outras a fazerem, em nome de Deus.
É um livro que recomendo, tanto pelo entretenimento quanto pela ideia de fazer as pessoas refletirem sobre o tema.