Lido em: Outubro de 2012
Título: A Maldição da Rainha do Rock
Autor: Mathilda Kóvak
Editora: Escrita Fina
Gênero: Infanto Juvenil/Literatura Nacional/Fantasia
Ano: 2011
Páginas: 118
Nota:
★★★☆☆
Sinopse: Suspense. Paranormalidade.Terror. Humor. Terrir... e muito rock'n'roll. Esses são os ingredientes desta que é a a primeira ópera-rock literária de todos os tempos.
Resenha:
A Maldição da Rainha do Rock é um mistério com um misto de suspense, comédia, muita imaginação e um toque musical clássico e bem bacana, em que somos apresentados a Gustava, ou Tata, uma adolescente de 13 anos, blogueira, que vai ao show de sua maior ídola, Samantha Fortune, a rainha do rock'n roll.
Porém, o que Tata não esperava, era ser atingida por um raio quando resolveu subir numa torre pra tentar tirar uma foto de Samantha. Ao ser levada para o hospital, todos ficam incrédulos, pois Tata além de ter saído ilesa desse acidente, sempre que tem sede, fica fluorescente e brilha! E ninguém consegue explicar o tal fenômeno.
Tata inicia um tratamento que teria duração de seis meses, e sua mãe, Edna, e seu cachorro, Wladimir, sempre a acompanham. Ao final desse tratamento, é aniversário de Tata, e ela ganha uma guitarra super descolada, toda prateada mas muito misteriosa, já que ela não sabe de onde veio ou quem lhe deu esse super presente. E toda vez que Tata toca sua guitarra nova, se sente vigiada e perseguida por ninguém menos do que a própria Samantha Fortune! E como se isso não fosse suficiente, Samantha começou a estourar nas paradas com músicas compostas por Tata! Mas como pode isso?
Para resolver esse mistério, Tata se une aos seus amigos, Theo e Rafael, e sob as instruções do Dr. Ruz, formam a banda Projeto Euterpe (em homenagem a deusa inspiradora da música, Euterpe), em que eles iriam fazer uma apresentação musical e transmitir tudo ao vivo pela internet e acabam conseguindo provar a verdade, e descobrindo muitas outras coisas que ninguém poderia imaginar que fosse possível.
A Maldição da Rainha do Rock é um livro bem escrito, tem a capa super fofa e uma narrativa que flui muito bem. Ele também tem várias referências musicais das antigas e clássicas o que foi super válido, como um Submarino Amarelo (
Yellow Submarine, dos Beatles) que navega pelos esgotos e outras tiradas bem inteligentes. Mas pra mim, esse livro não teve uma proposta tão bem elaborada e aprofundada assim. Por mais que as situações absurdas tenham sido fantasiosas, muitas coisas ficarem sem explicação, ou a explicação não foi convincente o suficiente para que eu "caísse" nela. Senti que muitas dessas referências e até algumas piadas caíram de paraquedas no livro, sem um propósito maior, como por exemplo, a mãe de Tata que virou católica fervorosa após seu marido tê-la trocado por uma dançarina de axé e ela fazer questão de ficar lembrando disso sempre que pode. O cara podia ter trocado a esposa por uma mulher qualquer, mas logo por uma dançarina de axé? Se houve alguma tentativa disso ser engraçado, comigo não funcionou, pelo menos não dentro desse contexto. E fora que, pra mim, soou um pouco preconceituoso...
Cheguei a ficar num impasse sobre a indicação, pois seria um livro ideal e bem divertido pra quem não iria questionar esses acontecimentos com explicações vagas, levando tudo numa boa, como o público mais infantil. Mas ao mesmo tempo, esse público não tem muito conhecimento ou nunca nem ouviu falar de Beatles, Buddy Holly, Jerry Lewis, Fred Astaire, Bob Dylan, The Who, Velvet Underground, Jimi Hendrix, Rolling Stones, David Bowie, AC/DC, Jerry Lee Lewis, Raul Seixas e outros ícones... Fiquei com a impressão de que a autora, por ter esse conhecimento e ser roqueira assumida, quis incluí-lo na história com a melhor das intenções, mas só ficou lá, como um registro sem nenhuma finalidade maior. É meio difícil engolir uma garotinha de 13 anos, blogueira e guitarrista, interessada em filmes dos anos 40 e peças de Tennessee Williams, né?
Enfim, é um livro bom e com um visual bacana indicado pra leitores jovens ou adultos que são fãs das bandas mencionadas em questão pelo fator "nostalgia". A leitura é leve e flui muito bem, com referências bem interessantes, e com uma ideia legal, mas faltou um desenvolvimento que explicasse melhor todos esses elementos juntos e toda a fantasia e maluquice da história.