Lido em: Janeiro de 2013
Título: Morte Súbita
Autor: J.K. Rowling
Editora: Nova Fronteira
Gênero: Ficção/Drama
Ano: 2012
Páginas: 504
Nota:
★★★★☆
Sinopse: Quando Barry Fairbrother morre inesperadamente aos quarenta e poucos anos, a pequena cidade de Pagford fica em estado de choque. A aparência idílica do vilarejo, com uma praça de paralelepípedos e uma antiga abadia, esconde uma guerra. Ricos em guerra com os pobres, adolescentes em guerra com seus pais, esposas em guerra com os maridos, professores em guerra com os alunos… Pagford não é o que parece ser à primeira vista. A vaga deixada por Barry no conselho da paróquia logo se torna o catalisador para a maior guerra já vivida pelo vilarejo. Quem triunfará em uma eleição repleta de paixão, ambivalência e revelações inesperadas?
Resenha:
Morte Súbita é o primeiro romance voltado para o público adulto de
J.K. Rowling, cuja história se desenrola na pequena e fictícia cidade de Pagford, interior da Inglaterra, e é dividida em 7 partes com em média 10 capítulos cada. Logo no início, além de nos depararmos com a trágica e repentina morte de Barry Fairbrother, somos apresentados a 7 núcleos familiares e a reação de todos após ficarem sabendo dessa notícia.
Barry era um cara querido, respeitado, admirado, e fazia parte do Conselho da cidade, que até é dividida entre os mais endinheirados e os mais pobres, e agora que sua cadeira está vaga, todos os moradores, que de certa forma tinham alguma ligação com ele (por menor ou mais distante que fosse), passam a se questionarem sobre quem irá substituí-lo a altura (ou não) e suas vidas acabam se entrelaçando.
E no decorrer dessa história, passamos a conhecer um pouco desses moradores de Pagford (e não são poucos!), incluindo seus segredos, suas conquistas, seus interesses, suas descobertas, seus medos, seus desejos, seus problemas, seus vícios, suas ambições, suas perdas, etc... Não vou falar de nenhum personagem em especial, mas alguns acabam tendo mais destaque que outros devido a própria história de vida e o que querem para si mesmos.
A primeira parte do livro é dedicada inteiramente a apresentação desses vários personagens, o que achei muitíssimo monótono e arrastado, pois fiquei com a impressão de que nada acontecia e que a história não teria rumo, mas como toda história, principalmente as grandes, é necessário uma introdução. Acho por mais confusa que tenha parecido, foi bastante importante para que entendêssemos um pouco dos personagens, mesmo que depois eu tivesse que ficar voltando pra lembrar quem era quem, pois são MUITOS e confesso ser bem difícil se familiarizar com todos logo de cara. É necessário persistir. No meu caso, persisti até quase a metade do livro pra ficar realmente envolvida com a história, pois até antes disso não estava 100% empolgada, e foi isso que me fez tirar uma estrela na avaliação. De início, sei que muitos vão pensar coisas do tipo: "
mas e daí que fulano pensa assim?",
"que diferença isso faz?", "
o que diabos isso tem a ver?", quando na verdade, a história não trata apenas de contar o que acontece na cidade após a morte de Barry. Muitos detalhes no começo, por menores que sejam, tem grande influência em alguma coisa que irá acontecer mais tarde, fazendo com que todas as pontas que iriam parecer ficarem soltas ou sem maiores explicações plausíveis, fossem amarradas de forma genial!
A história não é adulta somente por conter diálogos repletos de palavreados chulos e sexo, mas por não ser uma leitura muito "leve", já que aborda vários assuntos sérios ao mesmo tempo, como uso de drogas e a vida do dependente e da família dele, a violência tanto física quanto psicológica que muitos enfrentam, estupro e outros abusos sexuais ou de poder, negligência e preconceito de todos os tipos, pedofilia e outros problemas que muitos insistem em acobertar para fingir que não existem ou pensam que só acontecem com desconhecidos.
Talvez por tratar desses assuntos mais pesados e que chocam as pessoas, esse livro deva ser lido com a mente aberta, e, talvez, só irão absorver a verdadeira mensagem, aqueles que tem maturidade para encarar esse tipo de história. E quem sabe assim, muitos irão identificar que personagens que se comportam como esses criados por J.K., nem sempre são fictícios, mas que pode ser aquele seu vizinho intrometido, aquele seu professor nervosinho, aquele carinha popular de quem todo mundo é a fim ou até mesmo você...
J.K. acertou em cheio quando descreveu o próprio livro como sendo "uma grande história sobre uma pequena cidade", pois trata de fazer uma enorme crítica a hipocrisia da sociedade, e como as pessoas, talvez por agirem por um impulso egoísta buscando pelo que desejam sem pensar no próximo ou nas consequências de seus atos, acabam por desencadearem a própria ruína, e que talvez aquela "vacância" esteja somente nas entrelinhas, não significando necessariamente que o espaço ou vaga a ser preenchida em algum lugar seja de algo físico ou material...
Por mais confuso e chato que seja o começo, leia! A lição, a mensagem, a reflexão (e até a ressaca literária que esse livro causa) valem muito a pena!