Título: A Garota que Você Deixou Para Trás
Autora: Jojo Moyes
Editora: Intrínseca
Gênero: Romance/Drama
Ano: 2014
Páginas: 384
Nota:★★★☆☆
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Durante a Primeira Guerra Mundial, o jovem pintor francês Édouard Lefèvre é obrigado a se separar de sua esposa, Sophie, para lutar no front. Vivendo com os irmãos e os sobrinhos em sua pequena cidade natal, agora ocupada pelos soldados alemães, Sophie apega-se às lembranças do marido admirando um retrato seu pintado por Édouard. Quando o quadro chama a atenção do novo comandante alemão, Sophie arrisca tudo — a família, a reputação e a vida — na esperança de rever Édouard, agora prisioneiro de guerra. Quase um século depois, na Londres dos anos 2000, a jovem viúva Liv Halston mora sozinha numa moderna casa com paredes de vidro. Ocupando lugar de destaque, um retrato de uma bela jovem, presente do seu marido pouco antes de sua morte prematura, a mantém ligada ao passado. Quando Liv finalmente parece disposta a voltar à vida, um encontro inesperado vai revelar o verdadeiro valor daquela pintura e sua tumultuada trajetória. Ao mergulhar na história da garota do quadro, Liv vê, mais uma vez, sua própria vida virar de cabeça para baixo. Tecido com habilidade, A garota que você deixou para trás alterna momentos tristes e alegres, sem descuidar dos meandros das grandes histórias de amor e da delicadeza dos finais felizes.
Resenha: A garota que você deixou para trás, é um drama escrito pela autora Jojo Moyes e lançado no Brasil pela Editora Intrínseca. Ele conta a história de duas mulheres, Sophie e Liv, que, apesar de separadas por quase um século, tem em comum um objeto de grande valor sentimental para elas: o quadro entitulado "A garota que você deixou para trás".
O livro é dividido em duas partes e a primeira se passa na França de 1916, em plena Primeira Guerra Mundial. Assim, conhecemos Sophie Lefèvre, uma mulher que precisa manter sua família segura após seu marido, Édouard, ter sido levado para combater no front. A Alemanha toma a cidade de St Péronne e passa a hostilizar os habitantes, porém, quando um novo Kommandant chega a cidade e adentra a casa de Sophie procurando algum meio de castigar e humilhar sua família, ele se depara com um quadro pintado pelo marido dela. Por ser um verdadeiro admirador de obras de arte, o Kommandant começa a demonstrar um tipo de obsessão por ela, já que o quadro se tratava de uma pintura dela cheia de vida e confiança, e todos na cidade começam a acreditar que por ela não ser mais perseguida pelos alemães, e ainda ter sido posta para trabalhar como cozinheira, é por estar, de alguma forma, do lado deles. O Kommandant sempre arruma desculpas para se por de frente para o quadro e admirá-lo ao mesmo tempo que se aproxima de Sophie. Porém, a única coisa que ela quer é reencontrar seu marido, e a forma que ela encontrou de tentar esse feito, seria não despertando a ira dos alemães e principalmente do Kommandant, enquanto se aproveitava dessa suposta "bondade" por parte dele. Mesmo que isso lhe custe a própria reputação...
Anos se passaram desde então, e em Londres de 2006, somos apresentados a Liv Halston, uma mulher que sofre por ter perdido o marido, David, passa por grandes dificuldades financeiras e está beirando a falência. Além da casa que ela se recusa a vender e desocupar, mesmo sem dinheiro pra mantê-la, há um presente que ela havia ganhado do marido e que está pendurado em sua parede - o quadro com o retrato de Sophie - e Liv se apegou a ele por ser a lembrança mais forte que têm de David, mesmo sem saber de sua verdadeira história.
Até que, por ironia do destino, Liv conhece Paul McCafferty, um sujeito bastante decente com um emprego bem "interessante"... Paul trabalha numa agência e é encarregado de encontrar obras de artes, aquelas há muito tempo perdidas ou roubadas nos tempos da Guerra, de forma que os verdadeiros herdeiros possam ser restituídos, e por ele, Liv descobre que sua pintura vale milhões de euros! Uma enorme guerra judicial se inicia entre ela e os descendentes da família Lefèvre, pois de um lado, há o inegável interesse financeiro, e de outro, o valor sentimental... E Sophie não pretende abrir mão de seu presente fazendo de tudo para provar que o quadro lhe pertence, mas, para isso, precisaria saber um pouco mais da história de Sophie...
A primeira parte da história é narrada em primeira pessoa por Sophie, e é possível percebermos que mesmo com os horrores da guerra, e o quanto os alemães foram cruéis, havia quem tentasse enxergar bondade nas piores coisas, lutando com todas as garras pelos seus ideais, objetivos e pelo que realmente tinha algum valor.
Já na segunda parte, narrada em terceira pessoa, vemos uma Liv que, assim como Sophie, também está determinada a lutar pelo que ela mais valoriza e ama. Mesmo que a escolha das duas de seguir em frente lhe causassem vários transtornos e riscos, elas simplesmente não desistiram e enfrentaram, cada qual a sua maneira, o que viesse pela frente, atitude que fizeram delas verdadeiras guerreiras.
Histórias que envolvem a guerra, principalmente os horrores e todas as atrocidades que suas vítimas tiveram de enfrentar, é algo que me causa arrepios, e mesmo que a parte destinada a Sophie dê esse gostinho amargo de todos os abusos que o povo sofreu, não é o fator principal aqui - por mais que a ocupação tenha sido descrita com bastante realidade. O amor de Sophie pelo marido e o quanto ela acredita e tem esperança de reencontrá-lo, é o que, de fato, lhe dá forças para passar por cima de toda aquela miséria e sofrimento que os alemães causaram.
E foi essa a parte da história que havia me prendido pois me peguei imaginando como um amor pode ser tão grande e bonito a ponto de ultrapassar todas as barreiras, por piores que sejam.
Mas após 125 páginas, já somos transportados para a atualidade, e aquele clima de tensão e agonia pelo qual Sophie estava passando é cortado de forma instantânea para que Liv fosse apresentada, e mesmo que ela também tenha sofrido uma perda, sua história não me prendeu como a de Sophie. Não senti emoção, fiquei com a impressão de que Paul ter entrado em sua vida não foi coincidência ou obra do acaso, mas sim algo conveniente, arranjado e superficial, pois entre milhões de pessoas no mundo, ela vai conhecer logo alguém que está procurando pelo quadro que tem, bêbada e num bar gay, evento este que viraria sua vida de cabeça pra baixo da noite pro dia a levando a enfrentar a justiça e tudo mais?
O julgamento é bastante longo, monótono e arrastado (quase me lembrou a justiça brasileira) e também foi algo que não me agradou, e a pergunta "quem vai ficar com o quadro?" já era algo que deixou de me interessar tamanha a vontade daquilo chegar ao fim.
Alguns capítulos da segunda parte do livro são destinados a acontecimentos que envolveram a vida de Sophie (narrados por ela própria), descobertas que foram sendo feitas durante o processo, cartas e etc, mas já não tiveram o mesmo impacto como aconteceu na primeira parte.
A coragem das personagens em lutar pelo que acreditam enfrentando tudo e todos, levando em consideração o amor, é algo que nos motiva e emociona, mas a história de Sophie foi tão mais intensa do que a de Liv que achei que houve um desequilíbrio em combinar passado e presente tendo o quadro como objeto em comum, mesmo que as duas fossem bastante parecidas no que diz respeito ao que as motiva.
Enfim, não vou negar que a história emociona, mexe com a gente e vale a pena ser lida, mas achei que poderia ter mais Sophie e menos Liv.
A garota que você deixou para trás, pra mim, pode ser resumida como uma história sobre duas mulheres fortes e determinadas, que lutaram para sobreviver em tempos difíceis e amargos, a fim de superar as adversidades impostas pelo destino.