Título: Convergente - Divergente #3
Autora: Veronica Roth
Editora: Jovens Leitores/Rocco
Gênero: Distopia
Ano: 2014
Páginas: 528
Nota: ★★★☆☆
Sinopse: A sociedade baseada em facções, na qual Tris Prior acreditara um dia, desmoronou, destruída pela violência e por disputas de poder, marcada pela perda e pela traição. Portanto, diante da chance de explorar o mundo além dos limites que ela conhecia, Tris não exita. Talvez, assim, ela e Tobias possam ter uma vida simples e nova juntos livres de mentiras complicadas, lealdades suspeitas e memórias dolorosas.
No entanto, a nova realidade de Tris torna-se ainda mais alarmante que aquela deixada para tras. Antigas descobertas rapidamente perdem o sentido. Novas verdades explosivas transformam os corações daqueles que ela ama. Então, mais uma vez, Tris é obrigada a compreender as complexidades da natureza humana - e a si mesma -, enquanto convergem sobre ela escolhas impossíveis que exigem coragem, fidelidade, sacrifício e amor.
Resenha: Convergente fecha a trilogia distópica escrita por Veronica Roth que foi iniciada com Divergente e em seguida Insurgente. No segundo livro, a revelação de que há um "novo mundo" fora de Chicago vem a tona, e a ideia de viver longe de toda a violência e disputa pelo poder que existe ali é muito tentadora, principalmente após Evelyn Eaton, a líder dos sem Facção (e a mãe de Tobias), se tornar a líder da cidade implantando um novo sistema que todos discordam. Com as facções derrubadas, o povo está perdido e insatisfeito com a ideia de uma nova líder que, em vez de buscar pela igualdade, prega a tirania e a ditadura, e os sem-facções, enfim, resolveram reivindicar seus lugares. Em meio a toda essa confusão, um grupo autodenominado "os Leais" são os que resolvem explorar o que há além da cerca para, quem sabe assim, terem uma chance de uma nova vida num lugar novo.
Dessa forma, Tris vai se unir a esse grupo, do qual Tobias também está incluído, para tentar descobrir sobre si mesma, sua história, suas origens e etc. Porém, ao chegarem lá, descobrem uma verdade da qual não esperavam e se quiserem realmente a paz, vão precisar lutar para isso.
Em primeiro lugar, o que é essa capa? Com certeza é a mais bonita entre as três e tem tudo a ver com a ideia de um final "explosivo".
Narrado sobre o ponto de vista de Tris e Tobias através de capítulos alternados, e confesso que se não houvesse o nome do personagem pra identificar de quem é a vez seria difícil distinguir quem é quem já que a narrativa e o pensamento dos dois são praticamente iguais, várias pontas soltas são explicadas e passam a fazer sentido, como por exemplo, por que as facções foram criadas, o que de fato é ser um Divergente dentre outras coisas, mas outras não são totalmente explicadas, não.
Diferente dos livros anteriores, Tris e Tobias mostram um relacionamento cheio de brigas mas com um pouco mais de romance e por várias vezes fiquei me perguntando se, diante da situação em que se encontravam, beijos ardentes e esfregação eram coisas realmente necessárias, principalmente porque o livro é cheio de mortes e tragédias que são seguidas por cenas desconexas e explicações científicas e políticas sem muito sentido que parecem que não vão acabar nunca tornando boa parte da leitura prolixa. Tais cenas me deixaram com a sensação de que estivessem ali para roubar o lugar da ação e coerência que estavam presentes anteriormente por má organização por parte da própria autora, que parece ter juntado tudo de qualquer jeito sem levar em consideração que leitores e fãs da trilogia poderiam imaginar soluções óbvias para resolver vários problemas que apareceram e muitas vezes aceitaram lindamente sem questionarem o desconhecido. Por mais que a narrativa seja fluída e dinâmica, senti que não saia do lugar, exceto por algumas cenas em que havia alguma explicação realmente importante sobre algo que havia ficado no ar lá no primeiro livro... Uma delas inclusive é sobre a divergência de Tris e como ela é mostrada como algum tipo de Neo, de Matrix, como se fosse alguém invencível.
Apesar de toda essa confusão, vou confessar que achei o desfecho digno. Sei que a maioria dos fãs da série que leram, ou que ainda vão ler, vão ficar em prantos, com ódio, chocados, deprimidos, carregando uma ressaca por muito tempo, mas diante de tudo o que aconteceu, desde o início, outro final seria impossível. Não que fosse previsível, pois a autora foi bem ousada em não ter nenhuma piedade dos personagens, mas original levando em consideração finais de outras distopias, afinal, entre mortos e feridos não dá pra todos sobreviverem...
Resumindo, a trilogia fala sobre a manipulação que a sociedade sofre (no caso de forma "genética"), a exclusão social, a tirania política e como o povo sofre com isso, até que alguém se rebele e queira lutar contra todo o sistema... O problema é que numa guerra, mesmo que alguns se destaquem e façam a diferença, há vitórias, mas também há perdas e nem todos podem sair ganhando.
Se eu gostei do desfecho de uma das minhas distopias favoritas até agora? Sim, gostei e fiquei bem surpresa porque evitei ler resenhas ou qualquer tipo de spoiler antes de iniciar a leitura e fui com a cara e a coragem, cheia de expectativas, sem saber o que esperar. Mas achei que o desenvolvimento até chegar onde chegou, poderia ter sido melhor elaborado e desenvolvido, e até um pouco mais enxuto (sério que não tinha a menor necessidade de mais de 500 páginas), para se tornar um pouco mais crível. O final pra mim foi satisfatório, sim, mas nada épico do tipo que me causasse arrepios e emocionasse... "Mas acabou assim? Sério? Ok... Fim."