A Morte de Sarai - J.A. Redmerski

3 de maio de 2015

Lido em: Abril de 2015
Título: A Morte de Sarai - Na Companhia de Assassinos #1
Autora: J.A. Redmerski
Editora: Suma de Letras
Gênero: Romance/Suspense/Thriller
Ano: 2015
Páginas: 255
Nota: ★★★★★
Sinopse: Sarai era uma típica adolescente americana: tinha o sonho de terminar o ensino médio e conseguir uma bolsa em alguma universidade. Mas com apenas 14 anos foi levada pela mãe para viver no México, ao lado de Javier, um poderoso traficante de drogas e mulheres. Ele se apaixonou pela garota e, desde a morte da mãe dela, a mantém em cativeiro.
Apesar de não sofrer maus-tratos, Sarai convive com meninas que não têm a mesma sorte. Depois de nove anos trancada ali, no meio do deserto, ela praticamente esqueceu como é ter uma vida normal, mas nunca desistiu da ideia de escapar.
Victor é um assassino de aluguel que, como Sarai, conviveu com morte e violência desde novo: foi treinado para matar a sangue frio. Quando ele chega à fortaleza para negociar um serviço, a jovem o vê como sua única oportunidade de fugir. Mas Victor é diferente dos outros homens que Sarai conheceu; parece inútil tentar ameaçá-lo ou seduzi-lo.
Em A morte de Sarai, primeiro volume da série Na Companhia de Assassinos, quando as circunstâncias tomam um rumo inesperado, os dois são obrigados a questionar tudo em que pensavam acreditar. Dedicado a ajudar a garota a recuperar sua liberdade, Victor se descobre disposto a arriscar tudo para salvá-la. E Sarai não entende por que sua vontade de ser livre de repente dá lugar ao desejo de se prender àquele homem misterioso para sempre.

Resenha: A Morte de Sarai é o primeiro volume da série Na Companhia de Assassinos da autora J.A. Redmerski (de "Entre o Agora e o Nunca" e "Entre o Agora e o Sempre") e publicado no Brasil pela Suma de Letras.
Desde os quatorze anos de idade, Sarai tem vivido em cativeiro numa fortaleza no deserto do México dominada por uma quadrilha cujo Líder é Javier, um perigoso traficante de drogas que também comanda um esquema de prostituição. As garotas sofrem maus tratos, são violentadas e abusadas e Sarai cresceu testemunhando todos esses horrores. Javier acredita ser seu único dono e mesmo sendo o único que se acha no direito de abusar o quanto quer dela, ele a trata com certos privilégios por gostar dela. Sarai sempre quis fugir, mas nunca conseguiu, e depois de nove anos vivendo presa, sua vida se cruza com a de Victor, um assassino sangue frio que chega à fortaleza a negócios. Ele faz parte da Ordem, uma organização secreta de assassinos de aluguel, e desde criança aprendeu a ser frio e calculista quando o assunto e matar por dinheiro. Ele parece não ter sentimentos e ameças não o intimidam.
Agarrando sua única oportunidade de sair da fortaleza, Sarai não hesita e se esconde no carro dele pra fugir.
Surpreso, ele sabe que levar Sarai consigo é um problema mas ela lhe poderia ser útil ao ser usada como moeda de troca, mas, agora, Victor está disposto a arriscar tudo para salvá-la.
"Assassino de aluguel, frio ou não, ele salvou a minha vida"
- Pág. 93
Não se engane pela capa que parece ter a ver com um livro sobrenatural envolvendo vampiros... Não...
A história é narrada em primeira pessoa de forma alternada entre Sarai e Victor e dessa forma é possível ter uma perspectiva mais ampla da visão de cada um deles para as situações que se encontram. Às vezes essa transição de um ponto de vista para o outro quebra a imaginação que o leitor tem de tentar decifrar um segundo personagem através de seus atos, mas Victor é um personagem inteligente, cauteloso e misterioso e nem em seu próprio ponto de vista ele se revela totalmente. Pra mim, essa alternância foi perfeita pois com poucas palavras e atitudes é possível captar a essência do personagem e saber do que ele é capaz ou não.
Sarai é uma jovem que já passou dos vinte anos, corajosa e desde cedo aprendeu a lidar com o perigo. Tendo sido abusada e convivido com várias atrocidades, ela aprendeu a ser dura na queda, como se tivesse perdido um pouco da humanidade por ter sido emocionalmente destruída pelo que passou e pelo que presenciou, e Victor acaba sendo sua única janela para a liberdade, sua única forma de viver tudo o que lhe foi privado e o estilo de vida dele acaba a atraindo. Não que ela seja má pessoa, mas a própria vida que foi forçada a ter acabou por transformá-la em alguém diferente por ter sido obrigada a se submeter a coisas das quais, infelizmente, acabou se acostumando, como o fato de Javier ser seu dono e ela ter que aceitá-lo sempre que ele queria, ou assistir as garotas serem violentadas e não poder fazer nada para ajudá-las. Mesmo que ela tenha conseguido fugir das garras de um bandido perigoso pra cair nos braços de um assassino frio, o segundo caso é o que faz com que se sinta segura, e confiar é o que lhe resta se ela quer uma chance de sobreviver e tentar se reerguer como pessoa.
Um ponto super a favor, e um dos melhores do livro, foi o fato da autora usar de temas pesados sem ter intenção de enfeitá-los ou fazer com que pareça um estilo de vida correto. Drogas, tráfico de mulheres, prostituição, assassinatos e afins são retratados como realmente são: sujos, cruéis, perigosos e um caminho totalmente sem volta, algo que faz com que suas vítimas fiquem marcadas pra sempre caso consigam sair com vida desse meio. Mesmo que Sarai tenha conseguido escapar, ela não se vê completamente livre, principalmente tendo se envolvido com Victor.

A Morte de Sarai é um livro que prende desde a primeira página. A história é envolvente, intensa, sexy sem ser vulgar, a cada capítulo o leitor se depara com uma surpresa ou uma reviravolta que lhe tira o fôlego e é o tipo de livro que quanto mais se lê, mais história se quer, principalmente, e graças a Deus, porque a autora vai direto ao ponto e não fica inventando detalhes pra engrossar o livro. Os personagens são complexos, com personalidades bem definidas e mesmo que estejam envolvidos no mundo do crime não possuem o caráter duvidoso.
A habilidade da autora em criar um cenário realista, fazer descrições breves mas com bastante clareza e trabalhar um romance nada convencional mas que é química pura é algo raro. Não nos deparamos com uma mocinha indefesa e boba que caiu nas graças de um bad boy, mas sim personagens fortes e decididos, que têm segredos, que vão percebendo que se completam aos poucos por mais que o relacionamento seja impossível, que reconhecem a situação perigosa que se encontram e que tem plena consciência de todos os riscos que correm. Têm falhas mas não carregam culpa por nada que fizeram, são criminosos ou vivem na vida do crime, e são afetados mesmo que indiretamente. Não são inocentes e foram marcados por algum evento trágico no passado, eventos esses que, de certa forma, lhes deram experiência de vida e história na bagagem pra contar.
No decorrer da história o leitor se depara com várias cenas de ação, muita violência, mortes e perseguições e tudo é muito imprevisível. Os personagens se envolvem emocionalmente e o leitor acaba se envolvendo junto. Eu não conseguia desgrudar do livro e não sosseguei enquanto não terminei a história, já ansiosa pela continuação. A vontade é de esquecer pra começar a ler e surpreender outra vez... O final fica em aberto para que a história continue de onde parou no volume seguinte, e todos os temas abordados pela autora abrem um leque enorme de novas situações a serem exploradas.

Sobre a parte física, a capa tem uma textura um pouco áspera e remete a algo sensual e sombrio, e é o que realmente se encontra na história. A revisão está impecável, as páginas são amarelas, os capítulos são curtos e a fonte é pequena.

A história me lembrou um filme antigo que se chama "O Profissional" pois a base da trama é bastante parecida, mas com o diferencial da faixa etária dos personagens que permite um envolvimento mais intenso e realista entre eles, fora outras situações mais pesadas que são abordadas e entram em cena que só contribuíram para a história ter todos os itens necessários para ser um sucesso.
A Morte de Sarai superou minhas expectativas, vai além de um romance entre personagens que se completam (por mais que isso soe estranho se levarmos em consideração a situação que estão vivendo), é um thriller cuja ação vai te tirar o fôlego e vai te fazer torcer por algo que parece estar muito distante: Um "felizes para sempre".
Já entrou na minha lista de favoritos e prevejo uma enorme ressaca literária...
Resta aguardar pelo segundo volume, ansiosa e desesperada, O Retorno de Izabel.


Promoção - Por Lugares Incríveis

2 de maio de 2015


Ei, gente!
Hoje é dia de promoções no blog e em parceria com a Seguinte, vamos sortear um dos livros mais legais que já li, Por Lugares Incríveis! Quem quer? \o/
E pra participar é super fácil, espiem:
Termos e Condições:
- Ter endereço de entrega em território nacional;
- Curtir a Fanpage do blog Livros e Chocolate;
- Curtir a Fanpage da Editora Seguinte;
- Comentar esta postagem deixando email válido pra contato (é por ele que vou avisar o ganhador do resultado da promo);
- Perfis fakes ou exclusivos pra promoções não serão aceitos. Caso constatado, o ganhador será desclassificado sem aviso prévio;
- Não nos responsabilizamos por danos ou extravios por parte dos correios, nem por um segundo envio em caso de devolução por erro nos dados informados ou entrega sem sucesso;
- Após o resultado o ganhador será comunicado por email. O prazo para responder com os dados é de até 48 horas, caso contrário um novo sorteio será realizado. Em caso de falta de resposta por parte do ganhador, o sorteio será refeito por no máximo 3 vezes. Caso ninguém responda em tempo hábil, o sorteio será cancelado e o livro será utilizado em uma futura promoção;
- Caso o ganhador seja sorteado com uma entrada extra que não tenha sido cumprida, este será desclassificado e será feito novo sorteio;
- O envio do livro será feito em até 30 dias úteis pela Editora Seguinte após recebimento dos dados do ganhador;

a Rafflecopter giveaway
Boa sorte!!!

Promoção - Entrevista com o Vampiro - A História de Cláudia


Quem leu a resenha de Entrevista com o Vampiro - A História de Cláudia aqui no blog viu que curti bastante a proposta do livro, que cá entre nós, é linduuuuuu! ♥
E considerando a ideia de que acho que é um livro bom o bastante pra fazer um sorteio entre os leitores, em parceria com a Editora Rocco, bora fazer uma promoção valendo o próprio!
Termos e Condições:
- Ter endereço de entrega em território nacional;
- Curtir a Fanpage do blog Livros e Chocolate;
- Curtir a Fanpage da Editora Rocco;
- Comentar esta postagem deixando email válido pra contato (é por ele que vou avisar o ganhador do resultado da promo);
- Perfis fakes ou exclusivos pra promoções não serão aceitos. Caso constatado, o ganhador será desclassificado sem aviso prévio;
- Não nos responsabilizamos por danos ou extravios por parte dos correios, nem por um segundo envio em caso de devolução por erro nos dados informados ou entrega sem sucesso;
- Após o resultado o ganhador será comunicado por email. O prazo para responder com os dados é de até 48 horas, caso contrário um novo sorteio será realizado. Em caso de falta de resposta por parte do ganhador, o sorteio será refeito por no máximo 3 vezes. Caso ninguém responda em tempo hábil, o sorteio será cancelado e o livro será utilizado em uma futura promoção;
- Caso o ganhador seja sorteado com uma entrada extra que não tenha sido cumprida, este será desclassificado e será feito novo sorteio;
- O envio do livro será feito em até 45 dias úteis após recebimento dos dados do ganhador;
a Rafflecopter giveaway
Boa sorte!

Resumo do mês - Abril

1 de maio de 2015

Como já tinha comentado no post da Caixa de Correio, abril foi o mês da loucura nessa casa.
Amanhã é a festinha de 1 aninho do Theo, então tirei tempo do além pra correr aqui e fazer esse post rapidão pra não deixar postagem acumulando ou faltado.
Bora dar uma espiada no que teve no blog nesse mês que passou:

♥ Resenhas
O Diário de Anne Frank - Otto H. Frank e Mirjam Pressler
Osbert, O Vingador - Christopher William Hill
Garota Online - Zoe Sugg
Sombras Prateadas - Richelle Mead
O Teste - Joelle Charbonneau
Pequenas Grandes Mentiras - Liane Moriarty
Selva de Gafanhotos - Andrew Smith

♥ Livros e Adjetivos
O Holocausto na Literatura

♥ Projeto Fotográfico
5 on 5 - Quotes que Amamos

♥ Entrevista com o autor
Leila Sales fala sobre seu livro, A Playlist da Minha Vida

♥ Batalha de Capas
Saga Encantadas

Caixa de Correio de Abril

♥ Promoções ativas
2 anos de Mais que Livros!
Clube da Liga #3 - Pequenas Grandes Mentiras

Caixa de Correio #38 - Especial de Abril - Aniversário Triplo!

30 de abril de 2015

Hey, gentem! Hoje é dia de Caixa de Correio no blogdoce!! \o/
Esse mês de abril deve ter sido o mais corrido da minha vida. Marina, minha filhota mais velha, Theo e eu fazemos aniversário nesse mês só com uma semana de diferença entre cada ahahahaha!
 #Todoscomemoram!  
E mexendo com preparativos pras festinhas (das crianças, claro) mal tive tempo de respirar. Coisa que é até normal pra ser sincera, pra variar...

Mas indo ao que importa, bora ver o que chegou pra mim em abril?

Selva de Gafanhotos - Andrew Smith

29 de abril de 2015

Lido em: Abril de 2015
Título: Selva de Gafanhotos
Autor: Andrew Smith
Editora: Intrínseca
Gênero: Weird Fiction/Sci-Fi/Jovem adulto
Ano: 2015
Páginas: 352
Nota: ★★★★☆+16
Sinopse: Na pequena cidade de Ealing, Iowa, Austin e seu melhor amigo, Robby, libertam acidentalmente um exército incontrolável. São louva-a-deus de um metro e oitenta de altura, completamente tarados e famintos. Essa é a verdade. Essa é a história. É o fim do mundo e ninguém sabe o que fazer.
Com todos os elementos obrigatórios de um romance apocalíptico, Selva de Gafanhotos mistura insetos gigantes, um cientista louco, um fabuloso bunker subterrâneo, um mal resolvido triângulo amoroso-sexual e muita, muita confusão, e está longe de tratar apenas do fim do mundo.
Engraçado, intenso e complexo, o livro fala de um jeito inovador de adolescência, relacionamentos, amizade e, claro, de temas um tanto mais inusitados, como testículos dissolvidos e milho modificado geneticamente. Um romance surpreendente sobre a odisseia hormonal, amorosa e intelectual que é essa fase da vida.

Resenha: Selva de Gafanhotos, escrito pelo autor Andrew Smith e publicado no Brasil pela Intrínseca, conta a história de Austin Szerba, um garoto descendente de poloneses que vive na pacata (e fictícia) cidade de Ealing, Iowa com os pais e um irmão. Ele tem uma namorada, Shannon Collins, e um melhor amigo, Robby Brees, e gosta muito dos dois. Muito. Em todos os sentidos.
Austin e Robby estavam andando de skate pela Selva de Gafanhotos, apelido que deram pra rua da cidadezinha, mas tiveram seus pertences jogados no telhado do prédio do shopping local por um grupo de valentões que cismaram que os dois eram "boiolas". A noite os garotos decidem ir buscar as coisas mas resolvem bisbilhotar a loja do pai de Shann e acabam descobrindo coisas pavorosas: Globos com gosmas brilhantes, feto de duas cabeças, partes do corpo flutuando em algum líquido suspeito e coisas horripilantes e medonhas do tipo. Eles ficam assustados e fogem, mas conseguem testemunhar um ladrão roubando um dos globos misteriosos, que, ao cair por acidente, se mistura com sangue humano e este é o momento exato de quando começa o fim do mundo...

O estilo do livro remete ao estranho. Falando de forma superficial, Weird Fiction é um sub-gênero da Ficção que aborda elementos sobrenaturais mas ainda assim não se enquadra em histórias tradicionais de fantasmas ou vampiros, por exemplo. É algo voltado para lado sombrio e mais inquietante das histórias por mesclar terror, fantasia e ficção científica, levantando questões que muitas vezes as pessoas não entendem.

Pensar num livro absurdo e impossível ficou fácil após ler Selva de Gafanhotos. Acho que ninguém nunca irá encontrar tantas coisas estranhas e juntas num único livro como neste. É um livro que fala de tudo. TU-DO. Não há rodeios sobre assuntos. Desde um garoto entediado com a vida, seu irmão que teve as bolas explodidas por uma bomba no Afeganistão, homossexualidade, famílias que tiveram que mudar o sobrenome por causa da imigração, caras que sentem tesão matando alienígenas em video games, até o fim do mundo causado por uma invasão de insetos gigantes comedores de gente e loucos pra trepar.

Selva de Gafanhotos me tirou completamente da minha zona de conforto. Eu nunca li nada parecido antes e me surpreendi com a ousadia do autor, principalmente ao ler os agradecimentos ao fim do livro onde ele fala que quando escreveu o livro era pra fugir dos romances comerciais e que só queria ser livre para escrever o que quisesse, mesmo que ninguém fosse ler. Admirei o cara por isso, mesmo que ao longo do livro a impressão de que o autor só poderia ter escrito isso num estado de torpor sem fim é inquestionável. O livro é uma brisa, parece coisa de maluco e fiquei me perguntando diversas vezes de onde surgiu tanta ideia absurda pra colocar no papel. Mas, ao fim da leitura, parei pra analisar um pouco mais a fundo, e percebi que a ideia do livro, por mais esquisita que seja, é genial. E, pra mim, o autor mostrou que, fugindo de clichês e enredos nada originais, é possível conquistar leitores desde que eles tenham a mente aberta.

O livro é dividido em quatro partes e mostra gradualmente os acontecimentos que fizeram com que o fim do mundo acontecesse, desde a apresentação da cidade, o momento em que alguns habitantes que sobreviveram - incluindo Austin, Shann e Robby - se refugiam num silo chamado Éden enquanto descobrem como os bichos surgiram, até a invasão dos soldados irrefreáveis, vulgos insetos.

A capa verde florescente tem o título em alto relevo, é simples mas muito bacana pois faz referência ao experimento genético envolvendo esperma e milho, que resultou em algo brilhante, mas mortal: o Milho Irrefreável. A lateral das páginas é amarela (lembrando o milho, talvez) e é um detalhe que só colabora para a parte visual do livro. Os capítulos, em sua grande maioria, são curtos. Cada parte trás uma pata serrilhada de louva-a-deus antes do capítulo inicial e num geral gostei bastante dessa diagramação. A revisão está impecável. Posso dizer, para os entendedores, que o trabalho gráfico está um verdadeiro dínamo.

O que mais curti na história foi o fato de Austin fazer questão de usar a História para mostrar que os erros do passado podem servir de exemplo pra não se fazer merda no futuro, além de estar numa fase em que está se descobrindo no que diz respeito a sua orientação sexual. Só fiquei com pena por ele estar nessa fase confusa em pleno fim do mundo e ter que lidar com suas frustrações ao mesmo tempo em que observa gafanhotos de 1,80m de altura, comedores de gente, tarados e irrefreáveis a solta nas ruas. Sua sexualidade ainda o deixa cheio de dúvidas e ter uma namorada, mas, gostar e se sentir atraído pelo melhor amigo, que é gay, mostra o que quero dizer. Acho que o autor inovou ao colocar essa situação sendo que o protagonista é um garoto. É comum, e geralmente mais "aceitável", que garotas se sintam atraídas por suas amigas até descobrirem qual é o lance. Mas nunca tinha lido nada quando é um garoto que passa por isso. É um "triângulo" amoroso nada convencional e, por ser diferente, me agradou, sim.

Os garotos falam palavrão e também se mostram muitas vezes despreocupados e indiferentes com a gravidade da situação em que se encontram. O que tem demais num gafanhoto gigante devorando algum transeunte no meio da rua? Nada, claro. Coisas do cotidiano...
O negócio é que, talvez por essa descoberta e obsessão que Austin começou a ter por sexo (e por um mènage consentido entre ele, Shann e Robby), o garoto vive cheio de muito tesão. Tudo é motivo pra ele ficar excitado, desde pensar em trepar com a namorada, pensar nos lábios do amigo enquanto ele fuma, ou... ver uma bituca de cigarro jogada na sarjeta! Essa coisa insistente com tesão, sexo, pau duro e afins é, no mínimo, doentia. Mas foi engraçada, confesso.

Minha única ressalva é a respeito da narrativa. É feita em primeira pessoa com Austin nos mostrando seu ponto de vista "histórico" para o apocalipse e esses seus eternos conflitos pessoais e sexuais. E por ele ser um sujeito muito detalhista, muitas vezes o que já foi explicado se repete por tantas vezes que é impossível contar. Me perdi e achei que isso atrapalhou muito. Não sei se isso faz parte do estilo da narrativa, não sei se faz parte da característica perfeccionista e detalhista de Austin querer repetir tudo um milhão de vezes pra fixar a informação nas nossas cabeças, mas achei muito desgastante esse excesso de repetição de informações. Já sabia desde o começo que os insetos são louva-a-deus de 1,80m com patas serrilhadas, famintos e que só querem uma coisa. E sempre se referir a eles usando essa mesma descrição foi um porre, fora outras informações e descrições. Acho que se não fosse por isso o livro seria reduzido pela metade na questão das páginas e o enredo seria muito menos cansativo.

Tudo acontece ao mesmo tempo, e vários fatos que ocorreram no passado da família de Austin, ou de quem ele queira fazer uma observação qualquer, também vêm à tona. Às vezes sentia que o assunto da vez era desviado com alguma lembrança ou informação sobre um personagem que apareceu de repente pra que ele fosse apresentado e devidamente identificado, e, até voltar ao que estava sendo contado antes, já tinha me esquecido do que estava sendo falado primeiro e tinha que voltar pra reler e lembrar.

No final das contas, Selva de Gafanhotos é um puta livro que pode ser definido como único, divertido e grotesco. E talvez por isso tenha tomado uma liberdade um pouco maior pra usar certos tipos de palavras nessa resenha. E adianto que não é o tipo de livro que qualquer um vá gostar justamente pelos temas absurdos, sexuais e violentos que aparecem, e também pelo estilo bizarro da narrativa.
Recomendo? Sim. Mas sabendo que existem capítulos com títulos como "Caiu sangue no seu presunto", "Gente burra nunca deveria ler livros", "Um chuveiro muito calmante", ou "Nunca procure sorvete em um freezer de esperma", leia por sua conta e risco, ciente que se trata de um estilo único que foge totalmente do comum e que com certeza vai sacudir seus miolos...
"O lema do policial Denny Drayton estava tatuado em fonte Old English, formando um semicírculo igual a um sol nascente acima de seu umbigo branco e sem pelos.
Foda-se essa merda. Eu tenho uma arma, filho da puta."
- Pág. 245
"A história mostra que, enquanto houver seres humanos neste planeta, quando você coloca dois deles juntos, antes que você perceba, eles começam a criar regras."
- Pág. 288