Ana K - Sergio Napp

29 de julho de 2015

Lido em: Julho de 2015
Título: Ana K
Autor: Sergio Napp
Editora: BesouroBox
Gênero: Juvenil/Nacional
Ano: 2012
Páginas: 152
Nota: ★★★★☆
Onde comprar: Saraiva
Sinopse: A história de Ana K poderia ser apenas uma história comum de uma menina que cresce sem a mãe, morta no parto, e é criada por um pai, atrapalhado e imaturo. Ou a história de um pai e de uma filha que vão aprendendo a ser pai e filha.
A história de Ana K, porém, é mais interessante. Mais profunda. Mais intensa.
É a história de uma menina que quer entender tudo, quer compreender seus sentimentos; quer buscar as razões e encontrar os significados para tudo que faz parte da sua vida: a falta da mãe, o amor confuso e possessivo pelo pai, a descoberta do amor verdadeiro.
Ana K precisa dar significado à sua existência. Precisa conhecer sua história desde o amor dos pais. Precisa aceitar a morte da mãe. E deseja um pai que seja mais que um irmão mais velho. Ela tem que aprender a amar sem as dores e as culpas que sempre a acompanharam.
Essa é a história de Ana K, que consegue, por fim, juntar as peças da sua breve vida, reconstruindo-se para ser capaz de amar e ser amada.

Resenha: Ana K é um romance juvenil escrito pelo autor Sergio Napp que conta a história de Ana, uma adolescente de dezesseis anos que é criada pelo pai, Marcos, devido a mãe ter morrido durante seu parto. Por Marcos ser jovem, acaba se comportando como um irmão mais velho que faz companhia à Ana e acaba não fazendo o papel de pai que deveria. Ana tenta compreender seus sentimentos enquanto procura por significados em cada situação ou atitude que tem, mas as coisas mudam quando seu pai conhece Gabriela e eles se casam. Ela não aceita que o pai tenha um relacionamento, não quer dividi-lo com ninguém, e, sem saber lidar com isso, se envolve com Cauê, um garoto da escola. Com ele, Ana aprende um novo tipo de amor, mas também aprende que a responsabilidade, às vezes, bate a porta cedo demais quando se toma atitudes levadas por impulso...

A história é narrada em terceira pessoa de uma forma muito simples e fácil, e a leitura é bem rápida. O estilo de escrita pode causar estranhez por não trazer muitas descrições ou detalhes seja sobre o cenário ou sobre as características dos personagens e ainda apresentar com frequência mudanças atemporais sem que saibamos o tempo exato que se passou, mas acho que pelo fato de a história ser uma novela juvenil, o autor preferiu contá-la de uma forma mais enxuta e direta para não se tornar cansativa ao público ao qual se destina.

São poucos personagens mas todos tem suas particularidades e colaboram para o desenvolvimento da história de forma bastante agradável. Ana é uma garota confusa por não ter tido uma referência materna e mesmo com o pai presente também não tem uma referência paterna já que Marcos é bastante imaturo e parece não saber lidar com essa "coisa de pai".
Cauê é o típico adolescente que muda a vida de Ana quando eles se envolvem. Ele lhe dá atenção e carinho e parece entendê-la como ninguém, então, Ana se apega a ele por considerá-lo um refúgio para os problemas e conflitos internos que tem.
Gabriela, a nova esposa de Marcos, é odiada por Ana pois a menina acredita que ela está lhe roubando tudo o que lhe restou, ou ainda que esteja tentando roubar o lugar de sua mãe. Acho que a forma como Ana lida com a madrasta foi bastante realista já que é bastante comum os novos companheiros dos pais nem sempre serem bem aceitos pelos enteados.
Acho que a forma como o "problema" da história foi resolvido soou bastante fácil e até um pouco fantasioso e o desfecho, apesar de fugir do clichê e ser bastante satisfatório, deixa uma brecha para que o leitor imagine onde a história pode chegar.

Gostei bastante do trabalho gráfico do livro. Entre alguns capítulos há a mesma imagem da capa com algumas edições a fim de ilustrar a situação em que Ana se encontra. As páginas são brancas, a diagramação é bem caprichada e não há erros no texto.

O livro como um todo funciona bem, até mesmo porque é uma história que muita gente pode se identificar. Eu mesma me identifiquei em vários pontos já odiava meu padrasto e também por ter sido mãe na adolescência, e claro, nada foi fácil. Acho que é um livro mais indicado para jovens na faixa de 13 a 16 anos, desses que são passados até como leitura na escola, seja como forma de entreter ou dar uma visão bacana sobre uma garota com conflitos e que ainda não conseguiu se encontrar. Uma lição legal que o livro deixa é que o que se faz com intenção de atingir alguém, por medo, raiva ou o que seja, pode acabar atingindo a nós mesmos, e ainda que nossos sonhos sejam interrompidos, é possível passar por cima do orgulho e aceitar que o que a vida nos tira ou nos dá de presente não é mera obra do acaso.

Em Busca de Abrigo - Jojo Moyes

28 de julho de 2015

Lido em: Julho de 2015
Título: Em Busca de Abrigo
Autora: Jojo Moyes
Editora: Bertrand Brasil
Gênero: Romance
Ano: 2015
Páginas: 434
Nota: ★★★★☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Na noite da Coroação da Rainha Elizabeth II, em 1953, a comunidade de expatriados de Hong Kong se reúne para celebrar o evento com uma festa. Enquanto os convidados tentam ouvir a cerimônia em um rádio antigo, Joy, uma jovem de 21 anos, se apaixona. Menos de vinte e quatro horas depois da festa, ela já está prometida em noivado ao rapaz, mas só tornará a se encontrar com o noivo um ano depois. Em 1980, um ato de rebeldia faz Kate, aos 18 anos, fugir do Condado de Wexford, na Irlanda, com sua filha ilegítima. Quinze anos mais tarde, Sabine deixa Hackney, o elegante bairro onde mora, em Londres, para visitar os avós que jamais conheceu e descobre que Wexford parece ter parado no tempo. Quando Sabine, sua mãe e sua avó voltam a se encontrar, um segredo de família cuidadosamente guardado é descoberto, bem como algumas verdades importantíssimas: o conflito entre o amor e o dever, as escolhas que as mulheres são obrigadas a fazer e o relacionamento entre mães e filhas.

Resenha: Em Busca de Abrigo foi o romance de estreia da autora Jojo Moyes. O livro já havia sido lançado pela Bertrand em 2004 mas agora foi relançado com novo projeto gráfico que tornou a obra mais atrativa visualmente aos leitores.

A historia se inicia em 1953, na noite de coroação da Rainha Elizabeth II. A jovem Joy Leonard conhece o oficial da Marina Edward Ballantyne e o que sentiram um pelo outro foi intenso o bastante para que ficassem noivos. Ao pedir a benção dos pais dela, a mãe de Joy não aprovou a ideia do noivado pois ela própria estando presa a um casamento infeliz, deixara de acreditar no amor. Edward, sendo um marinheiro, precisaria zarpar em breve e só voltaria em no mínimo 9 meses, e este seria o tempo em que Joy deveria esperar para que pudessem, enfim, se casar.

Em seguida a história já nos leva para Londres em 1997. Kate estava se separando do companheiro mais recente e por mais que Sabine já não se importasse mais com essa situação por já ter se acostumado, sua mãe decide enviá-la para a casa dos avós, no interior da Irlanda. Edward ficara doente e o momento poderia ser ideal para que todos pudessem se encontrar. Assim a garota de dezesseis anos não teria que presenciar o inconveniente do divórcio e nem "sofreria" com outra separação da mãe. Mas saindo de Hackney e ao chegar na casa da avó que ela jamais havia conhecido, Sabine é obrigada a se adaptar a uma rotina que parece não ter saído dos anos 50. Viver numa fazenda de cavalos de forma regrada - e ainda sem a praticidade da tecnologia - era completamente o oposto da vida que levava com a mãe e as coisas seriam mais difíceis do que pensou. Mas quando Sabine, Kate e Joy, se encontram um segredo de família acaba vindo a tona assim como algumas verdades há muito tempo escondidas e sentimentos reprimidos também.

O livro é narrado em terceira pessoa e podemos acompanhar a história através dos pontos de vista de Joy, Kate e Sabine com foco principal na garota. Dessa forma temos uma visão mais ampla do que se passa mas também mais longa, e isso pode tornar a leitura um pouco monótona em alguns pontos já que o ritmo é bem lento.
As personagens foram muito bem caracterizadas e bem construídas e tiveram a história bem desenvolvida até certo ponto. Kate fugiu da Irlanda quando era jovem para escapar das tensões de casa mas é notável que os problemas de relacionamento se repetem com Sabine. Ela não tem sorte quando o assunto é amor e Sabine está cansada da sucessão de relacionamentos falidos da mãe que acabam lhe trazem uma figura paterna que logo estará fora de sua vida.
Sabine odeia a Irlanda, odeia a fazenda e não consegue lidar com a avó muito bem. A comunicação com o avô é difícil, ela é afetada pela saudade que tem dos amigos que ficaram em Londres e ainda nutre um sentimento de amargura contra sua mãe.

Mas a medida que a história se desenrola e acompanhamos e aprendemos um pouco mais sobre essas três gerações de mulheres, podemos compreender que a fragilidade da relação que elas possuem parecem se conectar, mesmo que pra que isso acontecer seja necessário reconstruir pontes e relevar segredos que até permitiam um julgamento infundado entre elas. Isso, de alguma forma, me fez ver que até o nosso próprio julgamento com os outros nem sempre é correto pois nem sempre sabemos o outro lado da história ou o que motiva alguém a tomar determinadas atitudes.
A história não se prende apenas ao relacionamento das três. Os personagens secundários que cercam a propriedade dos Ballantyne tem papéis fundamentais que contribuem para enriquecer o enredo com suas histórias que acabam se entrelaçando com a principal por terem alguma influência sobre as personagens principais.
Pelo foco maior estar em Sabine, quando as revelações sobre Joy e Kate começaram a aparecer eu não estava tão empolgada. Por mais que elas tenham sido importantes e fundamentais na história. senti que a real protagonista era Sabine e me apeguei mais a ela e a seus problemas.

Em Busca de Abrigo retrata a história de uma família com as estruturas abaladas, cuja realidade é contraditória e afetada por muitos segredos. O leitor é transportado para o mundo de cada uma delas, as descrições detalhadas do ambiente, das situações e dos sentimentos soam muito verdadeiras e intensas e é possível até mesmo visualizar o que se passa. A autora aborda questões que podem prejudicar e até destruir uma família, mas sobretudo evidencia a segunda chance como algo importante e necessário, mesmo que pra isso seja necessário engolir o orgulho e ceder para ouvir o que o próximo tem a dizer, afinal, errar é humano e não custa nada tentar entender o que levou alguém a fazer uma escolha errada... Pode não ter sido com a pior das intenções...
Comecei o livro com uma perspectiva das personagens mas a medida que a história avança, elas vão sendo moldadas a partir das revelações que são feitas ou fatos que ocorreram no passado que acabam interferindo e refletindo no presente. Me irritei, tive pena, tive compaixão, e esse misto de sensações cruas que a leitura me proporcionou me fez enxergar que as mudanças surgem de acordo com a experiência, mesmo que o final não seja cor-de-rosa, afinal, a vida não para e sempre vai existir desafios e obstáculos, grandes ou pequenos, a serem enfrentados.

A capa, como eu mencionei no início, está bastante atrativa e combina com os outros sucessos da autora publicados pela Intrínseca. Encarei isso como uma enorme consideração pelos leitores e fãs da autora que gostam de manter a coleção toda combinando ♥ Bertrand, sua linda! O diferencial é que o título é em alto relevo e tem aplicação em verniz. As páginas são amarelas, a diagramação é simples e a revisão está impecável.

Posso afirmar que por ter sido o primeiro livro da autora, é perceptível que os mais recentes são mais bem escritos e mais envolventes, mas isso não desmerece esta obra. Fiquei satisfeita em saber que a autora evoluiu pra melhor e que suas histórias conseguem ser marcantes e inesquecíveis.
Para quem procura por um bom drama familiar vivenciado por personagens reais e narrado sob um estilo de escrita sutil mas ainda assim bastante memorável, recomendo.

Estudo Independente - Joelle Charbonneau

27 de julho de 2015

Lido em: Julho de 2015
Título: Estudo Independente - O Teste #2
Autora: Joelle Charbonneau
Editora: Única
Gênero: Distopia/YA
Ano: 2014
Páginas: 320
Nota: ★★★★★
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Cia Vale tem dezessete anos e tem tudo o que sempre sonhou: um amor perfeito, um lugar na universidade e um futuro como uma das líderes da Comunidade das Nações Unificadas. No entanto, apesar de todos os esforços do governo para apagar a memória de Cia, ela ainda lembra o que aconteceu. Ela precisa escolher entre ficar em silêncio e proteger a si mesma e as pessoas que ama ou expor o Teste e o que ele na verdade é, um programa assassino que deve ser impedido. O futuro da Comunidade depende dela.
No segundo volume da saga de Joelle Charbonneau, a chance de fazer parte da revitalização de uma civilização pós-guerra colide com o desejo de fazer oque o coração manda.

Resenha: Estudo Independente é o segundo volume da trilogia O Teste escrita pela autora Joelle Charbonneau e lançado no Brasil pela Única.

Por se tratar da continuação de O Teste, primeiro volume da trilogia, esta resenha pode ter spoilers!

A história se passa num cenário distópico em que o mundo foi assolado devido aos problemas que surgiram após os Sete Estágios da Guerra. A Comunidade das Nações Unificadas surgiu para que pudessem recriar o que foi destruído através do trabalho dos sobreviventes de acordo com o que tinham conhecimento. Dessa forma, foram estabelecidas dezoito colônias para que cada uma delas pudesse suprir as demandas de acordo com as habilidades dos moradores. Tosu City é a capital e lá é realizado o chamado Teste, em que adolescentes com alto nível de inteligência são selecionados e enviados para tentar passar pelas provas. Os bem sucedidos podem ingressar na universidade se formando como líderes das colônias dando continuidade ao trabalho de reconstrução do planeta.
Cia participou do Teste e conseguiu sobreviver aos perigos que teve que enfrentar e agora chegou a hora de ir para a universidade garantindo seu lugar como líder da Comunidade. Ela teve a memória apagada para que não pudesse se lembrar de todos os horrores que viveu durante o Teste mas ela havia gravado a própria voz contando sobre como o Teste funciona... Agora cabe a Cia decidir se vai manter o que sabe em segredo a fim de proteger a si mesma e a quem ama, ou expor tudo colocando em risco o futuro da Comunidade.

O que ela não esperava era ser designada para um curso que não imaginava fazer. Tendo aptidão para engenharia mecânica, ela se surpreendeu ao ser enviada para o curso de futuros gestores do governo! Tudo é muito complexo e os veteranos ainda vão testar os calouros fazendo com que eles passem por uma iniciação que funciona com testes difíceis e perigosos e a permanência na universidade vai depender do sucesso que os calouros obtiverem aqui.

Narrado em primeira pessoa pelo ponto de vista de Cia, a história continua com um ritmo frenético e viciante. Cia continua uma protagonista incrível tendo em mente que o fracasso não é uma opção e todos aqueles que saírem da linha são penalizados com a morte já que ambiente mais hostil não há. Não se pode confiar em ninguém pois cada um é por si e não há hesitação quando o assunto é se livrar da concorrência.

Em todas as distopias que já li sempre há o elemento resistente, e nesse livro não é diferente. Um grupo planeja derrubar o sistema de Testes e a ida de Cia para o curso de gestão pode não ter sido obra do acaso... Logo, por mais que haja ação e situações de tirar o fôlego, Estudo Independente é mais voltado para a investigação de Cia sobre o quê realmente é o Teste. Ela só pode contar com as informações que gravou e decide descobrir se tudo aquilo condiz com a verdade. Tomas, o par "romântico" de Cia também passou no Teste mas ela não pode chamar atenção de ninguém ficando muito próxima a ele, afinal, todos são rivais e as aparências devem ser mantidas. Um ponto bacana é que não há aprofundamento no romance e ele pode soar um pouco superficial, mas levando em consideração a situação em que eles se encontram, há assuntos muito mais importantes em jogo do que um namorico e achei super adequado a autora deixar isso em segundo plano.

Tomas deixou de ter um destaque por ter sido designado a outro curso, e quem aparece mais é Will, e o dilema de não poder confiar em ninguém continua. Cia pelo menos termina a história tendo consciência do que deve ser feito, mesmo que precise lidar com a constante desconfiança no que diz respeito aos concorrentes e ao próprio governo.

A história ainda aborda temas que acabam por serem uma crítica à sociedade mostrando que dentro da política há quem se beneficie por estar próximo a quem detém o poder, além de mostrar que é difícil suprir as necessidades dos cidadãos quando eles estão em grande quantidade.
Eu já tinha gostado bastante da construção da protagonista no livro anterior e nesse segundo posso dizer que me rendi a personalidade forte e aos valores que Cia cultiva. Ela tem medo, desconfianças e usa a inteligência e a razão sempre. Muitas vezes precisa agir por instinto mas ela sabe muito bem que pra cada ação há uma reação e tem consciência do que sua decisões podem causar.
Sobre a parte gráfica, a capa faz o mesmo estilo do primeiro e é linda. Cheia de detalhes em verniz e alto relevo no título e no símbolo. As páginas são amarelas, a diagramação é simples e encontrei alguns erros na revisão do livro, mas nada que estrague o prazer que é ler essa história completamente empolgante que deixa nossa adrenalina nas alturas.

Estudo Independente é uma trama inteligente que não tem só o propósito de entreter, mas de fazer com que o leitor reflita sobre problemas que a sociedade pode enfrentar quando ela está nas mãos de pessoas cruéis e sem valores. Pra quem procura por uma distopia cheia de ação e que testa os limites não só dos personagens, mas também do próprio leitor. Com certeza é uma das melhores distopias já escritas. Ansiosa pelo último livro, A Formatura.

Um Amor Escandaloso - Patricia Cabot

26 de julho de 2015

Lido em: Julho de 2015
Título: Um Amor Escandaloso
Autora: Patricia Cabot (Meg Cabot)
Editora: Record
Gênero: Romance
Ano: 2015
Páginas: 378
Nota: ★★★★☆
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Quando a bela Kate Mayhew é contratada como dama de companhia de Isabel, filha de Burke Traherne, o marquês de Wingate se vê numa situação complicada. Por um lado, tem consciência de que a Srta. Mayhew é exatamente o que a jovem precisa, mas, ao admiti-la em sua casa, o marquês é obrigado a controlar a atração que sente pela moça. O grande inconveniente é que o cargo que ela ocupa a impede de se tornar uma de suas amantes. E Burke vive sob o juramento de nunca mais se casar, depois de ter flagrado a ex-esposa num ato de traição.
Já a Srta. Mayhew não consegue parar de pensar em um homem pelo qual jurou nunca se apaixonar, e esconde um escândalo do passado. Ousará a bela moça lutar contra seus desejos e os fantasmas que parecem persegui-la? O homem que frequenta seus sonhos mais despudorados e o que habita seus piores pesadelos aproxima-se cada vez mais, e ela não sabe por quanto tempo mais conseguirá suportar.

Resenha: Um Amor Escandaloso, escrito por Patricia Cabot e publicado no Brasil pela Editora Record é um romance de época que se passa no ano de 1879 em Londres e traz como protagonistas Kate Mayhew e Burke Traherne.
A cena de um homem carregando uma jovem nos ombros enquanto ela se debatia tentando escapar foi o bastante para fazer Kate agir. A fim de ajudar a moça a se livrar daquele "sequestro", Kate logo intimida o raptor cutucando seu peito com a ponta de seu inseparável guarda-chuva ameaçando chamar a polícia caso ele não desistisse da ideia de se aproveitar daquela jovem indefesa. Mas mal sabia ela que se tratava de uma briga entre Isabel e seu pai, o marquês de Wingate, Burke Traherne, e que graças a sua intromissão e coragem de enfrentar aquele homem rude e truculento ela acabaria sendo contratada como dama de companhia da jovem e que isso iria mudar sua vida.

Lorde Burke tem um título que lhe inspira respeito na cidade, mas ter sido traído pela esposa fez com que seu coração virasse pedra, e isso o transformou em alguém extremamente frio que vive sob o juramento de que nunca mais vai se casar. A própria sociedade não faz questão de esquecer do vexame e tal decepção amorosa fez com que ele acreditasse que o que não se pode controlar não deve ser incentivado e que o amor é pura ilusão e bobagem. Ele, então, mantém amantes com as quais só tem um relacionamento físico, um envolvimento puramente carnal.
Mas a aproximação de Kate começa a mexer com seus sentimentos e tudo indica que é recíproco. Kate se vê atraída por aquele homem grosseiro por quem jurou nunca se apaixonar. Burke, apavorado por não conseguir controlar seus sentidos, tenta de todas as formas não se envolver num relacionamento amoroso mas também não quer se ver livre da jovem e bela Kate.

Narrado em terceira pessoa em meio a uma escrita mais floreada, mas ainda assim bastante fácil e fluída a fim de combinar com a época em que a história se passa, conhecemos um pouco mais da história de Kate e de Burke e como eles embarcam num relacionamento que vai contra seus princípios mas que fará com que eles superem seus próprios limites quando decidem se render ao desejo e à atração inevitável que sentem um pelo outro. E por mais que a história seja encantadora e ainda traga um toque de mistério, ainda podemos perceber um ar cômico devido as atitudes características e hilárias dos personagens que tornam a história bastante engraçada.

Kate é uma personagem forte, determinada e culta. Ela adora ler e ainda se refere aos livros como sendo sua família. Sua história de vida não é muito feliz e ela carrega traumas envolvendo seus pais, mas sua garra para seguir em frente é o que a motiva. Ela é simpática e amável a ponto de conquistar as pessoas, mas firme o bastante para colocá-las em seu devido lugar quando necessário. Ela é desconfiada mas sua lealdade perante aqueles que ama é sem igual. Seu rosto expressivo não é capaz de esconder suas emoções, sendo o oposto de Burke, que após o episódio com a esposa infiel se fechou para o amor. Ele é o tipo personagem viril que tem urgência em ter o que quer, quando quer. Ele perde a paciência com facilidade, tem ataques de fúria e atira qualquer coisa ou qualquer um pela janela, mas como pode um homem que, assim como Kate, também ama ler ser tão rude e não ter sensibilidade? Toda aquela truculência, no mínimo, só serve para mascarar o que ele tanto teme mas ele é capaz, sim, de rever seus conceitos quando o coração bate mais forte... E ele percebe que Kate é diferente o bastante para que ele possa, enfim, ceder. Posso dizer que eles tem pontos em comum, pois ambos possuem um "escândalo" em particular em suas vidas e foram marcados pela perda, e isso fez com que eles criassem uma resistência quando o assunto é se apegar ou confiar em alguém.

Um ponto muito bacana na história é a construção de Isabel, filha mimada de Burke. A habilidade que ela tem em fazer com que o pai perca a paciência devido a sua busca incansável por um marido nos eventos da alta sociedade não só serve para dar um ar leve à história, como também para mostrar a Burke que, apesar de tudo o que a garota apronta, ela tem os próprios sonhos e ideais e aprende com os próprios erros.

Além dos diálogos, os personagens secundários também foram responsáveis por enriquecer bastante o enredo e todos tem importância fundamental para o desfecho.
Por mais que o final tenha sido previsível e corrido, foi mais do que satisfatório poder embarcar numa leitura onde os personagens evoluem com suas novas descobertas e que descobrem sentimentos dentro de si mesmos os tornando capazes de se redimirem em nome de um sentimento ainda maior e melhor do que aqueles que os tornaram fechados. A história aborda sentimentos que acabam por destruir alguém mais fraco, como a vergonha, o ressentimento, a desconfiança e o ódio, sentimentos estes que podem ser superados se os envolvidos permitirem que isso aconteça e se deixem levar pelo desejo e pelo amor, logo, o livro foi além das minhas expectativas.

A edição da Record está impecável. A capa combina com os demais livros sobre romance de época da autora e o título é em alto relevo. As páginas são amarelas, a fonte é grande e os capítulos são curtos, o que colabora para uma leitura bem rápida.

Para quem procura por um romance de época bastante palpável, com personagens dinâmicos e muito bem construídos, que deixam aflorar romantismo, sensualidade e muita paixão enquanto é regado a mistérios e toques de muito bom humor, é leitura mais do que recomendada.

O Sol é Para Todos - Harper Lee

25 de julho de 2015

Lido em: Julho de 2015
Título: O Sol é Para Todos - To Kill a Mockingbird #1
Autora: Harper Lee
Editora: José Olympio
Gênero: Romance/Clássico
Ano: 2015
Páginas: 350
Nota: ★★★★★
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Um livro emblemático sobre racismo e injustiça: a história de um advogado que defende um homem negro acusado de estuprar uma mulher branca nos Estados Unidos dos anos 1930 e enfrenta represálias da comunidade racista. O livro é narrado pela sensível Scout, filha do advogado. Uma história atemporal sobre tolerância, perda da inocência e conceito de justiça.
O sol é para todos, com seu texto forte, melodramático, sutil, cômico (The New Yorker) se tornou um clássico para todas as idades e gerações.

Resenha: O Sol é Para Todos é um clássico da literatura norte-americana escrito em 1960 pela renomada autora Harper Lee. Esta é a nova edição lançada pelo selo José Olympio do Grupo Editorial Record e conta com nova tradução e novo projeto gráfico.
A história se passa nos anos 30, na época da Depressão, no vilarejo de Maycomb, Alabama.
Enquanto os estados no norte do país defendiam a ideia de que todos são iguais, os estados do sul mantinham a postura firme ao apoiarem a escravidão e praticavam a discriminação racial de forma praticamente livre.

Jean Louise, ou "Scout", é uma garotinha de oito anos, órfã de mãe desde os dois. Ela e o irmão mais velho, Jem, são criados pelo pai e por Calpúrnia, uma governanta negra, desde então.
Durante as férias de verão, as crianças conheceram Dill e viviam brincando juntas, mas a casa de um vizinho em particular chamava atenção delas. Boo Radley era um garoto recluso e não era visto por ninguém da cidade por nunca sair de casa. As crianças brincavam que sua casa era assombrada e procuravam maneiras de descobrir o que Boo estava fazendo.
Mas tudo começa quando o operário Tom Robinson, um homem negro, é acusado injustamente de estuprar uma mulher branca, e Atticus Finch, o pai das crianças e advogado, é indicado para defendê-lo no tribunal. O problema é que, por serem racistas, grande parte dos habitantes ficou revoltada com a ideia de Atticus defender um negro e tal revolta acabou afetando seus filhos.
O desenrolar da história segue pelos olhos de Scout, que diferente dos adultos, ainda consegue enxergar as coisas com extrema inocência e pureza e não entende porque as pessoas que parecem ser tão boas são capazes de terem atitudes tão horríveis.

Com uma escrita simples e fluída, o livro é narrado em primeira pessoa pelo ponto de vista de Scout e posso dizer que foi uma experiência muito agradável acompanhá-la em sua busca pela compreensão do mundo, mesmo que revoltante em vários pontos. Por ela ser criança, a história é contada da forma como ela enxerga as coisas com uma clareza sem tamanho, e por mais que os temas abordados sejam delicados, já que se trata de preconceito, o jeito doce e inocente de Scout em contar a história, mesmo que de forma limitada, só colabora para que a leitura seja admirável por sabermos que nem tudo está perdido e que existem, sim, pessoas boas em meio a escória.

Acredito que o principal tema do qual o livro trata é a moral humana, pois vemos Atticus, um homem com incrível disposição em fazer o bem sem se ver a quem, que educa os filhos para serem pessoas de bom caráter assim como ele é, permitindo que eles formem a própria opinião, mesmo que ele próprio passe a sofrer represálias por estar do lado de um negro e se torne alvo do preconceito ao ter seus valores postos a prova devido a ignorância alheia. Ele quer ensinar aos filhos que não se deve desistir mesmo que tudo pareça estar acabado e perdido. Sempre há esperança quando as intenções são boas. Ele com certeza marcou a história pois, além de dar bons exemplos para Scout e Jem, acaba dando lições para o próprio leitor.
Scout é uma das protagonistas mais incríveis que já tive o prazer de conhecer e acho que a forma como foi criada pelo pai foi o maior motivo de ela ser fiel a si mesma a partir do que entende e do que vê, pois ele a encoraja a ser quem é em vez de seguir os estereótipos femininos da época.

A história de Boo que se passa de forma paralela também é muito interessante visto que, às vezes, as pessoas preferem se esconder a fim de manterem um tipo de segurança pessoal ou ainda se juntarem a quem não podem vencer. Não que isso seja o correto, mas é a forma como muitas pessoas usam para lidarem com o que não entendem ou não aceitam, como se virar as costas fosse a solução. A autora foi genial em fazer críticas através dessas situações e personagens que ela criou (ou talvez tenha se inspirado em pessoas da própria família) sobre tudo o que há de errado.

O livro não mostra apenas os resquícios da crise econômica que afetou os EUA naquela época ou as referências as demais crueldades que o homem é capaz de cometer, mas evidencia também a crise pela qual a própria consciência humana passou, e que ainda passa em vários casos que podemos acompanhar hoje em dia. É triste saber que a sociedade foi - e ainda é - hipócrita o suficiente para culpar quem julga ser alguém "inferior" em vez de assumir a incapacidade de lidar com os próprios problemas.
O Sol é Para Todos é aquele tipo de livro que deve ser lido e relido. É uma leitura obrigatória para todos e ao ler senti que a autora quis mostrar que suas palavras podem funcionar como um tipo de luz, um guia que permite que as pessoas vejam que permanecer no caminho da bondade, sendo honestas e tratando o outro como igual é o que não só faz com que sejamos melhores como pessoas, mas que o mundo também seja um lugar melhor de se viver. 

Jardim dos Corais - Editora Escala

24 de julho de 2015

Colorido em: Julho de 2015
Título: Jardim dos Corais
Editora: Escala
Gênero: Arterapia/Livro de Colorir
Ano: 2015
Páginas: 100
Nota: ★★★★★
Sinopse: Este livro para colorir reproduz o mistério, a graça e a harmonia de todas as formas naturais do ambiente marítimo.
No horizonte, o mar é uma linha azul que sempre intrigou e fascinou os homens. E desde a antiguidade a água é considerada a fonte que dá origem à vida. Na literatura cristã, passando pela mitologia hindu e até no Alcorão, este elemento simboliza a origem de todas as criaturas do universo.
Faça uma pausa na correria do dia a dia e estimule sua criatividade mesclando todas as cores e tons de um verdadeiro jardim de corais. Além de aliviar o estresse, esta prática lúdica pode ser uma ponte entre o corpo e a alma, nutrindo seu inconsciente com matizes que acalmam e equilibram.
Mergulhe nessa ideia!

Resenha: Jardim dos Corais, lançado pela Editora Escala é um livro de colorir para adultos com propósito de estimular a criatividade e combater o estresse.
O livro traz elementos e formas encontradas no oceano e, ao combinar as cores ideais que representam o fundo do mar, o efeito é bastante relaxante.


Antes de começar a colorir, o livro traz algumas páginas com informações muito interessantes sobre o efeito que a água causa nas pessoas e ao quê este elemento está ligado, além de falar um pouquinho sobre a cultura havaiana e como os nativos estão ligados ao ambiente, tanto física quanto espiritualmente. Outros povos das mais diversas épocas também utilizavam a água com finalidade terapêutica, seja antes ou depois de Cristo e a prática se estende até os dias atuais.



A atmosfera marítima é algo que, só de observar, seja ao vivo ou através de imagens, desperta sensações bem tranquilizantes nas pessoas, e a ideia de poder colorir algo que já faz bem só de estar alí, de forma natural, é incrível. O livro ainda oferece um guia exclusivo sobre as cores, mostrando que além de elas terem significado, funcionam melhor quando são combinadas de forma harmônica.


Os elementos encontrados no mar formam um cenário exuberante quando estão juntos e ter a oportunidade de colorir corais e outros elementos e animais marítimos é uma terapia mais do que indicada.
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