Entrelinhas - Tammara Webber

3 de agosto de 2015

Lido em: Julho de 2015
Título: Entrelinhas - Entrelinhas #1
Autora: Tammara Webber
Editora: Verus
Gênero: Romance/YA
Ano: 2015
Páginas: 350
Nota: ★★★☆☆
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Reid Alexander, um dos jovens atores mais bem pagos da atualidade, está acostumado a conseguir o que quer - e o que ele quer agora é Emma Pierce, a atriz novata que vai fazer par romântico com ele no próximo filme. Os astros parecem estar se alinhando para realizar o seu desejo, até que ele se vê diante de dois obstáculos inesperados: uma ex-namorada ressentida e um rival que vai disputar o coração de Emma. Emma Pierce acaba de receber uma oportunidade de ouro após anos atuando em comerciais e filmes para TV. Fazer o papel principal em um filme de grande orçamento, contracenando com o lindo Reid Alexander, deveria ser a realização de um sonho. Mas o coração de Emma esconde uma fantasia secreta: ela quer ser uma garota normal.

Resenha: Entrelinhas é o primeiro volume da série homônima escrita pela autora Tammara Webber (a mesma de Easy e Breakable) e publicado no Brasil pela Verus.
Emma Pierce está no mundo cinematográfico há um tempo considerável desde que começou a ser incentivada pelo pai e sua madrasta. Não que a fama fosse algo que ela sempre almejou, a verdade é que Emma sempre quis seguir o coração, gosta de fazer teatro mas ser uma atriz sob holofotes não fazia parte dos seus sonhos. Mas agora que seu talento foi finalmente reconhecido, ela teria a chance de contracenar com o famoso ator hollywoodiano Reid Alexander. Ele é um prodígio do cinema, um dos jovens atores mais bem pagos que já se viu e praticamente tem o mundo aos seus pés além de estar sempre acostumado a ter o que quer quando e como quer. Reid vai estrelar numa adaptação do famoso Orgulho e Preconceito com o papel do Sr. Darcy, e sua nova tarefa seria escolher quem faria Lizbeth, seu par romântico. E quando ele põe os olhos em Emma, a química é instantânea, não há dúvidas de que ela é a garota ideal, não só para o papel, mas para ele, porque ele quer e pronto...
Emma não estava muito animada com a dita adaptação, nomeada de "Orgulho Estudantil", mas o calor do momento a fez se empolgar, afinal, era Reid Alexander! Quem não se sente atraída por esse famoso pedaço de mau caminho? Mas quando Graham entra em cena cheio de cautela e com seu jeito misterioso, ele acaba se aproximando de Emma conquistando sua amizade e confiança... Algo mais parece rolar e Reid não aceita ter concorrência, afinal, ele é "o cara" e na teoria não teria que fazer esforço algum ao se interessar por alguém, mesmo que esse alguém fosse descartado logo em seguida como lixo... Agora, tendo que lidar com esse obstáculo, Reid ainda precisa lidar com a ex namorada ressentida que também fora escalada para o filme, e nada será tão fácil como ele sempre esteve acostumado.

A história é narrada em primeira pessoa intercalando os pontos de vista de Reid e Emma. Todos os capítulos começam sendo narrados por ele e finalizados por ela. A leitura é fácil, fluida, e acredito que muito da qualificação desse livro se deve a escrita da autora que é muito boa, mesmo que em alguns pontos a história tenha ficado bem morna e parada. Os personagens foram bem construídos pois se diferem bem uns dos outros no que tange a personalidade, mas não posso dizer o mesmo sobre o desenvolvimento deles.
Talvez a ideia de um livro voltado ao público jovem adulto desse gênero possa ter um tipo de fórmula em que o personagem bad boy decide ficar com a mocinha inocente e apaixonada enquanto vários conflitos internos e outros obstáculos permeiam o enredo. Acho que pra fugir do clichê e ter algo de original, espero que a história me surpreenda com um algo mais que me prenda e me faça me envolver com a leitura. Um personagem badass mascarar problemas pessoais com suas atitudes e comportamento com a garota por quem se interessa não chega exatamente a ser original, principalmente quando essa garota desperta um sentimento contraditório nele e aparece uma segunda opção...

Emma é a típica mocinha de novela... sonhadora, sensível e ingênua, mora com o pai ausente e a madrasta odiosa e sua única janela para a normalidade é Emily, sua melhor amiga. Ela gosta de ser atriz mas prefere concentrar seus esforços em obras alternativas sem intenção de alcançar a fama e a glória.
Reid é o completo oposto pois adora a fama que tem, adora ser reconhecido e idolatrado... Lindo, gostoso, despreocupado e parece ter um bolso sem fundo. Mas apesar de toda essa pose de galã e de sempre conseguir o que quer de forma fácil, ele esconde um passado do qual se decepcionou e somando isso ao casamento fracassado dos pais que levou sua mãe ao alcoolismo, ele prefere não se envolver emocionalmente mais a fim de evitar mágoas.

Os dois tem seus fantasmas ligados a problemas familiares para lidarem como algo em comum, mas não significa que sejam feitos um para o outro, pelo menos não ao meu ver...
Quando Graham se mostra interessado em Emma, as coisas começam a caminhar e tudo gira em torno desse triângulo amoroso. O problema é que muitas vezes me peguei pensando se Emma não estava fazendo força para gostar de Reid só por ele ser famoso, como se fosse um crime recusar um partido desses. Reid se mostrou alguém de personalidade forte, mas um imbecil do maior calibre possível. Já tive antipatia de protagonistas bad boys antes, mas Reid ganhou o troféu de idiota do século. E devido a narrativa ser feita em primeira pessoa, foi uma agonia ter uma visão das coisas através dele, um cara mimado, grosseiro e hiper desagradável.
Então, para equilibrar (ou pelo menos tentar), surge Graham com seu charme e encanto nada forçados e sua presença nos momentos mais propícios leva Emma a ter momentos apaixonantes. E ele sendo o personagem que mais me interessou pela personalidade e por demonstrar tanto carinho através de suas atitudes, me bateu uma pequena frustração por ele não ter voz nem aparecer com a frequência que eu gostaria.
A história vai soar familiar para alguns, mesmo que ela não traga reflexões muito profundas sobre as questões que levanta.

Confesso não se tratar de uma história rasa sobre adolescentes fúteis que estão se descobrindo e adentrando no mundo dos relacionamentos intensos, mas outros temas como drogas, álcool, sexo, infidelidade, problemas familiares e etc são abordados de uma forma bastante sutil que, de certa forma, dão uma enriquecida na trama para que não fique estagnada numa coisa só. Mas ainda não tiveram um aprofundamento adequado e considerei como sendo algo bastante superficial visto que a autora ao começar a focar num outro assunto parece deixar outros em segundo plano. Não nego que seja interessante acompanhar a rotina por trás das telas, ver como funciona as gravações, as perseguições por parte dos paparazzi e a relação interpessoal entre os famosos, mas senti falta de uma exploração maior. Talvez por ser o primeiro volume da série, o final repentino e a falta de aprofundamento para vários assuntos tenham sido propositais mas o que não funcionou muito pra mim foram os personagens como um todo. Por mais que eu tenha noção dos problemas dos quais eles estão envolvidos, não foi algo profundo que me envolveu o bastante para que eu tivesse alguma empatia por algum deles. Ao final do livro fica perceptível como uma falha de comunicação faz a diferença... Muito do drama criado aqui poderia ter sido evitado com perguntas simples.

Sobre a parte impressa, a capa é bem bonita seguindo o padrão da original. Os detalhes também dão um charme extra pois deixam o livro bem caprichado. O título e o nome da autora tem aplicação de verniz e na parte de trás há uma flor em forma de ornamento com verniz também. As páginas são amarelas e a diagramação é simples, e como havia mencionado antes, o capítulo é narrado pelos dois protagonistas com a indicação de seus nomes. Acho que o nome nem era necessário pois a forma de falar e pensar já evidencia o personagem em questão claramente. A fonte é grande e isso colabora pra uma leitura rápida. Minha única ressalva foi a margem superior do livro. Não sei se foi um problema gráfico, mas o texto está praticamente colado no topo da página enquanto há um espaço considerável na parte inferior e, visualmente falando, foi algo que me incomodou durante a leitura.

A trama tem umas pequenas reviravoltas e é praticamente impossível prever o final pois tudo foge do óbvio, principalmente porque a autora conduz a história para um caminho que mexe com as emoções do leitor fazendo com que muitas más impressões acabem sendo mudadas de forma a vermos tudo por um ângulo novo. Mesmo com algumas ressalvas, acho que vale a leitura pelo entretenimento proporcionado.

Você (não) é o Homem da Minha Vida - Alexandra Potter

2 de agosto de 2015

Lido em: Julho de 2015
Título: Você (não) é o Homem da Minha Vida
Autora: Alexandra Potter
Editora: Record
Gênero: Chick lit
Ano: 2015
Páginas: 448
Nota: ★★★★☆
Onde comprar: Saraiva
Sinopse: O sonho da maioria das mulheres é encontrar o homem da sua vida. Lucy só quer se livrar dele.
No instante em que Lucy conhece Nate em Veneza, durante o intercâmbio da faculdade, ela tem certeza de que é o amor da sua vida. Com toda a magia do primeiro amor, eles se beijam ao pôr do sol sob a Ponte dos Suspiros, o que, segundo a lenda local, os uniria para sempre.
Passados dez anos, porém, eles perderam contato por completo. Até que Lucy se muda para Nova York, e o destino faz com que se reencontrem. E se reencontrem. E se reencontrem. Mas o Nate atual é muito diferente do que ela conheceu aos 19 anos, e Lucy preferia o antigo.
Será que ele é mesmo sua alma gêmea? Como ela conseguirá se livrar dele? Afinal “para sempre” pode ser muito tempo...
Uma comédia romântica original e mágica sobre o que acontece quando o sonho de toda menina de encontrar sua alma gêmea se torna verdade. 

Resenha: Em 1999, durante um intercâmbio da faculdade, Lucy Hemmingway conhece Nathaniel Kennedy, ou só Nate, e a magia do primeiro encontro foi doce e linda o bastante para abalar as estruturas de qualquer um. Foi quase como se eles tivessem sido atingidos pela seta do próprio cupido. Tudo colaborou para que esse romance se tornasse inesquecível mas após terem vivido algo tão intenso, seus caminhos acabaram se separando... Dez anos depois, Lucy continua apaixonada, ela não consegue apagar as lembranças que guardou de Nate e nem ficar livre daquela sensação de ter perdido o amor de sua vida para sempre. Ela sai de Londres e se muda para Nova York a trabalho, e quando ela pensou ter esquecido Nate, o inesperado acontece: os dois se reencontram por coincidência e ela mal pode acreditar que ele agora está diante de seus olhos, em carne e osso. Lucy acredita que aquele beijo ao pôr do sol sob a Ponte dos Suspiros enquanto os sinos da igreja badalavam sem parar foi um "ritual" cuja lenda rezava ser o responsável por uní-los e ligá-los para sempre... Porém, dez anos é muito tempo... Tempo suficiente por colocá-los numa realidade bastante diferente de quando se conheceram... Mesmo que Lucy tenha dado uma outra chance a esse relacionamento, ela percebe que Nate não tem nada a ver com aquele cara jovem e encantador que ela conheceu aos dezenove anos em Veneza e aquele encanto não existe, e por mais que eles não parem de se reencontrar ao acaso, Lucy acredita que "para sempre" é tempo demais para algo que parece ter, de fato, acabado, mesmo que a lenda pareça ser verdadeira. Logo eles já estão fartos um do outro mas o destino não pára de fazer o caminho dos dois e cruzarem. E agora, como se livrar de Nate de uma vez por todas?

Narrado em primeiro pessoa pelo ponto de vista de Lucy, Você (não) é o Homem da Minha Vida faz um misto de romance e comédia responsáveis por tornar a leitura super agradável e recheada de cenas hilárias. A escrita da autora é conservadora, fluida, cômica e cativante e acompanhar a saga de Lucy e Nate para fugirem um do outro foi algo impagável.
Enquanto Lucy e Nate estavam em Veneza, foi como um filme de amor daqueles melosos e lindos... Tudo era mágico e a vontade era de ter um Nate pra mim... Mas depois de dez anos fica claro o quanto ele mudou se tornando alguém muito desagradável, e misturar uma pessoa assim com a ideia de se agarrar a uma fantasia de uma década atrás não poderia resultar em algo que prestasse.
Lucy é uma protagonista super simpática, sonhadora e acabou se passando por uma personagem mais real do que a maioria das demais. Ela é desastrada mas não de um jeito irritante, e sim cômico e super engraçado. Quando Adam entra em cena as coisas ficam muito mais legais, pois ele, diferente de Nate, é alguém fantástico e se mostrava ideal como par de Lucy. Ela consegue ser ela mesma na companhia de Adam e isso não acontece quando Nate está por perto.
Os personagens secundários também são adoráveis, desde Robyn, colega de quarto de Lucy, até Magda, sua chefe admirável.
Os diálogos são espirituosos na grande maioria das vezes e achei um barato saber mais sobre leis de atração do universo através das conversas das personagens.
Um ponto bacana é que há um subtrama paralela à história principal. Kate, a irmã de Lucy, com seu marido, Jeff. Kate parece ser alguém muito fria a primeira vista, mas com o desenrolar da história podemos vê-la amolecendo um pouco, o que me agradou bastante.

A história foi um pouco lenta em algumas partes, e até previsível em outras, mas posso afirmar que foi uma leitura super divertida e válida. As maneiras em que Lucy e Nate tentaram fugir um do outro foram muito engraçadas, e gostei bastante da forma como os demais personagens estavam inclinados a ajudá-la. Mas entre todos os pontos, o que realmente me fez aproveitar bem a história foi o aspecto mágico/místico que a autora usou e que fez sentido do início ao fim. Mesmo que a autora tenha simplesmente inventado a lenda da Ponte dos Suspiros, foi algo super original e que fez toda a diferença. A ideia de uma libertação de algo que já não convém, mesmo que se trata de uma suposta alma gêmea, é trabalhada de forma bastante satisfatória, assim como a ideia de que tudo o que vivemos serve como experiência ou ainda que devemos ficar atentos ao nosso redor, visto que o amor verdadeiro pode estar onde menos se espera...

Sobre a parte impressa, as manchas de aquarela são super originais no que se refere a capas e conseguiu dar um toque artístico à obra, principalmente ao levar em consideração que Lucy trabalha numa galeria de arte. As páginas amarelas e a fonte grande colaboram com a leitura e o trabalho de edição e revisão da Record estão divinas.

Para quem gosta de chick lits e deseja rir bastante com as situações hilárias pelas quais os personagns passam, super recomendo!

Caixa de Correio #41 - Julho

31 de julho de 2015

 Oi, pessoas!
Bora dar uma espiada no que recebi em Julho?
Teve cortesia ♥, teve surpresas ♥, teve livro que ganhei em promoção ♥, teve comprinha (pouca, mas teve) ♥ ...

Super Novidade de Agosto - Maurício Gomyde e Surpreendente!

30 de julho de 2015

A Editora Intrínseca publicará no final de agosto o romance do autor nacional Maurício Gomyde, Surpreendente! Confira capa e sinopse abaixo:

Pedro Diniz tem um desafio e um problema pela frente.
O desafio: filmar um roteiro magnífico capaz de surpreender o público e conquistar o prêmio Cacau de Ouro. O problema: não ter ideia de como fazer isso.
Aos 25 anos, recém-formado, Pedro está convencido de que é um sujeito muito especial, que tem a missão de usar o cinema como instrumento para melhorar o mundo. Diagnosticado na adolescência com uma doença degenerativa que o condenaria à cegueira, ele contraria a lógica da medicina quando a perda de sua visão estaciona de forma inexplicável. Enquanto comanda o último cineclube de São Paulo e trabalha em uma videolocadora da periferia, Pedro planeja seu próximo filme, a obra que vai consagrá-lo. E, para animar as coisas, conhece a intrigante Cristal, uma ruivinha decidida, garçonete e estudante de física nuclear, que mexe com seu coração.
A perspectiva idealista de Pedro, porém, sofre sérios abalos. Atormentado por um segredo, ele parte com os amigos Fit, Mayla e Cristal numa longa viagem até Pirenópolis, em Goiás, a bordo de um Opala envenenado. Com câmeras nas mãos e espírito de aventura, a equipe técnica improvisada está disposta a usar toda a sua criatividade na filmagem feita na estrada ao sabor de encontros inesperados e de sentimentos imprevisíveis. E o jovem cineasta descobre que, quando o destino foge do script, nada supera o apoio de grandes amigos. 

Ana K - Sergio Napp

29 de julho de 2015

Lido em: Julho de 2015
Título: Ana K
Autor: Sergio Napp
Editora: BesouroBox
Gênero: Juvenil/Nacional
Ano: 2012
Páginas: 152
Nota: ★★★★☆
Onde comprar: Saraiva
Sinopse: A história de Ana K poderia ser apenas uma história comum de uma menina que cresce sem a mãe, morta no parto, e é criada por um pai, atrapalhado e imaturo. Ou a história de um pai e de uma filha que vão aprendendo a ser pai e filha.
A história de Ana K, porém, é mais interessante. Mais profunda. Mais intensa.
É a história de uma menina que quer entender tudo, quer compreender seus sentimentos; quer buscar as razões e encontrar os significados para tudo que faz parte da sua vida: a falta da mãe, o amor confuso e possessivo pelo pai, a descoberta do amor verdadeiro.
Ana K precisa dar significado à sua existência. Precisa conhecer sua história desde o amor dos pais. Precisa aceitar a morte da mãe. E deseja um pai que seja mais que um irmão mais velho. Ela tem que aprender a amar sem as dores e as culpas que sempre a acompanharam.
Essa é a história de Ana K, que consegue, por fim, juntar as peças da sua breve vida, reconstruindo-se para ser capaz de amar e ser amada.

Resenha: Ana K é um romance juvenil escrito pelo autor Sergio Napp que conta a história de Ana, uma adolescente de dezesseis anos que é criada pelo pai, Marcos, devido a mãe ter morrido durante seu parto. Por Marcos ser jovem, acaba se comportando como um irmão mais velho que faz companhia à Ana e acaba não fazendo o papel de pai que deveria. Ana tenta compreender seus sentimentos enquanto procura por significados em cada situação ou atitude que tem, mas as coisas mudam quando seu pai conhece Gabriela e eles se casam. Ela não aceita que o pai tenha um relacionamento, não quer dividi-lo com ninguém, e, sem saber lidar com isso, se envolve com Cauê, um garoto da escola. Com ele, Ana aprende um novo tipo de amor, mas também aprende que a responsabilidade, às vezes, bate a porta cedo demais quando se toma atitudes levadas por impulso...

A história é narrada em terceira pessoa de uma forma muito simples e fácil, e a leitura é bem rápida. O estilo de escrita pode causar estranhez por não trazer muitas descrições ou detalhes seja sobre o cenário ou sobre as características dos personagens e ainda apresentar com frequência mudanças atemporais sem que saibamos o tempo exato que se passou, mas acho que pelo fato de a história ser uma novela juvenil, o autor preferiu contá-la de uma forma mais enxuta e direta para não se tornar cansativa ao público ao qual se destina.

São poucos personagens mas todos tem suas particularidades e colaboram para o desenvolvimento da história de forma bastante agradável. Ana é uma garota confusa por não ter tido uma referência materna e mesmo com o pai presente também não tem uma referência paterna já que Marcos é bastante imaturo e parece não saber lidar com essa "coisa de pai".
Cauê é o típico adolescente que muda a vida de Ana quando eles se envolvem. Ele lhe dá atenção e carinho e parece entendê-la como ninguém, então, Ana se apega a ele por considerá-lo um refúgio para os problemas e conflitos internos que tem.
Gabriela, a nova esposa de Marcos, é odiada por Ana pois a menina acredita que ela está lhe roubando tudo o que lhe restou, ou ainda que esteja tentando roubar o lugar de sua mãe. Acho que a forma como Ana lida com a madrasta foi bastante realista já que é bastante comum os novos companheiros dos pais nem sempre serem bem aceitos pelos enteados.
Acho que a forma como o "problema" da história foi resolvido soou bastante fácil e até um pouco fantasioso e o desfecho, apesar de fugir do clichê e ser bastante satisfatório, deixa uma brecha para que o leitor imagine onde a história pode chegar.

Gostei bastante do trabalho gráfico do livro. Entre alguns capítulos há a mesma imagem da capa com algumas edições a fim de ilustrar a situação em que Ana se encontra. As páginas são brancas, a diagramação é bem caprichada e não há erros no texto.

O livro como um todo funciona bem, até mesmo porque é uma história que muita gente pode se identificar. Eu mesma me identifiquei em vários pontos já odiava meu padrasto e também por ter sido mãe na adolescência, e claro, nada foi fácil. Acho que é um livro mais indicado para jovens na faixa de 13 a 16 anos, desses que são passados até como leitura na escola, seja como forma de entreter ou dar uma visão bacana sobre uma garota com conflitos e que ainda não conseguiu se encontrar. Uma lição legal que o livro deixa é que o que se faz com intenção de atingir alguém, por medo, raiva ou o que seja, pode acabar atingindo a nós mesmos, e ainda que nossos sonhos sejam interrompidos, é possível passar por cima do orgulho e aceitar que o que a vida nos tira ou nos dá de presente não é mera obra do acaso.