Novidades de Setembro - Bertrand

12 de setembro de 2015

O Bestiário de John Gregory, o Caça-feitiço - Joseph Delaney
O guia ilustrado sobre todas as criaturas do universo da série As Aventuras do Caça-Feitiço.
Depois de percorrer todo o Condado por mais anos do que gostaria de se lembrar, e tê-lo defendido de fantasmas, sombras, ogros, feiticeiras e todo o tipo de criaturas que assustam à noite, John Gregory, o Caça-Feitiço, compartilha o conhecimento adquirido e registrado neste Bestiário. O livro contém descrições dos habitantes das trevas que encontrou, além de lições que aprendeu e erros que cometeu. O Bestiário de John Gregory, o Caça-Feitiço, assegura que as próximas gerações de caça-feitiços detenham o necessário para lidar com novas ameaças, perpetuem o aprendizado e sigam os passos de seu autor.

Nascimento Mortal - Mortal #23 - J. D. Robb
A tecnologia avançou de forma extraordinária na Nova York do ano 2060, mas o nascimento dos seres humanos ainda ocorre exatamente como no início dos tempos. A tenente Eve Dallas, apesar de estar investigando o duplo homicídio de um casal de funcionários de uma importante firma de contabilidade, precisa ajudar sua melhor amiga Mavis Freestone, grávida de oito meses, a preparar o chá de bebê para o herdeiro que chegará em poucas semanas.
Mas esse não é o único favor que Eve fará a ela. Mavis faz questão que a tenente investigue o desaparecimento de Tandy Willowby, uma das gestantes de sua turma de preparação de parto. Quando Eve entra no apartamento de Tandy e descobre o presente para o chá de bebê de Mavis sobre a mesa, embrulhado e intocado, junto da bolsa da maternidade já pronta, seu instinto aponta para um possível sequestro.

Star Wars: Manual do império - Daniel Wallace
O Império tomou conta da galáxia, e oficiais de alto escalão de cada setor das forças armadas registraram em Manual do Império: Guia do comandante diretrizes táticas e procedimentos, além de relatos de missões e documentos confidenciais para todos os comandantes recém-promovidos. Este guia abrangente revela detalhes sigilosos das táticas imperiais de batalha, medidas aceitáveis para punir traidores e o plano de longo prazo do Império para a dominação militar da galáxia.  Depois da Batalha de Endor, este manual ultrassecreto caiu nas mãos da Aliança Rebelde. Com anotações bem-humoradas escritas à mão nas margens das páginas, conhecidas figuras da Rebelião desafiam em seus comentários a propaganda oficial do Império. 

Intempérie - Jesús Carrasco
Agachado no esconderijo que achou para si, um garoto fugitivo escuta os gritos dos homens que o perseguem. Quando não o encontram, o que lhe resta é uma planície infinita e árida, a qual deve atravessar se quiser ficar longe de uma vez por todas do que provocou sua fuga. Certa noite, seu caminho cruza com o de um pastor de cabras idoso, e, a partir desse momento, tudo mudará na vida dos dois.
Intempérie narra a fuga de uma criança através de um país devastado pela seca e regido pela violência. Um mundo isolado, onde não há nomes ou datas. É nesse cenário que o garoto, ainda não totalmente entregue, terá a oportunidade de se iniciar nos dolorosos rudimentos da consciência, ou, pelo contrário, exercer para sempre a violência da qual já provou. Uma estreia vitoriosa, um potencial clássico literário.

Novidades de Setembro - Agir Now

11 de setembro de 2015

Rotina & Rabisco - Bruna Vettori
Oi ;)
Este não é um livro qualquer.
É um espaço de memórias e sonhos, um mundo de possibilidades. Aqui você vai se encontrar em páginas repletas de histórias, ilustradas por mim e feitas para você. Este é um livro sobre todos nós e sobre o jeitinho com que levamos a nossa rotina. O Rotina & Rabisco é um livro para inspirar, sonhar, fazer acontecer. Feito para gente sensível, que ri sem motivo e gosta de ver o lado bom das coisas. Estamos felizes de te ver por aqui! Então entra e fica à vontade, que a vida é toda nossa.



Perdido - Os Lobos de Mercy Falls #3,5 (spin off ) - Maggie Stiefvater
Sinner segue Cole St. Clair, um personagem fundamental da trilogia Os Lobos de Mercy Falls. Todos acreditam conhecer a história de Cole. Estrelato. Vício. Queda. Desaparecimento. Mas poucos conhecem o segredo sombrio de Cole — sua capacidade de transformar-se em um lobo. Uma dessas pessoas é Isabel. Em um dado momento, é possível que inclusive houvesse amor entre eles. Mas isso parece que foi há uma vida. Agora Cole está de volta. De volta ao centro das atenções. De volta a zona de perigo. De volta a vida de Isabel. É possível um perdido ser salvo?

Novidade de Setembro - Geração Editorial

10 de setembro de 2015

Vandré - O homem que disse não - Jorge Fernando dos Santos
Quem foi Geraldo Vandré ? Por que ele se tornou amado pelo público e odiado pelos militares na ditadura? Por que sua canção se tornou um hino – Para não dizer que não falei das flores – Caminhando – jamais esquecida durante décadas? O que aconteceu com ele no exílio e depois que retornou ao Brasil? Gênio? Louco, por causa das torturas?
Nesta biografia emocionante, crucial e NÃO AUTORIZADA, Jorge Fernando dos Santos conta a história da vida e da obra deste artista que se tornou ícone da canção brasileira no auge dos “anos de chumbo”, mas acabou se afastando dos palcos, para a perplexidade dos fãs.

A Rainha do Castelo de Ar - Stieg Larsson

9 de setembro de 2015

Título: A Rainha do Castelo de Ar - Millennium #3
Autor: Stieg Larsson
Editora: Companhia das Letras
Gênero: Ficção Policial
Ano: 2011
Páginas: 688
Nota: ★★★★★
Sinopse: Mikael Blomkvist está furioso. Furioso com o serviço secreto sueco, que, para proteger um assassino, internou Lisbeth Salander na época com apenas doze anos num hospital psiquiátrico e depois deu um jeito de declará-la incapaz. Furioso com a polícia que agora quer indiciar Lisbeth por uma série de crimes que ela não cometeu. Furioso com a imprensa, que se compromete em pintar a moça como psicopata e lésbica satânica. Furioso com a promotoria pública, que pretende pedir que ela seja internada de novo, desta vez ao que parece para sempre. Enquanto Lisbeth recupera-se num hospital de ferimentos que quase lhe tiraram a vida, Mikael procura conduzir uma investigação paralela que prove a inocência de sua amiga. Mas a jovem não fica parada, e muito mais do que uma chance para defender-se ela quer uma oportunidade para dar o troco. Com a ajuda de Mikael, Lisbeth está muito perto de desmantelar um plano sórdido que durante anos se articulou nos subterrâneos do estado sueco, um complô em cujo centro está o pai dela, um perigoso espião russo que ela já tentou matar. Duas vezes.

Resenha: É difícil expressar com palavras o que a Série Millennium despertou em mim. Lisbeth Salander e Mikael Blomkvist foi a dupla de mocinhos que mais me deu prazer em acompanhar. A trama encerrada no segundo volume tem seu desfecho em A Rainha do Castelo de Ar. Nesse terceiro livro temos uma trama intricada cheia de intrigas, perseguições e um ritmo narrativo que torna impossível deixar a leitura de lado.

A trilogia Millenium é uma das melhores, se não a melhor, do gênero policial. Cada detalhe, desde a construção dos protagonistas até o desfechos e revelações, é muito bem feito.O problema de como encerrar a trama e dar o devido desfecho a cada personagem não recai sobre a obra de Stieg.

Salander é um enigma. A personagem tem um ar misterioso e é ilegível para o leitor da mesma maneira que para quem a ronda. A personalidade torna os atos imprevisíveis e cheio de surpresas. É possível notar, com Lisbeth como base, que Stieg criou um enredo voltado para o abuso e violência contra a mulher trazendo junto uma protagonista que luta tanto para si quanto por outras. Atualmente, vivemos um momento que o feminismo está tomando formas mais concretas, e vi isso em Lisbeth. A fragilidade dela é apenas aparente em sua forma franzina e pequena, mas a garota esconde uma força interior capaz de enfrentar situações de prova como ninguém. As falas são sempre dosadas de forma correta, com uma pitada de sarcasmo e inteligência. Um viva para Larsson por ter construído uma heroína como ela, a frente do seu tempo.

Não podemos esquecer também o papel essencial de outros personangens na trama. Mikael continua robusto, cheio de confiança e seu caráter é admirável. Ele não é um policial, mas um jornalista que se dá bem como investigador, busca a verdade nos fatos e a defende até o fim. Destaque também para Annikka, irmã de Blomkvist, que se mostrou muito importante para o desfecho da trama e ganhou meu real respeito com suas atitudes. Érika Berger, que antes tinha tudo a seu favor, teve um papel um pouco confuso neste volume e isso se tornou um ponto negativo. Faltou um pouco mais de concisão no problema que a atingiu. No mais, todos os outros componentes dessa história, como o departamento de policia que trabalhou para defender Salander e os redatores da Millenium, merecem muita admiração.

A Rainha do Castelo de Ar é um desfecho* que encerra a trajetória de personagens queridos e que conquistaram todos aqueles os acompanharam nessa jornada. Quase setecentas páginas passam de maneira veloz, com uma narrativa ágil e uma trama bem feita. Abordar problemas que envolvem o Estado, manipulação de pessoas e a responsabilidade civil sobre uma criança foi espetacular pela parte de Larsson. Por mais que o leitor não esteja habituado com temas tão complexos, ao iniciar a leitura é provável que a saga de Blomkvist e Salander seja capaz de te prender do começo ao fim.

*A história de Lisbeth e Mikael pode ter sido finalizada para uns, mas para outros não. David Lagercrantz escreveu uma continuação, A Garota na Teia de Aranha, para a série. Cabe a cada leitor e fã decidir se continua ou não.

Novidades de Setembro - Paralela

A arte de dar limites - Como mudar atitudes de crianças e adolescentes - Luiz Hanns
Educar filhos nunca foi uma tarefa fácil, em qualquer época. Hoje, no entanto, vivemos um quadro mais complexo, resultado de mudanças radicais pelas quais a sociedade passou nos últimos sessenta anos. Boa parte da nova geração de crianças e adolescentes tem dificuldade de entender e aceitar que existem limites a serem respeitados no âmbito individual e coletivo.
Foi pensando nisso que o psicólogo Luiz Hanns escreveu seu novo livro, A arte de dar limites (como mudar a atitude de crianças e adolescentes). Valendo-se de exemplos inspirados em histórias colhidas em seu consultório, o autor traça um diagnóstico desse problema e propõe uma nova forma de educar. Hanns apresenta o método educação pensada, que usa um sistema maior de limites e permite obter mudanças profundas, antecipando e, quando necessário, corrigindo comportamentos inadequados. Em vez de medidas paliativas, um caminho eficaz - e transformador.

Dia de Beauté - Um guia de maquiagem para a vida real - Victoria Ceridono
Quase nada é tão legal quanto maquiagem. O lema de Victoria Ceridono, blogueira e editora de beleza da Vogue, é especialmente verdadeiro em seu livro Dia de beauté - um guia de maquiagem para a vida real. Com mais de 130 fotos e ilustrações produzidas exclusivamente, no livro Victoria apresenta dicas acessíveis, vindas de quem testou muitos produtos. Um livro para inspirar e despertar a vontade de mergulhar nesse fantástico universo da maquiagem e beleza.

Novidades de Setembro - Companhia das Letras

A História dos Judeus - À procura das palavras 1000 a. C. - 1492 - Simon Schama
Nesta jornada através dos tempos, Simon Schama detalha a experiência judaica, de suas origens como povo tribal à descoberta do Novo Mundo, em 1492. Da Índia à Andaluzia, dos bazares do Cairo às ruas de Oxford, o leitor será levado a lugares inimagináveis.
Trata-se de um épico de resistência contra a destruição, criatividade na opressão, afirmação da vida diante de obstáculos intransponíveis. O Talmude é queimado nas ruas de Paris, corpos de judeus pendem em cadafalsos espalhados pela Londres medieval, um iluminador de Palma de Maiorca redesenha o mundo. Não estamos diante de uma cultura à parte, mas de um povo influenciado por todos aqueles com os quais habitou, dos egípcios aos gregos, dos árabes aos cristãos.
A história dos judeus é a história de todo o mundo.

Te vendo um Cachorro - Juan Pablo Villalobos
A rotina de Teo não está nada fácil. Aos 78 anos, acaba de se mudar para um prédio decadente cheio de anciãos. É recebido com pompas à altura de seu papel de escritor, embora nunca tenha escrito um único livro. Passa os dias entre as fofocas nos corredores, nutrindo desejos eróticos pela síndica e calculando quantas cervejas pode beber diariamente às custas de um pecúlio que deve durar até a sua morte.
Em vidas em que nada acontece além de varizes à mostra, refluxos e baratas por todo lado, o grande evento do prédio é uma tertúlia literária, cujos participantes se impuseram o desafio de ler os sete tomos de Em busca do tempo perdido, intercalando Proust com aulas de modelagem com miolo de pão e ginástica aeróbica - tudo organizado pelos moradores, “convencidos de que a aposentadoria era um segundo jardim de infância”.
Herdeiro do temperamento artístico do pai, um pintor fracassado, Teo tenta se adequar aos perigos do cotidiano, como matar baratas no elevador com cuidado para evitar balanços bruscos, citar trechos da Teoria estética de Adorno para fugir de conversas embaraçosas e espionar o segredo de um restaurante chinês que, apesar de sujo, consegue manter as baratas do lado de fora. E sempre, sempre tentando convencer os novos amigos de que não é - e nunca foi - um escritor.
Não. Pra dizer a verdade, este livro não é nada isso.
Te vendo um cachorro trata de uma mãe e de um vendedor de tacos obcecados por cães. Ela para aplacar a solidão; ele para lucrar um pouco mais com o seu negócio. É também a história de um garoto que herdou, não se sabe se por destino ou talento, a taqueria do tio e, com ela, a técnica de preparar tacos à base de filés caninos...
Mas é possível que o cerne desse romance seja mesmo ironizar os desejos sexuais, a velhice, a vida adulta, a juventude, a literatura, os religiosos, os críticos, os leitores e o México. De concreto, sabemos apenas que o herói do romance é de uma integridade singular, e isso fica bastante claro quando tentam lhe atribuir mais uma vez um passado mentiroso, desmerecedor de sua história: “Pode-se saber do que estou sendo acusado? De ser escritor? Pois eu me declaro inocente!”.

A Conexão Bellarosa - 4 novelas - Saul Bellow
Saul Bellow é um mestre da ficção de língua inglesa. Inspirados pelo seu estilo - que mistura a alta cultura com a esperteza das ruas de Chicago -, autores como Philip Roth, Martin Amis e Ian McEwan fizeram seus primeiros voos literários.
As quatro novelas deste volume, escritas na fase final da vida do autor - Um furto, A conexão Bellarosa, Uma afinidade verdadeira e Ravelstein -, são o testemunho do talento e da vitalidade do maior renovador do romance americano depois de William Faulkner. Com temas como a perseguição ao próprio passado, as tragédias do século XX, o adultério e a comédia da vida intelectual, as histórias são tão divertidas e leves quanto melancólicas e intrincadas. Um triunfo.

Sombras de Reis Barbudos - José J. Veiga
Publicado pela primeira vez em 1972, Sombras de reis barbudos foi tido como alegoria do regime militar brasileiro, ao contar a história de uma cidade que recebe a Companhia Melhoramentos de Taitara, símbolo da modernidade. Aos poucos, porém, a empresa impõe uma rotina tirânica aos moradores.
Décadas depois de sua estreia literária, os críticos de José J. Veiga lançam nova luz à obra do autor, ampliando seu alcance. Embora tenham influência do realismo mágico, seus livros não se encaixam nessa vertente; exploram o universo infantojuvenil, mas vão além do romance de formação.
O leitor pode agora atestar por si só por que José J. Veiga é considerado um dos melhores autores brasileiros do século XX.

Resta Um - Isabela Noronha
Lúcia sempre foi uma mulher que enxergou a vida pelo viés dos números. Professora respeitada do curso de matemática da Universidade de São Paulo, sua lógica cartesiana parecia manter sob controle todos os aspectos da existência. Um dia, porém, sua única filha, Amélia, não volta para casa. A criança desaparece sem deixar rastro, abalando tremendamente o pensamento racional da mãe.
Anos depois, a professora, que deixou a universidade e desfez o casamento, segue com a esperança de encontrar Amélia - embora seja a única a acreditar nessa possibilidade. E seus esforços parecem não ter sido em vão, pois recebe um e-mail que traz, por fim, a pista de alguém que diz conhecer o paradeiro da menina.
Entre a busca de Lúcia e a narrativa do desaparecimento de sua filha, acompanhamos as divagações de uma senhora que dedica a vida a cuidar do seu pomar.
Isabela Noronha costura neste romance de estreia uma sofisticada trama psicológica que cresce a cada página, levando-nos pelos estágios do desespero de uma mãe que perde o que lhe é mais valioso.

Assim foi em Aushwitz - Testemunhos 1945-1986 - Primo Levi e Leonardo De Benedetti
Primo Levi tinha só 24 anos quando foi deportado para Auschwitz, a fábrica construída pelos nazistas para exterminar judeus e minorias. Químico, Levi trabalharia junto a outro prisioneiro, o médico Leonardo De Benedetti.
Em 1945, após a libertação, soviéticos encarregaram os dois de um relatório sobre as condições de saúde dos campos.
O resultado, publicado em 1946, foi um testemunho pioneiro dessa experiência atroz, que inaugura o trabalho de Primo Levi como escritor. Depois, o químico continuaria contando a experiência de Auschwitz nas histórias, pesquisas e nos comentários agora recolhidos, que, graças à coerência, clareza e o rigor do método, reforçam a potência narrativa do autor.

Assim Começa o Mal - Javier Marías
Na fervilhante Madri pós-ditadura franquista do início dos anos 1980, Juan De Vere começa a trabalhar como secretário particular do cineasta Eduardo Muriel. Graças à sua função, de Vere se insere na privacidade da família, convertendo-se num espectador da união misteriosa e infeliz entre Muriel e sua esposa Beatriz Noguera.
O cineasta encarrega seu secretário de investigar um amigo, dr. Jorge Van Vechten, cujo comportamento indecente no passado foi motivo de rumores. Mas De Vere passa a tomar iniciativas questionáveis, com profundas repercussões na vida de todos. Sua atitude vai lhe mostrar que não há justiça desinteressada e que tudo - o perdão ou castigo - são decisões arbitrárias.


O Grifo de Abdera - Lourenço Mutarelli
Mauro é roteirista dos quadrinhos de Paulo. Os dois publicam sob a alcunha de Lourenço Mutarelli, e são representados publicamente pelo bêbado Raimundo. Mas a morte de Paulo forçará Mauro a tentar uma carreira solo com O cheiro do ralo, seu primeiro e bem-sucedido livro. É quando ele recebe de um estranho uma moeda antiga, o Grifo de Abdera, e sua vida muda.
Oliver não conhece Paulo, Mauro, Raimundo ou Lourenço. Mas, quando Mauro recebe a moeda, uma conexão se forma entre eles.
É este delicioso jogo que alimenta O grifo de Abdera, primeiro romance de Mutarelli desde Nada me faltará, de 2010. Um labirinto de obsessões, taras, perguntas e mistérios, acompanhado ainda de uma longa história em quadrinhos.

As Rãs - Mo Yan
“Um não é pouco; dois é bom; três é demais.” Eis o slogan lançado pela Nova China em 1965 - quando as crianças, esfomeadas, “brincam” de comer carvão - para conter o rápido crescimento populacional, numa política de planejamento familiar que se perpetuará por décadas. Nesse contexto, o Nobel de literatura Mo Yan dá voz a Corre Corre, aspirante a escritor que vê a tia como heroína e quer transformar sua vida em peça de teatro, não sem antes rememorar sua história.
Trata-se de fato de uma mulher extraordinária. Nascida em 1937, é a primeira parteira da aldeia a estudar obstetrícia e a enxergar o ofício para além de métodos supersticiosos. Combinando a compaixão de médica a uma autoridade de general, logo se torna a oficial responsável pelo controle de natalidade. Ela deve educar jovens famílias a terem apenas um filho e, quando necessário, realizar abortos, levando a diretriz do Estado às últimas consequências.
Conforme os anos se passam neste épico intergeracional, a política do filho único se burocratiza e corrompe, mas a tia de Corre Corre, revolucionária convicta, não enxerga os podres do sistema imoral em que está enredada. Se em chinês a palavra “wa”, que dá título ao romance, significa tanto “rã” como “bebê”, as rãs desta trama são objetos de horror e desejo, como os filhos da Revolução Cultural na China, muitas vezes cobiçados pelas famílias e renegados pelo Estado.
De atmosfera exuberante e imaginário plástico, As rãs traz o melhor do realismo fantástico, comprovando por que Mo Yan costuma ser comparado a Gabriel García Márquez. O lirismo, a inventividade da linguagem e a forma bem-humorada de tratar os cenários mais dramáticos, oscilando entre a poesia e o horror, o naïf e o escárnio, transformam esse relato ambientado em uma aldeia da China em clássico universal.