A Lista - Cecelia Ahern

19 de novembro de 2015

Título: A Lista
Autora: Cecelia Ahern
Editora: Novo Conceito
Gênero: Romance
Ano: 2015
Páginas: 384
Nota: ★★★★☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Kitty Logan tem 32 anos e aos poucos está perdendo tudo o que conquistou: sua carreira está arruinada; seu namorado a deixou sem um motivo aparente; seu melhor amigo está decepcionado com ela; e o principal: sua confidente e mentora está gravemente doente.
Antes de morrer, Constance deixa um mistério nas mãos de Kitty que pode ser a chave para sua mudança de vida: uma relação de nomes de pessoas desconhecidas. É com base neles que Kitty deverá escrever a melhor matéria de sua carreira.
Quando começa a ouvir o que aquelas pessoas têm a dizer, Kitty aos poucos descobre as conexões entre suas histórias de vida e compreende por que foi escolhida para dar voz a elas.

Resenha: A Lista, escrito pela autora irlandesa Cecelia Ahern e publicado no Brasil pela Novo conceito conta a história de Kitty Logan, uma jornalista de 32 anos que, aos poucos, está perdendo o que conquistou ao longo de sua vida. Sua carreira está arruinada devido a uma matéria falsa que destruiu a vida de um homem inocente exibida em seu antigo programa e o escândalo foi tanto que ninguém quer empregá-la mais. Kitty perdeu sua reputação e sua credibilidade como jornalista, é odiada pelas pessoas, está enfrentando um processo judicial pela calúnia que cometeu, seu namorado a abandonou sem um motivo aparente, sua casa virou alvo de ataques e Constance, sua melhor amiga, confidente e também editora chefe da única revista que abriu as portas pra ela escrever, a Etecetera, está gravemente doente.

Antes de morrer, Constance deixa uma lista com cem nomes para que Kitty pudesse escrever uma matéria - a melhor matéria - sobre estas pessoas que não se conhecem e parecem não ter nenhuma ligação. Cabe a Kitty descobrir o que motivou Constance a listar aqueles nomes e qual o propótito real da referida tarefa, E diante deste pequeno mistério que ela toma como missão, Kitty parte em busca dessas pessoas e descobre gradualmente as conexões entre as histórias de vida de cada uma delas para saber o motivo de ser ela a responsável por escrever sobre elas.

A história é ambientada na Irlanda, é narrada em terceira pessoa e a escrita da autora é fluída e cheia de descrições. O início da história é bastante lento, Kitty divaga sobre sua vida e seus problemas de forma cansativa e isso se tornou bem monótono até as coisas melhorarem. Começamos com o drama da protagonista, desacreditada e na pior, e sua chance de dar a volta por cima está em suas mãos. O desafio deixado pela amiga seria sua última chance de recuperar a credibilidade, a confiança em si mesma e o respeito daqueles que deram as costas a ela, além de mostrar quem ela é de verdade e do que é capaz.

E a medida que Kitty encontra as pessoas da lista (não todas, é claro), acompanhamos essas histórias paralelas das quais o leitor acaba se identificando. E cada personagem que aparece tem características próprias e são bastate interessantes, cada qual a sua maneira. Tais histórias acabam sendo exemplos que colaboram para que ela amadureça e se torne alguém menos antipática, além de também ser possível tirarmos alguma lição das situações que os personagens vivem, mostrando que por pior que as coisas estejam ou pareçam estar, sempre temos a possibilidade de mudarmos o caminhar das coisas por sermos capazes de escolher o que fazer. Uma escolha muda tudo, basta tomarmos a iniciativa.
O único problema é que até que isso aconteça, não senti afinidade nenhuma com a protagonista, muito pelo contrário. Senti que Kitty se fez de vítima a todo instante e parece não reconhecer os próprios erros. Mas é aquela história... a pessoa só dá valor quando perde, e com Kitty não foi diferente. Mas penso que se ela não tivesse o impulso de Constance que lhe deixou a lista, talvez Kitty continuaria estagnada no fracasso.

Eu ainda não tive oportunidade de ler outros livros da autora, mesmo que sejam bem conhecidos e campeões de vendas, mas tomando A Lista como base, posso dizer que apesar de clichê, somos apresentados a um enredo simples e envolvente, com toques de muito bom humor e que faz com que os leitores reflitam sobre os temas apresentados visto por um ângulo diferente e se mantenham conectados à história no decorrer das páginas. Há romance sim, mas este fator não ganhou tanto destaque devido às histórias das pessoas da lista.
Não sei se foi só eu, mas fiquei com a impressão de que o enredo foi construído de uma maneira que pudesse se tornar uma adaptação cinematográfica (assim como outros livros da autora se tornaram), pois de forma resumida, nos deparamos com uma personagem fracassada que busca a redenção ao mergulhar no que toma como missão de vida. Os diálogos são curtos e diretos e há alguns floreios fofos e dignos de suspiros espalhados pela história e o final feliz que todos esperam. Não que isso seja ruim, mas é perceptível o quão forçado isso se torna.

A capa é bastante minimalista, mas já dá uma ideia da história ao trazer vários nomes nela. Ainda que a tradução do título remeta à lista, acredito que se o nome original, One Hundred Names, fosse mantido teria feito mais jus ao que foi contado.
A diagramação é simples e a cada início de capítulo há um ornamento bem caprichado na parte superior da página. As páginas são amarelas e tamanho de fonte, espaçamento e margens são bem agradáveis para a leitura.

A Lista é uma história sobre as verdades por trás de pessoas comuns e, aparentemente, sem maiores atrativos, mas que ainda assim possuem algo de especial a ser compartilhado, tornando tais experiências verdadeiras lições de vida, não só para Kitty, mas para nós leitores, também.

Neve na Primavera - Sarah Jio

18 de novembro de 2015

Título: Neve na Primavera
Autora: Sarah Jio
Editora: Novo Conceito
Gênero: Romance/Drama
Ano: 2015
Páginas: 336
Nota: ★★★☆☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Seattle, 1933. Vera Ray dá um beijo no pequeno Daniel e, mesmo contrariada, sai para trabalhar. Ela odeia o turno da noite, mas o emprego de camareira no hotel garante o sustento de seu filho.
Na manhã seguinte, o dia 2 de maio, uma nevasca desaba sobre a cidade.
Vera se apressa para chegar em casa antes de Daniel acordar, mas encontra vazia a cama do menino. O ursinho de pelúcia está jogado na rua, esquecido sobre a neve.
Na Seattle do nosso tempo, a repórter Claire Aldridge é despertada por uma tempestade de neve fora de época. O dia é 2 de maio. Designada para escrever sobre esse fenômeno, que acontece pela segunda vez em setenta anos,
Claire se interessa pelo caso do desaparecimento de Daniel Ray, que permanece sem solução, e promete a si mesma chegar à verdade. Ela descobrirá, também, que está mais próxima de Vera do que imaginava.

Resenha: Neve na Primavera, da autora Sarah Jio é um drama que entrelaça a história de duas mulheres: O ano é 1933 e conhecemos Vera Ray, uma mulher simples que trabalha como camareira no turno da noite em um hotel em Seattle, EUA. Ela cria seu filho, Daniel, sozinha, pois o pai dele sumiu com o anúncio de sua gravidez. A rotina de Vera é bastante puxada e por mais que ela tenha que sustentar e cuidar de Daniel sozinha, ela faz de bom grado por amor ao filho. Numa noite a previsão do tempo indica que a maior nevasca da história da cidade estaria chegando, mas Vera precisava trabalhar e por mais que seu coração tenha ficado apertado por deixar Daniel em casa, ela vai. No dia 2 de maio a grande nevasca atinge a cidade, ficando conhecida como o Inverno das Amoras-Pretas, e quando Vera retorna para casa percebe que Daniel desapareceu. Ela sai pelas ruas em busca do filho mas só encontra seu ursinho de pelúcia caído na neve. Mas Vera não desiste, pede ajuda a polícia e acredita que seu filho fora sequestrado.

Estamos agora em 2010 e a personagem da vez é Claire Aldridge. Claire é uma jornalista que teve a vida transformada após um acidente. Ela perdeu o filho que estava esperando e luta contra o fracasso de seu casamento. Seu trabalho é a única maneira que ela tem de fugir do que a aflige mas faz tempo que ela não encontra nada realmente intrigante para poder escrever a respeito.
No dia 2 de maio, uma repentina onda de frio atinge a cidade, décadas depois da nevasca anterior, e Claire é incumbida de escrever sobre tal fenômeno. Durante a pesquisa ela descobre um recorte de jornal da década de 30 com a notícia do sumiço do garotinho Daniel que continua sem solução nos dias atuais. Ela parte atrás de pistas sobre o ocorrido e promete a si mesma encontrar respostas para o caso do desaparecimento do menino. O que ela não esperava era estar mais próxima de Vera do que imaginou...

O livro é narrado em primeira pessoa pelos pontos de vista de Vera e Claire e os capítulos são alternados entre elas mostrando passado e presente. Acompanhamos Vera em busca do filho no passado, e no presente acompanhamos a vida de Claire.
A narrativa é bastante descritiva mas muito floreada. Minha impressão é de que a escrita é forçada e feita para parecer bonita. O enredo se remete ao mistério do caso de Daniel, mas tudo começa a vir à tona e é posicionado e imposto de uma forma bastante conveniente para facilitar as buscas, como documentos encontrados ou pessoas aleatórias que surgem mas que, coincidentemente, tem alguma ligação com o passado, além de nos depararmos com outras incontáveis coincidências que as protagonistas vivenciam que parecem ser a chave para a progressão da história.

Não senti que a história flui de forma natural e pra mim foi difícil de acreditar nela, ou pelo menos em grande parte dela. O mistério é escasso já que Claire encontra pistas ao acaso e de acordo com a conveniência do que aparece pra ela. Acredito inclusive que se ela tivesse que se esforçar de verdade ao trabalhar nesse caso, sem a ajuda das pessoas que aparecem ou dos documentos que ela encontra por pura sorte e sem ter esforço algum, ela nunca descobriria nada e ficaria andando em círculos eternamente. Sem contar que devido a todas estas coincidências, a trama acabou se tornando extremamente previsível.

Posso dizer que a situação de Vera mexeu comigo pois o amor incondicional entre mãe e filho é algo inquestionável. É possível ver o quanto ela se importou e se dedicou ao filho, pela forma como o criava e até por tudo o que fez depois de ele ter desaparecido.
Claire tenta salvar o casamento falido com um marido distante e desagradável mas não há explicações o bastante sobre o motivo dele ser assim. E se ele já era assim antes, o que levou Claire a se casar com esse homem amargo já que pouco há sobre o motivo de eles terem se apaixonado?
Ao fim, fiquei com mais perguntas do que respostas e essa falta não permitiu que eu me conectasse tão bem quanto gostaria à história.
O fato é que por acreditar não ter mais um motivo que justifique levar a vida adiante, Claire preferiu se envolver com a história de Vera e Daniel deixando a própria vida em segundo plano.
Pra mim os personagens secundários, por mais que demonstrassem ser solícitos e agradáveis, foram um tanto planos e bastante semelhantes uns aos outros e pra mim deixaram a naturalidade de lado.

O que realmente me fez gostar da história - a ponto de achar que, apesar das falhas, é uma leitura válida - foi o drama de Vera diante da preocupação com seu filho. A autora conseguiu passar o que Vera sentia em meio ao desespero da perda do filho e é possível que o leitor também compartilhe dessa dor terrível. Quando se é mãe, damos tudo e mais um pouco de nós em nome do bem estar e da felicidade dos filhos e não posso imaginar qual seria minha reação ao descobrir que um deles simplesmente sumiu enquanto fico de mãos atadas. E como se não bastasse um evento trágico desse tipo sem ninguém que se dispusesse a ajudá-la, ainda vemos como ela ficava a mercê de homens, se sujeitando a trabalhos miseráveis a troco de moedas para seu sustento na época da Depressão. Posso dizer que o que realmente foi convincente na história foi o que ela passou.

Notei que a autora quis abordar os problemas e os contrastes da pobreza com a riqueza na história através de um romance contemporâneo, mostrando como os pobres passam por dificuldades e são injustiçados, mas ainda conseguem fazer o bem mesmo que tenham pouco a oferecer, e como os ricos são beneficiados por terem dinheiro para comparem o que querem mas ainda assim podem ser capazes de fazerem coisas terríveis sem pensar no próximo. E tal ponto de vista sendo passado através de estereótipos no decorrer das páginas foi um tanto cansativo e clichê. Foi repetitivo, como se a ideia fosse fixar aquilo para os leitores não esquecerem.

A capa é bastante sugestiva, pois ilustra bem a questão do referido fenômeno onde neva na primavera. As páginas são amarelas e os capítulos são divididos com o nome da personagem que faz a narrativa da vez.

Pra quem gosta de dramas familiares que envolvem amor, preconceito, perda e também o perdão, através de ligações que ultrapassam os limites do tempo, recomendo.

Novidades de Novembro - Novo Conceito

17 de novembro de 2015

Esperando por Doggo - Mark B. Mills
Dan achava que tinha uma vida feliz com Clara, mas, de uma hora para outra, ela desaparece inesperadamente de sua vida, deixando para trás apenas uma carta de despedida e um cachorro. A pequena criatura é incomum e sequer tem um nome definitivo, ele é simplesmente chamado de Doggo. Agora, Dan tem a missão de devolver Doggo, e, ao mesmo tempo, encontrar um novo emprego. A primeira missão parece ser fácil, a segunda, nem tanto. Com o passar dos dias, Dan começa a desfrutar da companhia de Doggo e não tem coragem de abandoná-lo. De forma singela, mas significativa, a presença do pequeno cão ajuda àqueles que estão ao seu redor. Doggo acaba tornando-se muito mais que um amigo de quatro patas, transforma-se em uma verdadeira fonte de inspiração para o trabalho e para a vida de Dan.
Esperando Doggo não é só um livro sobre um cachorro. É um livro sobre o poder de uma verdadeira e sincera amizade.

Todos os Nossos Ontens - Cristin Terril
O que um governo poderia fazer se pudesse viajar no tempo?
Quem ele poderia destruir antes mesmo que houvesse alguém que se rebelasse?
Quais alianças poderiam ser quebradas antes mesmo de acontecerem?
Em um futuro não tão distante, a vida como a conhecemos se foi, juntamente com nossa liberdade. Bombas estão sendo lançadas por agências administradas pelo governo para que a nação perceba quão fraca é. As pessoas não podem viajar, não podem nem mesmo atravessar a rua sem serem questionadas. O que causou isso? Algo que nunca deveria ter sido tratado com irresponsabilidade: o tempo. O tempo não é linear, nem algo que continua a funcionar. Ele tem leis, e se você quebrá-las, ele apagará você; o tempo em que estava continuará a seguir em frente, como se você nunca tivesse existido e tudo vai acontecer de novo, a menos que você interfira e tente mudá-lo...

O Bangalô - Sarah Jio
Verão de 1942. Anne tem tudo o que uma garota de sua idade almeja: família e noivo bem-sucedidos.
No entanto, ela não se sente feliz com o rumo que sua vida está tomando. Recém-formada em enfermagem e vivendo em um mundo devastado pelos horrores da Segunda Guerra Mundial, Anne, juntamente com sua melhor amiga, decide se alistar para servir seu país como enfermeira em Bora Bora.
Lá ela se depara com outra realidade, uma vida simples e responsabilidades que não estava acostumada. Mas, também, conhece o verdadeiro amor nos braços de Westry, um soldado sensível e carinhoso.
O esconderijo de amor de Anne e Westry é um bangalô abandonado, e eles vivem os melhores momentos de suas vidas... Até testemunharem um assassinato brutal nos arredores do bangalô que mudará o rumo desta história.
A ilha, de alguma forma, transforma a vida das pessoas, e este livro certamente transformará você.

A Desconhecida - Peter Swanson
Uma história sombria, em uma atmosfera romântica e um quê de Hitchcock, sobre um homem que fora arrastado para uma trama irresistível de paixão e assassinato quando um antigo amor reaparece.de mentiras.
Em uma noite de sexta-feira, a rotina confortável e previsível de George Foss é quebrada quando, em um bar, uma bela mulher senta-se ao seu lado. A mesma mulher que desaparecera sem deixar vestígios vinte anos atrás. Agora, depois de tanto tempo, ela diz precisar de ajuda e George parece ser o único capaz de salvá-la. Será que ele a conhece o suficiente para poder ajudá-la?

Novidades de Novembro - Geração Editorial

16 de novembro de 2015

À Sombra da Figueira - Vaddey Ratner
Para a menina Raami, de sete anos de idade, o fim abrupto e trágico da infância começa com os passos de seu pai voltando para casa na madrugada, trazendo detalhes da guerra civil que invadiu as ruas de Phnom Pehn, a capital do Cambódia. Logo o mundo privilegiado da família real é misturado ao caos da revolução e ao êxodus forçado. Nos quatro anos seguintes, enquanto o Khmer Rouge tenta tirar da população qualquer traço de sua identidade individual, Raami se apega aos únicos vestígios de sua infância — lendas míticas e poemas contados a ela pelo seu pai. Em um clima de violência sistemática em que a lembrança é uma doença e a justificativa para execução sumária, Raami luta pela sua sobrevivência improvável. Apoiada no dom extraordinário da autora pela linguagem, Sombras da Figueira é uma história brilhantemente intricada sobre a resiliência humana.
Finalista do Prêmio PEN Hemingway este livro vai levá-lo às profundezas do desespero e mostrar horrores abomináveis. Vai revelar uma cultura maravilhosamente rica, lutando para sobreviver através de pequenos gestos,. Vai fazer com que jamais sejam esquecidas as atrocidades cometidas pelo regime Khmer Rouge. Vai lhe encher de esperança e confirmar o poder que há ao se contar uma história de nos elevar e nos ajudar não somente a sobreviver, mas à transcendência do sofrimento, da crueldade e da perda.

Zen Socialismo - Cynara Menezes
Zen Socialismo, de Cynara Menezes, reúne o que de melhor esta jornalista que prega a necessidade de uma nova esquerda no país escreveu em sua peregrinação ao mesmo tempo lúcida, denunciadora e bem-humorada pelos problemas, paranoias, fobias, absurdos ideológicos, retrocessos e baixezas da direita brasileira (e de seus adeptos mal informados) pelas redes sociais brasileiras. Reunidos em blocos temáticos como Socialismo, Brasil, Camaradas, Mundo, Maconha, Jornalismo, Vida, Sexualidade e Entrevistas, os posts são uma leitura em que o prazer do texto se confunde com o prazer de ser bem informado e de se deparar com uma inteligência lúcida que nos diz um pouco do que precisamos saber sobre o socialismo do século XXI sem as cortinas de fumaça da mídia tradicional. É isso, ainda é possível fazer o bom e velho jornalismo.

Novidades Literárias - Novembro

15 de novembro de 2015

Intrínseca
Caçadores de Trolls - Caçadores de Trolls #1 - Guillermo Del Toro e Daniel Kraus
Uma história de terror criada por um dos artistas mais visionários da atualidade
O estilo inconfundível e marcante de Guillermo del Toro, sempre envolvendo universos mágicos, criaturas fantásticas e histórias espantosas, está presente em toda a sua obra como cineasta, roteirista, produtor e autor. Em Caçadores de trolls, ele presenteia os leitores com uma história sombria e de dar arrepios, com ilustrações capazes de nos transportar para um mundo paralelo apavorante.
Jim Sturges é o típico adolescente na cidade de San Bernardino: tem um pai superprotetor, um melhor amigo meio desajeitado e uma paixão platônica por uma menina que nem sabe que ele existe. Mas isso tudo muda quando um mistério de décadas ressurge, ameaçando a vida de todos os moradores da entediante cidadezinha. Junto com um grupo de heróis improváveis, Jim terá que enfrentar monstros com um gosto especial por carne humana.
Um livro sobre os medos e criaturas que se ocultam onde menos se espera.

Diário Extraordinário - R. J. Palacio
Diário extraordinário é um convite a encontrarmos o escritor que existe em cada um de nós – um caderno pautado e ilustrado, com frases inspiradoras e espaço de sobra para colocarmos no papel tudo o que vier à cabeça.
Assim como em 365 dias extraordinários, R. J. Palacio recorre a seus romances e contos anteriores para pinçar dos textos o melhor de cada personagem, e combina essas máximas com aforismos de grandes nomes do pensamento mundial, como Rousseau, Pascal e o Dalai Lama. Tudo isso com o intuito de oferecer inspiração para que o leitor encontre a própria voz, preenchendo as páginas com seus pensamentos, ideias, planos e recordações especiais.
Enquanto registra seus momentos no diário, talvez o novo escritor se depare com Charlotte lembrando-o de que “um sonho é como um desenho em sua mente que vai ganhando vida”, ou talvez Anne Frank lhe diga que “ninguém precisa esperar um momento específico para melhorar o mundo” e Julian lhe dê o empurrãozinho que faltava, argumentando que “nunca é tarde para recomeçar”. Porque, como diz Auggie, “todas as pessoas do mundo tinham que ser aplaudidas de pé pelo menos uma vez na vida”. O Diário extraordinário pode ser um primeiro passo em direção a isso.

Auggie & Eu - R. J. Palacio
A história de Auggie Pullman, o menino de aparência incomum que tem encantado milhares de leitores desde o lançamento do romance Extraordinário, em 2013, ganha agora novas perspectivas: Julian, Christopher e Charlotte, personagens da vida de Auggie, narram nos três contos reunidos no livro Auggie e eu seus encontros e desencontros com o amigo extraordinário.
O capítulo do Julian dá voz a um personagem controverso: o menino que liderava o bullying contra Auggie na escola. Enfim temos a oportunidade de entender o que o levou a agir dessa forma e o que Julian pensa das próprias ações. Em Plutão, o narrador é Christopher, o primeiro amigo de Auggie. Os dois meninos compartilham lembranças da infância e, apesar de terem se distanciado, aprendem que boas amizades sempre valerão um esforcinho a mais. Shingaling mostra Auggie pelos olhos de Charlotte, a única menina entre as três crianças escolhidas para apresentar a Auggie sua nova escola. Com ela entramos no universo das garotas e vemos como a chegada de Auggie afetou as relações entre elas.
Para quem sente saudades do menino cativante de feições e personalidade extraordinárias e tem curiosidade em saber mais sobre sua história, Auggie & eu é um verdadeiro presente.

Aleph
Os Molambolengos - Evangeline Lilly
Selma é uma garotinha esperta, mas muito mimada. Um dia Selma encontra, por acaso, uma colorida banda de marionetes, Os Molambolengos, que vão ensiná-la que nem sempre as coisas acontecem do jeito que ela quer. Evangeline Lilly é mais conhecida por seu trabalho como atriz, mas sua paixão mais antiga é a escrita. Os Molambolengos é seu primeiro livro. Ilustrado por Johnny Fraser-Allen, essa excêntrica e visualmente encantadora fábula vai agradar tanto crianças quanto adultos.






Arqueiro
Mundo Sem Fim - Ken Follett
Uma guerra que dura cem anos. Uma praga que devasta um continente. Uma rivalidade que pode destruir tudo.
Na Inglaterra do século XIV, quatro crianças se esgueiram da multidão que sai da catedral de Kingsbridge e vão para a floresta. Lá, elas presenciam a morte de dois homens. Já adultas, suas vidas se unem numa trama feita de determinação, desejo, cobiça e retaliação. Elas verão a prosperidade e a fome, a peste e a guerra. Apesar disso, viverão sempre à sombra do inexplicável assassinato ocorrido naquele dia fatídico.
Ken Follett encantou milhões de leitores com Os Pilares da Terra, um épico magistral e envolvente com drama, guerra, paixão e conflitos familiares sobre a construção de uma catedral na Idade Média. Agora Mundo Sem Fim leva o leitor à Kingsbridge de dois séculos depois, quando homens, mulheres e crianças da cidade mais uma vez se digladiam com mudanças devastadoras no rumo da História.

Magia do Sangue - Primos O'Dwyer #3 - Nora Roberts
Há muitos anos, Branna O’Dwyer entregou seu amor a Finbar Burke. No entanto, o romance durou pouco. Uma maldição ligada ao sangue de suas famílias os proibiu de ficar juntos.
Branna tentou preencher esse vazio com amigos e familiares, mas sabe que, sem Fin, sua vida nunca estará completa. Ele, por sua vez, passou os últimos doze anos viajando pelo mundo, focado exclusivamente no trabalho.
Atormentados pela forte atração que nem a distância pôde aplacar, nenhum dos dois acha que um dia se entregará de novo ao amor.
Entretanto, em meio às sombras que ameaçam destruir tudo o que eles consideram mais precioso, esse relacionamento sem futuro pode ser também a última esperança que lhes resta.


Universo dos Livros
Play - Stage Dive #2 - Kylie Scott
Ele precisava de uma namorada de mentira. Ela precisava de ajuda financeira. Mas será que eles vão conseguir não misturar os sentimentos com os negócios? Mal Ericson, o baterista da mundialmente famosa banda de rock Stage Dive, precisa melhorar sua imagem, e rápido. Ter uma boa garota ao seu lado parece ser o suficiente. Mal não planejara que este artifício temporário se tornasse permanente; no entanto, ele não esperava encontrar o amor de sua vida. Anne Rollings jamais pensou que conheceria o rockstar que inundava as paredes de seu quarto na adolescência - especialmente não naquelas circunstâncias. Anne está com problemas financeiros, e dos grandes. Porém, ser paga para ser a namorada de mentira de um selvagem e festeiro baterista não poderia terminar bem, não importa se ele é muito gostoso. Será que um final feliz é possível nesse caso?

Darkside Books
A Guerra da Rainha Vermelha - Prince of Fools #1 -Mark Lawrence
“Sou um mentiroso, um trapaceiro e um covarde, mas nunca, jamais, irei decepcionar um amigo. A menos que, para não decepcioná-lo, seja preciso demonstrar honestidade, jogo limpo ou bravura.” Assim se apresenta Jalan Kendeth, o neto da Rainha Vermelha e décimo na linha de sucessão ao trono. Um verdadeiro hedonista sem pretensões políticas, que se vê obrigado a abandonar sua boa vida após sofrer uma tentativa de assassinato. Para escapar, precisa se aliar a um perigoso guerreiro.
Mark Lawrence novamente cria um anti-herói irresistível. Por que mesmo estamos torcendo por eles? – é uma pergunta comum entre os cada vez mais numerosos leitores de suas aventuras. A resposta, certamente, está no talento com que o autor conduz seus personagens e narrativas. E desta vez, a violência e o rancor de Jorg Ancrath, da Trilogia dos Espinhos, é substituída pela astúcia e charme do Príncipe dos Tolos.
Em comum, as duas trilogias dividem o mesmo cenário, um universo pós-apocalíptico e de inspiração medieval. Se você não via a hora de voltar ao Império Destruído, esta é sua chance, com esta nova saga do universo expandido da Trilogia dos Espinhos.


Matrix
Puxa Conversa Casal - 100 cartas para falar de amor e sexo - Denise Miranda e Marina Simas
Puxa Conversa é uma linha de livros em forma de caixinha da Matrix Editora de bastante sucesso e que tem gerado nossos desdobramentos.
O mais recente é o Puxa Conversa Casal – 100 cartas para falar de amor e sexo. Nesta obra estão 100 cartas com perguntas reflexivas sobre a relação do casal. Elas abordam temas afetivos/sexuais, suas histórias e seus padrões de relacionamento.
Um jeito gostoso e envolvente para falar de amor, sexo, erotismo, paixão, e de toda a complexidade de que se constitui uma relação. Foi escrito de forma lúdica para ajudar os casais a desmistificar mitos e tabus, facilitando a comunicação e resgatando suas histórias.
Alguns exemplos:
Qual foi o nosso melhor momento juntos?
Qual é a nossa maior força como casal?
O que mudou em sua vida depois que me conheceu?
O que pode ser aprimorado na nossa relação sexual?
Quais fantasias ainda não realizamos juntos e que gostaria de realizar?
Qual carícia mais excita você?



Alice no País das Armadilhas - Mainak Dhar

14 de novembro de 2015

Título: Alice no País das Armadilhas - Alice no País das Armadilhas #1
Autor: Mainak Dhar
Editora: Única
Gênero: Releitura/Fantasia/Sci-fi
Ano: 2015
Páginas: 256
Nota: ★★★★☆
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: O planeta Terra foi devastado por um ataque nuclear, e boa parte de sua população se transformou em Mordedores, mortos-vivos que se alimentam de sangue e, com sua mordida, fazem dos humanos seres como eles.
Alice é uma jovem humana de 15 anos que mora no País das Armadilhas, nos arredores da cidade que um dia foi Nova Déli, na Índia. Ela nasceu nessa nova realidade aterrorizante e teve de aprender a se defender sozinha desde cedo.
As coisas mudam quando Alice decide seguir um Mordedor por um buraco no chão: ela descobre a estarrecedora verdade por trás da origem das criaturas e se dá conta da profecia que ela mesma está destinada a consumar — uma profecia que se baseia nos restos chamuscados do último livro encontrado no País das Armadilhas, uma obra chamada Alice no País das Maravilhas.
Uma mistura incomum de mitos, teorias conspiratórias e Lewis Caroll, Alice no País das Armadilhas pode parecer mais uma história de zumbi, mas é uma metáfora instigante de como tendemos a demonizar aquilo que não compreendemos.

Resenha: Alice no País das Armadilhas é o primeiro volume da série homônima escrita pelo autor indiano Mainak Dhar e publicado no Brasil pela Única.
O mundo já não é mais o mesmo. Com a eclosão de mortos vivos, a chamada Insurreição, os governos de grandes potências mundiais atacaram os principais centros de surgimento com armas nucleares a fim de acabarem com esta ameaça. Os Mordedores tentavam aumentar sua população mordendo os humanos, pois através da mordida eles se transformavam. Mas toda a destruição causada pelos homens não foi o suficiente para acabar com essas criaturas, e desse apocalipse surgiu uma luta pela sobrevivência entre humanos e errantes numa terra devastada, estéril e triste que agora ficou conhecida como o País das Armadilhas.

E neste cenário somos apresentados à Alice, uma garota loira de quinze anos que vive nas cercanias do que antes era Nova Déli, num assentamento com os pais e a irmã mais velha, e mais um grupo de outros humanos sobreviventes e resistentes. Ela nasceu depois da Insurreição e não conhece nada do que o mundo foi antes. Alice passou a infância brincando com armas, explosivos e aprendendo como matar e destruir os mortos-vivos. Ela aprendeu a atirar e se tornou umas das melhores atiradoras do acampamento. Por ser veloz, observadora e ter uma excelente pontaria, Alice colaborava com a defesa do local, esperando em pontos estratégicos para acertar Morderores que pudessem ter escapado da força dominante. Seu pai, o líder do assentamento, não permitia que ela se distanciasse e ela acabava se entediando por ter que ficar em constante observação, só ouvindo de longe o estampidos dos tiros sem saber o que estava acontecendo.

Mas, curiosa, Alice resolveu se arrastar para poder ver além, e, para sua surpresa, avistou um Mordedor. O fato de ele estar usando orelhas de coelho não foi o que lhe causou estranhês, afinal, quando as pessoas se tornam errantes elas continuam vestindo as roupas que usavam antes da morte, mas sim que ele não estava vagando aleatoriamente. Ele parecia procurar algo, e pra alguém desprovido de raciocínio e inteligência, isso não é algo comum. Até que ele foi literalmente engolido por um buraco no chão e Alice, perplexa, o seguiu. Ela já havia ouvido rumores de que bases subterrâneas onde os errantes viviam existiam, e de lá eles surgiam para continuarem devastando tudo pela frente. Saber o local de uma dessas bases daria uma grande vantagem ao acampamento durante um ataque. O que Alice não esperava era ter encontrado uma delas e muito menos escorregar buraco abaixo para ser encurralada por um grupo pútrido de mortos-vivos, incluindo o Orelhudo que lhe despertou curiosidade. Na base, ela conhece uma mulher misteriosa que se denomina Rainha dos Mordedores, e Alice descobre mais sobre eventos que irão entrar em contradição com tudo o que ela aprendeu e acreditou ser verdade, principalmente quando ela é informada de que faz parte de uma profecia tirada dos restos de um livro intitulado Alice no País das Maravilhas, e que a salvação do mundo está em suas mãos. Será que a guerra entre errantes e humanos é realmente necessária? Como e por que exatamente ocorreu essa eclosão de Mordedores? O que pode estar por trás dessa história e qual é o verdadeiro papel de Alice alí?

Narrado em terceira pessoa, o livro discorre numa leitura fácil, rápida e fluída, com descrições detalhadas e bem explicativas sobre situaçãos, personagens e cenários de forma a introduzir o leitor ao ambiente pós-apocaliptico e ao que aconteceu para que o mundo chegasse aquele ponto. Alguns trechos são um pouco repetitivos mas Alice no País das Armadilhas é aquele tipo de história em que as coisas acontecem muito rápido, personagens vem e vão sem que tenhamos tempo de nos apegarmos a eles, e isso acabou me fazendo sentir falta de um aprofundamento maior já que envolve questões delicadas que vão muito além do faz-de-conta.
Pra quem gosta de histórias que envolvem o universo zumbi, com lutas, tiros, carnificina e sangue vai gostar, mas o livro não é feito somente desses elementos. No enredo há questões políticas e conspiratórias construídas de forma bem inteligente, pois nos deparamos com a ideia do esforço de uma força maior, munidos de alto poder de fogo e soldados treinados, para manter o povo alheio ao que realmente aconteceu no passado para continuarem ditando as regras conforme convém. Então além da ação, ainda há um quê de mistério, despertando nossa curiosidade sobre os reais propósitos de quem detém o poder.

E como se essa combinação já não fosse o bastante para despertar nossa curiosidade, ainda temos os elementos criados por Lewis Carroll no clássico Alice no País das Maravilhas adaptados à obra de forma superficial, mas genial, afinal, a história fala basicamente sobre guerra e interesses políticos.
Ficção científica, fantasia, ação e toques de distopia se misturam e formam uma trama de caráter único, apresentando uma personagem jovem e inteligente que, ainda que sem intenção inicial, acaba descobrindo o que há por detrás dos interesses das potências governamentais e é peça chave para que a verdade seja levada à tona, logo o livro também faz uma crítica à política mostrando que, independente do lugar, sempre haverá sujeira e ganância, mas que somente a força do povo é capaz de derrubar o sistema, desde que trabalhem unidos e focados em prol de seus objetivos.


A capa é linda e bastante sugestiva ao mostrar silhuetas de árvores secas e criaturas "demoníacas" que penso ilustrarem o demônio interior de cada um ou a forma como vêem as coisas ou são vistos por outros. A diagramação é simples, os capítulos são numerados por extenso e possuem pequenos ornamentos que dividem as cenas. As páginas são amarelas e encontrei alguns poucos erros na revisão. Não é nada que comprometa a leitura, mas são frases que eu li e reli pra conferir se estavam mesmo certas por estarem estranhas como "Alice achou que ele estivesse prestes atacá-la." (pág. 96) Faltou um "a" alí depois do "prestes", não? Me deparei com um trecho (no fim da pág. 49) onde Alice saía correndo pra pegar um transmissor de rádio que havia sido jogado e caído a centímetros dela. Se estava a centímetros ela não poderia ter dado um único passo? Como é possível alguém sair correndo por centímetros de distância? Não sei se isso foi erro na tradução ou na adaptação, mas coisas assim, mesmo que bobas, me incomodam durante a leitura porque fico só pensando naquilo enquanto leio e acabo me distraindo.

Alice no País das Armadilhas é um misto de Resident Evil The Walking Dead e eu gostei bastante da história, tanto pelo tema abordado quanto pela mensagem que passa sobre criarmos uma resistência e termos preconceitos sobre coisas que estão além da nossa compreensão, afinal, nem sempre o que pensamos corresponde à realidade e nem sempre quem acreditamos ser o vilão, realmente é, da mesma forma que nem sempre quem diz nos proteger quer o nosso bem...
Pra quem quer acompanhar uma heroína destemida em busca de algo que dará esperança de uma vida melhor ao povo, recomendo.