Título: A Fúria e a Aurora - A Fúria e a Aurora #1
Autora: Renée Ahdieh
Editora: Globo Alt
Gênero: Romance/Releitura
Ano: 2016
Páginas: 336
Nota:
★★★☆☆
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Americanas
Sinopse: Personagem central da história, a jovem Sherazade se candidata ao posto de noiva de Khalid Ibn Al-Rashid, o rei de Khorasan, de 18 anos de idade, considerado um monstro pelos moradores da cidade por ele governada. Casando-se todos os dias com uma mulher diferente, o califa degola as eleitas a cada amanhecer. Depois de uma fila de garotas assassinadas no castelo, e inúmeras famílias desoladas, Sherazade perde uma de suas melhores amigas, Shiva, uma das vítimas fatais de Khalid. Em nome da forte amizade entre ambas, Sherazade planeja uma vingança para colocar fim às atrocidades do atual reinado.
Noite após noite, Sherazade seduz o rei, tecendo histórias que encantam e que garantem sua sobrevivência, embora saiba que cada aurora pode ser a sua última. De maneira inesperada, no entanto, passa a enxergar outras situações e realidades nas quais vive um rei com um coração atormentado. Apaixonada, a heroína da história entra em conflito ao encarar seu próprio arrebatamento como uma traição imperdoável à amiga.
Apesar de não ter perdido a coragem de fazer justiça, de tirar a vida de Khalid em honra às mulheres mortas, Sherazade empreende a missão de desvendar os segredos escondidos nos imensos corredores do palácio de mármore e pedra e em cenários mágicos em meio ao deserto.
Resenha: Com ótimas avaliações no
Skoob e
Goodreads, a estreia de
Renée Ahdieh não se provou tal maravilha que esperei. Nessa releitura temos Sherazade (Xerazade, em As Mil e Uma Noites), que se ofereceu para ser esposa do temido jovem rei Khalid, que a cada aurora mata uma nova mulher. A moça de cabelos negros e longos se prontificou a tal papel sabendo que sua melhor amiga, Shiva, havia sido morta recentemente por ele. A ideia era se aproximar do rei e matá-lo como vingança pelos seus atos e todas as famílias que ele desolou, mas Shazi, como os amigos a chamam, entra em conflito quando se apaixona pelo malfeitor. Primeiro de uma duologia,
A Fúria e a Aurora é um livro em que coloquei grande expectativa, mas ao final se provou bem aquém do desejado.
A ideia de recontar uma história famosa é sempre boa quando o autor sabe conduzir e transformar positivamente aquilo que já conhecemos. O grande atrativo neste livro é a ambientação: desertos, sultões, palácio e segredos. A personagem principal, Sherazade, é uma jovem de fibra. Ela é a típica protagonista que facilmente nos apaixonamos, com toda sua inteligência e perspicácia. Com uma ótima jogada, ela consegue escapar da morte pelas mãos de Khalid na sua primeira aurora, contando a ele uma breve história e o deixando sem saber o final. Para quem não sabe, assim como eu não sabia,
As Mil e Uma Noites são contos que se originaram no século IX, segundos historiadores, e tem como voz narrativa a própria Xerazade, que tentava escapar da morte que o rei Xariar preparava para ela. Essa semelhança é notável entre a obra original e o reconto, e foi um dos pontos altos da trama. Um dos poucos, infelizmente.
Por se tratar de uma duologia, é necessário colocar tudo em dois livros, apesar de o habitual ser uma trilogia ou série. Um dos agravantes de
A Fúria e a Aurora é a falta do que veio "antes". A história começa já com Shazi nas mãos de Khalid, até ai tudo bem. O problema é que exceto o romance dos dois, pouco convincente, não acontece nada instigante no decorrer do livro. Os fatos realmente interessantes e relevantes ocorrem a partir da página duzentos e trinta, enquanto o que ficou para trás foi um conteúdo sem grande atrativo. O amor de Sherazade e o rei sanguinário não conseguiu me convencer, faltou veracidade. Há um mistério envolvendo Jahandar, pai da jovem, mas que é deixado de lado e poderia ter dado um gás para a trama. Até uma parte que envolve magia, e que muitos leitores poderão fazer a conexão com a famosa história do Aladin, só aparece rapidamente, deixando clara a ideia que talvez poderá ser aproveitada no próximo volume.
No que diz respeito ao amor que envolve Sherazade e Khalid, não é raso nem tão profundo. Voltamos a mesma questão da ausência do "antes". Tariq, que é o primeiro amor de Shazi, estava determinado a lutar para resgatá-la do palácio. Mas o que, além de uma breve passagem pela infância dos dois narrada rapidamente, motiva todo esse amor? O mesmo serve para o jovem rei sanguinário. Todo o mistério que envolve a razão pela qual ele mata suas noivas é guardado até o final. Quando a revelação foi feita, não causou uma total surpresa. A personificação de Khalid. a partir da sinopse e do ponto de vista de Shazi e a população da cidade, é de um homem sanguinário, mas o que encontrei foi somente um jovem perturbado por um segredo.
Por se tratar de uma duologia,
Renéh tem apenas uma chance para transformar a história de Sherazade de forma positiva, o que se provará no segundo volume.
A Fúria e a Aurora poderia ter englobado mais magia e aventura, mas tudo gira em torno de um amor que não convence e um segredo que não foi o ápice da trama. As passagens de tempo são confusas e rápidas demais. De repente, dois meses já tinham se passado e acontecimentos eclodiram numa tentativa de dar alguma emoção à monótona saga de Shazi em busca de vingança. Com um grande pano de fundo em mãos,
Ahdieh poderia ter dado um ar totalmente novo para
As Mil e Uma Noites, mas transformou tudo em um mero romance. O final, que tentou dar ao livro alguma "explosão", deixou aberta a porta para uma continuação que poderá ser a salvação dessa duologia. Ou não.