Título: Legado - Silo #3
Autor: Hugh Howey
Editora: Intrínseca
Gênero: Ficção científica/Jovem adulto
Ano: 2016
Páginas: 368
Nota:
★★★★☆
Onde Comprar: Saraiva |
Submarino |
Americanas
Sinopse: SILO apresentou o abrigo e seus habitantes. ORDEM contou a história de sua formação.
LEGADO relata sua ruína.
A batalha pelo Silo já foi vencida. A guerra pela humanidade só está começando. É um tempo em que, para sobreviver, os humanos precisam se manter em cidades subterrâneas, aprisionados, sem ligação com o mundo lá fora. Esse é o universo de Silo, a série de ficção científica e fantasia escrita por Hugh Howey.
Juliette, uma operária nascida nos subterrâneos, é a heroína da trama apocalíptica. Em Legado, ela se torna prefeita do Silo 18, que está se recuperando de uma rebelião. Seu governo encontra grande resistência por causa da controversa escavação para resgatar os supostos sobreviventes do Silo 17, uma empreitada vista com desconfiança que está espalhando o medo entre os moradores do Silo 18.
Como se isso não fosse um desafio grande o bastante, Juliette também recebe transmissões de Donald, a voz que alega ser líder do Silo 1 e está disposta a ajudar — mas também é capaz de fazer ameaças horríveis. Talvez Donald não seja o monstro que Juliette vê. Quem sabe ele não é a peça-chave para a salvação de toda a espécie humana? Mas será que ainda há tempo?
No último volume da série Silo, as escolhas de Donald e Juliette podem mudar o mundo… ou extingui-lo de vez.
Esta resenha contém spoilers dos livros anteriores (Silo e Ordem).
Resenha: Encerrar uma trilogia ou série nunca é fácil. Às vezes, o autor começa tudo muito bem e ao chegar no último livro, a história despenca e não termina de modo satisfatório. Ou o contrário ocorre, quando o nível da aventura deslancha para algo surpreendente.
Legado ficou no limiar entre as duas situações.
Anteriormente, em
Ordem, descobrimos como os silos se originaram e quem foi responsável por isso. Jules, a protagonista, já foi ao exterior, prometeu vingança aos criadores dos abrigos subterrâneos, e jurou que iria salvar seu povo. De volta ao sua casa, ela agora precisa preservar a vida das pessoas ali, trazer Solo e as crianças para seu silo, e tentar parar a destruição que virá pelas mãos de Donald. Com um final que se enquadra no quesito mediano,
Hugh Howey tinha em mãos um enredo que poderia explorar muita coisa, mas não o fez.
A narrativa, que é uma das questões apontadas por muitos leitores em Ordem, que por vezes se arrasta demais, foi mal aproveitada nesse último livro. Se no segundo volume o autor teve a oportunidade de fazer uma espécie de transição e explicar muita coisa sobre a origem dos silos, em
Legado seria a hora de dar certa velocidade aos fatos e trazes mais tensão e suspense. O que ocorre, de fato, é uma insistência em narrar inutilidades, como uma garotinha correndo atrás de um cachorrinho o tempo todo ou um bando de evangélicos fazendo cultos para disseminar o ódio. E o que realmente podia ser interessante? Isso, com certeza, foi deixado de lado.
Por se tratar de uma ficção científica, a história tem muitos aspectos que deixam um ar de dúvida, e isso pode aguçar a vontade de não deixar o livro de lado e ir descobrindo os fatos. No mundo dos silos, o oxigênio está totalmente contaminado, e isso é muito intrigante. No entanto, quando surgiam as oportunidades de esclarecimentos para tantos enigmas, a narrativa mudava de foco e tudo ficou no ar. Alguns diálogos de Jules com outros personagens foram meio entrecortados e sem objetivo. No fim, ficou a certeza de que certos pontos tiveram menos atenção do que mereciam.
Felizmente, Julliete é uma protagonista que não deixa a desejar. Ela tem um senso de coletividade incrível, consegue sempre (ou quase sempre) ser uma boa porta-voz para comandar seu povo e é pura fibra. Ela, assim como outros, são o grande ponto positivo da trilogia e a relação que desenvolve-se entre eles é muito bacana. Há um sentimento de não se deixar enganar e aceitar tudo como lhes é dito que remete muito a uma realidade atual, na qual as pessoas estão mais questionadoras quanto ao que lhes é imposto. É uma pena que, embora seja possível reunir alguns aspectos bons no último volume dessa trilogia, a história se perde em outros pontos negativos.
Legado não parece um livro de encerramento. A trama anda a marcha lenta, quase parando, e careceu de toda explosão e tensão que o encerramento de uma série tão aclamada merecia. Silo e Ordem foram infinitamente melhores e ficou o desejo de que os acontecimentos pudessem ter ocorrido de uma maneira diferente e resultassem num final um pouco mais empolgante. Em suas últimas páginas, o desfecho da vida de Jules e seus amigos é mostrada de uma maneira corrida, e
Hugh poderia ter dado uma atenção especial àquilo. No mais,
Legado merece uma chance por quem já acompanhou o decorrer da aventura nos dois primeiros volumes e tem curiosidade em ver como tudo termina.