Sociedade da Rosa - Marie Lu

17 de novembro de 2016

Título: Sociedade da Rosa - Jovens de Elite #2
Autora: Marie Lu
Editora: Jovens Leitores/Rocco
Tradutora: Rachel Agavino
Gênero: YA/Fantasia
Ano: 2016
Páginas: 336
Nota: ★★★★★
Onde comprar: Saraiva | SubmarinoAmericanas
Sinopse: Depois de ser renegada pela família, ela é traída por aqueles em quem confiou, e parte em busca de outros malfettos — sobreviventes da febre do sangue que, como ela, possuem dons fantásticos —, para formar um exército próprio e combater a Inquisição do Eixo. Mas o ódio e o medo que a alimentam podem levá-la por caminhos perigosos, e uma oferta tentadora vai testar a verdadeira natureza dos seus poderes e de sua personalidade. Uma sequência de tirar o fôlego para uma saga épica.

Resenha: Sociedade da Rosa é o segundo volume da trilogia Jovens de Elite, fantasia medieval escrita pela autora Marie Lu e dá sequência à história de Adelina Amouteru do ponto onde parou no primeiro volume.

Atenção, esta resenha tem spoilers do livro anterior!

Depois da traição que sofreu, Adelina foge de Kenettra e jura vingança aos inquisidores (aqueles que perseguem e matam os malfettos), aos Punhais, que a expulsaram, e a Teren, que foi responsável pela morte de Enzo. Mas, para isso, ela precisa formar um novo grupo para unir forças e conseguir cumprir com seu objetivo. Ela, então, se junta à sua irmã, Violetta.
Enquanto isso, a rainha de Beldain, com a ajuda dos Punhais, planeja tomar Kenettra, mas Adelina não vai permitir tal posse e os caminhos das duas vão se cruzar numa batalha épica pelo trono.
Mas em meio a tudo isso, será que Adelina vai conseguir controlar seus poderes e chegar aos seus objetivos mais sombrios?

Adelina é a protagonista, mas isso não quer dizer que ela seja a heroína, muito pelo contrário. Assim como apontei na resenha do livro anterior, Adelina é uma vilã, e neste volume a confusão de sentimentos que ela vem nutrindo, assim como a escuridão que avança sobre si cada vez mais rápido, faz com que ela não tenha piedade, destrua o que ou quem estiver em seu caminho, e na falta de controle prejudica a si mesma. Dito isso, se você é do tipo de torce por mocinhos e sente repulsa por vilões, talvez não vá querer amar alguém feito pra se odiar... Adelina é movida por todas as tragédias do seu passado e se alimenta do ódio que guarda dentro de si, e a autora não dá uma pista sequer que de ela se arrepende do que fez, que pensa duas vezes no que pretende fazer, ou que tem intenções de se transformar em boa moça. E pensando nessa situação, que tipo de final trágico ou mirabolante essa trilogia nos reserva já que vilões não tem finais felizes? Sinceramente, com todo o ódio que Adelina sente, só vejo ruínas e caos no futuro dela.

Tudo o que acontece é consequência do que foi feito, e cada estratégia bolada e executada faz com que o leitor pense que alguma coisa lá na frente vai acontecer em decorrência disso. E quando o assunto é Adelina, devido as atitudes e escolhas que ela faz, só resta que ela assuma a responsabilidade pelo que fez, ou que fará.

Sociedade da Rosa tem a mesma estrutura que Jovens de Elite, com a maioria dos capítulos destinados à Adelina e outros que se alternam entre Teren, Raffaele e Maeve. Mais uma vez esse tipo de narrativa favoreceu a trama (e os leitores) já que traz pontos de vista diferentes e acrescentam mais informações relevantes à história, principalmente pelo ritmo dos acontecimentos ser muito mais frenético. O foco maior, claro, fica em Adelina, e seu desenvolvimento ganha muito mais profundidade mostrando seu lado de vilã de uma forma mais intensa e profunda sendo possível, inclusive, levá-la muito mais a sério e até temê-la!

Enquanto o primeiro livro parece ter maiores intenções em definir fundamentos da história de Adelina, este traz uma história de ambição e vingança pura. Basicamente o enredo se concentra na tomada de poder, na ascensão, e não importa se para chegar lá as pessoas morram, se o caminho será cheio de dor e se os sentimentos que virão à tona serão indescritíveis e obscuros.

Os personagens estão mais consistentes, principlmente agora que não há mais necessidade de entrar em detalhes acerca da ambientação, e embora a trama seja simples, a complexidade dos personagens e suas motivações são os fatores que movem a história. Todos eles se encontram em situações que são verdadeiros jogos psicológicos, há várias reviravoltas, mortes inesperadas e gratuitas (ou será que não?), renascimentos milagrosos (???) e as pontas bem amarradas não deixam espaço para questionamentos ou furos, e o melhor de tudo é que é um volume que realmente faz a diferença na história, os acontecimentos são de extrema importância e é impossível não se envolver ou não ansiar pelo próximo.

Jovens de Elite já é uma das minhas trilogias favoritas, não só por se passar na era medieval com toques de fantasia e trazer uma protagonista única e original, tomada pelo rancor e que sai por aí levando caos e morte por onde passa, mas porque Marie Lu escreve maravilhosamente bem e é impossível não se viciar em suas histórias. Teminei o livro esbaforida, sem fôlego, ansiosa pelo que vem a seguir e, embora anti heróico, fiquei satisfeita com o rumo da história que, com certeza, surpreendeu e superou todas as expectativas.


Juntando os Pedaços - Jennifer Niven

16 de novembro de 2016

Título: Juntando os Pedaços
Autora: Jennifer Niven
Editora: Seguinte
Gênero: Romance/YA
Ano: 2016
Páginas: 392
Nota: ★★★★☆
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Jack tem prosopagnosia, uma doença que o impede de reconhecer o rosto das pessoas. Quando ele olha para alguém, vê os olhos, o nariz, a boca… mas não consegue juntar todas as peças do quebra-cabeça para gravar na memória. Então ele usa marcas identificadoras, como o cabelo, a cor da pele, o jeito de andar e de se vestir, para tentar distinguir seus amigos e familiares. Mas ninguém sabe disso — até o dia em que ele encontra a Libby. Libby é nova na escola. Ela passou os últimos anos em casa, juntando os pedaços do seu coração depois da morte de sua mãe. A garota finalmente se sente pronta para voltar à vida normal, mas logo nos primeiros dias de aula é alvo de uma brincadeira cruel por causa de seu peso e vai parar na diretoria. Junto com Jack. Aos poucos essa dupla improvável se aproxima e, juntos, eles aprendem a enxergar um ao outro como ninguém antes tinha feito.

Resenha: Juntando os Pedaços é o mais recente livro jovem adulto da autora Jennifer Niven publicado no Brasil pelo selo Seguinte, da Companhia das Letras.

Jack Masselin é um garoto popular da escola e sempre chama atenção por onde passa. Bonito, estiloso, descolado, em companhia de sua linda, porém esnobe e fútil, namorada, Caroline, ou cercado por seus amigos, ele desfila pela escola cheio de admiradores. O que ninguém sabe, já que ele faz questão de esconder a sete chaves, é que Jack sofre de prosopagnosia, uma doença neurológica que impede que ele reconheça as pessoas, por mais próximas que elas sejam. Ele é cercado por várias pessoas, mas não tem a menor ideia de quem são. Então, ele tenta memorizar algumas caracteristicas físicas, marcas, sinais, ou gestos particulares e individuais que o ajudem a identificar cada uma das pessoas que está a sua volta. O que importa é que Jack deve fingir, sempre, devido a depedência dos tais amigos, então por mais que tenha que suportar brincadeiras idiotas, o melhor é ignorar e ser a pessoa que os outros esperam que ele seja.

Libby Strout não teve uma vida muito fácil também... Aos onze anos ela perdeu a mãe e o trauma a afetou de uma forma bastante negativa. Ansiosa e inconsolável, Libby encontrou consolo na comida e chegou a pesar quase 300kg, deixou de sair de casa por não conseguir levantar da própria cama e ficou conhecida como a garota mais gorda dos EUA chegando inclusive a aparecer na mídia. Agora, aos dezesseis anos, Libby está mais de 130kg mais magra e está disposta a recuperar o tempo perdido. Ela decidiu voltar pra escola e só precisa lidar com seus problemas com ansiedade a fim de evitar ataques de pânico e tentar levar a vida da forma mais normal possível.
Porém, logo no primeiro dia de aula, Libby se torna vítima de uma "brincadeira" terrível e preconceituosa e vai parar na diretoria junto com Jack. A partir daí, uma amizade extremamente improvável vai nascer.

Narrado em primeira pessoa de forma muito fácil e fluída, e com os pontos de vista de Jack e Libby se alternando, acompanhamos uma história crua que retrata problemas muito delicados, como os protagonistas levam suas vidas ao lidar com eles e como eles aprendem a se enxergar por trás do que demonstram ser para os outros.
Jack tem aquela pose de fodão mas além de fingir ser quem não é, é muito inseguro e instável. E enquanto Libby quer mostrar que é inabalável, mesmo que esteja acima do peso, por dentro ela está desmoronando.

Por um lado eu gostei de ver esses temas sendo abordados numa história pois, de certa forma, foi interessante aprender mais sobre a prosopagnosia e as limitações que ela dá ao indivíduo, assim sobre como as pessoas podem ser intolerantes e cruéis com quem está acima do peso (mesmo que isso tenha vindo de um trauma extremamente doloroso e ninguém dê a mínima). O bullying ainda é um tema delicado e que gera grandes polêmicas, e se não fosse pela enorme dificuldade e mente fechada dos outros em aceitar e respeitar as diferenças, haveria mais respeito e empatia com o próximo e as coisas não seriam tão ruins. Mas, por outro lado, fiquei me questionando sobre o quê, de fato, o livro trata. Seria as consequências dos efeitos trágicos do bullying e da gordofobia e sobre como levar a vida com uma doença neurológica que causa uma desordem cognitiva, ou sobre o amor adolescente tão necessário - ou quase obrigatório - para um tipo de autoaceitação para algumas condições socialmente nada favoráveis ou pouco aceitas por estar fora dos padrões? É como se Libby só pudesse chegar ao fim de sua jornada rumo ao amor próprio e solucionar seus problemas se no meio do caminho encontrar alguém que goste dela, e mesmo sem química nenhuma, eis que surge Jack.
Ele se encontra numa prisão interna, com receios e incertezas sobre a própria vida e sua capacidade de ser aceito como alguém normal está sendo prejudicada, como se ele estivesse perdendo a própria identidade e deixando de viver, mas ainda assim ele consegue enxergar por trás da fortaleza que Libby construiu em volta de si mesma e, dessa forma, eles vão juntando os pedaços, se reerguendo, se completando e buscando conquistar não só espaço, mas amor próprio.

A autora nos presenteia com um enredo sensível, original e cheio de ousadia, que fará o leitor refletir e se emocionar, e, quem sabe, crescer junto com os personagens, tentando enxergar sempre o interior das pessoas já que a aparência ou certos tipos de limitações não necessariamente definem quem alguém é.

Na Telinha - A Viagem de Chihiro

15 de novembro de 2016

Título: A Viagem de Chihiro (Sen to Chihiro no Kamikakushi)
Produção: Studio Ghibli
Elenco: Rumi Hiiragi, Miyu Irino, Mari Natsuki
Gênero: Animação/Fantasia/Aventura
Ano: 2003
Duração: 2h 02min
Classificação: Livre
Nota:★★★★★
Sinopse: Chihiro é uma garota de 10 anos que acredita que todo o universo deve atender aos seus caprichos. Ao descobrir que vai se mudar, ela fica furiosa. Na viagem, Chihiro percebe que seu pai se perdeu no caminho para a nova cidade, indo parar defronte um túnel aparentemente sem fim, guardado por uma estranha estátua. Curiosos, os pais de Chihiro decidem entrar no túnel e Chihiro vai com eles. Chegam numa cidade sem nenhum habitante e os pais de Chihiro decidem comer a comida de uma das casas, enquanto a menina passeia. Ela encontra com Haku, garoto que lhe diz para ir embora o mais rápido possível e ao reencontrar seus pais, Chihiro fica surpresa ao ver que eles se transformaram em gigantescos porcos. É o início da jornada de Chihiro por um mundo fantasma, povoado por seres fantásticos, no qual humanos não são bem-vindos.

Chihiro Ogino é uma garotinha mimada de dez anos que está odiando a ideia de se mudar de casa. Durante a mudança, seu pai toma um atalho para economizar tempo mas faz com que fiquem perdidos. Ao se depararem com um túnel misterioso, os pais de Chihiro decidem atravessá-lo para saber o que há além, mesmo que a menina resista e não queira ir, e acabam num vilarejo aparentemente abandonada mas com restaurantes cheios de muita comida. Com fome, eles decidem comer e Chihiro, que não estava gostando nada do que estava acontecendo, rejeita a comida e vai explorar o lugar. Ela conhece o jovem Mestre Hako, que a alerta sobre os perigos do vilarejo e que ela deveria ir embora antes que anoitecesse. Então, ela descobre que o povoado da cidade é composto por vários espíritos quando, no escuro, o lugar parece ganhar vida, e muito assustada, a garota volta para procurar os pais para irem embora, mas descobre que os dois se transformaram em porcos enormes e irracionais. Chihiro foge para procurar ajuda mas não esperava que para romper o feitiço e libertar os pais, ela teria que trabalhar para uma bruxa ambiciosa, dona de uma casa de banhos, num mundo povoado por criaturas e fantasmas que não possuem a menor simpatia por humanos.


A Viagem de Chihiro, a primeira vista, pode parecer um desenho infantil mas a riqueza dos detalhes, da trilha sonora e do próprio conteúdo mostra que o que pode ser absorvido vai depender da idade de quem assiste. Enquanto as crianças irão se deparar com uma aventura incrível por um mundo sobrenatural cheio de ação e muitos perigos, os adultos acompanharão uma parábola sobre a transição entre a infância e a idade adulta na busca por seus ideais, assim como o amadurecimento de uma garotinha, antes intragável, para alguém que enxerga a vida com outros olhos, aprendendo que só através do trabalho duro é possível conquistar o que desejamos, e só com atitudes e escolhas sensatas podemos conquistar o respeito alheio e atingir nossos objetivos.


No decorrer da animação podemos perceber que todas as situações que ela se depara são responsáveis por seu crescimento e por sua evolução como pessoa. Com o passar do tempo e de acordo com o que aprende com as experiências que tem, Chihiro passa a deixar o orgulho de lado para praticar a humildade, prova sua coragem por várias vezes, demonstra sabedoria nas mais diversas e perigosas situações, se responsabiliza pelas escolhas que faz, aprende a não fazer julgamentos baseada nas aparências, e consegue resistir a momentos de muita tensão e pressão praticamente sozinha em meio ao desconhecido, mostrando que mesmo num ambiente hostil onde a maioria das pessoas são gananciosas, arrogantes, interesseiras e perversas, é possível ignorar tudo o que pode corromper a alma, desenvolvendo, assim, um caráter admirável, tornando-se um símbolo de dignidade e bondade.


Acredito que o único porém é que devido a inspiração na cultura e em outros elementos orientais dos quais não tenho tanto conhecimento quanto gostaria, fiquei com aquela sensação de que há muito mais pra ser entendido e várias mensagens ou referências que não foram totalmente absorvidas.

Diferente de um conto de fadas, Chihiro não é o tipo de garotinha que precisa ser salva por um príncipe encantado enquanto sofre nas mãos de uma madrasta má e canta músicas felizes... Esqueça a maioria das princesas da Disney que mofam esperando o amor com suas lamúrias e infortúnios eternos.


Em suma, posso finalizar dizendo que A Viagem de Chihiro é o tipo de animação que traz muitas reflexões sobre a natureza humana através de metaforas simples sob um enredo rico, mágico e complexo que vai encantar qualquer um, independente da idade.

As Aventuras de Wonder Woman na Super Hero High - Lisa Yee

14 de novembro de 2016

Título: As Aventuras de Wonder Woman na Super Hero High - DC Super Hero Girls #1
Autora: Lisa Yee
Editora: Jovens Leitores/Rocco
Tradutora: Raquel Zampil
Gênero: Infanto juvenil/Aventura
Ano: 2016
Páginas: 256
Nota: ★★★★☆
Onde comprar: Saraiva | Americanas
Sinopse: Wonder Woman quer ser uma super-heroína. Para isso, ela vai estudar na Super Hero High, especializada em desenvolver os poderes de seus alunos. Lá, ela terá que enfrentar seus maiores desafios: além dos exaustivos treinamentos e dos estudantes vilões, a jovem vai lidar com novas amizades e dividir o quarto com alguém que adora compartilhar fofocas nas redes sociais. Isso sem contar que Wonder Woman cresceu em uma ilha só de mulheres... E nunca estudou com garotos até entrar para o ensino  médio!

Resenha: As Aventuras de Wonder Woman na Super Hero High é o primeiro livro da série DC Super Hero Girls da autora Lisa Yee que concentra super heroínas - e vilãs - da DC Comics no período da adolescência no colegial. O livro foi publicado pelo selo Jovens Leitores da Editora Rocco.
Super Hero High é um lugar especializado não só em desenvolver os poderes de seus alunos que se tornarão futuros Super Heróis, ou Super Vilões, mas também mostrá-los seu papel na sociedade, seja combatendo o crime, ou causando o caos por onde passam...
Wonder Woman é uma adolescente que deixou a ilha onde morava para aprender a usar seus poderes e se tornar uma grande super heroína no mundo real. Ela é a mais nova aluna da Super Hero High e, mesmo podendo salvar o dia facilmente, ela terá que passar por desafios e sobreviver no dia a dia enfrentando treinamentos exaustivos, meninas malucas que adoram fofocar e navegar pelas redes sociais, garotos lindos, pessoas em perigo e se preocupar com a roupa em que veste ou com alguém tentando fazer com que ela saia da escola!

Ágil, recheado de humor, ação e até com toques relevantes sobre empoderamento feminino abordado de uma forma leve e pra todas as idades, o livro é bastante divertido do começo ao fim e os leitores mais jovens, até mesmo aqueles que não tem muito contato com o universo dos quadrinhos, vão curtir bastante os dilemas dos heróis, principalmente da jovem Mulher Maravilha, aprendendo a usar seus super poderes.

Embora alguns personagens masculinos marquem presença na história, o foco fica sobre as meninas, mostrando que mesmo adolescentes e com muito o que aprender, elas se mostram fortes, capazes e com histórias que lhes dão um outro tipo de perspectiva, tudo isso sem diminuí-las só por serem jovens.
Os personagens tem personalidades distintas e são bastante autênticos, mas bastante inocentes e até mesmo infantis. Devido ao público para o qual a obra se destina, fica perceptível que a autora procurou dar sutileza às situações de forma que não houvesse violência e talvez com intenção de que os leitores se acostumem ao ambiente, o livro é bastante introdutório e cheio de referências a outros personagens que acabam deixando o livro mais complexo do que deveria, mas nem por isso deixa de ser divertido.

O trabalho tráfico do livro é a coisa mais fofa. Além da capa ser uma graça com detalhes metalizados no título e nos cabelos, e retratando uma Wonder Woman adolescente sem perder traços que lembrem uma HQ, a diagramação é super caprichada com detalhes em azul, como a letra capitular e os detalhes de raios, bolinhas e estrelas tanto no topo dos capítulos quanto no rodapé e nas laterais das páginas.

O livro ainda deixa um gancho pro segundo volume quando outra jovem super heroína é apresentada, logo já estou curiosa pelas aventuras que o próximo livro nos reserva.
Pra quem gosta de ação, aventuras envolventes e personagens divertidos vai encontrar nesta história elementos encantadores inspirados em personagens clássicos do universo DC.



Amor Verdadeiro - Jude Deveraux

13 de novembro de 2016

Título: Amor Verdadeiro - Noivas de Nantucket #1
Autora: Jude Deveraux
Editora: Essência/Planeta de Livros
Gênero: Romance
Ano: 2016
Páginas: 464
Nota: ★★☆☆☆
Onde comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Ambientado numa ilha paradisíaca e um dos romances mais cultuados de Jude Deveraux, best-seller americana que já vendeu mais de 60 milhões de exemplares pelo mundo, o livro conta a história de Alix Madsen. Quando ela está terminando a faculdade de arquitetura, Addy Kingsley, amiga de seus pais, morre. No testamento, a mulher estipula que a jovem tem direito a viver por um ano em sua encantadora casa do século XIX na ilha de Nantucket (Massachusetts), EUA. O relacionamento de tia Addy com a família Madsen é um mistério para Alix, mas ela aceita a oferta e, ao chegar na propriedade dos Kingsley, percebe que não é má ideia passar uma temporada ali. Além de o lugar ser um sonho para qualquer arquiteto, ela conviverá com o charmoso Jared Montgomery Kingsley, dono de um dos mais importantes escritórios de arquitetura do país e sobrinho-neto de Addy, portanto, herdeiro natural da casa. O que Alix não imaginava era que tia Addy tinha um propósito muito específico para ela quando a colocou naquele lugar: solucionar o desaparecimento de Valentina, uma das mulheres da família Kingsley, ocorrido cerca de dois séculos antes. Em meio ao verão na ilha, Alix e Jared serão obrigados a conviver, o que pode ser a chave para desvendar o tal mistério dos Kingsley.

Resenha: Com mais de sessenta milhões de livros publicados ao redor do mundo, traduzidos para cerca de vinte idiomas diferentes, Jude Deveraux chega ao Brasil com Amor Verdadeiro. Nessa história que envolve um romance espírita, o leitor conhecerá Jared e Alix. Ela, uma jovem arquiteta prestes a se formar. Ele, um arquiteto renomado e muito famoso ao redor do mundo por todas suas construções magníficas. Depois da morte de sua avó, Jared constata que o testamento dela pede que Alixandra venha passar um ano na sua mansão em Nantucket, onde o homem vive. Mesmo contrariado, ele aceita, mas a decisão inicial é deixar a casa para apenas a moça morar. Porém, em um pequeno momento de convivência juntos, os dois descobrem mais em comum do que podem imaginar e que o passado da família Kingsley esconde muitos segredos que serão desvendados pela dupla.

Os romances, sejam eles eróticos, históricos, new adult, chick lit, etc, têm seu espaço na literatura e suas leitoras cativas. Um produto, para ser vendável, necessita de muitos fatores positivos, como um bom conteúdo e aquela forcinha do marketing. Amor Verdadeiro é uma mistura de espiritismo e erotismo. Com a frase de capa que indica mais de sessenta milhões de livros vendidos, a ideia é que a autora seja repleta de boas obras. No final, o primeiro livro da trilogia das Noivas de Nantucket, se prova ser só apenas um romance aquém do desejado.

Jared é a personificação de um homem perfeito. Ele é bonito, forte, um porto seguro, poderoso no ramo da arquitetura e dono de uma empresa famosa. Alix é uma jovem comum, que não teve muitos namorados e nem se acha tão bonita assim. Isso remete a algum casal? Toda essa oposição se reflete, claro, num enredo em que ambos precisam “se aturar” no início e logo depois caem de amores um pelo outro. Mas o grande problema nesse casal é a falta de química, maturidade ou carisma. Fica evidente que Jared é responsável por roubar os holofotes na trama, por ser um macho alfa. Junto de Alix, há protagonização de cenas quentes (que nascem do nada e não são grande parte na história), que não fazem muito para melhorar o enredo ou criar momentos marcantes. Com um homem de trinta e seis anos e uma mulher de vinte e seis, é esperado que encontremos personagens maduros e mais decididos. O que há em Amor Verdadeiro é, na verdade, um casal muito bobo e sem graça. Se em gêneros como new adult isso pode ser mais aceitável, já que são retratados casais mais jovens que estão em transição para a vida adulta, num livro como esse era de se esperar algo bem mais maduro e consistente. A narrativa é um recheio de frases clichês, por vezes bobas; situações que não empolgam e um desenvolvimento lento que não caminha para lugar nenhum.

Aliado a isso, há o fator do espiritismo. Caleb, o avô de Jared, é um homem que morreu há mais de 200 anos mas continua vivendo na casa dos Kingsley, mesmo que só em espectro. É nessa questão que o enredo do livro se prende, porém a autora pecou na forma como narrou e desenvolveu o tema. Seria mais adequado se, em vez de retratar tudo no presente, a narrativa se intercalasse entre o passado do século XVIII e os dias de hoje. Isso daria um ar totalmente diferente a trama e quem sabe salvar o que fosse possível. Infelizmente, o romance entre Jared e Alix é inconclusivo em diferentes pontos. Fica difícil compreender se a intenção da autora era tratar como tema central um grande fantasma do passado que ainda não foi solucionado, o anseio de uma futura arquiteta ou o desastroso casamento de Jenni - matrimônio esse que nem devia estar na história - , melhor amiga de Alix.

Uma atenção especial deve ser dada a Victoria, mãe de Alixandra. Ela é autora renomada e famosa no mundo todo por suas obras, mas mal sabem qual a origem de sua escrita. Mas o fator agravante é que ela, assim como Jared e Alix, já é uma mulher feita e não chega nem perto de passar isso. Aparecendo somente próximo ao final do livro, a autora best seller é caricata e parece uma perua retirada de um filme "b" de Hollywood. Fica difícil decidir quem é o personagem menos cativante desse livro.

Amor Verdadeiro não foi o melhor pontapé para se iniciar uma trilogia. O livro careceu de todos os elementos que um romance merece para ser marcante. A protagonista não é das mais amáveis, o casal principal não tem a química necessária e o enredo é inconclusivo e parece ser resolvido às pressas. É incompreensível como o espiritismo é retratado, visto que ninguém aceitaria de bom grado começar a ver um espírito de alguém que morreu faz duzentos anos. No mais, se o desejo do leitor é ler um bom romance, deve se pensas duas vezes antes de embarcar na trilogia das Noivas de Natucket.


Uma Canção de Ninar - Sarah Dessen

12 de novembro de 2016

Título: Uma Canção de Ninar
Autora: Sarah Dessen
Editora: Seguinte
Gênero: YA
Ano: 2016
Páginas: 352
Nota: ★★★★☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Remy não acredita no amor. Sempre que um cara com quem está saindo se aproxima demais, ela se afasta, antes que fique sério ou ela se machuque. Tanta desilusão não é para menos: ela cresceu assistindo os fracassos dos relacionamentos de sua mãe, que já vai para o quinto casamento. Então como Dexter consegue fazer a garota quebrar esse padrão, se envolvendo pra valer? Ele é tudo que ela odeia: impulsivo, desajeitado e, o pior de tudo, membro de uma banda, como o pai de Remy — que abandonou a família antes do nascimento da filha, deixando para trás apenas uma música de sucesso sobre ela. Remy queria apenas viver um último namoro de verão antes de partir para a faculdade, mas parece estar começando a entender aquele sentimento irracional de que falam as canções de amor.

Resenha: Remy é uma adolescente cujas experiências pessoais só reforçaram sua teoria de que o amor é um sentimento que não vale o investimento e nem o esforço. Acompanhar de perto todos os relacionamentos fracassados de sua mãe, que está prestes a se casar pela quinta vez, é mais um fator que faz com que a garota tenha deixado de ter fé em relacionamentos. Mas, é difícil culpá-la por pensar dessa forma já que ela cresceu sem a presença do pai e nenhuma figura paterna que sua mãe arranjasse iria substituí-lo.

Diante de regras que ela mesma bolou, Remy quer aproveitar sua vida adolescente com relacionamentos rápidos, estipulando um tempo curto e pulando fora, de forma que ela não se envolvesse e nem se apegasse a ninguém. Pra ela, esse era o jeito mais seguro de se proteger e evitar maiores sofrimentos. E agora que Remy terminou o ensino médio e pode aproveitar as férias antes de ir para a Universidade de Stanford, ela irá conciliar seu tempo organizando o casamento da mãe, uma escritora de renome, com algo que ela não planejou... Remy não esperava conhecer Dexter, um garoto inconveniente e nada perfeito, vocalista da banda Truth Squad, que acaba transformando sua vida como ela jamais imaginou.

Narrado em primeira pessoa e com um ritmo bastante suave, vamos acompanhando uma trama que, apesar de parecer previsível a princípio, é retratada com bastante realidade, e os acontecimentos graduais tornam tudo muito natural, principalmente por trazer um tema relevante com personagens cujas personalidades são tão distintas. O rumo que a história ganha surpreende de forma muito positiva, não só pela escrita fácil, bem humorada e descontraída ou pelos diálogos bem bolados e divertidos, mas por apresentar uma protagonista que, a partir das próprias experiências e das chances que ela permite dar a si mesma, muda e amadurece por si só.

Remy é inteligente, centrada, independente e bem madura para a pouca idade, e tais características não se dão apenas por suas experiências ou por seu ceticismo com relação ao amor, mas devido ao relacionamento que tem com a mãe. Aqui houve um tipo de "inversão de papéis" e é a mãe quem depende da filha pra organizar a própria vida. Diante disso, foi compreensível que Remy tenha usado de alguns artifícios para proteger a si mesma, mas isso não significa que ela tenha despertado minha simpatia já que na maioria das vezes seu comportamento é bastante egoísta. Ela é fechada e seus sentimentos não são tão aprofundados assim a ponto de explicar por A + B o motivo de ela fazer certos tipos de escolhas. Mas, pelo menos seu envolvimento com Dexter fez com que ela refletisse sobre seus sentimentos, questionando a si mesma se vale a pena dar o braço a torcer a ponto de, pela primeira vez, ter um pouco de esperança no amor.

Em contrapartida, Dexter é aquele tipo de personagem que arranca suspiros e que, mesmo tendo passado por experiências semelhantes às de Remy, fez de tudo para não se abalar. Ele é bem humorado e segue seus sonhos, fazendo o que gosta em nome da felicidade. Quando ele descobre um pouco da filosofia de Remy, ele tenta desconstruir essa visão distorcida que ela tem. Por mais que eles sejam o oposto um do outro, fica claro que a conexão que eles passam a ter e intensa e verdadeira.

A abordagem no que diz respeito a amizade é algo muito bonito de se acompanhar e as questões familiares, típicas da autora, além de interessantes, colaboram para moldar não só a personalidade dos personagens, mas tentar entendê-los como pessoas a partir da criação que tiveram e as consequências disso. A mãe de Remy, mesmo não sendo o melhor exemplo de uma mãe tradicional já que vive focada em seus livros, é romântica e acredita piamente no amor, mesmo que seus casamentos tenham chegado ao fim. É melhor arriscar, sentir e viver uma experiência, mesmo que temporária, do que não ter experimentado. A vida é feita de momentos e nada melhor do que aproveitar cada um deles. Por essa linha de raciocínio ela parece ser uma pessoa de mente aberta e feliz, mas ela falhou em vários aspectos como mãe e a impressão final é que ela tem outras prioridades à frente dos filhos. Ela amadurece, claro, mas não é algo imediato. Até lá alguns problemas, que poderiam ter sido evitados se ela agisse diferente, acontecem.

Com relação a parte física, só tenho elogios. A capa é uma graça, a diagramação é simples, a revisão e tradução estão ótimas e as páginas são amarelas.
O título do livro se refere ao nome de uma música deixada pelo pai de Remy antes que ele partisse, e ela odeia a música não só pelo sucesso que ela fez, mas pela letra da música causar nela uma enorme mágoa.

Em suma, pra quem gosta de romances jovens adultos com abordagem familiar e com a descoberta do amor, principalmente o do amor próprio, de uma forma nada convencional mas bastante realista, vai gostar bastante.