Título: Sway
Autora: Kat Spears
Editora: Globo Alt
Gênero: Young Adult
Ano: 2016
Páginas: 256
Nota:
★★★★☆
Sinopse: Sway é o apelido de Jesse Alderman, por causa de seu talento para conseguir qualquer coisa para qualquer pessoa, como providenciar trabalhos escolares, fazer com que pessoas sejam expulsas da escola, arrumar cerveja para as festas, entre outras coisas, legais ou ilegais... É sabendo dessa fama que Ken Foster, o capitão do time de futebol da escola, pede a ele um trabalho controverso: Ken quer que Bridget Smalley saia com ele. Com seu humor ácido e seu jeito politicamente incorreto de ver a vida, Sway terá que encarar o trabalho mais difícil que já teve: sufocar todos os sentimentos que Bridget desperta nele, a única menina verdadeiramente boa que ele conheceu em toda a sua vida.
Resenha: Jesse Alderman, mais conhecido como "Sway", é um adolescente no último ano do ensino médio. Ele é o tipo de cara que consegue qualquer coisa, pra qualquer um, dentro ou fora do colégio, desde que paguem o preço necessário por isso. Assim, Sway construiu uma certa fama e sempre está rodeado por pessoas precisando de seus serviços, ou chamando sua atenção de alguma forma.
Sabendo o quanto Sway facilita a vida dos outros, Ken Foster, o capitão do time de futebol da escola, o procura para um serviço diferente: ele quer que Sway saia com Bridget Smalley, a garota que ele está de olho, a fim de conseguir informações sobre ela. Aparentemente seria algo simples de se fazer, mas quando Bridget, com seu jeitinho gentil e doce, desperta sentimentos no coração insensível de Jesse, ele se pega num dilema onde não sabe se cumpre o que foi pago para fazer, ou se deixa levar pelas novas emoções, afinal, como abrir mão da coisa mais especial que já lhe aconteceu?
Não é muito comum que livros para jovens adultos tragam um protagonista do sexo masculino e que faz o tipo bad boy, e por mais que a premissa dê a entender que haverá um belo romance entre um casal improvável, a autora conseguiu ir além e construiu uma história que é bem mais do que isso.
Narrado em primeira pessoa, a história se desenrola num ritmo constante, mostrando as mudanças na vida de um garoto que cresceu numa família desestruturada e disfuncional - o que, obviamente, colaborou para moldar sua personalidade difícil -, que fez escolhas erradas e se tornou um tipo de anti-herói, preferindo seguir pelo caminho mais fácil e sem pensar nas consequências ao seguir um lema que diz que as coisas só são boas ou ruins dependendo de sua finalidade. Temos a visão do protagonista, ficamos por dentro dos seus pensamentos, por mais absurdos que sejam, e da forma como ele leva seu "negócio", e isso, inicialmente, dificulta para termos alguma simpatia por ele, já que o sujeito é indiferente a sentimentos alheios e só pensa em si.
Jesse/Sway é muito sarcástico e engenhoso, e usa isso ao seu favor, mesmo que muitas vezes manipule ou prejudique os outros. Ele não se importa com o que os outros pensam ou sentem e sua visão sobre o mundo é carregada de um cinismo sem tamanho. Jesse usa várias estratégias para conseguir o que quer, dando a ilusão de que está ajudando, mas se esquecendo de que existe a lei do retorno, o que o torna cômico se sua situaçao não fosse trágica, o que dá um toque de humor negro à trama.
O relacionamento de Jesse com Bridget existe, claro, mas não tem tanto espaço quanto parece. O foco maior fica sobre mostrar um cara inconsequente, egoísta e de caráter duvidoso confrontando seus demônios e tomando atitudes em prol de uma mudança interior, e assim, o papel de Bridget é, principalmente, estar alí para causar uma influência positiva na vida dele, o tornando uma pessoa melhor e mostrando que é possível extrair algo de bom em quem parece ter sucumbido à escuridão.
A forma como a autora abordou a rotina de Jesse é crua e até dolorosa, mostrando com bastante realidade como é perigoso se envolver com coisas ilícitas para ganhar dinheiro, assim como as consequências desses atos, mas necessária para evidenciar esse tipo de vida que ele escolheu levar.
Jesse é um personagem peculiar, que desperta as melhores e as piores reações nos leitores por ser tão inconstante, e talvez isso já seja o suficiente para tornar a história interessante e envolvente, mesmo que não concordemos com as situações.
Os demais personagens enriquecem o enredo e não aparecem por acaso. Eles contribuem no drama, no humor, nas reviravoltas e no próprio amadurecimento de Jesse. De longe o personagem secundário que mais me apaguei foi ao irmão de Bridget, Pete, até mesmo pelo espaço que ele ganha na história que supera o da irmã. Ele tem alguns problemas decorrentes de uma paralisia cerebral mas isso não o torna incapaz, muito pelo contrário. Jesse inclusive não o trata de forma diferenciada por causa de sua deficiência, o que também é importante para o garoto.
No mais,
Sway é um livro que, basicamente, aborda a questão da segunda chance, do recomeço e das mudanças positivas, desde que haja disposição para mudar e coragem para enfrentar as consequências pelo que foi feito.