Seduzida por um Guerreiro Escocês - Maya Banks

13 de maio de 2017

Título: Seduzida por um Guerreiro Escocês - Montgomery e Armstrong #1
Autora: Maya Banks
Editora: Universo dos Livros
Gênero: Romance histórico
Ano: 2016
Páginas: 338
Nota:★★★★★
Sinopse: Eveline Armstrong é imensamente amada e protegida por seu clã, mas as pessoas a consideram diferente, pois apesar de ser linda e encantadora, a moça sofreu um acidente que lhe causou sequelas não só psicológicas, mas também físicas, visto que ela ficou surda. Satisfeita com sua vida reclusa, ela aprendeu a ler lábios e permitiu que o mundo a enxergasse como uma tola. Contudo, quando um casamento arranjado a torna esposa de Graeme Montgomery, integrante de um clã rival, Eveline aceita seu destino - despreparada para os deleites que viriam. Enredado pelos mistérios de Eveline, cujos lábios silenciosos são cheios de tentação, Graeme vê seu casamento ameaçado devido às rivalidades entre clãs e agora deverá enfrentar inúmeras adversidades para salvar a mulher que lhe despertou tanto amor.

Resenha: Seduzida por Um Guerreiro Escocês é o primeiro volume da série Montgomery e Armstrong escrita pela autora americana Maya Banks.

Nas terras altas da Escócia, os Montgomery e os Armstrong, os dois clãs mais poderosos e aliados ao rei Alexandre II, se odiavam há gerações e estavam em guerra entre si. Temendo perder guerreiros tão poderosos, o rei, na intenção de forçar a paz entre os clãs e não ter baixas, decretou que Graeme Montgomery, o líder dos Montgomery, deveria se casar com Eveline Armstrong, única filha de Tavis Armstrong, o líder do clã Armstrong.
O decreto não foi bem recebido por nenhum dos clãs, mas ninguém pode recusar as ordens do rei.
Eveline é uma jovem encantadora que sempre foi muito querida e protegida pelo seu povo, principamente após ter sofrido um acidente a cavalo que a deixou surda. Sua condição a deixou reclusa e muitas pessoas de fora a enxergavam como louca e, para Graeme, se casar com ela era algo revoltante. Para Tavis, a ordem do rei era um ultraje, uma traição, pois ele sabia da condição de Eveline e ainda assim não teve consideração ao entregá-la para um clã que não teria respeito algum pela moça. Embora relutantes, os dois clãs não tinham escolha e a única coisa que restou aos noivos foi abraçar aquele destino inevitável. O que eles não esperavam era se envolverem de forma tão profunda...

Narrado em terceira pessoa, a história é muito bem escrita e se desenvolve de forma fluida e envolvente. A ambientação, assim como as descrições dos locais que servem como pano de fundo da história, é encantadora e colabora ainda mais para a imaginação das leitoras que são fãs de romances de época.
Graeme e Eveline são adoráveis em todos os sentidos. Ele é bonito, forte, corajoso, inteligente e por mais que aparente ser rude, é muito amoroso e preocupado com quem ama. Ela é linda e delicada, mas consegue mostrar sua força e sua determinação em suas tentativas de ser aceita num clã rival que a menospreza. Inicialmente, mesmo que eles não se conheçam e a rejeição seja algo recíproco devido a indignação com a atitude do rei, é inegável que alguma coisa os atrái, e com o casamento eles começam a descobrir que a primeira impressão nem sempre é a que fica e que é possível, sim, se darem a oportunidade de recomeçarem suas vidas. O primeiro sentimento de Graeme por Eveline foi algo mais voltado a pena e ele se sentia muito culpado por estar atraído por ela, principalmente por pensar que poderia haver problemas ao consumar o casamento já que ela não é capaz de ouvir, mas, a medida que a relação progride, vemos transparecer um romance cheio de amor, com ternura e respeito, mas ainda assim com uma intimidade feroz o bastante para nos tirar o fôlego, o que, claro, não poderia faltar já que cenas eróticas e intensas fazem parte do estilo da autora.

A forma como a autora aborda a comunicação delicada entre o casal, principalmente por Graeme ser o único capaz de tocar Eveline ao fazê-la sentir os timbres de sua voz grave e poderosa, mas melhor do que isso é acompanhar um romance que desabrochou de forma inimaginável, pois no coração deles havia muito rancor por estarem numa situação que ninguém desejava, o que prova que o amor é capaz de superar tudo, passando por cima de preconceitos e se tornando cada vez mais forte quando a relação é construída dia após dia, de forma gradual e verdadeira.
A história ainda vai além do romance e dos elementos de época quando explora as tradições dos clãs e suas culturas que envolvem a família e a importância delas para seus membros.

Leitura obrigatória para quem aprecia romances históricos com personagens corajosos, destemidos e que juntos vivem um amor verdadeiro e cheio de paixão. Seduzida por um Guerreiro Escocês não é só uma história de amor, mas também de respeito, superação e recomeços.

Um Amor para Lady Johanna - Julie Garwood

10 de maio de 2017

Título: Um Amor para Lady Johanna
Autora: Julie Garwood
Editora: Universo dos Livros
Gênero: Romance de época
Ano: 2016
Páginas: 400
Nota:★★★★☆
Sinopse: Uma jovem viúva. Um guerreiro escocês fascinante. Duas vidas transformadas pelo amor e por uma paixão avassaladora. Quando Lady Johanna soube que estava viúva, ela prometeu que jamais se casaria novamente. Com apenas dezesseis anos, ela já possuía uma força de vontade que impressionava a todos que enxergavam além de sua beleza avassaladora. Contudo, quando o Rei John ordenou que ela se casasse outra vez – e selecionou um noivo para ela – pareceu que a moça deveria se conformar com esse destino. Seu irmão, no entanto, sugere ao Rei um novo pretendente:o belo guerreiro escocês Gabriel MacBain. No início, Johanna estava tímida, mas, conforme Gabriel revelou com ternura os prazeres magníficos a serem compartilhados, ela começou a suspeitar que estava se apaixonando por seu novo e rude marido. Logo ficou claro para todo o clã das Terras Altas, portanto, que o ríspido e galante lorde rendera completamente seu coração. Porém, a iminência de uma intriga da realeza ameaça separar o casal e destruir o homem que ensinou a Johanna o significado do verdadeiro amor, que a transportou além de seus sonhos mais selvagens.

Resenha: Johanna tinha treze anos quando foi obrigada a se casar com o Barão Raulf, um homem violento, arrogante, grotesco e que não hesitava em fazê-la se sentir inferior. Ele a tratava com violência, tanto física quanto psicológica, controlava seus passos, a punia de forma cruel e ainda usava o nome de Deus para inferiorizá-la e fazer da vida de Johanna um verdadeiro inferno, mas, alguns anos depois, e para alívio da garota, aos dezesseis anos ela se tornou viúva. Porém, quando Johanna acreditou que ficaria livre daquele tormento, para seu desgosto e tristeza, o rei da Inglaterra ordenou que ela se casasse novamente. Como Johanna era casada com um barão em quem o rei conversava e confiava, ele não poderia correr o risco dela se casar com qualquer um que poderia vir a saber sobre suas questões políticas, então seu próximo marido deveria ser alguém, de preferência da Corte, que ele confiasse tanto quanto o barão.
Acreditando que todos os homens são iguais e que ela iria se casar com outro tão nojento quanto seu falecido marido, a jovem não sabia o que fazer até seu irmão, o Barão Nicholas Sanders, ter a ideia de casá-la com lorde Gabriel MacBain, um guerreiro escocês líder dos clãs MacBain e Maclaurin. Inicialmente, MacBain não aceita a ideia de se casar com uma inglesa de bom grado, mas, visando alguns de seus interesses, ele concorda com o casamento. Lady Johanna se apavora ao saber que se casaria com alguém que poderia ser ainda pior do que Raulf, afinal, todos ouviam histórias sobre como os escoceses são bárbaros e hostis. Mas MacBain, embora seja um homem bastante rude, nunca faria nada de mal para uma mulher. Ele é um homem íntegro e honrado, e irá oferecer uma vida de aprendizado e descobertas pessoais e íntimas à sua esposa, e Johanna, que pensou que passaria por maus bocados, passou a apreciar - e muito - esse casamento e as novas experiências que vivenciava.
Mas intrigas da realeza e alguns conflitos passaram a ser uma ameaça para seu marido e seu casamento, e a ideia de se separar de alguém que a ensinou o que é o amor verdadeiro fará com que Johanna mostre o quanto é corajosa e decidida para enfrentar coisas que ela jamais imaginou.

Narrado em terceira pessoa, acompanhamos um romance histórico apaixonante que traz todos os elementos necessários para tornar a leitura fluída e muito cativante. Os personagens são muito bem construídos, o casal principal tem muita química, as intrigas fazem com que haja tensão e drama, além de cenas com toques de bom humor para aliviar a seriedade do enredo que tornam a leitura bastante envolvente e divertida.

Johanna é aquele tipo de heroína que é apresentada como alguém frágil, injustiçada e sua história inclusive é bastante revoltante, afinal, ela ainda era uma criança quando foi obrigada a se casar. A história se passa na Inglaterra e na Escócia do século XIII e era comum que as mulheres se casassem muito novas e sofressem vários tipos de abuso devido ao machismo da época além de serem levadas a acreditar que não valiam nada frente aos homens. Mas a medida que a trama progride e a protagonista começa a vivenciar experiências que até então ela desconhecia, Johanna começa a mostrar o quanto é inteligente, espirituosa e não tem nada de frágil ou submissa.
McBain é aquele guerreiro lindo e maravilhoso que usa sua forma rude de ser como fachada para esconder um homem respeitoso e que se preocupa muito com a esposa, tanto em mantê-la segura quanto em satisfazê-la de todas as formas possíveis.
Os demais personagens são bastante realistas, suas descrições correspondem com o estilo e a cultura da época e todos são importantes para o desenrolar da história.

Alguns conflitos que surgiram não foram desenvolvidos muito bem e outros parecem terem sido descartados sem muita preocupação em mostrar uma resolução, e o desfecho da história, mesmo que seja lindo, deixa que o leitor imagine o que poderia acontecer. Então penso que essas pontas soltas talvez sejam uma caracerística na escrita da autora.

O projeto gráfico é um arraso. A capa é linda, delicada e remete bem a um romance de época. As páginas são amarelas, a fonte tem um tamanho agradável e não percebi erros na revisão.

Em suma, pra quem gosta de romances históricos que retrata com bastante fidelidade a vida no século XIII e traz uma história doce e emocionante, o livro é mais do que indicado.

Adeus, Tóquio! - Cecilia Vinesse

9 de maio de 2017

Título: Adeus, Tóquio!
Autora: Cecilia Vinesse
Editora: Globo Alt
Gênero: Romance/Juvenil
Ano: 2017
Páginas: 264
Nota:★★★★☆
Sinopse: Sophia tem apenas uma semana em Tóquio antes de voltar a morar nos Estados Unidos. Sete dias para dizer adeus à cidade que a acolheu e que lhe deu seus únicos amigos: Mika, uma menina completamente louca e inquieta, e David, por quem ela mantém uma semi secreta atração.
Para tornar a situação ainda mais difícil, Jamie Foster-Collins, um garoto com quem Sophia teve um grande mal entendido no passado, está de volta ao Japão, atrapalhando todos os seus planos para os últimos dias antes da despedida.
Entre caraoquês, comidas exóticas e cabelos coloridos, Sophia inicia a contagem regressiva do tempo que ainda resta para resolver todas as questões emocionais que a mantém ligada a essa cidade viva, elétrica e tão apaixonante.

Resenha: Sophia Wachowski é uma garota de dezessete anos que está de mudança. Ela mora em Tóquio há alguns anos e foi lá que, pela primeira vez, fez dois amigos inseparáveis, David e Mika. Sophia nutre uma paixão secreta por David, mas sabe que ele só quer saber mesmo de curtição. Depois de, finalmente, ter se acostumado com a vida lá, vai ter que voltar com a mãe e a irmã para Nova Jersey, nos Estados Unidos. A mudança será daqui a sete dias, e com esse pequeno prazo em mente, ela percebe que deve aproveitar ao máximo cada momento que Tóquio poderia lhe oferecer.
De outro lado, Jamie Foster-Collins, que também costumava ser parte do grupinho de amigos, está de volta a cidade após ter sido mandado para um colégio interno em outro país e, sabendo disso, Sophia não só decide sair com os amigos e turistar pela cidade para curtir seus últimos dias, mas também resolver algumas pendências, tanto com relação a mágoa deixada por Jamie antes dele ter ido embora, quanto ao seus sentimentos que se tornaram um turbilhão após o retorno inesperado do ex-amigo...
E nessa contagem regressiva, Sophia poderá descobrir que o que dá sentido a vida talvez seja exatamente aquilo que tentamos evitar.

Narrado em primeira pessoa, a história é bem simples, leve e divertida, levantando questões e dramas típicos da adolescência em meio a uma escrita descomplicada e bastante fluída.
Os personagens foram bem construídos de acordo com seus propósitos e representam com bastante fidelidade as questões e os conflitos dos adolescentes que estão nessa transição pra fase adulta, logo é comum serem irritantes, imaturos, se acharem donos da razão mesmo quando estão errados e afins, e o caso de Sophia é delicado, principalmente por ela ter que lidar com a ideia de dar adeus a tudo o que ela é tão apegada pra partir rumo ao desconhecido.
Aqui vemos de tudo, desde personagens imbecis que se aproveitam do que tem para tirar vantagem dos outros, até aquelas que sabem o real significado da palavra sororidade, mas pra mim o melhor foi o desenvolvimento do relacionamento entre Sophia e sua irmã, Alison. Através de suas interações e a forma como lidam com as próprias crises, acompanhamos seus dilemas sobre o significado de lar e de como é importante ter o apoio da família para superar os problemas ao se depararem com alguma situação difícil e que tráz ansiedade.

Talvez a autora tenha se inspirado na própria experiência ao ter criado essa história (vide orelha do livro), retratando uma garota que, embora tenha nascido no japão, não se considera japonesa por seu pai ser francês e sua mãe polonesa, mas se considera americana por ter sido criada lá desde bebê até se mudar outra vez, falando inglês e tudo mais, o que já indica um conflito acerca da origem da protagonista. Somando isso a questão de se ter poucos amigos, estar sempre viajando a ponto de não ter sido capaz de identificar o que ela poderia chamar de lar, e ainda precisar abrir mão do que faz parte de sua rotina, faz com que Sophia seja obrigada a sair de sua zona de conforto, criando um arco que traz uma abordagem bem relevante sobre aceitação e desapego, mas também trabalhando temas como despedidas, desentendimentos, reencontros e perdão.

Então, apesar de Sophia ter seus defeitos, o que a torna uma personagem bem próxima da nossa realidade, eu senti uma empatia pela garota. Ela tem seus momentos de ingenuidade, egoísmo, receio, determinação e outros tão diferentes entre si, mostrando sua forma de lidar com as mudanças que vieram e são inevitáveis, e pelo tempo ser curto, o tempo acaba sendo um momento que ela tem pra refletir e aprender muto de si mesma.

O que mais me surpreendeu no livro foi o fato de ele ser relativamente curto, se passar em apenas sete dias e ainda ter uma enorme quantidade de acontecimentos que são responsáveis por mudar totalmente a vida de Sophia.
A única coisa que não entendi muito bem foi a ambientação da história, pois há casos em outros livros que o cenário funciona como um personagem propriamente dito, fazendo da leitura uma grande viagem, mas isso não acontece aqui. Ter Tóquio como pano de fundo e me deparar com menções de alguns locais famosos sem que haja um aprofundamento em detalhes ou na cultura do Japão, fez com que o lugar não tenha a devida importância para o desenvolvimento do enredo, e digo isso no sentido de que a mesma história poderia se passar em qualquer outro lugar sem comprometer os acontecimentos. Outra coisa é que os personagens são todos americanizados, sem que haja nenhuma representação sequer de alguém que seja japonês, o que reforça ainda mais a falta de importância da cidade.

Enfim, pra quem procura por uma leitura descomplicada que tráz uma mensagem fofa sobre se encontrar, é super indicado.

Terceira Voz - Cilla e Rolf Börjlind

8 de maio de 2017

Título: Terceira Voz - Olivia Rönning & Tom Stilton #2
Autores: Cilla e Rolf Börjlind
Editora: Rocco
Gênero: Thriller/Suspense/Policial
Ano: 2017
Páginas: 464
Nota:★★★★☆
Sinopse: Um funcionário da alfândega em Estocolmo é encontrado enforcado na sala de sua casa; uma ex-artista de circo cega, que fazia filmes pornô para sobreviver, é brutalmente assassinada em Marselha, na França. Duas mortes aparentemente desconexas unem os ex-policiais Olivia Rönning e Tom Stilton novamente em Terceira voz, segundo romance da dupla sueca Cilla e Rolf Björlind. Depois de Maré viva, em que apresentam os dois protagonistas numa trama repleta de violência e mistério, o casal de escritores e roteiristas põe os carismáticos Tom e Olivia novamente no centro de uma investigação de desdobramentos surpreendentes que faz jus ao sucesso e popularidade alcançados pela dupla no prestigiado segmento da literatura policial escandinava.

Resenha: Terceira Voz é o segundo volume da série Olivia Rönning & Tom Stilton e tráz de volta os protagonistas de Maré Viva para mais uma investigação cujo desenrolar é de tirar o fôlego.
Embora os casos sejam independentes, é recomendado que a leitura seja feita na ordem de lançamento pois a história não só envolve alguns acontecimentos e flashbacks do livro anterior, mas também faz uma conexão com os eventos dos capítulos finais e mostra como o caso que foi resolvido marcou os personagens.

Desta vez, duas mortes em locais distintos, e aparentemente sem ligação alguma, unem mais uma vez Olivia, que mudou o nome para Rivera, e Tom. Durante as investigações que estão sendo feitas em Estocolmo e Marselha, outros crimes envolvendo tráfico de drogas, sexo e abuso de poder começam a surgir e aos poucos, a ligação entre eles começa a aparecer.

Assim como no livro anterior, revelar muito do enredo seria dar spoilers para estragar a surpresa de quem ainda vai se aventurar por essas páginas, logo, não vou contar muito da história, pois quanto menos se souber, melhor e mais surpreendido o leitor ficará.

Agora que já me "acostumei" com todos aqueles nomes estranhos, mesmo que alguns me pareçam impronunciáveis de forma que eu mal consigo ler, o único ponto não tão favorável em meio a trama bastante sólida, foi o fato dos protagonistas continuarem mostrando mais camadas de suas personalidades sendo que eles já haviam sido apresentados, então, pra mim, mesmo que o caso tenha mexido com eles a ponto de eles ainda carregarem alguns fardos, continuar falando deles acabou sendo uma distração para o suspense e os mistérios a serem descobertos.

Olivia/Rivera, apesar de, às vezes, se comportar como uma adolescente, continua seguindo sua vida, e embarcar em mais uma investigação, mesmo após sua decisão depois de ter se formado como policial, a leva a fazer algumas escolhas no meio do caminho, algumas delas bastante improváveis inclusive, e assim como Tom, que continua lidando com suas lembranças, e muitas delas muito ruins, eles seguem lutando contra seus demônios e tomando decisões que, a longo prazo, terão consequências irreversíveis e que poderão recair sobre os futuros casos que surgirão.

Em suma, mesmo que a história comece num ritmo um pouco mais lento e introdutório, é bastante dinâmica quando os acontecimentos começam a se desenrolar. Há muita tensão, descrições sobre vários lugares diferentes fazendo do livro uma enorme viagem, e os personagens são muito humanos e convincentes, principalmente quando o passado de cada um deles vem à tona revelando ainda mais de suas experiências e histórias de vida. Os casos são resolvidos de forma conclusiva, mas fica no ar a ideia de que alguma coisa relacionada ao tal crime ainda poderá acontecer futuramente.
Assim como no primeiro livro, os autores fazem algumas críticas sociais delicadas mas importantes e dignas de reflexão.

Não acho que Terceira Voz tenha superado o primeiro livro. Por mais que a história seja complexa e intrigante, não senti que tenha sido tão sofisticada e convincente quanto a primeira, mas é prato cheio para os leitores que gostam de histórias contadas sobre várias perspectivas e que trazem crimes horríveis e um grandes mistérios a serem desvendados.


Deep - Kylie Scott

6 de maio de 2017

Título: Deep - Stage Dive #4
Autora: Kylie Scott
Editora: Universo dos Livros
Gênero: New Adult
Ano: 2017
Páginas: 320
Nota:★★★★☆
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Positivo. Com aquelas duas linhas do teste de gravidez, tudo na vida de Lizzy Rollins, uma simples estudante de Psicologia, estava prestes a mudar para sempre. E tudo por causa de um grande erro em Las Vegas, cometido com Ben Nicholson, o irresistível baixista da banda Stage Dive. E daí que Ben é o único homem que fez Lizzy se sentir completamente segura, adorada e descontrolada de desejo ao mesmo tempo? A universitária sabe que o lindo astro do rock não quer nada além de um pouco de diversão, ainda que ela mesma busque justamente o contrário. Por outro lado, Ben sabe que Lizzy está em zona proibida. Totalmente. Ela é a nova cunhadinha do seu melhor amigo, e pouco importa o quanto a química entre ambos seja fenomenal, não importa o quão sexy e doce ela seja: o baixista não vai tomar nenhuma atitude. No entanto, quando Ben precisa mantê-la longe de problemas na Cidade dos Pecados, ele rapidamente descobre que o que acontece em Vegas nem sempre fica em Vegas. A partir daquele momento, Ben e Lizzy estarão ligados do modo mais profundo que existe... mas será que isso os fará ligar seus corações?

Resenha: Deep é o quarto e último volume que encerra a série Stage Dive, escrita pela autora Kylie Scott e publicado pela Universo dos Livros no Brasil.
Cada livro aborda a vida de um dos integrantes da banda de rock Stage Dive embarcando num relacionamento e, neste, o personagem da vez é o baixista Ben Nicholson, assim como seu envolvimento com Lizzy Rollins.

Lizzy já havia sido apresentada no livro anterior como irmã mais nova de Anne, por quem Mal, o baterista da banda, se apaixonou. Ela acaba desenvolvendo um sentimento de paixonite por Ben e insiste em se aproximar, mas ele sempre a evitava, mesmo que a atração estivesse alí, devido a diferença de idade de oito anos e dos constantes avisos e ameaças de Mal para que ele se afastasse de sua cunhada inocente e indefesa. Tentando fazer com que as coisas jamais ultrapassassem os limites da amizade, Ben e Lizzy começam a trocar mensagens inocentes e através disso se conhecem cada vez mais, o que acaba intensificando a conexão que existe entre eles e aumentando ainda mais a atração que sentem um pelo outro. Era de se esperar que, mais cedo ou mais tarde, eles iriam se encontrar, mas ao cederem a paixão avassaladora que os aproximou, eles não pensaram que a noite intensa que passaram juntos lhes traria consequências que ninguém imaginava: Lizzy está grávida.
Ben e Lizzy ficam apavorados. Ele só conhece o estilo de vida que leva com a banda, sempre curtiu sua liberdade e as vantagens que a fama lhe deu. Lizzy ainda não se formou na universidade, é estudante de psicologia e prevê o quanto sua vida iria mudar com uma criança nos braços.
E em meio a uma paixão avassaladora, uma turnê prestes a começar, milhões de hormônios descontrolados e um relacionamento aparentemente proibido, como fazer com que tudo dê certo e fique bem entre esses dois?

A narrativa é feita em primeira pessoa pelo ponto de vista de Lizzy, com toques de bom humor e sensualidade na medida certa para que a leitura seja fluída e prazerosa de se acompanhar. Neste volume notei uma carga dramática um pouco maior devido a situação inusitada a qual os personagens se encontram e em alguns pontos  me deparei com comportamentos vindo deles que não esperava por já ter uma noção de quem eram.
Então, por mais que eu tenha gostado da história como um todo, principalmente pela escrita da autora que é maravilhosa, senti que ela deixou a desejar no desenvolvimento dos personagens, optando por seguir caminhos mais convenientes, moldando personalidades de acordo com a situação e tornando o desfecho bastante previsível. Fora isso, é perfeitamente possível compreender os dilemas de Lizzy, ainda mais pelo fato dela estar grávida e sentir que tudo está fora de controle. A pouca idade dela também é um fator que colabora pra certos tipos de pensamentos e escolhas que faz, mas ainda assim é possível perceber que ela tentou ser o mais madura possível, mesmo que apavorada, ao encarar a situação de estar grávida de um cara que ela idolatra, enquanto ele, muitas vezes, se comporta como um idiota e resiste em se comprometer em nome do estilo de vida que tem, embora ele também seja louco por ela. Não que ele faça qualquer coisa por maldade. Devido as próprias experiências que já teve na vida, Ben sempre focou na carreira, nunca acreditou em compromisso e tratava tudo com certa indiferença quando o assunto era sobre envolvimentos amorosos.

Claro que não posso deixar de tocar no ponto, que ao meu ver, é a base do enredo: uma gravidez não planejada e indesejada, e como essa situação muda a vida da mulher. De um lado Ben não quer um filho por acreditar que ele poderia atrapalhar seus objetivos, o que acaba sendo a realidade de muitos homens que querem até fugir da responsabilidade de ser pais. E pela visão de Lizzy, ter um filho enquanto ela ainda está estudando não fazia parte de seus planos, mas, como a maioria das mulheres, este não seria um fator que a impediria de levar a gravidez adiante e se dedicar ao filho, mesmo que isso significasse criá-lo sozinha. Por esse motivo, por mais que haja doçura na história dos protagonistas, em vários pontos nem tudo são flores, e é possível se indignar com o comportamento de Ben até que ele, enfim, caia na real.

Como nos livros anteriores, os integrantes da banda sempre tem algo a ser "reparado", e as mulheres com quem se envolvem acabam sendo o impulso que eles precisavam para mudarem suas vidas pra melhor. Em Deep ocorre o mesmo, mas com outro contexto, e fiquei feliz por Lizzy ser a heroína capaz de enxergar por trás daquele comportamento maluco e amar Ben por ele ser quem é, do jeito que ele é, sem maiores interesses, segundas intenções nem nada disso. Em troca, ela só queria que ele se importasse, mas caso não fosse possível, paciência... Em meio a dilemas e sentimentos conflituosos ela ainda conseguia levar as coisas com bom humor, tentando enxergar o lado positivo a cada situação nada favorável em que se encontrava.

Os outros personagens dos livros anteriores aparecem nesse volume a fim de movimentarem a história, principalmente Anne e Mal, eu só não me decidi ainda se realmente gostei dos papéis que representaram pois ao mesmo tempo em que eles queriam apoiar Lizzy, eles queriam que ela se mantesse longe de Ben a qualquer custo, como se tivessem o direito de tomar decisões por ela ou soubessem o que é melhor ou pior.

Acho que nem preciso comentar sobre a belezura desse modelo gato dessa capa. Ela combina perfeitamente com os livros da série, tanto em fotografia quanto em tipografia.
Os capítulos são numerados, as páginas são amarelas, não percebi erros na revisão e de forma geral o trabalho gráfico está muito bom.

No mais, a série Stage Dive é uma das melhores do gênero New Adult que já tive o prazer de acompanhar até então. Pra quem curte histórias bem escritas que abordam os relacionamentos de forma verdadeira e relevante, com toques de sarcasmo, bom humor, emoção e erotismo na medida certa, é leitura obrigatória.

Maré Viva - Cilla & Rolf Börjlind

5 de maio de 2017

Título: Maré Viva - Olivia Rönning & Tom Stilton #1
Autores: Cilla e Rolf Börjlind
Editora: Rocco
Gênero: Thriller/Suspense/Policial
Ano: 2015
Páginas: 512
Nota:★★★★☆
Sinopse: Olivia Rönning é uma jovem estudante da Academia de Polícia. Filha de um policial do departamento de homicídios, seu faro para juntar pistas e resolver mistérios é posto à prova quando resolve investigar um caso não concluído, prestes a parar no arquivo morto da polícia, como trabalho de faculdade. Trata-se do assassinato de uma mulher grávida, ocorrido na gelada e chuvosa ilha de Nordkoster, em 1987. O que Olivia não imagina é que a investigação trará muito mais perguntas do que soluções, a começar pelo misterioso desaparecimento do policial responsável pelo caso, entre outras descobertas surpreendentes.

Resenha: Maré Viva (Spring Tide) é um fenômeno que ocorre quando o Sol e a Lua se alinham com a Terra interferindo na altura das marés. Numa noite, em 1987, na enseada da ilha de Nordkoster, na Suécia, uma jovem grávida fora levada para a praia por três pessoas e enterrada até o pescoço para que a maré alta (mais alta do que o normal devido ao fenômeno) a afogasse lentamente. O crime cruel não foi solucionado, e tampouco a identidade da mulher foi descoberta. Vinte e três anos depois, quando esse caso estava prestes a ir pro arquivo morto da polícia, Olivia Rönning, uma jovem estudante da Academia de Policia, usa o caso para um trabalho do curso, mas se surpreende ao descobrir que um dos policiais responsáveis pelas investigações na época era seu pai, que trabalhava no departamento de homicídios. Olivia, então, determinada a seguir os passos do pai, decide investigar colocando suas habilidades à prova, e se munindo da tecnologia atual como forma de auxílio para que novas pistas possam ser descobertas, mas o que ela não esperava era encontrar mais perguntas do que respostas...
Paralelamente a esta investigação, uma onda de crimes brutais contra uma comunidade de sem-teto começa a acontecer pela cidade, e novas investigaçoes, buscas e verdadeiras caçadas começam a ser feitas.

Maré Viva é um livro particularmente difícil de ser resenhado por ter muitos detalhes e personagens interligados, logo, falar demais sobre o que acontece e sobre quem está envolvido acaba estragando a surpresa, por isso vou focar um pouco mais na minha opinião geral sobre o que a leitura me proporcionou.

Narrado em terceira pessoa através de vários pontos de vistas diferentes, o suspense é intrigante, envolvente, em muitos pontos arrepiante, e é impossível não se pegar pensando nas situações que acontecem alí durante dias a fio.
A trama se desenrola levando o leitor para várias direções quando trata do assassinato da grávida e dos ataques ao grupo de sem-teto, pois o primeiro não foi resolvido e o atual é um caso em que a polícia está falhando para solucionar. Aparentemente os casos não tem ligação alguma, até mesmo devido ao tempo entre os dois, mas a medida que as investigações de Olivia progridem, os casos começam a se entrelaçar, e contar com a ajuda de Tom Stilton, que foi parceiro do pai dela na investigação do primeiro crime, vai revelar muito mais do que o esperado.

É até comum nos depararmos com elementos já conhecidos em obras do gênero, como criminosos perigosos e cruéis que cometem assassinatos terríveis, violência, exploração, políticos ou empresários corruptos que começam a ser expostos, dezenas de suspeitos e reviravoltas que nos tiram o fôlego, mas a forma como a trama e a subtrama foram conduzidas pelos autores, principalmente se considerarmos a ambientação e o clima gelado, torna tudo muito real, convincente e muito intenso.
Vários detalhes surpreendem muito e dependendo da atenção dada ao que foi lido é possível conseguir prever o que pode acontecer, mas nem sempre isso acontece o que faz com que cada acontecimento seja uma surpresa.

Embora o livro esteja recheado de temas pesados, ainda é possível nos depararmos com alguns momentos bem humorados que, por mais que contrastem com as investigações, não tiram o foco do que realmente importa.
Olívia e Tom são muito bem construídos e convencem por suas personalidades, pela forma de pensar e por suas escolhas. Ela é uma mulher admirável. Durante as investigações é possível perceber o quanto ela se importa com as vítimas e como ela lida diante dos crimes e de suas descobertas.
Tom é um homem inteligente e bastante respeitável, e através dele podemos conhecer o lado daqueles que ficam às margens da sociedade, como são discriminados e por que fazem escolhas ruins para suas vidas.
Mesmo que eles sejam o oposto e a diferença de idade seja grande, eles são bem parecidos no que diz respeito a força pessoal na busca por justiça.

A única ressalva que tenho, além dos nomes de pessoas e locais dos quais muitos não soube nem como pronunciar por conta daqueles acentos malucos (o livro é um romance escandinavo, logo se preparem para nomes bem estrambólicos), é sobre alguns pontos que parecem terem ficados soltos, como se, talvez pela quantidade de personagens, alguém estivesse alí sem um propósito realmente importante ou sem a devida profundidade.

Pra quem gosta do gênero policial é livro mais do que indicado. O equilíbrio entre os temas foi feito com maestria, há algumas críticas sociais bastante relevantes, os personagens são ótimos e a leitura de forma geral foi super satisfatória.