Novidades de Maio - Companhia das Letras

16 de maio de 2017

Em Teu Ventre - José Luís Peixoto

As aparições de Nossa Senhora a três crianças em Fátima, interior de Portugal, entre maio e outubro de 1917, são o pano de fundo deste delicado romance de José Luís Peixoto, que lança um olhar inusitado sobre um dos episódios mais emblemáticos do século XX no país. Tomando como protagonista a mãe de Lúcia, a mais velha dos três pastorinhos que teriam presenciado o milagre, o autor investiga questões profundas de fé e de ruralidade, mas sobretudo a relação entre mães e filhos. A maternidade, como bem indica o título, é o ponto fundamental deste livro. Com rigor histórico e extrema beleza ficcional, esta é uma história permeada de assombro, milagre e poesia.

Detetives da Aviação - Christine Negroni

Nos acidentes aéreos descritos em Detetives da aviação, a autora mostra como cada aspecto do treinamento de pilotos, ou o funcionamento das companhias aéreas e até o design dos aviões, são peças fundamentais no quebra-cabeça que pode evitar um desastre. Unindo ciência da aviação, psicologia comportamental e entrevistas com engenheiros, sobreviventes, pilotos, especialistas em fatores humanos e outros, o livro mostra como as investigações são processos complexos, suscetíveis a manipulações e falhas pelos mais diversos motivos - políticos, econômicos e até mesmo pessoais. Um livro fascinante, de linguagem simples e clara, que pode não curar o medo de voar, mas certamente transformará os leitores em passageiros mais bem-informados.

Prisioneiras - Drauzio Varella

O trabalho de Drauzio Varella como médico voluntário em penitenciárias começou em 1989, na extinta Casa de Detenção de São Paulo, o Carandiru. Os anos de clínica e as histórias dos presos, dos funcionários e da própria cadeia seriam retratados nos aclamados livros Estação Carandiru (1999) e Carcereiros (2012). Em 2017, Drauzio encerra sua trilogia literária sobre o sistema carcerário brasileiro com Prisioneiras. Alçando as mulheres encarceradas a protagonistas, o médico rememora os últimos onze anos de atendimento na Penitenciária Feminina da Capital, que abriga mais de duas mil detentas. São histórias de mulheres que não raro entram para o crime por conta de seus parceiros - inclusive tentando levar drogas aos companheiros nas penitenciárias masculinas em dias de visita -, mas que são esquecidas quando estão atrás das grades. As famílias conseguem tolerar um encarcerado, mas não uma mãe, irmã, filha ou esposa na cadeia. No ambiente carcerário feminino, há elementos comuns às penitenciárias masculinas. Assim como no Carandiru, um código de leis não escrito rege as prisioneiras; o Primeiro Comando da Capital (PCC) está presente e mostra sua força através das mulheres que integram a facção; e a relação entre aquelas que habitam as cadeias não é menos complexa. As casas de detenção femininas, no entanto, guardam suas particularidades - diferenças às quais o médico paulistano dedica atenção especial em sua narrativa. Desde a dinâmica dos atendimentos e a escassez de visitas até os relacionamentos entre as presas, fica nítido que a realidade das prisões escapa ao imaginário de quem vive fora delas. Prisioneiras é um relato franco, sem julgamentos morais, que não perde o senso crítico em relação às mazelas da sociedade brasileira. Nesse encerramento de ciclo, Drauzio Varella reafirma seu talento de escritor do cotidiano, retratando sua experiência e a vida dessas mulheres com a mesma disposição, coragem e sensibilidade que empreendeu ao iniciar seu trabalho nas prisões há quase três décadas.

A História Secreta de Twin Peaks - Mark Frost

Lançada em 1990, a cultuada série Twin Peaks, de David Lynch e Mark Frost, tem milhares de fãs pelo mundo. Após o anúncio da terceira temporada, retomada 25 anos depois do assassinato de Laura Palmer, Mark Frost lança A história secreta de Twin Peaks, livro imperdível para fãs e curiosos. A obra, escrita numa narrativa inventiva e nada convencional, apresenta um dossiê compilado por um Arquivista desconhecido e enviado pelo FBI para a agente TP, com o intuito de descobrir a identidade por trás da montagem dessa documentação. Com recortes de jornal, trechos de diários, informações secretas e arquivos do FBI, o livro conta com informações valiosas para que o leitor possa ir fundo e saber mais do que ninguém sobre episódios e personagens da série. E, quem sabe, desvendar tudo o que está por trás dos misteriosos acontecimentos nessa icônica cidade do noroeste americano.

As Primeiras Vítimas de Hitler - Timothy W. Ryback

Combinando uma extensa pesquisa historiográfica a uma narrativa em ritmo de thriller, Timothy W. Ryback conta em As primeiras vítimas de Hitler a impressionante história de Josef Hartinger, um jovem promotor alemão que lutou para esclarecer a controversa morte de quatro jovens judeus inocentes no campo de concentração de Dachau, a poucos quilômetros de Munique, em abril de 1933. O caso, que teria sido uma reação dos guardas a uma suposta fuga, já indicava os primeiros sinais do projeto brutal de extermínio que marcaria o regime de Adolf Hitler e que encontraria em Hartinger um dos primeiros opositores a arriscar a própria vida e a carreira em busca de justiça.

Neve na Manhã de São Paulo - José Roberto Walker

Uma das histórias mais encantadoras - e menos contadas - do modernismo paulista é a da garçonnière mantida por Oswald de Andrade entre 1917 e 1919 no centro de São Paulo. Por ali passaram figuras que anos depois transformariam a cena literária e artística brasileira, tais como, Guilherme de Almeida, Monteiro Lobato, Menotti del Picchia, e o desenhista Ferrignac. Eles mantiveram um diário coletivo batizado de "O perfeito cozinheiro das almas deste mundo", no qual esse cotidiano boêmio era registrado em pormenores. No pequeno apartamento da Libero Badaró, jovens amigos se reuniam para discutir literatura, política, ouvir música, fazer saraus e, claro, namorar. Foi nesses dias que Oswald encontrou uma estudante de dezessete anos com quem se envolveu de imediato. Diferente em tudo das moças que aqueles rapazes conheciam, Daisy, ou Miss Cyclone, logo se integrou ao grupo como se fosse um deles. Esse amor, no entanto, desafiou Oswald de várias maneiras. A presença marcante de Daisy e o romance trágico ficaram claramente documentados no diário. Cabe a Pedro, amigo de infância de Oswald, e o único do grupo que não alcançou a fama nem se tornou escritor, o papel de narrador do drama do qual foi um dos personagens. A partir de sólida pesquisa documental, José Roberto Walker recria de maneira notável a atmosfera vibrante da cidade de São Paulo no início do século XX. Neve na manhã de São Paulo joga uma nova luz sobre personagens-chave desse período e mostra com brilho como o modernismo paulista - que surgiria com a Semana de 22 - já estava a mil.

Nada Como Ter Amigos Influentes - Donna Leon

Quando o commissario Guido Brunetti recebe a visita de um jovem burocrata designado para investigar uma irregularidade na construção de seu apartamento, realizada anos atrás, sua primeira reação é pensar em quem ele conhece no departamento do governo local a fim de contornar a situação. Quando, porém, o funcionário é encontrado morto, fica claro que há algo a mais em jogo do que apenas o destino do apartamento de Guido. As investigações de Brunetti o levam a aspectos pouco familiares da vida veneziana, envolvendo o abuso do consumo de drogas e a agiotagem, ao passo que a morte de dois jovens viciados e a prisão de um homem suspeito de traficar drogas revelam, mais uma vez, o quanto é importante contar, nesta cidade, com a ajuda de amigos influentes.

A Traidora do Trono - Alwyn Hamilton

15 de maio de 2017

Título: A Traidora do Trono - A Rebelde do Deserto #2
Autora: Alwyn Hamilton
Editora: Seguinte
Gênero: YA/Aventura/Romance
Ano: 2017
Páginas: 440
Nota:★★★★★
Onde Comprar: Saraiva | Submarino | Americanas
Sinopse: Amani Al’Hiza mal pôde acreditar quando finalmente conseguiu fugir de sua cidade natal, montada num cavalo mágico junto com Jin, um forasteiro misterioso. Depois de pouco tempo, porém, sua maior preocupação deixou de ser a própria liberdade- a garota descobriu ter muito mais poder do que imaginava e acabou se juntando à rebelião, que quer livrar o país inteiro do domínio do sultão. Em meio às perigosas batalhas ao lado dos rebeldes, Amani é traída quando menos espera e se vê prisioneira no palácio. Enquanto pensa em um jeito de escapar, ela começa a espionar o sultão. Mas quanto mais tempo passa ali, mais Amani questiona se o governante de fato é o vilão que todos acreditam. 

Resenha: Para Alwyn Hamilton, a ideia de escrever A Rebelde do Deserto surgiu após ela ter lido um artigo que dizia que personagens femininas não deviam ser lançadas como heroínas em livros ou filmes, já que elas não têm força suficiente para isso. Para contrariar essa ideia, a britânica decidiu escrever o primeiro volume de uma trilogia que tem como protagonista Amani, uma jovem que de fraca não tem nada.

Com um pano de fundo que lembra As Mil e Uma Noites, com sultões, haréns e um deserto cheio de guerras e romances, A Traidoria do Trono é, sem dúvidas nenhuma, uma continuação louvável para uma trama que começou muito bem. Em A Rebelde do Deserto, Amani caiu numa causa que não sabia, de modo inesperado, e se descobriu engajada a ajudar Jin e seus amigos na empreitada contra o sultão e o sultin. Agora, numa sequência cheia de acontecimentos eletrizantes, do primeiro ao último capítulo, a Bandida de Olhos Azuis e seus amigos se enroscam, literalmente, numa teia intrincada de muitos problemas.

É graças a esta teia de problemas que a continuação da aventura de Amani se mostra tão excelente. É uma história que veio para reafirmar o talento da autora. Para muitas histórias, continuações são sempre um risco, e a apreensão dos leitores sobre qual rumo a vida de seus personagens favoritos irá seguir é grande. Em A Traidora do Trono, esse sentimento de dúvida não há de existir. Desde o primeiro capítulo o leitor é tragado para uma sequência de acontecimentos muito empolgantes em que a demdji mostra toda sua força e astúcia. O pontapé da história já evidencia que o conteúdo que virá em seguida não irá decepcionar.

Amani é uma garota, que apesar de ser jovem, é muito destemida e forte. A representatividade feminina que ela tem é muito palpável. No primeiro livro encontramos uma menina-mulher, independente e que deseja uma vida mais digna. Nesta sequência, uma série de acontecimentos a leva diretamente para o harém do sultão no palácio, onde a maior parte da história se passa. Narrando os fatos em primeira pessoa, Alwyn conseguiu explorar um lado mais frágil de Amani, já que em decorrência de um fato, ela se vê presa no palácio dependente da ajuda da rebelião para escapar. Em meio a tantas mulheres, que em sua maioria estão competindo para sobreviver, ela usa suas artimanhas e inteligência para escapar de situações difíceis e isso é muito agradável na protagonista.

Os outros personagens são, em suma, enigmas positivos. A trama do livro é uma teia, cheia de reviravoltas e ganchos que tornam a leitura acelerada e empolgante. Tanto para Amani quanto para quem lê, as garotas do harém e até mesmo o próprios sultão são intrigantes e a questão é: em quem ela pode realmente confiar? O sultão ganhou mais espaço e sua personalidade se mostrou diferente do que os componentes da rebelião pintam. É ótimo ver como a relação dele e da rebelde se desenvolve. Este é, com certeza, um ponto que traz muita tensão à trama.

Outra relação que se desenvolve de maneira satisfatória é a de Amani com Jin. O romance é tenro e aparece na medida certa. O foco da história é a rebelião e tudo que a envolve, a magia envolta na vida da demdji e a luta pelo país. No entanto, quando o casal protagoniza algumas cenas juntos, isso acontece de modo doce e ao mesmo tempo tenso. Não se esquecendo também dos amigos da rebelde, o enredo traz vários momentos de muita cumplicidade. O final, que é de deixar qualquer um com o coração na mão, exemplifica o que é comprometimento com uma causa.

A Traidora do Trono é um salto positivamente grande em relação ao seu antecessor. A história traz uma protagonista mais perspicaz e coadjuvantes que complementam o enredo muito bem. De um modo satisfatório, a sequência de A Rebelde do Deserto consegue elevar o nível da trilogia e a expectativa para um bom desfecho é grande. Esse livro é um verdadeiro mergulho nas areias do deserto de Miraji. Se você é fã de fantasia, Amani, Jin, Shazad e os outros podem te tragar para aventura deles até que não reste mais nenhuma palavra para ser lida.

Seduzida por um Guerreiro Escocês - Maya Banks

13 de maio de 2017

Título: Seduzida por um Guerreiro Escocês - Montgomery e Armstrong #1
Autora: Maya Banks
Editora: Universo dos Livros
Gênero: Romance histórico
Ano: 2016
Páginas: 338
Nota:★★★★★
Sinopse: Eveline Armstrong é imensamente amada e protegida por seu clã, mas as pessoas a consideram diferente, pois apesar de ser linda e encantadora, a moça sofreu um acidente que lhe causou sequelas não só psicológicas, mas também físicas, visto que ela ficou surda. Satisfeita com sua vida reclusa, ela aprendeu a ler lábios e permitiu que o mundo a enxergasse como uma tola. Contudo, quando um casamento arranjado a torna esposa de Graeme Montgomery, integrante de um clã rival, Eveline aceita seu destino - despreparada para os deleites que viriam. Enredado pelos mistérios de Eveline, cujos lábios silenciosos são cheios de tentação, Graeme vê seu casamento ameaçado devido às rivalidades entre clãs e agora deverá enfrentar inúmeras adversidades para salvar a mulher que lhe despertou tanto amor.

Resenha: Seduzida por Um Guerreiro Escocês é o primeiro volume da série Montgomery e Armstrong escrita pela autora americana Maya Banks.

Nas terras altas da Escócia, os Montgomery e os Armstrong, os dois clãs mais poderosos e aliados ao rei Alexandre II, se odiavam há gerações e estavam em guerra entre si. Temendo perder guerreiros tão poderosos, o rei, na intenção de forçar a paz entre os clãs e não ter baixas, decretou que Graeme Montgomery, o líder dos Montgomery, deveria se casar com Eveline Armstrong, única filha de Tavis Armstrong, o líder do clã Armstrong.
O decreto não foi bem recebido por nenhum dos clãs, mas ninguém pode recusar as ordens do rei.
Eveline é uma jovem encantadora que sempre foi muito querida e protegida pelo seu povo, principamente após ter sofrido um acidente a cavalo que a deixou surda. Sua condição a deixou reclusa e muitas pessoas de fora a enxergavam como louca e, para Graeme, se casar com ela era algo revoltante. Para Tavis, a ordem do rei era um ultraje, uma traição, pois ele sabia da condição de Eveline e ainda assim não teve consideração ao entregá-la para um clã que não teria respeito algum pela moça. Embora relutantes, os dois clãs não tinham escolha e a única coisa que restou aos noivos foi abraçar aquele destino inevitável. O que eles não esperavam era se envolverem de forma tão profunda...

Narrado em terceira pessoa, a história é muito bem escrita e se desenvolve de forma fluida e envolvente. A ambientação, assim como as descrições dos locais que servem como pano de fundo da história, é encantadora e colabora ainda mais para a imaginação das leitoras que são fãs de romances de época.
Graeme e Eveline são adoráveis em todos os sentidos. Ele é bonito, forte, corajoso, inteligente e por mais que aparente ser rude, é muito amoroso e preocupado com quem ama. Ela é linda e delicada, mas consegue mostrar sua força e sua determinação em suas tentativas de ser aceita num clã rival que a menospreza. Inicialmente, mesmo que eles não se conheçam e a rejeição seja algo recíproco devido a indignação com a atitude do rei, é inegável que alguma coisa os atrái, e com o casamento eles começam a descobrir que a primeira impressão nem sempre é a que fica e que é possível, sim, se darem a oportunidade de recomeçarem suas vidas. O primeiro sentimento de Graeme por Eveline foi algo mais voltado a pena e ele se sentia muito culpado por estar atraído por ela, principalmente por pensar que poderia haver problemas ao consumar o casamento já que ela não é capaz de ouvir, mas, a medida que a relação progride, vemos transparecer um romance cheio de amor, com ternura e respeito, mas ainda assim com uma intimidade feroz o bastante para nos tirar o fôlego, o que, claro, não poderia faltar já que cenas eróticas e intensas fazem parte do estilo da autora.

A forma como a autora aborda a comunicação delicada entre o casal, principalmente por Graeme ser o único capaz de tocar Eveline ao fazê-la sentir os timbres de sua voz grave e poderosa, mas melhor do que isso é acompanhar um romance que desabrochou de forma inimaginável, pois no coração deles havia muito rancor por estarem numa situação que ninguém desejava, o que prova que o amor é capaz de superar tudo, passando por cima de preconceitos e se tornando cada vez mais forte quando a relação é construída dia após dia, de forma gradual e verdadeira.
A história ainda vai além do romance e dos elementos de época quando explora as tradições dos clãs e suas culturas que envolvem a família e a importância delas para seus membros.

Leitura obrigatória para quem aprecia romances históricos com personagens corajosos, destemidos e que juntos vivem um amor verdadeiro e cheio de paixão. Seduzida por um Guerreiro Escocês não é só uma história de amor, mas também de respeito, superação e recomeços.

Um Amor para Lady Johanna - Julie Garwood

10 de maio de 2017

Título: Um Amor para Lady Johanna
Autora: Julie Garwood
Editora: Universo dos Livros
Gênero: Romance de época
Ano: 2016
Páginas: 400
Nota:★★★★☆
Sinopse: Uma jovem viúva. Um guerreiro escocês fascinante. Duas vidas transformadas pelo amor e por uma paixão avassaladora. Quando Lady Johanna soube que estava viúva, ela prometeu que jamais se casaria novamente. Com apenas dezesseis anos, ela já possuía uma força de vontade que impressionava a todos que enxergavam além de sua beleza avassaladora. Contudo, quando o Rei John ordenou que ela se casasse outra vez – e selecionou um noivo para ela – pareceu que a moça deveria se conformar com esse destino. Seu irmão, no entanto, sugere ao Rei um novo pretendente:o belo guerreiro escocês Gabriel MacBain. No início, Johanna estava tímida, mas, conforme Gabriel revelou com ternura os prazeres magníficos a serem compartilhados, ela começou a suspeitar que estava se apaixonando por seu novo e rude marido. Logo ficou claro para todo o clã das Terras Altas, portanto, que o ríspido e galante lorde rendera completamente seu coração. Porém, a iminência de uma intriga da realeza ameaça separar o casal e destruir o homem que ensinou a Johanna o significado do verdadeiro amor, que a transportou além de seus sonhos mais selvagens.

Resenha: Johanna tinha treze anos quando foi obrigada a se casar com o Barão Raulf, um homem violento, arrogante, grotesco e que não hesitava em fazê-la se sentir inferior. Ele a tratava com violência, tanto física quanto psicológica, controlava seus passos, a punia de forma cruel e ainda usava o nome de Deus para inferiorizá-la e fazer da vida de Johanna um verdadeiro inferno, mas, alguns anos depois, e para alívio da garota, aos dezesseis anos ela se tornou viúva. Porém, quando Johanna acreditou que ficaria livre daquele tormento, para seu desgosto e tristeza, o rei da Inglaterra ordenou que ela se casasse novamente. Como Johanna era casada com um barão em quem o rei conversava e confiava, ele não poderia correr o risco dela se casar com qualquer um que poderia vir a saber sobre suas questões políticas, então seu próximo marido deveria ser alguém, de preferência da Corte, que ele confiasse tanto quanto o barão.
Acreditando que todos os homens são iguais e que ela iria se casar com outro tão nojento quanto seu falecido marido, a jovem não sabia o que fazer até seu irmão, o Barão Nicholas Sanders, ter a ideia de casá-la com lorde Gabriel MacBain, um guerreiro escocês líder dos clãs MacBain e Maclaurin. Inicialmente, MacBain não aceita a ideia de se casar com uma inglesa de bom grado, mas, visando alguns de seus interesses, ele concorda com o casamento. Lady Johanna se apavora ao saber que se casaria com alguém que poderia ser ainda pior do que Raulf, afinal, todos ouviam histórias sobre como os escoceses são bárbaros e hostis. Mas MacBain, embora seja um homem bastante rude, nunca faria nada de mal para uma mulher. Ele é um homem íntegro e honrado, e irá oferecer uma vida de aprendizado e descobertas pessoais e íntimas à sua esposa, e Johanna, que pensou que passaria por maus bocados, passou a apreciar - e muito - esse casamento e as novas experiências que vivenciava.
Mas intrigas da realeza e alguns conflitos passaram a ser uma ameaça para seu marido e seu casamento, e a ideia de se separar de alguém que a ensinou o que é o amor verdadeiro fará com que Johanna mostre o quanto é corajosa e decidida para enfrentar coisas que ela jamais imaginou.

Narrado em terceira pessoa, acompanhamos um romance histórico apaixonante que traz todos os elementos necessários para tornar a leitura fluída e muito cativante. Os personagens são muito bem construídos, o casal principal tem muita química, as intrigas fazem com que haja tensão e drama, além de cenas com toques de bom humor para aliviar a seriedade do enredo que tornam a leitura bastante envolvente e divertida.

Johanna é aquele tipo de heroína que é apresentada como alguém frágil, injustiçada e sua história inclusive é bastante revoltante, afinal, ela ainda era uma criança quando foi obrigada a se casar. A história se passa na Inglaterra e na Escócia do século XIII e era comum que as mulheres se casassem muito novas e sofressem vários tipos de abuso devido ao machismo da época além de serem levadas a acreditar que não valiam nada frente aos homens. Mas a medida que a trama progride e a protagonista começa a vivenciar experiências que até então ela desconhecia, Johanna começa a mostrar o quanto é inteligente, espirituosa e não tem nada de frágil ou submissa.
McBain é aquele guerreiro lindo e maravilhoso que usa sua forma rude de ser como fachada para esconder um homem respeitoso e que se preocupa muito com a esposa, tanto em mantê-la segura quanto em satisfazê-la de todas as formas possíveis.
Os demais personagens são bastante realistas, suas descrições correspondem com o estilo e a cultura da época e todos são importantes para o desenrolar da história.

Alguns conflitos que surgiram não foram desenvolvidos muito bem e outros parecem terem sido descartados sem muita preocupação em mostrar uma resolução, e o desfecho da história, mesmo que seja lindo, deixa que o leitor imagine o que poderia acontecer. Então penso que essas pontas soltas talvez sejam uma caracerística na escrita da autora.

O projeto gráfico é um arraso. A capa é linda, delicada e remete bem a um romance de época. As páginas são amarelas, a fonte tem um tamanho agradável e não percebi erros na revisão.

Em suma, pra quem gosta de romances históricos que retrata com bastante fidelidade a vida no século XIII e traz uma história doce e emocionante, o livro é mais do que indicado.

Adeus, Tóquio! - Cecilia Vinesse

9 de maio de 2017

Título: Adeus, Tóquio!
Autora: Cecilia Vinesse
Editora: Globo Alt
Gênero: Romance/Juvenil
Ano: 2017
Páginas: 264
Nota:★★★★☆
Sinopse: Sophia tem apenas uma semana em Tóquio antes de voltar a morar nos Estados Unidos. Sete dias para dizer adeus à cidade que a acolheu e que lhe deu seus únicos amigos: Mika, uma menina completamente louca e inquieta, e David, por quem ela mantém uma semi secreta atração.
Para tornar a situação ainda mais difícil, Jamie Foster-Collins, um garoto com quem Sophia teve um grande mal entendido no passado, está de volta ao Japão, atrapalhando todos os seus planos para os últimos dias antes da despedida.
Entre caraoquês, comidas exóticas e cabelos coloridos, Sophia inicia a contagem regressiva do tempo que ainda resta para resolver todas as questões emocionais que a mantém ligada a essa cidade viva, elétrica e tão apaixonante.

Resenha: Sophia Wachowski é uma garota de dezessete anos que está de mudança. Ela mora em Tóquio há alguns anos e foi lá que, pela primeira vez, fez dois amigos inseparáveis, David e Mika. Sophia nutre uma paixão secreta por David, mas sabe que ele só quer saber mesmo de curtição. Depois de, finalmente, ter se acostumado com a vida lá, vai ter que voltar com a mãe e a irmã para Nova Jersey, nos Estados Unidos. A mudança será daqui a sete dias, e com esse pequeno prazo em mente, ela percebe que deve aproveitar ao máximo cada momento que Tóquio poderia lhe oferecer.
De outro lado, Jamie Foster-Collins, que também costumava ser parte do grupinho de amigos, está de volta a cidade após ter sido mandado para um colégio interno em outro país e, sabendo disso, Sophia não só decide sair com os amigos e turistar pela cidade para curtir seus últimos dias, mas também resolver algumas pendências, tanto com relação a mágoa deixada por Jamie antes dele ter ido embora, quanto ao seus sentimentos que se tornaram um turbilhão após o retorno inesperado do ex-amigo...
E nessa contagem regressiva, Sophia poderá descobrir que o que dá sentido a vida talvez seja exatamente aquilo que tentamos evitar.

Narrado em primeira pessoa, a história é bem simples, leve e divertida, levantando questões e dramas típicos da adolescência em meio a uma escrita descomplicada e bastante fluída.
Os personagens foram bem construídos de acordo com seus propósitos e representam com bastante fidelidade as questões e os conflitos dos adolescentes que estão nessa transição pra fase adulta, logo é comum serem irritantes, imaturos, se acharem donos da razão mesmo quando estão errados e afins, e o caso de Sophia é delicado, principalmente por ela ter que lidar com a ideia de dar adeus a tudo o que ela é tão apegada pra partir rumo ao desconhecido.
Aqui vemos de tudo, desde personagens imbecis que se aproveitam do que tem para tirar vantagem dos outros, até aquelas que sabem o real significado da palavra sororidade, mas pra mim o melhor foi o desenvolvimento do relacionamento entre Sophia e sua irmã, Alison. Através de suas interações e a forma como lidam com as próprias crises, acompanhamos seus dilemas sobre o significado de lar e de como é importante ter o apoio da família para superar os problemas ao se depararem com alguma situação difícil e que tráz ansiedade.

Talvez a autora tenha se inspirado na própria experiência ao ter criado essa história (vide orelha do livro), retratando uma garota que, embora tenha nascido no japão, não se considera japonesa por seu pai ser francês e sua mãe polonesa, mas se considera americana por ter sido criada lá desde bebê até se mudar outra vez, falando inglês e tudo mais, o que já indica um conflito acerca da origem da protagonista. Somando isso a questão de se ter poucos amigos, estar sempre viajando a ponto de não ter sido capaz de identificar o que ela poderia chamar de lar, e ainda precisar abrir mão do que faz parte de sua rotina, faz com que Sophia seja obrigada a sair de sua zona de conforto, criando um arco que traz uma abordagem bem relevante sobre aceitação e desapego, mas também trabalhando temas como despedidas, desentendimentos, reencontros e perdão.

Então, apesar de Sophia ter seus defeitos, o que a torna uma personagem bem próxima da nossa realidade, eu senti uma empatia pela garota. Ela tem seus momentos de ingenuidade, egoísmo, receio, determinação e outros tão diferentes entre si, mostrando sua forma de lidar com as mudanças que vieram e são inevitáveis, e pelo tempo ser curto, o tempo acaba sendo um momento que ela tem pra refletir e aprender muto de si mesma.

O que mais me surpreendeu no livro foi o fato de ele ser relativamente curto, se passar em apenas sete dias e ainda ter uma enorme quantidade de acontecimentos que são responsáveis por mudar totalmente a vida de Sophia.
A única coisa que não entendi muito bem foi a ambientação da história, pois há casos em outros livros que o cenário funciona como um personagem propriamente dito, fazendo da leitura uma grande viagem, mas isso não acontece aqui. Ter Tóquio como pano de fundo e me deparar com menções de alguns locais famosos sem que haja um aprofundamento em detalhes ou na cultura do Japão, fez com que o lugar não tenha a devida importância para o desenvolvimento do enredo, e digo isso no sentido de que a mesma história poderia se passar em qualquer outro lugar sem comprometer os acontecimentos. Outra coisa é que os personagens são todos americanizados, sem que haja nenhuma representação sequer de alguém que seja japonês, o que reforça ainda mais a falta de importância da cidade.

Enfim, pra quem procura por uma leitura descomplicada que tráz uma mensagem fofa sobre se encontrar, é super indicado.

Terceira Voz - Cilla e Rolf Börjlind

8 de maio de 2017

Título: Terceira Voz - Olivia Rönning & Tom Stilton #2
Autores: Cilla e Rolf Börjlind
Editora: Rocco
Gênero: Thriller/Suspense/Policial
Ano: 2017
Páginas: 464
Nota:★★★★☆
Sinopse: Um funcionário da alfândega em Estocolmo é encontrado enforcado na sala de sua casa; uma ex-artista de circo cega, que fazia filmes pornô para sobreviver, é brutalmente assassinada em Marselha, na França. Duas mortes aparentemente desconexas unem os ex-policiais Olivia Rönning e Tom Stilton novamente em Terceira voz, segundo romance da dupla sueca Cilla e Rolf Björlind. Depois de Maré viva, em que apresentam os dois protagonistas numa trama repleta de violência e mistério, o casal de escritores e roteiristas põe os carismáticos Tom e Olivia novamente no centro de uma investigação de desdobramentos surpreendentes que faz jus ao sucesso e popularidade alcançados pela dupla no prestigiado segmento da literatura policial escandinava.

Resenha: Terceira Voz é o segundo volume da série Olivia Rönning & Tom Stilton e tráz de volta os protagonistas de Maré Viva para mais uma investigação cujo desenrolar é de tirar o fôlego.
Embora os casos sejam independentes, é recomendado que a leitura seja feita na ordem de lançamento pois a história não só envolve alguns acontecimentos e flashbacks do livro anterior, mas também faz uma conexão com os eventos dos capítulos finais e mostra como o caso que foi resolvido marcou os personagens.

Desta vez, duas mortes em locais distintos, e aparentemente sem ligação alguma, unem mais uma vez Olivia, que mudou o nome para Rivera, e Tom. Durante as investigações que estão sendo feitas em Estocolmo e Marselha, outros crimes envolvendo tráfico de drogas, sexo e abuso de poder começam a surgir e aos poucos, a ligação entre eles começa a aparecer.

Assim como no livro anterior, revelar muito do enredo seria dar spoilers para estragar a surpresa de quem ainda vai se aventurar por essas páginas, logo, não vou contar muito da história, pois quanto menos se souber, melhor e mais surpreendido o leitor ficará.

Agora que já me "acostumei" com todos aqueles nomes estranhos, mesmo que alguns me pareçam impronunciáveis de forma que eu mal consigo ler, o único ponto não tão favorável em meio a trama bastante sólida, foi o fato dos protagonistas continuarem mostrando mais camadas de suas personalidades sendo que eles já haviam sido apresentados, então, pra mim, mesmo que o caso tenha mexido com eles a ponto de eles ainda carregarem alguns fardos, continuar falando deles acabou sendo uma distração para o suspense e os mistérios a serem descobertos.

Olivia/Rivera, apesar de, às vezes, se comportar como uma adolescente, continua seguindo sua vida, e embarcar em mais uma investigação, mesmo após sua decisão depois de ter se formado como policial, a leva a fazer algumas escolhas no meio do caminho, algumas delas bastante improváveis inclusive, e assim como Tom, que continua lidando com suas lembranças, e muitas delas muito ruins, eles seguem lutando contra seus demônios e tomando decisões que, a longo prazo, terão consequências irreversíveis e que poderão recair sobre os futuros casos que surgirão.

Em suma, mesmo que a história comece num ritmo um pouco mais lento e introdutório, é bastante dinâmica quando os acontecimentos começam a se desenrolar. Há muita tensão, descrições sobre vários lugares diferentes fazendo do livro uma enorme viagem, e os personagens são muito humanos e convincentes, principalmente quando o passado de cada um deles vem à tona revelando ainda mais de suas experiências e histórias de vida. Os casos são resolvidos de forma conclusiva, mas fica no ar a ideia de que alguma coisa relacionada ao tal crime ainda poderá acontecer futuramente.
Assim como no primeiro livro, os autores fazem algumas críticas sociais delicadas mas importantes e dignas de reflexão.

Não acho que Terceira Voz tenha superado o primeiro livro. Por mais que a história seja complexa e intrigante, não senti que tenha sido tão sofisticada e convincente quanto a primeira, mas é prato cheio para os leitores que gostam de histórias contadas sobre várias perspectivas e que trazem crimes horríveis e um grandes mistérios a serem desvendados.