Título: WiFi Ralph: Quebrando a Internet (
Ralph Breaks the Internet)
Produção: Disney
Elenco: Sarah Silverman, John C. Reilly, Gal Gadot, Taraji P. Henson, Jack McBrayer, Jane Lynch
Gênero: Animação/Fantasia/Aventura
Ano: 2018
Duração: 1h 56min
Classificação: Livre
Nota:
★★★☆☆
Sinopse: Ralph, o mais famoso vilão dos videogames, e Vanellope, sua companheira atrapalhada, iniciam mais uma arriscada aventura. Após a gloriosa vitória no Fliperama Litwak, a dupla viaja para a world wide web, no universo expansivo e desconhecido da internet. Dessa vez, a missão é achar uma peça reserva para salvar o videogame Corrida Doce, de Vanellope. Para isso, eles contam com a ajuda dos "cidadãos da Internet" e de Yess, a alma por trás do "Buzzztube", um famoso website que dita tendências.
Seis anos depois do lançamento de
Detona Ralph, a dupla imbatível, Ralph e Vanellope, está junta de novo para mais uma aventura que promete. Só não sei se cumpriu de forma muito satisfatória...
Cansada da mesmice e da falta de novos desafios no Corrida Doce, Vanellope von Schweetz não está muito feliz em seu jogo e seu descontentamento fica bem evidente para Ralph. E ele, como bom e - literalmente - grande amigo, não hesita em fazer qualquer coisa para deixa-la feliz.
Quando Ralph tem a ideia de construir uma nova pista de corrida para a amiga explorar, Vanellope, empolgada com o caminho desconhecido, segue por ela com seu carrinho de corrida, mas vai contra os comandos da jogadora do game. Quando a garota tenta forçar e retomar o controle do jogo, Vanellope não cede, insiste no caminho alternativo, e o volante da máquina é quebrado por acidente, o que impossibilita sua jogabilidade. Como a peça da máquina é antiga e rara, ela só pode ser encontrada na internet, mais especificamente no eBay, mas seu preço nada atrativo faz com que o Sr. Litwak, o dono do fliperama, considere a ideia de aposentar a máquina. Agora, o Corrida Doce corre o risco de ser desligado e seus jogadores "despejados", e para salva-lo, Ralph e Vanellope vão embarcar numa aventura dentro da rede para conseguirem a peça. E, como nada é de graça, eles vão passar por poucas e boas para conseguirem arranjar uma pequena fortuna para pagarem por ela, depois de darem um lance absurdo no eBay.
As referência à internet, assim como o que ela oferece de legal e o que tem de nocivo são abordadas com superficialidade, e a impressão é que as inúmeras referências e os famosos
easter eggs estão ali com intuito de camuflar o roteiro fraco, pois, quando aparecem, conseguem arrancar mais satisfação do que as demais cenas, o que pra mim foi uma pena, pois Detona Ralph, seu antecessor, foi uma animação maravilhosa que entrou na minha lista de desenhos favoritos, e não só me divertiu horrores, mas, também, me deu aquela sensação imensa de nostalgia por causa dos games antigos e clássicos que fizeram parte da minha infância e adolescência.
O universo online é um mundo a parte, repleto de luzes, tecnologia e prédios que representam os aplicativos, as redes sociais e vários sites famosos como o
Google, o
Twitter, o
Facebook,
Youtube,
eBay,
Amazon,
Snapchat e muito mais. Há também a ideia de que boa parte da internet é movida somente a vídeos de gatíneos fofos, tutoriais de maquiagem ou outra bobagem qualquer. As referências aos
spams são bem boladas e tem um papel importante para o desenrolar da trama.
Boa parte da história acontece no
BuzzzTube, uma plataforma de videos comandada pela personagem Yesss, que funciona como o Youtube. Lá as pessoas ganham dinheiro e fama se um vídeo postado se tornar viral, e é isso que a dupla vai usar para tentar levantar a grana que precisam para comprar a bendita peça para consertar a máquina, depois da tentativa de ganhar dinheiro fácil na internet falhar.
Achei que esse elemento seria mais bem trabalhado, principalmente com relação ao desespero por
likes e seguidores que as pessoas tem, ou como são afetadas pelos comentários maldosos dos
haters, mas foi outro ponto super vazio, até mesmo por que Ralph já está acostumado com a rejeição há anos e anos. Um ponto bem bacana é sobre os anúncios
irritantes na plataforma, pois em busca de mais visitas e likes/coraçõezinhos para os videos malucos de Ralph, Vanellope acaba indo parar no
Oh My Disney, onde vemos as famosas cenas divulgadas em que ela encontra todas as princesas clássicas da Disney.
Ainda podemos contar com uma piadinha sobre a princesa Merida, que embora faça parte do time das princesas da Disney, não fala o mesmo idioma das demais e ninguém entende o que ela fala. A justificativa? Valente é uma animação da Pixar, e as animações das demais princesas, não. Mas ela marca presença lindamente com sua cabeleira ruiva, desgrenhada e maravilhosa. Merida = ♥. A participação delas é pequena, mas valeu a pena acompanhar.
O longa começa de uma forma e sugere um determinado caminho, mas da metade pra lá as coisas mudam totalmente de cenário, e é como se um desenho novo estivesse sendo oferecido ao espectador. A viagem para se conseguir a peça acaba ficando de lado e a aventura se transforma numa jornada de autoconhecimento, em que a vontade de Vanellope, de seguir o sonho de poder ter a chance de enfrentar desafios novos e reais, é constantemente boicotada por Ralph, que não quer perder a amiga de jeito nenhum e acha que mantê-la sempre por perto é o certo a se fazer. Ele tem um bom coração mas é um completo troglodita, e por isso não tem a menor consciência do mal que está fazendo à amiga quando tenta prendê-la. Isso acaba mostrando um pouco do que é uma amizade tóxica, mas foi abordado de uma forma tão rasa que passa longe de ser o auge da animação.
Os personagens carismáticos que apareceram no primeiro filme, como Felix Jr. e a Sargento Calhoun tem participações tão curtas que a presença deles não faz a menor diferença, e os novos personagens que foram inseridos, com exceção de Shank (dublada por Gal Gadot), são totalmente esquecíveis. Shank é um excelente modelo de personagem feminina e que consegue trazer novas camadas a franquia, tendo seu devido espaço se impondo como personalidade forte e única, e sem roubar a cena dos protagonistas. Ela também vem de um game de corrida, porém bem mais perigoso do que o Corrida Doce, e logo fica evidente sua afinidade com Vanellope.
No mais,
WiFi Ralph não é uma total perda de tempo. O visual é super colorido e de encher os olhos e tem, sim, várias cenas divertidas e mensagens bacanas a serem passadas sobre seguir os sonhos, deixar quem se ama livre e tudo mais (e também tem cena pós créditos). As crianças com certeza vão amar as aventuras vividas pela dupla e o quanto são carismáticos e divertidos, mas pra mim foi a animação mais fraquinha que a Disney já lançou até hoje, e a sensação de decepção por ter esperado seis anos para algo que não superou as minhas expectativas é inegável.