Título: Gilmore Girls (
Gilmore Girls)
Temporada: 2 |
Episódios: 22
Elenco: Lauren Graham, Alexis Bledel, Melissa McCarthy, Keiko Agena, Scott Patterson, Yanic Truesdale, Kelly Bishop, Edward Herrmann, Liza Weil, Milo Ventimiglia, Jared Padalecki
Gênero: Família/Comédia/Drama
Ano: 2001
Duração: 44min
Classificação: +12
Nota:
★★★★☆
Sinopse: As adoradas Gilmore Girls estão de volta para uma segunda temporada de charme, diálogos inteligentes e engraçados e momentos dramáticos de tirar o fôlego. Nessa temporada vamos ter a companhia dos personagens que aprendemos a adorar: a linda e jovem mãe solteira Lorelai, sua filha-prodígio Rory, seus pais elitistas Emily e Richard, e toda uma cidade repleta de excentricidades. Novos moradores também chegam a Stars Hollow, incluindo Jess, sobrinho de Luke, cuja rebeldia vai causar estranheza aos moradores da cidade, mas cujo gosto literário atrairá a atenção de Rory. Corações quebram e se consertam, carreiras começam e terminam, e a vida segue nessa série adorável.
Por se tratar de uma continuação, é possível que eu solte alguns
spoilerzinhos básicos de acontecimentos anteriores,
sorry. Assim, partindo de onde terminou a primeira temporada,
Gilmore Girls continua dando sequência ao cotidiano maluco de Lorelai e Rory Gilmore, na cidadezinha de Stars Hollow.
Depois do relacionamento ficar mais sério e Lorelai ficar noiva de Max Medina, o professor de Rory, ela - e todo mundo - se ocupa com os preparativos para o "casamento do século" de Stars Hollow. Porém, com Christopher, o pai de Rory, de volta à vida das garotas, Lorelai muitas vezes se pega indecisa sobre o que ela quer pra si mesma e pra Rory, e questiona como seria se pudesse ter um família tradicional com o pai de sua filha, mesmo que Chris já esteja num outro relacionamento.
Rory e Dean estão namorando e tudo ia bem, até Jess, o sobrinho de Luke, vir morar com o tio. Jess é o típico adolescente
bad boy que, embora muito inteligente, só causa problemas por onde passa, sendo evitado ou acusado de algum vandalismo por todos. Ir morar com Luke é uma tentativa desesperada da mãe dele para Luke corrigir o filho. Mas é esse jeito transgressor de Jess, sua inteligência e seu amor por livros que chama a atenção de Rory, e ela, inevitavelmente, fica dividida entre ele e Dean. E assim, a série segue com foco no relacionamento entre mãe e filha. Enquanto Lorelai tem suas questões amorosas e lida com as exigências dos pais de um lado, Rory tem suas preocupações com seu relacionamento com Dean, sua curiosidade e atração por Jess e as obrigações e cobranças da escola de outro.
Antes de mais nada, é impossível assistir essa série e não ficar claro que no final Lorelai e Luke vão ficar juntos, aconteça o que acontecer. Não vai ser agora, mas uma hora eles vão se acertar e ponto. Levando isso em consideração, tudo que existe no roteiro que faça com que o processo seja mais longo e complicado, não passa de drama extra, seja para a sofrência da própria Lorelai, quanto de quem assiste. Um noivado com um personagem secundário, um "afastamento" de Luke por qualquer motivo, a recusa impossível dela de enxergar algo além de amizade entre eles, ou a ideia de Christopher retornar para a vida delas com intenção de ser o pai e o marido que ele nunca foi, não me convenceram, por mais bonito que pudesse soar.
Digo isso por que a ideia geral da série, ao meu ver, é mostrar o cotidiano de mãe e filha que se viraram sozinhas desde a gravidez de Lorelai, aos dezesseis anos, e a única certeza que elas têm na vida é a de poder contar uma com a outra. As demais pessoas, por mais que ajudem e se preocupem com elas, ainda são personagens secundárias que não fazem parte desse "círculo", dessa dupla imbatível. Emily e Richard, os avós de Rory, são exemplos disso, e nem os jantares semanais dos quais as duas são obrigadas a comparecer a fim de "fortalecer" os laços familiares, é o bastante para mudar a cabeça das duas, principalmente a de Lorelai. Talvez pelo fato da aproximação ser forçada é que Lor cria tanta resistência e, por mais que faça alguns esforços para quebrar as barreiras com Emily, ela continua cabeça dura e muito teimosa com as exigências da mãe, e impede que qualquer um se meta na sua vida, nas suas escolhas, e no que ela construiu com Rory. Ainda não consigo gostar tanto de Lorelai quanto eu deveria (eu deveria?) pois ela tem mania de se fingir de vítima em várias situações, é egoísta, e não é nada humilde quando se acha a própria dona da razão. Ela não assume muitos dos erros que comete, prefere jogar a responsabilidade nas costas dos outros, e não sabe lidar com as verdades que sua mãe joga em sua cara.
Para Rory, o desafio maior a ser enfrentado nessa temporada não é só conseguir dar conta das cobranças quase impossíveis da Chilton e lidar com os surtos e os xiliques de Paris, mas conciliar seus sentimentos em relação ao namorado e ao novo morador da cidade que já chegou despertando sua curiosidade, Jess.
O impacto que o relacionamento sem sal de Rory e Dean sofreu com a aparição de Jess deu uma apimentada nas coisas e, para o desespero de Lorelai, trouxe aquela ideia de que as meninas deixam os caras bonzinhos de lado e se interessam pelos que não prestam, como se Rory, que era exemplo de boa garota, começou a se "rebelar" por causa do novo
bad boy com suas jaquetas de couro e seus cigarros. Não é bem por aí que as coisas seguem, graças a Deus, até mesmo porque Jess só age mesmo como um encrenqueiro por ter dificuldades em lidar com figuras de autoridade, odiar competições, ser extremamente inteligente e ficar entediado com a falta de desafios maiores no colégio, ou com a monotonia de uma cidadezinha minúscula e cheia de gente intrometida.
Através de Jess (e de Tristan também), Dean acaba revelando ser um garoto muito mais ciumento e obcecado por Rory do que parecia, querendo provar a todo custo que ele é O namorado, é ele o único cara que a ama, e o resto deveria tomar uma surra. Porém esse comportamento acaba afastando Rory cada vez mais, pois ele acaba se mostrando extremamente machista e possessivo. Quando Rory e Tristan estavam ensaiando para uma peça da escola e Dean queria ir a todos os ensaios para garantir que tudo ficasse sob seu controle, foi péssimo. Quando ele quer que Rory desmarque seus compromissos para ficar com ele, a vontade é de desistir. Não adianta agradar Lorelai e se fazer de bom moço com pequenas atitudes ou presentes se, na hora que ele devia se garantir e mostrar que é decente, ele se comporta feito um imbecil. Dean não sabe lidar com a ideia de que existem coisas importantes ou outras pessoas na vida de Rory que não seja só ele, e isso quebrou qualquer encanto que ele demonstrou ter no começo. Um completo embuste.
Os conflitos com Paris, a rival de Rory no colégio, começaram a ser desconstruídos e demonstrar a dita amizade que iria surgir que já era previsível desde o início. Paris ainda é difícil de lidar, ela é ofensiva, competitiva, mas Rory é compreensiva e consegue enxergar um lado nela que ninguém mais conseguia, o da carência. A defesa de Paris para evitar decepções é o ataque, como se afastar as pessoas primeiro impedisse que ela vá quebrar a cara depois.
Os diálogos dessa série são super famosos por serem tão dinâmicos e rápidos, e fica até difícil acompanhar se não tiver atenção o bastante, mas embora sejam engraçados e inteligentes, fica meio óbvio o quanto a coisa toda é ensaiada e muito forçada, por sinal. É meio impossível todo mundo ter um resposta pronta e genial pra dar sem antes pensar ou digerir o que foi dito.
No mais, alguns episódios pontuais foram bastante emocionantes e merecem uma menção honrosa, como a viagem não planejada que Lor e Rory fazem para conhecer Harvard, a formatura de Lorelai ou a estadia dela com a mãe num spa. Michel (me representa) continua impagável, principalmente quando recebe a visita da mãe. Kirk é o personagem mais engraçado da série, seja por ele não ter noção nenhuma, ou por aparecer do nada em qualquer lugar trabalhando com qualquer coisa. E a própria Stars Hollow, que é uma cidadezinha super peculiar e cheia de personalidade.
Pra finalizar,
Gilmore Girls não é a série da minha vida mas melhora a cada episódio, e mesmo que tenha algumas situações dramáticas ou enroladas, sabemos que no final tudo há de se resolver, e talvez por isso seja tão gostosa de se acompanhar.