Caixa de Correio #94 - Dezembro

31 de dezembro de 2019

Última caixinha do ano, só coisa boa. Esse mês foi aquela confusão de sempre... Aniversário da Vivi no Natal, correria com preparativos, falta de dim dim, só Deus pra ter misericórdia. Mas, no final das contas, as coisas vão caminhando e se ajeitando do jeito que dá.

Bora ver o que chegou esse mês:

O Chamado de Cthulhu e outras histórias - H.P. Lovecraft

28 de dezembro de 2019

Título: O Chamado de Cthulhu e outras histórias - Biblioteca H.P. Lovecraft #1
Autor: H.P. Lovecraft
Editora: Companhia das Letras
Gênero: Horror/Contos
Ano: 2019
Páginas: 448
Nota:★★★★★
Sinopse: Nascido em 1890, Howard Phillips Lovecraft revolucionou o gênero literário do horror ao inserir em suas histórias elementos típicos da fantasia e da ficção científica. Com um estilo de escrita único, por vezes de vocabulário e ortografia conservadores, Lovecraft elevou o terror a um patamar literário poucas vezes visto. Assim como Edgar Allan Poe no século XIX, Lovecraft é visto por autores como Neil Gaiman, Joyce Carol Oates e Stephen King como um dos principais autores de terror do século XX.
Neste primeiro volume da série "Biblioteca Lovecraft", traduzida e organizada por Guilherme da Silva Braga, encontramos textos clássicos como "O chamado de Cthulhu" e "A sombra de Innsmouth", e também textos menos conhecidos como "Dagon" (espécie de breve preâmbulo aos mitos de Cthulhu).

Resenha:  Nascido em 1890 e falecido em 1937, H.P. Lovecraft é considerado um dos principais autores do gênero de terror, reunindo não só admiradores de suas obras, como também inspirando autores de renome da literatura em todo o mundo. Neste primeiro volume da série "Biblioteca Lovecraft", encontramos dez textos clássicos do autor traduzidos e organizados por Guilherme da Silva Braga: Dagon, Ar frio, O modelo de Pickman, A música de Erich Zann, O assombro das trevas, O chamado de Cthullu, O horror de Dunwich, A sombra vinda do tempo, A casa temida, e A sombra de Innsmouth.

Os contos são curtos, alguns são narrados em primeira, e outros em terceira pessoa. Alguns inclusive parecem ter uma ligação com outros devido a algumas referências, e acabam se complementando ou preparando o leitor para algo que está por vir. Utilizando de uma escrita rebuscada, mas ainda assim um tanto fluída e cheia de detalhes e descrições minuciosas, é impossível desgrudar da leitura, mesmo que alguns trechos causem um enorme desconforto devido às descrições ora bizarras, ora sugestivas, ou ora assustadoras, mas que são capazes de despertar muita admiração e curiosidade em quem lê. Eu confesso que ainda não tinha tido oportunidade de ler nada do autor até então, mas posso dizer que o livro superou minhas expectativas pois foi bem além do que esperava encontrar.

Para os fãs do mestre do horror cósmico, ou pra quem gosta de contos de terror bizarros que se misturam com fantasia, é leitura mais do que indicada. Essa edição em particular, com capa dura e excelente diagramação é obra digna de se manter na coleção, pra ser lida e relida.

Abaixo um resumo do que se trata os contos do autor:

Na Telinha - Euphoria (1ª temporada)

27 de dezembro de 2019

Título: Euphoria
Temporada: 1 | Episódios: 8
Elenco: Zendaya, Hunter Schafer, Jacob Elordi, Sydney Sweeney, Barbie Ferreira, Alexa Demie
Gênero: Drama
Ano: 2019
Duração: 58min
Classificação: +18
Nota:★★★★★
Sinopse: Rue (Zendaya) é uma adolescente de 17 anos dependente química que acaba de sair da reabilitação. A medida que ela tenta voltar à rotina, percebe que seus colegas de escola também enfrentam os próprios desafios, envolvendo sexo, drogas, traumas e mídias sociais.

Rue é uma adolescente de dezessete anos que, desde pequena, já demonstrava ter uma percepção de mundo diferente das outras crianças. Mas, com a morte precoce do seu pai, ela acaba se viciando em drogas como forma de lidar com a perda e se "anestesiar", o que é agravado com seus problemas de ansiedade e bipolaridade. Depois de um episódio crítico, Rue vai pra reabilitação, mas ela não está nada preocupada em melhorar e não hesita em trapacear em exames que comprovam sua sobriedade. Ao voltar pra casa, sua vida ainda é marcada pela chegada de Jules no bairro, uma garota trans - e linda - com um histórico de vida super traumático. As duas logo se tornam melhores amigas e Rue acaba desenvolvendo uma certa dependência de Jules, mas será que elas vão ficar juntas até o fim para superar os vários obstáculos pessoais e sociais que aparecerão pelo caminho?


Rue é quem faz a narrativa dos acontecimentos, e, por ser viciada em drogas, fica meio implícito que ela pode não ser uma voz tão confiável para narrar os fatos, principalmente quando algumas cenas são baseadas em pensamentos ou alguma viagem muito louca dela.

Basicamente a série vai mostrar a vida de um grupo de adolescentes que fazem parte do círculo de amizade de Rue e que estão prestes a deixar o ensino médio, mas que já acumularam algumas experiências pessoais, amorosas e familiares pesadas o suficiente para moldar suas personalidades e influenciar em suas escolhas na vida, assim como as consequências bem amargas de todas elas. Experiências envolvendo drogas, sexo e sexualidade, abuso, saúde mental, exposição, vingança, violência e as expectativas que os pais depositam nos filhos e que nem sempre são superadas.


Um exemplo disso é as cenas em que Rue "ensina" a limpar o organismo ou burlar o resultado de um teste antidrogas, mas logo em seguida ela também mostra como o preço a ser pago por isso, seja física ou emocionalmente, pode ser alto demais. Ou como Jules, que tem um histórico delicado de depressão e automutilação, usa sua sexualidade pra provar o que quer que seja pra si mesma e ainda assim sempre aparece como alguém pura e iluminada, principalmente quando ela se torna um tipo de "cura" para Rue, que começa a deixar as drogas de lado, mas acaba criando uma certa dependência da amiga.
Os demais personagens também tem arcos fortes e bem construídos, que vão desde abandono, preconceitos sofridos, depressão, e traumas insuperáveis que colaboram na formação (e na corrupção) do caráter do indivíduo, princialmente nessa fase da adolescência que a série aborda, o que, consequentemente, pode gerar vários gatilhos.


Cada episódio se aprofunda um pouco mais no passado de algum personagem, explicando que um possível trauma desencadeou um determinado tipo de comportamento, mostrando que, querendo ou não, somos reflexos daquilo que vivenciamos e aprendemos na infância. Assim, cada personagem vai ganhando mais camadas, e é possível entender suas motivações na maioria das vezes, mesmo que não concordemos com eles por fazerem coisas condenáveis e absurdas.
A ordem cronológica não é muito exata, há uma transição constante entre passado e presente, e não dá pra saber ao certo se algumas cenas acontecem antes ou depois de um determinado evento, mas, fazendo um apanhado geral, dá pra compreender bem o que se passa.


O trabalho de fotografia é fantástico. As cores sempre se contrastam e evidenciam traços, o azul, o rosa e o vermelho se destacam bastante e geralmente se opõe ao laranja e ao verde. A iluminação sempre favorece todo tipo de brilho, seja nos cenários ou nas maquiagens, que, diga-se de passagem, são todas incríveis, e é impossível pensar na série sem pensar no visual maravilhoso. A série é indicada para maiores de dezoito anos tanto pelos temas pesados e delicados que abordados, quanto pelas cenas de sexo e nudez, e aqui a HBO ainda quebra alguns paradigmas e estereótipos quando não mostra apenas nudez feminina, mas a masculina, com pintos de todas as cores e tamanhos. Por que é "natural" quando mulheres aparecem nuas na TV, mas quando são homens as pessoas ainda ficam loucas? A naturalidade com que a nudez é tratada aqui é impressionante, principalmente por não ser "glamourizada". Outro ponto a ser destacado é a trilha sonora impecável dessa série, que ajuda a deixar tudo ainda mais intenso e emocionante. Sério: assistam e ouçam!


Ao final, a impressão que fica é que Euphoria não é só mais uma série em meio a tantas outras, mas uma verdadeira experiência crua e realista com esse "universo" adolescente cheio de representatividade, e regado a drogas, sexualidade a flor da pele e autodescobertas. Quero a segunda temporada na minha mesa agora, HBO! Nunca te pedi nada.

O Festim dos Corvos - George R.R. Martin

24 de dezembro de 2019

Título: O Festim dos Corvos - As Crônicas de Gelo e Fogo #4
Autor: George R.R. Martin
Editora: Suma de Letras
Gênero: Alta Fantasia
Ano: 2019
Páginas: 608
Nota:★★★★☆
Sinopse: Há séculos os sete grandes reinos de Westeros se enfrentam em amargas disputas, batalhas e traições. Agora, com Joffrey Baratheon e Robb Stark fora da jogada e lordes insignificantes competindo pelas Ilhas de Ferro, a guerra que devorou o continente parece ter finalmente chegado ao fim.
No entanto, como após todo grande conflito, não demora para que os sobreviventes, os bandidos, os renegados e os carniceiros avancem para disputar o espólio dos mortos. Por toda Westeros os lordes se agitam, formando alianças e fazendo planos, enquanto nomes conhecidos e desconhecidos se apresentam para tomar parte das danças políticas.
Todos precisam lançar mão de suas habilidades e poderes para encarar os tempos de terror que se aproximam. Nobres e plebeus, soldados e feiticeiros, assassinos e saqueadores devem arriscar suas fortunas... e suas vidas, pois em um festim de corvos, muitos são os convidados ― e poucos os sobreviventes.

Resenha:  Dando continuidade à saga épica escrita por George R.R. Martin, em O Festim dos Corvos, depois das mortes de Robb e Renly Stark, Balon Greyjoy e Joffrey Baratheon, a Guerra dos Cinco Reis chega ao fim para dar lugar a novos conflitos políticos e disputas de posse entre sobreviventes e renegados. Assim, os lordes de Westeros começam a bolar planos e formar alianças afim de se fortalecerem para enfrentar algo pior que se aproxima cada vez mais.

Seguindo o mesmo padrão dos livros anteriores, a história é narrada em terceira pessoa com capítulos que se alternam entre os vários personagens que movimentam essa parte da trama. Pelo fato de não ter nenhuma guerra acontecendo, os acontecimentos se referem mais ao amadurecimento e jornada dos personagens em questão em meio ao jogo dos tronos, sem que haja aquela tensão de batalhas e sangue no ar. A realidade e as consequências do pós guerra ficam em evidência, mostrando como os jogos políticos dos poderosos, que se fartam com banquetes e ouro, afetam os pobres e os menos favorecidos quando terras são arrasadas e milhares de vidas são destruídas.

A narrativa em si é bastante lenta e detalhada, mantendo o mesmo nível de violência, mortes e sexo dos quais já estamos acostumados a ver na série, e pelo fato de focar somente nas tramas e intrigas políticas de Porto Real, Correrio e proximidades, ele acaba sendo um pouco mais cansativo do que os anteriores, mas ainda assim, muito bem amarrado, juntando conflitos de várias casas de diferentes regiões e mostrando os bastidores dos jogadores quando estão fora dos campos de batalha.

Tommen herda o trono depois da morte do irmão, Joffrey; Cersei Lannister "orienta" seu filho como rainha regente, enquanto continua bolando maneiras de governar através do filho sonso, de se manter no poder e eliminar seus inimigos, mas a partir daqui é que percebemos que ela é a única responsável por seu destino; Sansa, enfim, consegue escapar com a ajuda de Mindinho, e com a orientações dele, ela começa a deixar de ser tão ingênua e começa a aprender a jogar o jogo dos tronos, mesmo que ela vá sofrer muito com isso; Arya parte numa jornada para aprender a se tornar uma assassina sem rosto. Os capítulos mais movimentados no quesito da ação ficam com Brienne de Tarth, e é ela quem ganha um excelente POV aqui, apesar de bem curto. Jon Snow, Daenerys Targaryen e Tyrion Lannister nem são mencionados. Ao que parece, o quarto livro acabou sendo dividido para formar o quinto devido à sua extensão, logo a história também ficou dividida entre as regiões sul e norte.

No mais, o livro, obviamente, traz muito mais detalhes do que a adaptação pras telinhas e pra todo fã da saga e do autor, é leitura mais do que obrigatória.

Na Telinha - Klaus

20 de dezembro de 2019

Título: Klaus
Elenco: Jason Schwartzman, J.K. Simmons, Rashida Jones, Joan Cusack
Gênero: Animação
Ano: 2019
Duração: 1h38min
Classificação: +10
Nota:★★★★★
Sinopse: Em Smeerensburg, remota ilha localizada acima do Círculo Ártico, Jesper é um estudante da Academia Postal que enfrenta um sério problema: os habitantes da cidade brigam o tempo todo, sem demonstrar o menor interesse por cartas. Prestes a desistir da profissão, ele encontra apoio na professora Alva e no misterioso carpinteiro Klaus, que vive sozinho em sua casa repleta de brinquedos feitos a mão.

Jesper é um jovem aprendiz de carteiro na Academia Postal. Muito mimado e preguiçoso, ele quer viver as custas do pai, que é presidente da Academia, usufruindo do bom e do melhor enquanto os outros trabalham duro. Até que seu pai, cansado dessa folga sem fim, lhe dá um ultimato: ou Jesper vai para Smeeresnburg, um vilarejo nórdico, afastado e esquecido do mundo para fazer o envio de seis mil cartas no prazo de um ano, ou perderá seu direito na herança. Contrariado e sem mais escolhas, Jesper parte para o vilarejo e, ao chegar ao local, ele percebe que um conflito entre os clãs Krum e Ellingboes desencadeou não só uma briga centenária entre os habitantes, como deixou o local desolado e caindo aos pedaços.


A questão é: como um bando de pessoas que vivem em pé de guerra, sem sequer se lembrarem do motivo que iniciou essa confusão, e que só pensam em matar uns aos outros, usarão os serviços postais para que Jesper cumpra seu objetivo? Assim, sem muitas perspectivas e prestes a desistir, Jesper descobre um morador misterioso que vive sozinho numa casinha cheia de brinquedos que ele mesmo construiu e, ao fazer uma visita, descobre que ele poderia ser muito útil nessa sua missão.
A trama, então, se desenrola de forma fluída, levantando uma hipótese bastante criativa sobre as origens do bom velhinho.

Além dos toques de bom humor e sensibilidade que emocionam, a animação é muito bonita, com um estilo gráfico de encher os olhos e personagens bastante expressivos e que cativam o espectador. As paletas escuras e frias que gradualmente vão mudando pra cores mais quentes e alegres mostram a aproximação entre os moradores e a alegria que começa a surgir num local tão inóspito como é a Smeeresnburg. O trabalho de iluminação na animação é super bonito e caprichado, e é um dos desenhos mais bonitos que já vi em se tratando de visual e gráficos.



O vilarejo parece ser um personagem a parte. A medida que o plano de Jesper pra entregar as milhares de cartas é posto em prática, a cidade vai ganhando vida e as partes da história do Papai Noel começa a ganhar forma. De onde surgiram as cartinhas e os presentes, como começaram a ser recebidos pelas crianças, de onde vieram as renas, os ajudantes, e as roupas vermelhas e afins. É bastante criativo e bem amarrado.


Um ponto bastante interessante é a forma como a animação abordou a ideia da educação e da gentileza entre as pessoas. Como o ódio entre os clãs é uma coisa que passa através das gerações, as crianças acabam gastando o tempo que têm para fazerem travessuras e bolando planos para atacar seus rivais em vez de irem pra escola, o que fez com que Alva, a única professora da cidade, desistisse e transformasse o lugar num depósito de peixes fedidos até que pudesse dar o fora dali. Mas, como pra ganhar um presente as crianças precisam escrever uma carta para enviar a Klaus, consequentemente elas também precisam aprender a ler e a escrever, e onde mais aprenderiam isso se não for na escola? Alva deixa de ser uma moça amargurada e vai ganhando vida, esperança e passa a ter certeza de que as coisas, finalmente, vão mudar pra melhor. Essa evolução acaba fazendo com que a mudança parta das crianças, de forma que elas se tornem além de mais inteligentes, mais gentis, solícitas e amáveis umas com as outras, já que agora passaram a ter acesso a educação. E o mais legal é que isso passa para os seus familiares, que passa pros seus vizinhos, e a gentileza gera mais gentileza. A educação realmente transforma as pessoas, não dá pra negar.


Em alguns pontos, a animação lembra bastante A Nova Onda do Imperador, da Disney, com aquela ideia do protagonista egoísta que faz as coisas visando o benefício próprio, mas que acaba se redescobrindo através da jornada com um companheiro, e encontrando bondade em si mesmo. A amizade entre Jesper e Noel é construída de forma orgânica, acaba mudando a forma como os dois encaram a vida, e se torna um gás a mais que os impulsiona a continuar fazendo o bem, levando alegria pra quem precisa e merece.


No final, achei muito válido pensar que o Natal é uma época para aproximar as pessoas e despertar o que há de bom em cada um de nós. Klaus é uma animação divertida, encantadora, cheia de surpresas e reviravoltas dignas dos mais famosos clássicos, e é tão legal quanto as festividades em família.

A Casa Negra - Stephen King e Peter Straub

17 de dezembro de 2019

Título: A Casa Negra - O Talismã #2
Autores: Stephen King e Peter Straub
Editora: Suma de Letras
Gênero: Fantasia/Suspense/Terror
Ano: 2014
Páginas: 704
Nota:★★★★★
Sinopse: Vinte anos se passaram e Jack Sawyer não é mais um menino. Aos trinta e dois anos, não se lembra dos acontecimentos terríveis que o levaram, quando tinha apenas doze, a um estranho universo paralelo - os Territórios. Em busca de um valioso talismã, o pequeno Jack enfrentou inimigos perigosos e situações de grande risco, tudo para salvar a mãe desenganada.
Agora Jack é um detetive aposentado, depois que um acontecimento suspeito o forçou a deixar a polícia, e leva uma vida tranquila, protegido de recordações perigosas. Mas sua tranquilidade está prestes a acabar.
Uma série de assassinatos macabros faz com que o chefe de polícia local, amigo de Jack, lhe implore para ajudar um policial inexperiente a encontrar o assassino. O universo parece desejar que Jack retorne aos Territórios.
Atormentado por mensagens enigmáticas que lhe aparecem como que em sonhos, Jack decide enfrentar o desafio e acertar as contas com o próprio passado.
Em A casa negra, a aguardada sequência de O talismã, grande sucesso de Stephen King e Peter Straub, Jack Sawyer precisará encontrar forças para entrar em uma casa medonha, perdida em uma floresta, e enfrentar os males insanos que a habitam. Jack não se recorda dos tormentos que teve que enfrentar quando menino, mas, de alguma forma, sabe que o pior ainda está por vir.

Resenha: Vinte anos se passaram desde que Jack se aventurou pelos Territórios e enfrentou perigos inimagináveis em busca do talismã. Agora, aos trinta e dois anos, ele não se lembra de nada do que viveu aos doze anos de idade. Jack é um detetive aposentado que, depois de ter sido forçado a deixar a polícia, leva sua vida de forma tranquila e sem lembranças que possam atormentá-lo. Para todos, ele aparenta ser uma pessoa marcada, que viu coisas e teve experiências que ninguém nunca teve.
Até que uma série de assassinatos na pequena cidade de French Landing deixa a polícia em polvorosa e Jack é requisitado para ajudar na busca pelo assassino conhecido como O Pescador, um canibal que ataca crianças. O que ele não esperava era retornar a um universo já esquecido para acertar as contas com seu passado pois os assassinatos brutais cometidos pelo Pescador pode afetar a Terra e outros mundos...

Embora tenha umas páginas 50 páginas a menos do que o primeiro livro, a leitura é mais rápida tanto pela história ser mais envolvente, quanto pelo tamanho da fonte que é maior e mais confortável.
Diferente do primeiro livro, talvez pelo fato de que não há mais o toque infantil de um protagonista de doze anos, a narrativa é mais sombria e voltada para as investigações acerca dos crimes terríveis que tanto preocupam as pessoas e a polícia. A narrativa se mantém em terceira pessoa, mas com o diferencial de que o narrador convida o leitor a observar os acontecimentos contados por ele de forma onipresente. É como se estivéssemos lá, acompanhando tudo, mas sem poder interferir em nada.
Como de costume em todos os livros do autor, o início da história, com suas descrições ricas e minuciosas, é um tanto monótona, mas com o desenrolar do enredo vamos ficando cada vez mais curiosos, os momentos de adrenalina crescem e as 700 páginas acabam passando mais rápido do que imaginamos por causa da empolgação.

Mesmo que eu tenha gostado muito do primeiro livro, principalmente pelo fato dele ser mais fantasioso e mais leve pelo protagonista ser um menino que parte numa aventura pra salvar sua mãe, tenho que admitir que, embora não exista uma aventura/viagem real e tenha um estilo diferente, eu também gostei do tom mais adulto e macabro que essa continuação ganhou, até mesmo porque aqui as vítimas são as crianças, o que torna as coisas ainda mais aterrorizantes e até mais "dignas" do mestre do terror. Talvez isso possa dificultar um pouco a leitura de quem tenha o estômago mais fraco ou seja mais sensível, pois algumas descrições dos pequenos corpos, de torturas, e outros detalhes do tipo, são chocantes, assombrosas, e difíceis de acompanhar. Pra quem tem filhos, então, pode ser um desastre completo, principalmente pelas reações da população e dos pais das vítimas.

O problema talvez seja pelo pequeno detalhe de que essa (até então) duologia faz um crossover com a série A Torre Negra, e alguns acontecimentos acabam ficando meio vagos ou até incompreensíveis pra quem não leu pelo menos até o quinto volume (dos sete). Outro ponto que deixou o livro maior do que o necessário é devido ao tempo "perdido" pra desenvolver personagens que não são essenciais para a trama. Mas, os personagens importantes, são - e se mantiveram - complexos, e o que ganha destaque é a personalidade de cada um, a forma como eles enxergam o mundo e se moldam àquela realidade.

O final, apesar de não ser feliz, é satisfatório e faz sentido no contexto da trama, e pra quem gosta do estilo de King e de histórias com toques macabros, é leitura mais do que recomendada.